O documento resume o voto do Ministro Luís Roberto Barroso sobre um recurso extraordinário que trata de um conflito entre lei e tratado internacional sobre responsabilidade de companhias aéreas. O Ministro decidiu que as Convenções de Varsóvia e Montreal devem prevalecer sobre a lei nacional para responsabilidade material, mas que o Código de Defesa do Consumidor deve ser aplicado para prescrição de danos morais.
O documento resume o voto do Ministro Luís Roberto Barroso sobre um recurso extraordinário que trata de um conflito entre lei e tratado internacional sobre responsabilidade de companhias aéreas. O Ministro decidiu que as Convenções de Varsóvia e Montreal devem prevalecer sobre a lei nacional para responsabilidade material, mas que o Código de Defesa do Consumidor deve ser aplicado para prescrição de danos morais.
O documento resume o voto do Ministro Luís Roberto Barroso sobre um recurso extraordinário que trata de um conflito entre lei e tratado internacional sobre responsabilidade de companhias aéreas. O Ministro decidiu que as Convenções de Varsóvia e Montreal devem prevalecer sobre a lei nacional para responsabilidade material, mas que o Código de Defesa do Consumidor deve ser aplicado para prescrição de danos morais.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 766.618 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
O referido resumo se baseia em uma análise do voto do relator Ministro do
Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, em Recurso Extraordinário com Agravo sob nº 766.618 datado de 25 de maio de 2017 cujo teor é um conflito entre Lei e Tratado Internacional.
A questão ora discutida no Supremo Tribunal Federal se tratava de qual
norma (lei ou Tratado) aplicar ao caso concreto, especificamente, se deveria aplicar o Código de Defesa do Consumidor ou as Convenções de Varsóvia e Montreal aos danos causados por empresa de transporte aéreo internacional bem como o prazo prescricional para ingressar com pedido de indenização.
Inicialmente, a Convenção de Montreal de 12 de outubro de 1929, foi inserida
no ordenamento jurídico brasileiro em 24 de novembro de 1931, pelo Presidente Getúlio Vargas (autoridade competente para celebrar o tratado) que o ratificou estabelecendo o consentimento do país a se sujeitar a tal norma. Já Convenção de Varsóvia de 1999, foi devidamente inserida no ordenamento jurídico do Brasil em 27 de setembro de 2006, pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após aprovação do Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 59 e vigorando internacionalmente em 04 de novembro de 2003.
Destaca-se que, a partir do momento em que o tratado é devidamente
incorporado no país, como foi feito na Convenção de Montreal e de Varsóvia como mencionado anteriormente, o mesmo entrará em vigor no plano internacional.
As convenções citadas anteriormente seguem os requisitos para se
considerado tratado, ou seja, possuem preâmbulo escrito no gerúndio, parte dispositiva com os artigos/disposições do tratado, porém, não possui anexo que não é requisito obrigatório para se conferir se é um tratado ou não.
Importante salientar que a partir do momento em que o Tratado Internacional
é inserido no ordenamento jurídico, se efetiva o Pacto Sunt Servanda, que é o fundamento do direito internacional, criando normas a serem respeitadas entre eles, ou seja, fazendo leis entre os países. Adiante, o relator destaca em seu relatório que, exceto quando se tratar sobre direitos humanos, os tratados e convenções internacionais são inseridos no direito brasileiro com status de Lei ordinária. Aqui verifica-se que o Ministro faz referência às espécies de Tratado (gênero), ou seja, o tratado que põe fim a uma gerra e a convenção que criam regras gerais sobre determinados assuntos. Aliás, além das mencionadas, existem outras espécies de tratado muito usuais, como por exemplo, os protocolos, os estatutos e declarações.
Assim, Roberto Barroso explana que para resolução da questão apresentada
se faz necessária aplicação dos critérios de cronologia e da especialidade. Em seguida, baseando-se no artigo 178 da Constituição Federal, destaca que deve prevalecer os tratados sobre a legislação nacional, aplicando-se inclusive, quando se tratar de conflitos que envolva o Código de Defesa do Consumidor.
Em seguida, o relator baseando-se na Constituição Federal, vislumbram-se
que as normas e os tratados internacionais que impõe responsabilidades das transportadoras aéreas de passageiros, em especial as Convenções de Varsóvia e Montreal prevalessem em relação à Lei Nacional. Assim defende o Ministro do STF que em matéria de transporte internacional, conflitos entre lei e tratado se resolve em favor dos tratados.
Quanto à prescrição, o relator destaca em seu voto que deverão ser
aplicadas as regras prescricionais das Convenções de Varsóvia (art. 29) e de Montreal (art. 35), e não do Código de Defesa do Consumidor. Assim, a Convenção de Varsóvia e de Montreal confere um prazo de dois dois anos para se ingressar com ação indenizatória, a conta da data de chegada ou do dia em que a aeronave devia ter chegado no destino ou da interrupção do transporte.
Há aqui a ideia de aplicação da teoria Monista Internacionalista, destacando
que, existindo dúvida entre a aplicação de normas do Direito Internacional face o Direito Interno a norma Internacional prevalecerá sobre a interna.
No entanto, as Convenções de Varsóvia e de Montreal devem prevalecer
sobre o CDC para efeito de responsabilidade material, porém, a controvérsia apresentada trata-se de dano moral, portanto, entende-se de que deverá ser aplicado o Código de Defesa do Consumidor ao caso concreto, por se tratar de pedido de indenização por dano moral. Nessa esfera, aplicar-se-á o prazo prescricional do CDC que é de cinco anos a contar da data conhecimento do dano e de sua autoria, na forma do art. 27 do CDC.