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Dos elementos de

Eficácia dos Tratados


Na Convenção Diplomática de Viena de
1969

▪ Art. 11 da Convenção sobre o direito dos tratados: O consentimento


de um estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela
assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado,
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros
meios, se assim for acordado.
Para o Prof. Francisco Rezek

▪ A – Negociações preliminares e Assinatura: em regra, a assinatura não


representa a obrigação. Porém atesta que as cláusulas pactuais são
autênticas. Normalmente, o Estado se obriga pela ratificação, dependendo,
é claro, da legislação interna de cada país. O artigo 12 da Convenção de
Viena estabelece as condições em que a assinatura também pode obrigar o
Estado: quando o tratado dispõe nesse sentido; quando na própria
negociação desenvolvida pelos Estados tal hipótese fica estabelecida;
quando tal decorre da carta de plenos poderes dada ao representada do
Estado.
▪ Diz-se assinatura ad referendum quando o aceite definitivo das regras do
tratado depende da aprovação dos órgãos internos do Estado. E assinatura
diferida quando em determinadas situações negociadas permite-se aos
Estados um tempo maior para aporem as assinaturas respectivas, como
após a uma consulta prévia do representante aos respectivos governos.
▪ B - Ratificação é o ato unilateral com o que o co-partícipe da feitura de um tratado
expressa em definitivo sua vontade de se responsabilizar, nos termos do tratado,
perante a comunidade internacional. Não se confunde com a “ratificação em sentido
constitucional”, que é um ato interno do Estado, também denominado ad referendum
do Congresso ou mesmo aprovação legislativa. Trata-se, aqui, da ratificação como ato
formal, de natureza internacional, dirigido às partes que assinaram o tratado. É ato
unilateral, discricionário e irretratável (pacta sunt servanda), nada obstando, no futuro,
o Estado vir a denunciar o tratado.
▪ Normalmente a ratificação é expressa por um documento chamado de carta de
ratificação, em que o país faz saber que foi concluído um acordo e, no caso do Brasil,
tendo sido aprovado pelo Congresso, o presidente da república confirma e ratifica, para
produzir seus efeitos, comprometendo-se a cumprir o tratado.
▪ Prazo: não existem regras escritas ou costumeiras de prazo para que a ratificação venha
ao mundo jurídico internacional. O próprio tratado, negociado e assinado, pode,
entretanto, estabelecer um prazo. Em alguns casos, existe a “ratificação condicional”
para que o tratado entre em vigor, exigindo assim um quorum. Normalmente o efeito é
ex nunc, vale dizer, obrigando-se o Estado a partir da ratificação (portanto é
irretroativo).
▪ C - Adesão: a adoção do texto de um tratado efetua-se pela maioria
de dois terços dos Estados presentes e votantes ou pelo consenso
numa conferência internacional. Todavia, o Estado que não
participou das negociações e quer fazer parte do acordo, o faz por
meio da adesão. Ela ocorre, então, em um segundo momento,
depois que os outros já haviam assinado. Logo, a adesão e a
ratificação têm igual natureza.
▪ D - Reservas: não se tratando de acordo bilateral, é possível a
existência de “reservas”, assim denominada como uma declaração
unilateral do sujeito de direito internacional visando a excluir ou
modificar para si o efeito jurídico de um ou vários dispositivos do
tratado. (artigo 2º, parágrafo 1º, alínea d, da Convenção de Viena de
1969). Destaque-se que o próprio tratado não deve conter cláusula
impeditiva das reservas, ou seja, implicitamente permiti-las, como
também elas não podem ser incompatíveis com o objeto e finalidade
do acordo. Elas devem ter caráter formal (escritas) e comunicadas
aos integrantes do acordo.
Procedimento no Brasil

Tratado no plano Negociação e


internacional Assinatura

Reservas ou
Tramitação Internacional Aprovação ad
referendum art.
ressalvas e
eventual
e Interna no Brasil 49,I CF
retroação

Produção final de Efeitos Ratificação /


Promulgação (CF,
Ratificação
Adesão
Externa
no Brasil e no Exterior art. 84, VIII)

Publicação (art.
102 Carta ONU)
OBS: Precedente do STF sobre autonomia
dos Estados Federativos.

▪ ADI nº 331, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-4-2014, P, DJE de 2-


5-2014.
▪ ...o requerente alega que o art. 49, I, da CF, ao prever competência
exclusiva do Congresso Nacional, restringe-se ao poder de resolver
acordos ou tratados internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Por outro lado, o
dispositivo estadual vai além, prevendo o poder de autorizar e
resolver empréstimos, acordos e convênios que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio estadual. (...) no caso em
análise, não verifico inobservância local, pois a Constituição estadual
apenas complementou o Texto Federal....
DENÚNCIA E RETIRADA – Pode um Estado
nação sair de um tratado?

