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Resumo: Contratos Internacionais

A lei aplicável aos contratos internacionais

O direito de cada país estabelece os critérios da lei aplicável aos contratos. Isso pode ser feito
por meio d adoção de regras internacionais, como a já mencionada convenção interamericana
sobre direito aplicável aos contratos internacionais. Também é possível fazer isso
expressamente na legislação interna, como é o caso do art. 9º da LINDB e do art. 2º da lei de
arbitragem. Os critérios para a seleção do direito aplicável é a vontade expressa das partes, ou
quando esta não se tem, será aplicado o direito que se depreender de forma evidente da
conduta das partes e das cláusulas contratuais, considerando que a eleição de determinado
foro pelas partes não implica necessariamente a escolha doo direito aplicável. O critério
subsidiário é o da vontade presumida.

Tratados internacionais e outros instrumentos de organizações internacionais em matéria de


contratos.

Há em primeiro lugar, as convenções ou tratados internacionais compreendidos como


instrumentos jurídicos formais de direito internacional público, os quais são assinados,
ratificados e incorporados pelos estados de modo a criar regras de igual teor no território
abrangido. Os principais exemplos são a convenção sobre reconhecimento e a execução de
sentenças arbitrais estrangeiras e a convenção das nações unidas contra a compra e venda
internacional de mercadorias. Em 7 de junho de 2002, o Brasil aderiu a Convenção de Nova
York, entrando em vigor internacional aos 5 de setembro do mesmo ano. A promulgação no
país ocorreu por meio do Decreto 4.311/02 de 23 de julho. Atualmente, há 168 Estados que
fazem parte dessa Convenção. Também sob responsabilidade da Uncitral, a CISG, aprovada em
1980, na Conferência sobre Compra e Venda Internacional, é o mais importante tratado
internacional sobre a matéria, seu foco é no estabelecimento de um regime substantivo
próprio para os contratos internacionais de compra e venda. Nesse sentido, trás regras sobre a
formação do contrato, a distribuição do risco, os direitos e deveres de vendedores e
compradores, os remédios disponíveis para solucionar o descumprimento e alguns outros
aspectos da compra e venda. Além dos tratados e convenções, existem outros instrumentos
que podem ser adotados pelas instituições internacionais, como as leis-modelo, a edição de
conjuntos de princípios, ou, como o instrumento mais importante, os Princípios Unidroit para
os contratos internacionais. Este último aborda, além de aspectos gerais, a formação do
contrato, validade, interpretação, direitos de terceiros, cumprimento, inadimplemento,
responsabilidade contratual, transferência das obrigações e prescrição. É um instrumento bem
estruturado e serve como um bom material para o estudo dos contratos internacionais,
inclusive em razão do detalhamento dos comentários feitos para carda artigo. Trata-se de um
regime material para contratos comerciais internacionais que busca expressar um conjunto de
regras gerais sobre as quais se supõe um amplo consenso, porém, deveria ser tomando com
certa ressalva, pois, ainda que suas sucessivas versões sejam elaboradas por um conjunto de
juristas importantes, indicados pelos Estados, seria difícil afirmar que todos sejam especialistas
acadêmicos ou práticos reconhecidos no campo do comércio internacional. Outro importante
instrumento são os Princípios sobre a escolha do Direito nos Contratos Comerciais, aprovados
pela Conferência da Haia para o Direito Internacional Privado em março de 2015. É um
instrumento de muita qualidade técnica e representativo de significativo consenso a respeito
da matéria. Apesar de recente, espera-se um aumento do uso desse instrumento no futuro. Do
ponto de vista teórico, há uma diferença significativa entre os instrumentos convencionais,
com a adoção formal e incorporação aos Ordenamentos internos, as leis modelo, sem adoção
formal, mas com incorporação aos Direitos internos, e os princípios, sem adoção formal e sem
integração às Ordens nacionais. Esse terceiro tipo representa um acquis normativo com
potencial para fortalecer a nova lex mercatoria, compreendida como uma Ordem
transnacional autônoma, pois fixa e organiza regras gerais que buscam aplicabilidade
universal.

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