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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Professor: Cid Eduardo Silva


Aluno: Matheus Melo da Silva 9°A RGM 181.252

PRINCIPAIS DISPOSIÇÕES DA CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O


DIREITO DOS TRATADOS

O Direito Internacional, que consiste em regras e normas que regem as


interações na comunidade internacional, tem nos tratados uma fonte fundamental de sua
estruturação legal e política. De fato, o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, o
órgão judicial das Nações Unidas, reconhece os tratados internacionais como uma das
principais fontes do direito internacional.
As relações entre as nações, tanto de natureza jurídica quanto política, são
geralmente estabelecidas por meio de tratados, que podem ser bilaterais ou multilaterais.
A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, aprovada em 1969, é amplamente
reconhecida como a principal norma que regula os tratados entre Estados no cenário
internacional.
Até recentemente, apenas os Estados eram considerados sujeitos de direito
internacional e podiam celebrar tratados. No entanto, na segunda metade do século XX,
as Organizações Internacionais começaram a desempenhar um papel cada vez mais
proeminente no cenário internacional, atuando como mediadoras de conflitos e
defensoras de interesses globais. Apesar de seu reconhecimento crescente, essas
organizações ainda não têm plena capacidade para firmar tratados, tanto no âmbito
nacional quanto internacionalmente, pois o tratado que lhes concede essa capacidade
ainda não entrou em vigor.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados é um dos documentos mais
importantes no campo do direito internacional, estabelecendo as regras fundamentais
para a formação, aplicação e interpretação de tratados entre Estados.
A Convenção define o que constitui um tratado internacional, abrangendo
acordos escritos entre Estados e organizações internacionais, regidos pelo direito
internacional, independentemente de sua designação específica.
Estabelece os requisitos e procedimentos para a conclusão e entrada em vigor
dos tratados, incluindo as formas de consentimento dos Estados em se vincularem aos
termos de um tratado. Define os princípios e métodos para interpretar os termos de um
tratado, incluindo o princípio da boa-fé, o contexto histórico e as práticas posteriores
dos Estados partes.
Regula a prática das reservas, permitindo que os Estados expressem sua
aceitação de um tratado, mas com modificações específicas ou exclusões de certas
disposições que consideram incompatíveis com sua legislação interna.
Estabelece os procedimentos para a alteração e modificação dos tratados,
incluindo a necessidade de consentimento mútuo dos Estados partes.
Estipula as circunstâncias em que um tratado pode ser considerado nulo, como
violações fundamentais de suas disposições, assim como as condições para a rescisão ou
suspensão de um tratado.
Define as consequências jurídicas da violação de um tratado, incluindo a
responsabilidade internacional dos Estados que não cumprem suas obrigações.
Estabelece a função do depositário, que é responsável por manter os tratados
originais e as comunicações relacionadas, assim como por facilitar a circulação das
cópias dos tratados entre os Estados partes.
Em resumo, A Convenção de Viena, formalmente conhecida como Convenção
de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT), é um acordo internacional que
estabelece as regras para a celebração de tratados entre países. Proposta pela Comissão
de Direito Internacional (CDI) das Nações Unidas, foi adotada em maio de 1969,
entrando em vigor em janeiro de 1980 após ser ratificada por 35 nações.
Essa convenção unifica e regulariza as práticas relacionadas à formação,
validade, denúncia e exclusão de tratados internacionais, incluindo aqueles de compra e
venda de mercadorias. O Brasil aderiu à Convenção desde o início, assinando-a
juntamente com outros 34 países. No entanto, a ratificação só ocorreu em dezembro de
2009, após aprovação pelo Congresso Nacional e promulgação pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Devido à crescente importância dos tratados internacionais, especialmente com a
globalização e os debates sobre direitos humanos, a necessidade de normas claras e
consistentes tornou-se evidente. As discussões sobre isso começaram na ONU em 1949,
mas a Convenção de Viena foi liberada para assinatura apenas em 1969. Ela é
conhecida como o "Tratado dos Tratados" e se baseia no princípio fundamental de que
os tratados devem ser respeitados (pacta sunt servanda).
A CVDT esclarece que apenas os tratados entre países são abrangidos por suas
disposições, não incluindo acordos entre organizações internacionais ou entre estas e um
Estado. No entanto, ela não invalida tratados firmados antes de sua ratificação.
As normas da Convenção são amplamente seguidas pelos Estados-membros da
ONU, embora não tenha sido modificada desde sua criação, graças à sua base no direito
consuetudinário. Ela define as etapas para elaboração, ratificação, denúncia,
encerramento ou suspensão de tratados internacionais, começando com negociações
entre os representantes das partes interessadas e culminando na ratificação,
promulgação e publicação do acordo.
A Convenção de Viena não estabelece um prazo específico para o início do
cumprimento dos tratados, mas incentiva a ação rápida baseada no princípio da boa-fé.
No contexto das relações internacionais, os Estados se envolvem em diálogos,
