Você está na página 1de 3

RESUMO:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 766.618 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

O referido resumo se baseia em uma análise do voto do relator Ministro do


Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, em Recurso Extraordinário com
Agravo sob nº 766.618 datado de 25 de maio de 2017 cujo teor é um conflito entre
Lei e Tratado Internacional.

A questão ora discutida no Supremo Tribunal Federal se tratava de qual


norma (lei ou Tratado) aplicar ao caso concreto, especificamente, se deveria aplicar
o Código de Defesa do Consumidor ou as Convenções de Varsóvia e Montreal aos
danos causados por empresa de transporte aéreo internacional bem como o prazo
prescricional para ingressar com pedido de indenização.

Inicialmente, a Convenção de Montreal de 12 de outubro de 1929, foi inserida


no ordenamento jurídico brasileiro em 24 de novembro de 1931, pelo Presidente
Getúlio Vargas (autoridade competente para celebrar o tratado) que o ratificou
estabelecendo o consentimento do país a se sujeitar a tal norma. Já Convenção de
Varsóvia de 1999, foi devidamente inserida no ordenamento jurídico do Brasil em 27
de setembro de 2006, pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após
aprovação do Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 59 e
vigorando internacionalmente em 04 de novembro de 2003.

Destaca-se que, a partir do momento em que o tratado é devidamente


incorporado no país, como foi feito na Convenção de Montreal e de Varsóvia como
mencionado anteriormente, o mesmo entrará em vigor no plano internacional.

As convenções citadas anteriormente seguem os requisitos para se


considerado tratado, ou seja, possuem preâmbulo escrito no gerúndio, parte
dispositiva com os artigos/disposições do tratado, porém, não possui anexo que não
é requisito obrigatório para se conferir se é um tratado ou não.

Importante salientar que a partir do momento em que o Tratado Internacional


é inserido no ordenamento jurídico, se efetiva o Pacto Sunt Servanda, que é o
fundamento do direito internacional, criando normas a serem respeitadas entre eles,
ou seja, fazendo leis entre os países.
Adiante, o relator destaca em seu relatório que, exceto quando se tratar sobre
direitos humanos, os tratados e convenções internacionais são inseridos no direito
brasileiro com status de Lei ordinária. Aqui verifica-se que o Ministro faz referência
às espécies de Tratado (gênero), ou seja, o tratado que põe fim a uma gerra e a
convenção que criam regras gerais sobre determinados assuntos. Aliás, além das
mencionadas, existem outras espécies de tratado muito usuais, como por exemplo,
os protocolos, os estatutos e declarações.

Assim, Roberto Barroso explana que para resolução da questão apresentada


se faz necessária aplicação dos critérios de cronologia e da especialidade. Em
seguida, baseando-se no artigo 178 da Constituição Federal, destaca que deve
prevalecer os tratados sobre a legislação nacional, aplicando-se inclusive, quando
se tratar de conflitos que envolva o Código de Defesa do Consumidor.

Em seguida, o relator baseando-se na Constituição Federal, vislumbram-se


que as normas e os tratados internacionais que impõe responsabilidades das
transportadoras aéreas de passageiros, em especial as Convenções de Varsóvia e
Montreal prevalessem em relação à Lei Nacional. Assim defende o Ministro do STF
que em matéria de transporte internacional, conflitos entre lei e tratado se resolve
em favor dos tratados.

Quanto à prescrição, o relator destaca em seu voto que deverão ser


aplicadas as regras prescricionais das Convenções de Varsóvia (art. 29) e de
Montreal (art. 35), e não do Código de Defesa do Consumidor. Assim, a Convenção
de Varsóvia e de Montreal confere um prazo de dois dois anos para se ingressar
com ação indenizatória, a conta da data de chegada ou do dia em que a aeronave
devia ter chegado no destino ou da interrupção do transporte.

Há aqui a ideia de aplicação da teoria Monista Internacionalista, destacando


que, existindo dúvida entre a aplicação de normas do Direito Internacional face o
Direito Interno a norma Internacional prevalecerá sobre a interna.

No entanto, as Convenções de Varsóvia e de Montreal devem prevalecer


sobre o CDC para efeito de responsabilidade material, porém, a controvérsia
apresentada trata-se de dano moral, portanto, entende-se de que deverá ser
aplicado o Código de Defesa do Consumidor ao caso concreto, por se tratar de
pedido de indenização por dano moral. Nessa esfera, aplicar-se-á o prazo
prescricional do CDC que é de cinco anos a contar da data conhecimento do
dano e de sua autoria, na forma do art. 27 do CDC.

Você também pode gostar