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DIREITO CIVIL

III: TEORIA
GERAL DOS
CONTRATOS

Patrícia Fernandes Fraga


Formação, interpretação e
integração dos contratos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar como ocorre a formação do contrato.


 Explicar a importância da aceitação na formação do contrato.
 Definir interpretação e integração dos contratos.

Introdução
Os negócios jurídicos não se formam sem a vontade das pessoas. Essa
vontade, inicialmente interna, subjetiva, é a propulsora do contratar.
Todavia, essa vontade não tem, em geral, como ser apreendida e adequa-
damente tutelada pelo Direito. Assim, o mundo jurídico, normalmente,
preocupa-se com a vontade declarada, aquela objetiva, externada pelas
partes de modo a chegar em um consenso e concluir o negócio desejado.
Por outro lado, mesmo que externalizem a sua vontade, raramente as
partes conseguirão exprimir, por meio dos contratos, todas as vicissitudes
ou eventualidades que poderão fazer parte do seu processo negocial.
Além disso, não raro, será necessário que se valham de ferramentas para
interpretar ou complementar as disposições contratuais por elas firmadas.
Neste capítulo, você vai ler sobre a formação dos contratos e as fer-
ramentas capazes de auxiliar as partes e os juízes na interpretação e
integração contratual.

Formação dos contratos


A formação dos contratos dependerá da manifestação de vontade das partes,
direcionadas ao consenso, elemento essencial à conclusão dos contratos.
Assim, é relevante compreender o momento em que se considera realizado
esse consenso.

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2 Formação, interpretação e integração dos contratos

Essa manifestação de vontade poderá ser tácita ou expressa. Será tácita


quando se consegue inferir do comportamento da parte o seu aceite inequívoco,
desde que a lei não exija manifestação expressa pelo contratante. Será expressa
quando as partes utilizarem de qualquer meio ou veículo para exteriorizar a
sua vontade concretamente (palavra escrita ou falada, gestos ou mímicas,
entre outros), mesmo que por meios virtuais.
Devemos atentar, ainda, para os casos em que o silêncio também é si-
nônimo de consentimento, chamado de silêncio conclusivo (PEREIRA,
2017, p. 34). Para o silêncio ser considerado conclusivo da manifestação
da vontade, deverá traduzir o querer da parte, “[...] permitindo-se extrair
dele a ilação de uma vontade contratual” (PEREIRA, 2017, p. 34). Todavia,
reforçamos que o silêncio, em regra, não configura concordância ou anuência
em celebrar contrato, ficando o silêncio conclusivo reservado a situações
excepcionais, em especial, aquelas em que a concordância expressa não é
costumeiramente exigida. Nesse sentido, dispõe o art. 111 do Código Ci-
vil: “Art. 111 O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os
usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa”
(BRASIL, 2002, documento on-line).
Antes de adentrar nas fases de formação dos contratos, ressaltamos algumas
noções sobre o ato jurídico negocial, as quais também guardam relação com
a interpretação e integração dos contratos.
A primeira delas diz respeito ao texto do artigo 421-A do Código Civil,
introduzido pela Lei nº 13.874, de 2019, que estabelece a paritariedade e
proporcionalidade entre os contratos civis e empresariais, até a presença de
elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressal-
vados os regimes jurídicos previstos em leis especiais e garantindo, ainda, o
que preveem os incisos I, II e III.

O professor Clóvis do Couto e Silva (2007), na obra A obrigação como processo, assevera
que a obrigação não pode ser compreendida apenas como um vínculo jurídico que
une credor e devedor por meio de prestações de dar, fazer ou não fazer, mas que a
relação obrigacional é algo que se encadeia, que se desdobra em direção à satisfação
dos interesses do credor, logo, em direção ao adimplemento. Considerando que os
contratos são a fonte mais notória das obrigações, nada mais coerente do que examiná-
-los por esse prisma, isto é, compreendê-los como um processo.

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Formação, interpretação e integração dos contratos 3

Depois, o contrato é considerado como um processo que permite que as partes


tenham proteção jurídica de seus interesses em todas as fases pelas quais passa,
negociações, conclusão do negócio e cumprimento do avençado. A referida proteção
é consequência do disposto no art. 422 do Código Civil: “Art. 422 Os contratantes
são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução,
os princípios de probidade e boa-fé” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Significa, assim, que, em todas as fases de formação do contrato, as partes
deverão pautar sua conduta conforme a boa-fé objetivamente considerada.
Feitas essas explicações, passamos para as fases da formação do contrato.

