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interesses territoriais

A coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faap, Fernanda


Magnotta, declarou, neste sábado (19), em entrevista à CNN, que em tese,
a Rússia não tem interesse em expandir a guerra na Ucrânia,
principalmente em direção aos países que fazem parte da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan), como a Polônia.

professor de história contemporânea na Universidade de Brasília (UnB),


explica que durante o processo de fragmentação da URSS, a Ucrânia
conseguiu se tornar independente, mas precisou concordar com algumas
medidas, como permanecer alinhada com a Rússia, ou seja, sem se
aproximar excessivamente do Ocidente, considerar entrar na Otan ou até
mesmo na União Europeia. “Em 1994, a Ucrânia entregou as armas
nucleares que tinha, em troca da integridade territorial”.

No entanto, segundo Argemiro Procópio Filho, professor titular de


Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), a Ucrânia
teria muito a perder ao se juntar à Otan e estreitar as relações com a
Rússia.
“Uma das grandes fontes de renda da Ucrânia são os gasodutos da
Rússia e o petróleo russo que passa no território ucraniano. E se ela
[Ucrânia] entrasse na Otan os russos iriam fechar essa torneira”,
explica o professor Argemiro. “Você não pode brigar com vizinho,
vizinho você não escolhe. Ainda que você não goste dele, você tem
que se dar bem com ele. A tua paz vai defender o vizinho. A
vizinhança, em termos de relações internacionais, é estratégica. Ter
boas relações com vizinhos é essencial para você”, ele afirma.

Ele argumenta há muito tempo que os EUA não cumpriram com uma garantia que
teria sido feita em 1990 de que a Otan não se expandirá para o leste. Esse é um
ponto central no discurso de Putin sobre uma espécie de traição da Otan que teria
também se aproveitado de uma situação de fraqueza e vulnerabilidade da Rússia
logo após o colapso da União Soviética para cooptar países que faziam parte do
bloco comunista.

. Quais os interesses russos nas Províncias


separatistas?
O decreto de reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk permite que
a Rússia construa bases militares e envie tropas russas em "missões de paz" para
as duas regiões. Os líderes dessas separatistas solicitaram apoio militar russo
depois do reconhecimento de sua independência.
Tecnicamente, os militares russos agora têm sinal verde para entrar na área
disputada, que além de ser historicamente ligada a Moscou por laços culturais e
políticos, também representa um ganho do ponto de vista econômico e estratégico
para a Rússia.
Ambas as províncias estão localizadas no chamado "cinturão da ferrugem" da
Ucrânia, uma área rica em minerais, principalmente aço. Donetsk e Luhansk
também fazem parte de uma região conhecida como bacia de Donbass, na fronteira
com a Rússia, que abriga vastas reservas de carvão.
Devido à sua localização geográfica, a área ainda constitui uma via natural de
acesso à Crimeia, península anexada pelo Kremlin em 2014.
Grande parte da população da região fala russo, fato que é um dos principais
argumentos do Kremlin para justificar seu apoio aos insurgentes da região.

"A Rússia está seguindo essas políticas no momento porque percebe que um país
que está perto de sua fronteira está se tornando uma plataforma para uma aliança
militar ameaçadora. Portanto, tem a ver com a possibilidade de a Ucrânia se tornar
membro da Otan e assim passar a armazenar mísseis e tropas dessa aliança",
afirmou no fim de janeiro Gerald Toal, professor de Relações Internacionais da
Universidade Virginia Tech, nos EUA, à BBC News Mundo.

Nos últimos anos, a Rússia não só recuperou seu poderio militar,


como hoje inclusive possui um arsenal imbatível de mísseis
intercontinentais hipersônicos. Por isso, neste enfrentamento com
os EUA e aliados europeus, Putin se empenha no exercício do poder
dissuasório.

Como ensinou o Conselheiro de segurança dos EUA Zbigniew


Brzezinski, a Ucrânia é crucial para a segurança, para a defesa e
para o futuro geopolítico da Rússia. Os EUA sabem perfeitamente
que a adesão da Ucrânia à OTAN significaria, portanto, a
ultrapassagem de uma linha divisória considerada inaceitável por
Moscou.

O presidente Joe Biden e os governos europeus desprezaram os


apelos russos dos últimos oito anos e o ultimato de Putin em
dezembro passado acerca da militarização da Ucrânia e sua
integração à OTAN. Ao contrário disso, agiram como se ansiasse
pelo conflito e, devido a esta postura, têm responsabilidade pela sua
instalação.

Por outro lado, o governo ucraniano descumpriu o Protocolo de


Minsk, de 2015. Contou nisso com a conivência da União Européia,
que testemunhara a assinatura do referido acordo.

ela.ufsc.br/noticia/expansao-da-otan-como-origem-da-crise

O ministro das Relações Exteriores da China ainda lembrou:

Vimos como a OTAN agiu para pressionar a Rússia e destruiu a


antiga Iugoslávia no passado. Se não houvesse essas pressões
concretas de segurança e os destacamentos militares da OTAN em
torno do território russo, Moscou não precisaria realizar operações
militares tão arriscadas para responder à ameaça da OTAN.
Ao Global Times, o diretor do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de
Estudos Internacionais da China Cui Hongjian disse que:

Se a crise da Ucrânia for tratada principalmente pela Europa, e não pelos


EUA e pela OTAN, talvez uma negociação pacífica já teria sido realizada
muito antes de a Rússia perder a paciência e lançar operações militares.
Pelo menos, não seria tão ruim como é agora.