negociações e tratados, estabelecendo compromissos consensuais reconhecidos como
tratados internacionais. A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, é o
principal documento que regula essa prática. No entanto, há também a Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre
Organizações Internacionais, de 1986, que trata especificamente das relações entre
Estados e organizações.
O Brasil está em processo de internalização dessa convenção desde 2018,
quando o texto foi enviado pelo Poder Executivo Federal para apreciação do Congresso
Nacional. Após ser aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, o texto
será ratificado e promulgado pelo Presidente da República, tornando-se parte do
ordenamento jurídico nacional.
Essa convenção reconhece a importância dos tratados entre Estados e
organizações internacionais, estabelecendo regras para fortalecer a ordem jurídica
internacional e servir aos propósitos das Nações Unidas. Ela também reconhece a
capacidade das organizações internacionais de celebrar tratados, o que é essencial para o
cumprimento de suas funções e propósitos.
Com o surgimento e crescimento das organizações internacionais no século XX,
tornou-se necessário regular suas relações com os Estados soberanos. A Convenção de
Viena de 1986 visa a atualizar e adaptar o direito internacional às demandas
contemporâneas, reconhecendo o papel central das organizações na arena global.
Além disso, essa convenção reflete a evolução do direito internacional ao
ampliar a definição de sujeitos além dos Estados, abrangendo também as organizações
internacionais. Isso é fundamental em um mundo cada vez mais globalizado, onde as
interações transnacionais desempenham um papel significativo na política global.
Em suma, a Convenção de Viena de 1986 representa um avanço na codificação e
desenvolvimento do direito internacional, oferecendo uma visão moderna e abrangente
dos sujeitos e das relações internacionais. Sua aprovação e incorporação pelo Brasil
demonstrarão o compromisso do país com o fortalecimento da ordem jurídica global e o
reconhecimento da importância das organizações internacionais.
Entende-se, que a Convenção de Viena de 1969 é considerada o principal código
internacional sobre tratados e entrou em vigor em 1980 após ser ratificada por 35
nações. Por outro lado, a Convenção de Viena de 1986, que lida com tratados entre
Estados e Organizações Internacionais, ainda não entrou em vigor devido à falta de
ratificações suficientes e falta de discussão entre juristas.
Apesar disso, muitas das normas da Convenção de Viena de 1986 já são
consideradas eficazes porque são parte do direito consuetudinário, de acordo com
Antônio Augusto Cançado Trindade. Isso significa que ela pode influenciar práticas
mesmo sem estar formalmente em vigor.
No Brasil, a previsão de realização de tratados entre o Estado brasileiro e as
Organizações Internacionais traz a esperança de resolver questões relacionadas à
internalização desses atos. A incorporação da Convenção de Viena de 1986 ao
ordenamento jurídico interno pode significar um passo importante para que o Brasil
assuma compromissos internacionais de maneira mais clara.
Além disso, essa convenção pode abrir caminho para que os compromissos
assumidos pelo Brasil junto às Organizações Internacionais se tornem exigíveis
internamente, fornecendo uma base legal para isso.
Apesar de ainda não estar em vigor internacionalmente, a Convenção de Viena
de 1986 reconhece a capacidade das Organizações Internacionais de estabelecer tratados
e compromissos, o que pode fortalecer as relações internacionais. O Brasil, como uma
nação influente no cenário internacional, tem a oportunidade de integrar ainda mais esse
cenário ao aprovar e internalizar essa convenção.
Portanto, mesmo que a vigência internacional da Convenção de Viena de 1986
esteja pendente, sua vigência interna no Brasil pode ser alcançada através do processo
legislativo adequado, o que demonstraria o reconhecimento da importância das
organizações internacionais pelo país.
Em resumo, a Convenção de Viena de 1986 busca estabelecer um novo modelo
nas relações entre Estados e organizações na comunidade internacional. Ela promove
alguns avanços, como o reconhecimento de diferentes sujeitos do direito internacional e
a validação do papel das organizações na comunidade global.
Além disso, essa convenção oferece a possibilidade de regular, através de tratado
internacional, a capacidade das organizações de firmar acordos e agir de forma
autônoma em relação às nações, especialmente para alcançar seus objetivos e cumprir
suas competências. Apesar de ainda não estar em vigor internacionalmente devido à
falta de ratificações suficientes, a internalização desse tratado no Brasil está em
processo legislativo desde 2018.
É importante notar que a vigência das normas dos tratados, tanto internamente
quanto internacionalmente, é independente entre si. Portanto, o fato de o Brasil tornar a
Convenção de 1986 uma norma válida nacionalmente não afeta sua relevância no
âmbito internacional. Pelo contrário, isso demonstra o compromisso do país com a
convenção e serve como um exemplo para outras nações.
Dada a importância histórica do Brasil na diplomacia e na promoção dos direitos
humanos e do direito internacional, o país pode mais uma vez desempenhar um papel de
liderança. Afinal, o mundo e os Estados dependem muito mais das organizações
internacionais do que estas dos demais.

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