Negociações preliminares, fase da puntuação


ou de tratativas
É a fase anterior à oferta definitiva de contratar e, em regra, não vincula as
partes. Nas negociações preliminares, as partes discutem, realizam sondagens,
ponderam, refletem, fazem cálculos e redigem termos do contrato, em um
processo que as levará a uma proposta (fase seguinte) que represente seus
interesses. Vale ressaltar que, mesmo que haja uma minuta ou um projeto de
contrato, enquanto não houver uma proposta firme, as partes não se vinculam.

A fase de negociações preliminares não vincula as partes a uma relação jurídica — ainda
não há nem a proposta, nem a conclusão do contrato.

Entretanto, não significa dizer que, excepcionalmente, não poderá haver


responsabilização de uma das partes, no caso de ruptura de expectativas
legítimas da outra.
Há situações que darão ensejo à responsabilidade extracontratual, ou
aquiliana, ou ainda culpa in contrahendo, que corresponde à obrigação
de reparar os danos causados por quem culposamente violar as normas de
conduta impostas pela boa-fé objetiva, ainda que na fase pré-contratual
(ALMEIDA, 2014). Essas situações devem, porém, ser vistas como extra-
ordinárias, exceções à regra de que as tratativas não vinculam as partes.
Caso contrário, estar-se-ia tolhendo a liberdade das partes, pois ninguém
está obrigado a contratar (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2008), e
desincentivando as relações negociais.

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4 Formação, interpretação e integração dos contratos

Proposta, promessa, oferta ou policitação


É a fase em que o proponente, policitante ou ofertante manifesta a sua vontade
por meio de uma proposta definitiva, séria, concreta de contratar. Considerando
que a natureza jurídica dessa proposta é de negócio jurídico unilateral (mani-
festação de vontade destinada à produção de efeitos escolhidos pela parte), ela
vinculará o declarante — princípio da vinculação ou da obrigatoriedade da
proposta (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2008) — consoante dispõe o art.
427 do Código Civil: “Art. 427 A proposta de contrato obriga o proponente,
se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das
circunstâncias do caso” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Assim, esse vínculo jurídico do declarante com a sua proposta perdurará até
que haja aceitação ou recusa de aceitação, ou ainda quando o ofertante, antes da
aceitação, retratar a oferta, pelos mesmos meios utilizados para a sua veiculação
(LÔBO, 2012). Percebemos, destarte, que não se trata de mera tratativa, mas de
oferta concreta e séria do proponente no intuito de celebrar contrato.
Entretanto, o próprio art. 427 do Código Civil prevê situações em que a
proposta perde a sua eficácia cogente (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,
2008). A primeira delas diz respeito ao direito de retratação ou arrependimento.
Dessa forma, pode o proponente salientar que reserva o direito de retratar-se
ou arrepender-se da proposta emitida, (exceto se dirigida ao consumidor).
A oferta também perde a sua obrigatoriedade em razão de sua própria
natureza. Nesse caso, as ofertas limitadas ao estoque deixam de vincular o
proponente quando esgotados os itens ofertados. E, por fim, conforme as cir-
cunstâncias, podem as propostas perder sua eficácia cogente. As circunstâncias
capazes de retirar a vinculatividade do ofertante à sua proposta deverão ser
objeto de análise caso a caso, dando-se liberdade de avaliação ao julgador.
As exceções ao princípio da obrigatoriedade constam no art. 428 do Código
Civil:

Art. 428 Deixa de ser obrigatória a proposta:


I — se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio
de comunicação semelhante;
II — se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III — se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro
do prazo dado;
IV — se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra
parte a retratação do proponente (BRASIL, 2002, documento on-line).

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Formação, interpretação e integração dos contratos 5

Da leitura do art. 428 do Código Civil, depreende-se que a proposta poderá


se destinar à pessoa presente ou ausente.

A pessoa presente é aquela que mantém contato direto e simultâneo com a outra — caso
em que o aceitante toma ciência da oferta quase instantaneamente — como a comuni-
cação realizada por um chat (sala virtual de comunicação), Skype, telefone, entre outros.
A pessoa ausente é aquela que não mantém contato direto nem imediato com a outra
— há, assim, um decurso de tempo, um lapso, entre a proposta, a ciência e a resposta do
aceitante — como a comunicação realizada por cartas, telegrama, e-mail, entre outros.