▪ Denúncia: ato unilateral pelo qual uma parte anuncia sua intenção de
desvincular-se de um tratado, de um compromisso internacional do
qual faça parte.
▪ - a denúncia extingue um tratado bilateral.
▪ - Isenta o Estado signatário de cumprir as normas dos tratados.
▪ - Produz efeitos ex nunc, não excluindo as obrigações estatais
relativas a atos ou omissões ocorridos antes da data em que venha a
produzir efeitos.
▪ - Possibilidade de denúncia é regulada, normalmente, pelo próprio
tratado, que pode prever prazo e procedimento específico.
A Celeuma da EC 45/04 e o art. 5º, §3º
da CF e matéria de Direitos Humanos

▪ A outra tese, consagrada por Antônio Augusto Cançado Trindade e Flávia


Piovesan, diz que os tratados internacionais de Direitos Humanos
ratificados antes da edição da EC 45/04 seriam materialmente
constitucionais, ao passo que os ratificados após a Emenda e já sob a égide
do novo procedimento nela previsto, seriam material e formalmente
constitucionais. Assim, qualquer tratado internacional de Direitos Humanos
não poderia ser revogado por legislação ordinária.
▪ Com o impacto trazido pela redação do § 3º do art. 5º na EC 45/04, o STF
julgou o Recurso Extraordinário 466.343 dizendo que os tratados
internacionais de Direitos Humanos não aprovados por maioria qualificada
prevista no procedimento especial do possuem natureza de norma
supralegal. O voto do Ministro Celso de Mello previa que seriam
materialmente constitucionais aqueles ratificados pelo Brasil antes da
edição da EC 45/2004 e material e formalmente constitucionais aqueles
aprovados pelo processo legislativo especial previsto após a edição da
citada emenda.
A incorporação normativa com esteio na
Teoria do Fato Jurídico e da formalidade
constitucional

Norma Constitucional
/ EC / Tratados DH
pós EC 45/04

Norma Supralegal / Tratados


DH pré EC 45/04

Norma Infraconstitucional / Demais


Tratados Internacionais
Conflito de Interesses ou Antinomia
Jurídica

Comunidade
Estado
Internacional
Consequências do sistema de percepção
dos tratados pelos Estados Nação

▪ a) O Estado recusa em absoluto a vigência do D.I. (Sistema de


Negação ou Não Transformação).
▪ b) O Estado reconhece a plena vigência de todo o D.I. na ordem
interna ( sistema de cláusula geral de recepção plena).
▪ c) Sistema Misto: O Estado não reconhece a vigência automática
de todo o D.I., mas reconhece-o sobre certas matérias ( sistema de
cláusula geral de recepção semiplena ). Há recepção plena para
certas matérias definidas e, para outras, há que se fazer a
transformação interna).
Das Teorias de Recepção dos Tratados no
DI – da teoria Monista

▪ “Deduz a unidade do Direito da identidade de um elemento


metajurídico, de que emanam as normas fundamentais da
convivência humana, ou que a tais normas dá a validade última.”
▪ Para o monismo internacionalista, a progressiva aplicação de normas
de Direito Internacional no âmbito interno dos Estados
demonstrariam a validade da tese e escopo que esposam. Por outro
lado, embasaria a preponderância do Direito Internacional, o fato de
persistir a responsabilidade Internacional do Estado no caso de
ofensa à uma regra desse por uma regra interna.
O sistema concêntrico Monista

Norma
Infraconstitucional

Norma
Constitucional

Norma
Internacional
Das Teorias de Recepção dos Tratados no
DI – da teoria Dualista

▪ A teoria dualista, esses direitos são diferentes, sendo impossível a


ocorrência de conflitos entre eles, já que as normas de um não teriam
aplicação no outro. Só podendo uma norma de Direito Internacional
ser aplicada no Direito Interno após a recepção no ordenamento
jurídico nacional, de forma expressa ou tácita, só assim ela irá possuir
natureza de norma de Direito Interno.
▪ Para essa teoria, outra diferença entre esses direitos é a de que
enquanto no Direito Internacional existe uma vontade comum dos
Estados, no Direito Interno essa vontade é unilateral e soberana. O
dualismo admite uma divisão radical entre a ordem interna e a ordem
internacional, onde estas por sua vez situam-se em patamares
equivalente, porém, incomunicáveis. Dessa forma o tratado vai estar
entre a Constituição Federal e a Lei Ordinária.
O sistema excêntrico dualista

D.H.

Norma
Norma Constitucional
Internacional • Norma
Infraconstitucional
E No Brasil, qual sistema de recepção é
adotado?

▪ Vide julgamento da ADIn 1480-DF.


▪ “A incorporação dos tratados ao sistema interno brasileiro,
equiparando-o à lei interna, transforma-os em uma lei nacional e, por
conseguinte, extingue o conflito próprio da teoria monista, pois a
regra vigente de revogação de lei anterior pela lei posterior é
princípio assente no nosso sistema jurídico e aplicável ao
ordenamento como um todo. Com isso também fica claro que os dois
sistemas – o interno e o internacional — são separados, pois ocorre,
muitas vezes, do Brasil continuar obrigado internacionalmente por
dispositivo de tratado (posto que seu "parceiro" não foi comunicado
da modificação) enquanto a legislação interna já o modificou”.
▪ DUALISMO MODERADO
E a Comunidade Internacional? Que
sistema de recepção e resolução adota?

▪ Convenção de Viena de 1969


▪ Artigo 27 - Direito Interno e Observância de Tratados
▪ Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno
para justificar o inadimplemento de um tratado.
▪ Obs: Ratificada pelo Brasil através do DECRETO Nº 7.030, DE 14 DE
DEZEMBRO DE 2009.
▪ MONISMO

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