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CAPÍTULO II – FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Unidade I – As Convenções

Aula 9: Condições de validade das convenções internacionais.

Pelo presente tema, tenciona-se saber o que são e quais são os requisitos ou
exigências impostas por lei, para um tratado ser concluído com validade ou aptidão.
Dito doutro modo, objectivaremos conhecer quais aspectos afiguram-se como condição
para um tratado ser considerado válido e, portanto, passar a produzir efeitos jurídicos.

Já nas lições passadas, ficou aflorada a ideia, segundo a qual um tratado para ser
válido necessita de obedecer à um certo ritualismo ou processo. Todavia, em sede desta
lição, pretendemos destacar e conhecer outros requisitos que se impõem para validar
uma convenção.

A primeira condição que se impõe para a validação de um tratado é a capacidade


das partes. Capacidade das partes vai significar a idoneidade, aptidão ou prontidão de
um sujeito do DIP para celebrar convenções internacionais. Genericamente, possuem
esta capacidade os sujeitos activos de direito internacional (Estados, Organizações
Internacionais, e a Santa Sé). Os indivíduos ficam excluídos desta premissa, pela
simples razão de, no plano internacional, e na grande maioria das vezes, não poderem
actuar de forma directa ou de per si. Contudo, olhando para as convenções validadas ou
reconhecidas pela Convenção de Viena, esta capacidade fica tão-somente reservada para
os Estados. Tal é o estipulado pelo art.º 6.º da dita Convenção. Portanto, se determinado
Estado, em alguma circunstância revelar-se incapaz, será fruto da renúncia operada pelo
próprio Estado, mediante celebração de um acordo naquele sentido. A título de
exemplo, acontece com o acordo de protectorado, que limita a capacidade internacional
do Estado protegido em favor do Estado protector.

A consequência da incapacidade internacional é a nulidade da Convenção.


A segunda condição para a aptidão de uma Convenção é a regularidade do
consentimento. Entende-se por regularidade do consentimento, a manifestação de uma
vontade em vincular-se à uma convenção de forma espontânea, querida, pura ou de
forma obediente olhando para aquilo que é o processo a seguir para a conclusão da
convenção. Desta feita, para que um consentimento seja regular é necessário, por um
lado, ser expresso ou manifestado com obediência de todas as normas que versam sobre
o modo ou forma como de ser conduzida o processo de conclusão das convenções
(regularidade formal) e, por outro, que a manifestação da vontade em vincular-se à
convenção seja prestada sem os vícios do erro1, dolo, coacção e corrupção (regularidade
substancial)2.

Sempre que o consentimento seja prestado fora dos termos fixados no parágrafo
anterior, e uma vez estando celebrado o tratado, a parte que se vir prejudicada possuirá
legitimidade para poder arguir a nulidade do tratado. A nulidade do tratado poderá ser
relactiva ou absoluta. Estar-se-á diante de uma nulidade relativa quando a causa que
tornou o consentimento irregular poder, simplesmente, ser arguida por uma parte do
tratado (aquela que consentiu e que, por isso se viu prejudicada). Como logicamente se
pode imaginar, são causas de nulidade relativa o erro, dolo e a corrupção. Por sua vez, a
nulidade absoluta é aquela gerada por uma causa que pode ser invocada por qualquer
parte no trado. Causa de nulidade absoluta poderá ser a coacção. Como se evidencia,
independentemente da causa a considerar para se poder arguir a nulidade de uma
convenção, não se reconhece direito à um estado terceiro para invocar a nulidade de um
tratado.

A última condição para a validade de uma convenção é a licitude do objecto.


Segundo o sentido que se extrai do conteúdo do art.º 53.º da CV, haverá lugar a licitude
do objecto de uma convenção, sempre que a matéria cujos direitos e obrigações das
partes incidam, esteja de acordo com o espírito e o conteúdo das normas de direito
internacional geral.

1
De salientar que nem todo o erro vale como motivo ou causa para se irregularizar o consentimento e,
portanto, como causa para se invalidar uma convenção. Somente os erros que sejam cometidos de boa-fé
(desculpáveis) e que sejam determinantes (aqueles que incidam sobre determinada matéria que sirva de
base à prestação do consentimento).
2
Cfr. Art.ºs 48.º, 49.º, 50.º, 51.º e 52.º da CV.
Referência global: SOARES, Albino de Azevedo, Lições de Direito Internacional Público, 4ª
ed., Coimbra Editora – Coimbra, 1996.

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Boa leitura!

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