O Quadro 1 poderá elucidar melhor o disposto no art. 428 do Código Civil.

Quadro 1. Art. 428 do Código Civil

Pessoa presente Pessoa ausente

Sem prazo Inciso I — se a proposta Inciso II — se a proposta não tiver


não tiver prazo, feita prazo, feita para pessoa ausente, pas-
para pessoa presente, o sado tempo suficiente para a resposta
aceitante deverá dar a e essa não tenha sido manifestada
resposta imediatamente, pelo aceitante, perde vinculatividade a
sob pena de perda da proposta, liberando o ofertante.
eficácia da oferta. Tempo suficiente: deverá ser avaliado
casuisticamente e com razoabilidade
— considerando, por exemplo, os
costumes ou a prática comercial de
determinado setor.

Com prazo Perderá a vinculativi- Inciso III — perderá a vinculatividade


dade a proposta não a proposta, feita a pessoa ausente,
respondida no prazo. quando não respondida no prazo
fixado.
Contudo, no caso do inciso IV, perderá a
obrigatoriedade a proposta, quando o
aceitante a receber depois ou junto da
retratação do proponente.

Fonte: Adaptado de Brasil (2002).

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6 Formação, interpretação e integração dos contratos

Da leitura do art. 429 do Código Civil, depreendemos que a proposta


poderá se destinar à pessoa determinada ou ao público, in verbis: “Art. 429 A
oferta ao público equivale à proposta quando encerra os requisitos essenciais
ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos”
(BRASIL, 2002, documento on-line).
A pessoa determinada, como visto, pode estar presente ou ausente. Por
outro lado, cumpre tecer alguns comentários acerca da oferta ao público.
A oferta ao público é dirigida a qualquer pessoa e a qualquer público, que
terá o direito de aceitá-la. A oferta é considerada pública quando se utiliza
qualquer meio de divulgação coletiva e indeterminada, inclusive mediante
publicidade (LÔBO, 2012). Por exemplo, os panfletos de promoções de res-
taurantes, lojas, supermercados, entre outros.
Para que deixe de se vincular à sua proposta, o ofertante, que resguardou
seu direito de retratação, deverá se utilizar do mesmo meio de divulgação,
nos termos do parágrafo único do art. 429 do Código Civil: “Art. 429 [...]
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação,
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada” (BRASIL, 2002,
documento on-line).

Os aparelhos automáticos ou vendas automáticas enquadram-se na oferta ao público


(LÔBO, 2012); transmitem a vontade do proponente, vinculando-o da mesma forma
que as demais propostas. Por exemplo, máquinas de refrigerante, de lanches, de tickets
de transporte público, entre outros.
Com a morte do ofertante, não se tratando de obrigação personalíssima, podendo
a obrigação ser cumprida, ela permanecerá obrigatória. O entendimento doutrinário
é de que o ônus da proposta feita, em geral, transmite-se aos herdeiros (PEREIRA, 2017;
GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2008).

Aceitação e oblação
É a fase de formação ou de conclusão do contrato, ou seja, quando se dá a
celebração do contrato. Em razão da sua relevância, a fase da aceitação será
analisada em tópico específico.

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Formação, interpretação e integração dos contratos 7

Aceitação
Como o próprio nome indica, a aceitação é a fase em que o oblato, aceitante
ou policitado responde afirmativamente à proposta de contratar.
No momento em que o oblato aceitar a proposta, o contrato é perfectibili-
zado. A aceitação poderá se dar de forma expressa ou tácita, como dispõe o
art. 432 do Código Civil: “Art. 432 Se o negócio for daqueles em que não seja
costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-
-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa” (BRASIL, 2002,
documento on-line).
Será expressa, assim como na proposta, quando declarada pelo aceitante
por meio de gestos, palavra escrita ou sinais. Será tácita quando da conduta
do aceitante se puder concluir pela aceitação. Por exemplo, quando, embora
não tenha expressamente se manifestado, o aceitante envia o bem objeto da
compra e venda.
A aceitação, quando realizada fora do prazo ou com alterações na pro-
posta, configurará contraproposta, que necessitará de aceitação, agora, da
outra parte. Nesse sentido: “Art. 431 A aceitação fora do prazo, com adições,
restrições, ou modificações, importará nova proposta” (BRASIL, 2002,
documento on-line).
Outrossim, para que o aceitante consiga voltar atrás em sua aceita-
ção, deverá fazê-lo antes ou concomitantemente à aceitação, sob pena
de vincular-se ao negócio jurídico, como expressa o art. 433 do Código
Civil: “Art. 433 Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou
com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante” (BRASIL, 2002,
documento on-line).
Ainda, a boa-fé objetiva deverá pautar a conduta das partes em todas as
fases da formação do contrato (bem como após sua conclusão). O art. 430 do
Código Civil corrobora essa afirmação (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,
2008), impondo o dever de informar ao proponente, como segue: “Art. 430
Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento
do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de
responder por perdas e danos” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Significa que, caso a aceitação, por motivos alheios à vontade das partes,
venha a ser recebida fora do prazo, é dever do proponente comunicar o aceitante
para não ser responsabilizado.