A OTAN tenta expandir continuamente seus domínios no leste da Europa porque é


uma arma dos EUA para enfrentar a Rússia e a China e conservar seu poder imperial
no mundo.

A OTAN, que ainda existe porque é útil aos interesses globais e estratégicos dos EUA,
é parte da crise e, em consequência, obstáculo para a superação negociada e
equilibrada da mesma.

Protocolo de Minsk
Processo e redação do protocolo
O acordo foi formulado pelo Grupo de Contacto Trilateral sobre a Ucrânia, composto por
[5]
representantes de Ucrânia, da Rússia e da OSCE. O grupo foi criado em junho, tendo em vista
a facilitação do diálogo e a resolução das disputas no Leste e no Sul da Ucrânia. As reuniões do
grupo, com representantes informais das Repúblicas Populares secessionistas de Donetsk e de
Lugansk (confederadas no Estado Federal da Nova Rússia), tiveram lugar em 31 de julho, 26 de
agosto, 1 de setembro e em 5 de setembro. Os detalhes do acordo assinado em 5 de setembro
assemelham-se em grande parte ao plano de paz de 15 pontos proposto pelo presidente
ucraniano Petro Poroshenko, em 20 de junho de 2014. Os seguintes representantes assinaram
[6]
o documento:
Texto do protocolo

O texto do protocolo consiste em doze pontos:

1. Assegurar o cessar-fogo imediato por ambos os lados em conflito.

2. Garantir a supervisão e verificação do cessar-fogo pela OSCE.

3. Descentralizar o poder, inclusivamente através da aprovação de uma lei

ucraniana sobre a descentralização do poder, nomeadamente através de

uma lei sobre o "regime provisório de governação local em certas zonas dos

Oblasts (regiões) de Donetsk e Lugansk" ("Lei sobre o estatuto especial").

4. Assegurar a monitorização permanente da fronteira Russo-Ucraniana e a

sua verificação pela OSCE, através da criação de zonas de segurança nas

regiões fronteiriças entre a Ucrânia e a Federação Russa.

5. A libertação imediata de todos os reféns e de todas as pessoas detidas

ilegalmente.

6. Uma lei prevenindo o julgamento e a punição de pessoas implicadas nos

eventos que ocorreram nalgumas áreas dos Oblasts de Donetsk e de

Lugansk, exceptuando em casos de crimes que sejam considerados graves.

7. A continuação de um diálogo nacional inclusivo.

8. A tomada de medidas para melhorar a situação humanitária na região de

Donbass, no Leste da Ucrânia.

9. Garantir a realização antecipada de eleições locais, em conformidade com a

lei ucraniana (acordada neste protocolo) acerca do "regime provisório de


governação local em certas zonas dos Oblasts de Donetsk e de Lugansk"

("Lei sobre o estatuto especial").

10. Retirada dos grupos armados ilegais, equipamento militar, assim como dos

combatentes e dos mercenários pró-governamentais.

11. Aprovação do programa de recuperação económica e de reconstrução da

região de Donbass, no Leste da Ucrânia.

12. Garantir a segurança pessoal dos participantes nas negociações.

Memorando complementar

Durante as duas semanas seguintes à assinatura do Protocolo de Minsk, houve violações

frequentes do cessar-fogo, por ambas as partes envolvidas no conflito.[8][9] As

conversações continuam em Minsk. Um seguimento a este protocolo foi acordado em 19

de setembro de 2014. O memorando resultante clarifica a aplicação do protocolo. Entre as

medidas de pacificação acordadas, foram incluídas as seguintes:[8][10][11]

● Remoção de todo o armamento pesado, 15 kms para trás da linha da frente de

combate, por parte de ambos os lados implicados no conflito, de modo a criar

uma zona desmilitarizada de 30 kms.

● Proibição das operações ofensivas.

● Proibição dos voos de aviões de combate sobre a zona de segurança.

● Retirada de todos os mercenários estrangeiros da zona de conflito.


● Configuração de uma missão da OSCE para supervisionar a aplicação do

Protocolo de Minsk.

Em 26 de setembro, os membros do Grupo de Contacto Trilateral sobre a Ucrânia

reuniram-se novamente para discutir a delimitação da zona-tampão (eventualmente

equivalente às "linhas verdes" existentes entre Israel e a Palestina ou em Chipre) onde o

armamento pesado seria eliminado pelas partes implicadas no conflito.[12] A linha de

demarcação entre a República Popular de Donetsk (DNR) e a Ucrânia foi acordada entre

os representantes da DNR e os negociadores ucranianos, de acordo com o

Vice-primeiro-ministro da Ucrânia, Vitali Yarema.[13] Em 2 de dezembro de 2014, o

parlamento ucraniano modificou unilateralmente a "Lei sobre o estatuto especial" proposta

no Protocolo de Minsk, ainda que o mesmo parlamento tenha aprovado certos aspetos da

lei que foi acordada em Minsk, como parte do acordo de cessar-fogo

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