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A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) é um

tratado do direito internacional que estabelece as regras comuns para a


assinatura de tratados entre Estados-nações. Elaborada em 1969 pela
Comissão de Direito Internacional (CDI), uma instituição das Nações Unidas,
após quase duas décadas de planejamento, a Convenção foi efetivada em
1980. Ao prover uma estrutura unificada para a condução de tratados
internacionais, ela ficou conhecida como o "Tratado dos Tratados", e sua
base em costumes prevalentes do direito internacional a caracteriza como
um exemplo de direito consuetudinário.

A necessidade de um conjunto comum de normas para tratados


internacionais foi primeiro discutida pela CDI logo em sua sessão inaugural,
em 1949, quando o mundo ainda se recuperava do caos da Segunda Guerra
Mundial. Até o rascunho final do tratado, que foi aberto para assinaturas em
maio de 1969, a Comissão se esforçou em criar um código orgânico de
regras, ou seja, um que respeitasse as práticas mais costumeiras do direito
internacional até então. Além da natural dificuldade de encontrar um
consenso entre as várias nações participantes, o trabalho da CDI foi
complicado pelo constante surgimento de países no período, a exemplo da
independência de ex-colônias europeias na Ásia e África. Uma vez pronto, o
texto da Convenção só entraria vigor quase onze anos depois, em janeiro de
1980, com sua ratificação, ou seja, a vinculação das regras na legislação
nacional, por 35 países.

A CVDT segue o princípio legal (brocardo) de pacta sunt servanda,


expressão latina para "todos os pactos devem ser respeitados", que presume
a boa fé das partes em um acordo. Assim, membros que ratificaram a
Convenção estão legalmente obrigados a seguir seus termos, mesmo que
em conflito com seus interesses nacionais. Embora aderido pela maior parte
dos membros da ONU, com 114 ratificações até 2016, a Convenção não é
válida para todo o mundo, havendo países que jamais a assinaram
(Venezuela, França) e outros que a assinaram, mas não a ratificaram, como
Bolívia e Estados Unidos. O exemplo norte-americano é peculiar, pois,
mesmo havendo desejo do governo federal em aderir ao tratado, as
divergências na esfera estadual foram tão grandes que o Congresso preferiu
não ratificá-lo.

Mesmo assim, é seguro dizer que as normas da CVDT são seguidas por
quase toda a comunidade internacional, sendo que mesmo as nações não
signatárias se baseiam em seu código ao firmar acordos. Isso acontece
porque seu texto é baseado em práticas já comuns antes de sua efetivação,
o que caracteriza o direito consuetudinário, ou lei do costume (custom).
Considerada um modelo de clareza e objetividade, a Convenção não sofreu
modificações em seu meio século de existência e, como seu texto é flexível o
bastante para acomodar variações na execução e evolução dos tratados, há
poucos indícios de ela seja alterada nos anos vindouros.

A Convenção estabelece como "tratado" apenas acordos escritos, então


negociações firmadas de qualquer outro modo (ex.: oral) são
automaticamente inválidas. Importantíssimo também é notar que, como
consta no Artigo I, a CVDT abrange apenas tratados entre países, não
valendo para acordos entre organizações internacionais ou entre estas e um
país. A irretroatividade é outra característica fundamental, ou seja, a
Convenção não surge efeito sobre tratados firmados antes de sua ratificação
por um país.

O Brasil foi um dos participantes do lançamento da Convenção, assinando-a


com outros trinta países. A ratificação, no entanto, chegaria só quatro
décadas depois, com a aprovação de decreto legislativo pelo Congresso
Nacional e promulgação do Decreto No. 7030 pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em dezembro de 2009.

Referências bibliográficas:
AUST, Anthony. "Vienna Convention on the Law of Treaties (1969)".
Oxford Public International Law, Oxford, Jun. 2009 Disponível em:
<http://opil.ouplaw.com/view/10.1093/law:epil/9780199231690/law-
9780199231690-e1498#law-9780199231690-e1498-div1-3>. Data de
acesso: 16 de julho de 2016.

"Chapter XXIII - Law of Treaties". United Nations Office of Legal


Affairs, Oxford, Jul. 2016. Disponível em:
<https://treaties.un.org/pages/ViewDetailsIII.aspx?
src=TREATY&mtdsg_no=XXIII-1&chapter=23&Temp=mtdsg3&clang=_en>.
Data de acesso: 16 de julho de 2016.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados é um acordo internacional que
rege tratados entre estados e que foi elaborada pela Comissão de Direito Internacional
das Nações Unidas e adotada em 23 de maio de 1969, entrando em vigor em 27 de
janeiro de 1980.

Essa convenção que rege os tratados internacionais foi um dos primeiros esforços
empreendidos pela Comissão de Direito Internacional, e James Brierly foi designado
como relator especial em 1949 para tratar do assunto.

A conferência realizou sua primeira reunião em 1968 e a convenção foi adotada em


sua segunda sessão no ano seguinte.

A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) é um tratado do direito


internacional que estabelece as regras comuns para a assinatura de tratados entre
Estados-nações.

Im
agem: Reprodução
Logo, a Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados, é um tratado pensos’
ando para regular os outros tratados. Não por acaso é conhecida também como o
“Tratado dos Tratados”.
Os elementos da Convenção de Viena
A Convenção aplica-se apenas a tratados escritos entre estados. A primeira parte do
documento define os termos e a finalidade do contrato.

A segunda parte estabelece as regras para a conclusão e a adoção de tratados,


incluindo o consentimento das partes. A terceira parte trata da aplicação e
interpretação de tratados, e a quarta parte discute meios de modificar ou modificar
tratados.

Essas partes essencialmente codificam a lei consuetudinária existente, isto é, leis que
existiam apenas baseadas nos costumes da sociedade e não em uma legislação.

A parte mais importante da convenção, a Parte V, delineia fundamentos e regras para


invalidar, encerrar ou suspender tratados e inclui uma disposição que concede a
jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça no caso de disputas decorrentes da
aplicação dessas regras.

As partes finais discutem os efeitos sobre os tratados de mudanças de governo dentro


de um estado, alterações nas relações consulares entre os estados, e a eclosão de
hostilidades entre os estes.

Era necessário que 35 Estados membros das Nações Unidas ratificassem o tratado
antes que ele pudesse entrar em vigor.

Embora tenha sido necessário até 1979 garantir essas ratificações, mais da metade dos
membros da ONU concordaram com a convenção no início de 2018.

E mesmo os membros que não haviam ratificado o documento, como os Estados


Unidos, geralmente seguem as prescrições do acordo.

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