Caráter Jurídico do Direito Internacional Público – Exercícios de 1ª fase do COMO
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1)
A, B, C, D e E: A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (de 1969) entrou em
vigor internacionalmente em 27 de janeiro de 1980 e só foi promulgado no Brasil pelo Decreto n. 7.030 de 14 de dezembro de 2009. A ratificação não só demorou, mas veio com reserva aos artigos 25 e 66. O artigo 25 cuida da aplicação provisória de um tratado que determina que, se for assim disposto ou acordado pelas partes, o tratado pode obter uma vigência provisória mesmo sem ter sido objeto de ratificação – o Brasil não aceita essa prática, já que, em regra, a ratificação dos tratados depende de um procedimento complexo, onde o Congresso Nacional tem que aprovar o texto do tratado, e o fará por meio de um decreto legislativo promulgado pelo Presidente do Senado e publicado no Diário Oficial da União. Assim, a regra é que os tratados celebrados pelo Presidente da República sejam apreciados pelo Congresso Nacional (artigo 84, VIII, da CF). Já o artigo 66 discorre sobre o processo de solução judicial, de arbitragem e de conciliação e determina a competência obrigatória da Corte Internacional de Justiça quando houver conflito ou superveniência de norma imperativa de direito internacional (jus cogens) – este artigo não foi aceito pelo Brasil, lembrando que o país não está vinculado ao artigo 36 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça que disciplina a “cláusula facultativa de jurisdição obrigatória”. É importante lembrar que a reserva é um condicionante do consentimento, ou seja, é a declaração unilateral de que o Estado aceita o tratado, mas sob a condição de que certas disposições não valerão para ele. A reserva pode aparecer tanto no momento da assinatura do tratado, como no da ratificação ou da adesão, momento em que o Congresso Nacional pode fazer ressalvas sobre o texto do tratado e até mesmo desabonar as reservas feitas por ocasião da assinatura do tratado. No primeiro caso, as ressalvas serão traduzidas em reservas no momento da ratificação pelo Presidente da República e, no segundo caso, o Presidente da República fica impedido de confirmar as reservas previamente feitas. E por razões óbvias, a reserva é fenômeno incidente sobre os tratados multilaterais – como a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. Cabe ressaltar que, de acordo com a referida Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, um tratado pode proibir expressamente a formulação de reservas (artigo 19, a, da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados) e que, se ele nada dispuser sobre o assunto, entende-se que as reservas a um tratado internacional são possíveis, a não ser que sejam incompatíveis com seu objeto e sua finalidade (artigo 19, c, da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados). Por fim, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados também traz um conceito de reserva no seu artigo 2º, I, d: “reserva significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado”. É importante considerar que a Banca do Cespe considera “salvaguarda” como sinônimo do instituto “reserva”. Gabarito: B.
Superveniência: de superveniente: que sobrevém, que chega depois de outro ou de outra