1. Negociação, adoção e autenticação do texto: fase preliminar de negociação do
conteúdo e da forma da convenção em causa. A. Plenos poderes: a CVDT regula aqueles que carecem de apresentar esses plenos poderes (nos termos do artigo 2º/1/c), apresentados no artigo 7º/2; e regula, ainda, os termos do exercício quando se carece da prova de plenos poderes. 1. Negociação do conteúdo e da forma. caso português: o órgão competente para negociar é o Governo, nomeadamente o Ministério dos Negócios Estrangeiros (Resolução do Conselho de Ministros 17/88 e Lei Orgânica do Ministério dos Negócios Estrangeiros, artigo 2º, alíneas b), c) e l)), podendo envolver a participação das Regiões Autónomas (nos termos dos respetivos estatutos e do artigo 227º). 2. Adoção do texto (artigo 9º - consentimento de todos, fixa o texto). 3. Autenticação do texto (artigo 10º - considerar o texto do tratado como autêntico e definitivo). efeitos: o Estado que autentica o texto obriga-se a não praticar atos contra o objeto ou o fim do tratado (enquanto não declarar a sua intenção de não se vincular), nos termos do artigo 18º. Decorre do princípio da boa fé e do pacta sunt servanda. 2. Consentimento em ficar vinculado: formas de manifestação desse consentimento previstas no artigo 11º e manifestação, nos termos do artigo 14º, que se aplica ao caso português (assinatura sob reserva de ratificação – assinatura ad referendum, confirmada pela ratificação). 1. Limitação à vinculação: através das reservas (declarações unilaterais feitas por um Estado que assina, ratifica, aceita, aprova ou adere a um tratado, pretendendo excluir o modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado quanto à sua aplicação a esse Estado) – artigos 19º e ss., CVDT; artigo 2º, alínea d), CVDT. Artigo 204º/1. Limites materiais: não podem derrogar normas de ius cogens; devem respeitar o objeto e o fim do tratado (artigo 19º, CVDT); natureza ou estipulações dos próprios tratados. Violação: ineficácia da reserva e, consequentemente, ineficácia da vinculação (objeção como meio de retirada, problema); ineficácia da reserva e, consequentemente, vinculação ao tratado (violação do princípio do consentimento e da vontade soberana dos estados). Limites temporais: devem ser feitas no momento da vinculação. Limites formais: exige-se forma escrita, quer para as aceitações para as objeções às reservas. 2. As reservas não têm autonomia jurídica em relação ao tratado, produzindo efeitos exclusivamente em relação ao tratado. Em princípio, são incompatíveis com os tratados bilaterais (demonstram uma vontade de não vinculação). 3. Figuras semelhantes: declarações interpretativas (que, em princípio, apenas determinam uma determinada interpretação de uma norma ou expressão – na eventualidade de limitarem os efeitos do tratado, devem ficar sujeitas ao regime das reservas, a menos que se deduza da intenção do Estado autor que não era sua intenção alterar os efeitos das disposições da convenção). No caso de vir a criar uma verdadeira disposição, tratar-se-á de uma situação de modificação do tratado (apenas terá efeitos em relação aos Estados que a aceitaram, regra geral). 4. Efeitos das reservas: carecem de ser aceites por apenas um dos Estados e a aceitação pode ser tácita – num prazo de 12 meses contados da notificação da reserva. Aceite: o tratado entra em vigor, com aquela reserva, em relação ao Estado que a formulou (artigo 20º/4/a). Objeções simples: não havendo número restrito (Correia Baptista – 5 Estados), a objeção simples não impede a entrada em vigor do tratado (artigo 20º/2/b)/1ª parte). Objeção agravada: impede a entrada em vigor do tratado entre a parte que formulou a reserva e a parte que objetou (artigo 20º/4/b)/2ª parte). A. Aceitação e aprovação por parte do Estado: aplicável o artigo 14º/2, bem como as normas constantes do procedimento interno previsto. 1. Iniciativa: cabe ao Governo, enquanto órgão responsável pela negociação e ajuste (artigo 198º/1, Regimento da AR). 2. Instrução: apuramento de informação essencial e eventuais pareceres de entidades a que a matéria diga respeito (nomeadamente, Regiões Autónomas). Audição das RA: nos termos do artigo 198º/3, Regimento, e do artigo 227º. 3. Aprovação (Assembleia da República ou Governo): a aprovação poderá competir à Assembleia, sob a forma de resolução (tratados – 161/i); acordos da competência reservada, 164º e 165º, ou que o Governo tenha submetido à sua apreciação) ou ao Governo, sob a forma de decreto (as restantes matérias – 197º/1/c) e 2; especificamente, cabe ao Conselho de Ministros). Votação: compreende uma discussão e uma votação faseada (na generalidade, na especialidade e uma votação final global – artigo 200º). Maioria: em princípio, na falta de estipulação, aplica-se a regra da maioria relativa, sendo essencial a verificação do quórum (116º, CRP). Depois da aprovação: artigo 19º/b) e artigo 201º/1, Regimento da Assembleia da República – enviar ao PR os tratados depois de aprovados. 4. Ratificação/Assinatura (Presidente da República): ao presidente cabe a retificação dos tratados e a assinatura dos acordos (artigo 134º). Ratificação: ato através do qual a autoridade, que é titular da competência de conclusão dos tratados internacionais, manifesta, de forma solene, que o Estado se considera vinculado e se compromete, nos termos do princípio pact sunt servanda, a dar execução ao tratado. Um ato discricionário: o Presidente pode recusar a ratificação/assinatura (equiparável ao veto), por motivos políticos (juízo de mérito); o Presidente pode requerer ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva (artigo 134º, g), conjugada com o artigo 278º/1 – interpretação extensiva deste último, com vista à inclusão dos acordos aprovados pela Assembleia). Problema de desvio de poder: o Presidente não pode recusar a ratificação com base em fundamentos de inconstitucionalidade (exercício das competências em desconformidade com os fins para as mesmas previstos). 5. Intervenção do Tribunal Constitucional (artigo 203º, 278º/1): a pronuncia determina a reação subsequente – determinará, em caso de pronuncia no sentido da inconstitucionalidade, uma recusa de ratificação/assinatura pelo Presidente. Ter em conta que, em caso de tratado, este pode ser confirmado pela Assembleia – já o acordo, gera dúvidas sobre a possibilidade de o veto ser superado pela confirmação (à qual se aplica a regra da maioria de dois terços, artigo 279º/4, 203º/1, Regimento da Assembleia da Republica). Poder discricionário do Presidente: pode, depois da confirmação, recusar a ratificação ou estará vinculado à mesma? 3. Entrada em vigor da convenção: a regra supletiva é a da entrada em vigor no momento da ratificação por todos os Estados que tenham participado da negociação, quando não haja sido definido pelo próprio tratado. Para um Estado que adere a um tratado que já está em vigor, a data de início de vigência é a data em que ocorreu o ato de consentimento. Tem, esta regra, de ser conjugada com a publicidade no Diário da República (exigência do Direito Interno português que determina a eficácia do tratado). 6. Depósito, registo e publicação (artigos 76º a 80º): com o propósito de tratar da publicidade e do resguardo seguro, a prática tende a designar um depositário, sendo depois transmitidos ao Secretariado das Nações Unidas para o registo e a publicação (é do registo que depende a possível invocação do tratado perante os órgãos das nações unidas – artigo 102º).