Com respeito à crise e conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o texto da
Resolução 2202, de 2015, que pedia a todas as partes envolvidas que implementassem, inteiramente, o conjunto de medidas para implementação dos Acordos de Minsk, capital da Bielorússia e incluindo o cessar-fogo de 5 de setembro de 2014. Após longos anos, desde então, a Rússia, sem sucesso, buscou negociar diplomaticamente com a Ucrânia e com os Estados Unidos o cumprimento dos Acordos de Minsk que garantiam a autonomia das repúblicas acima referidas dentro do território ucraniano. Ao longo de aproximadamente oito anos a OTAN passou a estimular o discurso do ingresso da Ucrânia na aliança e a partir disto, da alocação de mísseis balísticos continentais com ogivas nucleares que poderiam atingir Moscou, a capital russa e outras regiões estratégicas do território da Federação Russa, o que se traduz, aos olhos das autoridades política, diplomática e militar russas como uma grave ameaça à segurança do Estado e sociedade russa. Dessa maneira, após o insucesso por 8 anos de negociações infrutíferas com americanos e ucranianos, a Rússia, por decisão de seu Parlamento, autorizou o Presidente Putin e declarar unilateralmente, dia 21 de fevereiro, a independência das repúblicas gêmeas do Donbass e a assinatura de acordo de defesa e cooperação militar que autorizava o emprego de tropas russas no território das respectivas repúblicas. Assim, o fato é entendido pelas autoridades russas como dentro do Direito Internacional, ao passo que é contestado pelo Conselho de Segurança da ONU e pela Assembleia Geral da ONU, que consideraram o ato como violação da Carta da ONU, por tipificar uma violação da soberania e da integridade territorial do estado ucraniano. A operação militar russa iniciou dia 24 de fevereiro de 2022, entrando com autorização e por acordo militar, nos territórios das Repúblicas declaradas independentes pela Rússia, de Donetsk e Lugansk, para proteger as populações civis, de maioria de cidadãos russos, conforme tratado de cooperação militar, contra os bombardeios indiscriminados das forças armadas ucranianas e dos paramilitares nazi-fascistas ucranianos. O Conselho de Segurança da ONU, em 28 de fevereiro de 2022 rejeitou a resolução redigida pelos Estados Unidos e pela Albânia condenando a ofensiva da Rússia à Ucrânia. O texto recebeu 11 votos a favor, três abstenções incluindo China e Índia, e um voto contra: o da Rússia, que tem poder de veto e, em razão desse fato, foi rejeitado. Desta forma, sob o manto jurídico das Nações Unidas, resta apenas o capítulo VII, artigo 51, atinente ao direito de legitima defesa coletiva (base jurídica para pactos e alianças como a da OTAN) e o artigo 52, capítulo VIII, que trata especificamente da autorização para criação de acordos ou entidades regionais no campo da defesa (manutenção da paz e segurança internacional), esperava-se alguma medida contra a Rússia. Todavia, os mesmos dispositivos da Carta da ONU só podem ser invocados de acordo com o artigo 53, uma vez autorizado pelo Conselho de Segurança, fato que não ocorreu devido ao veto da Rússia, um dos cinco membros permanentes. Por esta razão, salvo melhor entendimento, a juridicidade formal da ação contra a Rússia resta prejudicada, para não falar de que do ponto de vista histórico e geopolítico, a Rússia atuou de forma de uma intervenção preventiva para assegurar a defesa de sua integridade e soberania, respaldada por acordos de cooperação com as repúblicas do Donbass, ainda que se possa discutir sua juridicidade no plano do direito internacional, eis que foi um reconhecimento unilateral de entidades políticas que, embora autônomas, se encontravam sob o manto da soberania do estado Ucraniano.