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8 Formação, interpretação e integração dos contratos

Por exemplo, a produtora de leite A envia um e-mail ao distribuidor B aceitando a oferta


de compra e venda de seus laticínios e, por algum motivo, o e-mail não é recebido
no prazo devido por problemas no servidor, não imputável a nenhuma das partes, o
distribuidor B terá de avisar a produtora do atraso no recebimento da resposta, sob
pena de responder pelos danos causados (perda dos produtos ou venda a outro
interessado com valor abaixo do mercado, entre outros).

Tempo da aceitação
Quando presentes as partes, não há dificuldades de determinar o momento da
aceitação, pois ela se dará no momento da resposta do aceitante. Entretanto,
estando ausentes as partes, não é tarefa tão singela determinar esse momento.
O art. 434 do Código Civil dispõe sobre o momento da aceitação, isto é,
pode-se considerar concluído o contrato quando as partes não se encontram
presentes. Segue transcrição:

Art. 434 Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação
é expedida, exceto:
I — no caso do artigo antecedente;
II — se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III — se ela não chegar no prazo convencionado. (BRASIL, 2002, documento
on-line).

Podemos inferir desse artigo que, em regra, o ordenamento jurídico bra-


sileiro elege a expedição da resposta como momento da perfectibilização
do negócio jurídico contratual. Por oportuno, cumpre apresentar as teorias
doutrinárias que apontam o momento da conclusão do contrato (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2008; PEREIRA, 2017):

 Teoria da declaração ou da agnição — entendemos celebrado o con-


trato quando o oblato redige a resposta, mesmo que não a tenha enviado
ao proponente.
 Teoria da expedição — entendemos celebrado o contrato quando a
aceitação é expedida, mesmo que não tenha sido recepcionada pelo
proponente.

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Formação, interpretação e integração dos contratos 9

 Teoria da recepção — entendemos celebrado o contrato quando o


proponente recebe a resposta, mesmo que não tenha ciência de seu
conteúdo.
 Teoria da cognição ou informação — segundo essa teoria, o contrato
estará perfeito e acabado quando o proponente tomar conhecimento da
aceitação e ciência do conteúdo da resposta do oblato.

Frente a essas teorias explicativas, podemos dizer que, embora a teoria


adotada pelo Código Civil de 2002 tenha sido a teoria da expedição — os
contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação seja ex-
pedida —, trouxe, também, exceções. A primeira exceção diz respeito ao
já comentado art. 433 do Código Civil: “Art. 433 Considera-se inexistente
a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do
aceitante” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Utilizando a lógica, podemos perceber que o art. 433 exige a recepção tanto
da retratação quanto da aceitação, colocando por terra a teoria da expedição
eleita. A segunda exceção diz respeito ao inciso II do art. 434 do Código
Civil: “Art. 434 [...] II — se o proponente se houver comprometido a esperar
resposta;” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Nessa situação, as partes podem, voluntariamente, afastar a incidência da
teoria da expedição, de modo que o contrato somente estará perfeito com a
recepção da aceitação pelo proponente. A última exceção concerne ao inciso
III do art. 434 do Código Civil: “Art. 434 [...] III — se ela não chegar no prazo
convencionado” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Novamente, a interpretação mais lógica é a de que, tendo sido determinado
um prazo para a aceitação entre ausentes e não sendo esse prazo respeitado, a
teoria em vigor para definir a conclusão do contrato será a da recepção — pois
impõe a necessidade de a resposta chegar às mãos do proponente.
Tentando dar resposta ao imbróglio legislativo, a doutrina entende, por
vezes, que o Código Civil adota ambas as teorias, ou, de outro modo, que se
filia apenas à teoria da recepção, ou, ainda, nas palavras do professor Paulo
Lôbo (2012), que adota a teoria da expedição mitigada, uma vez que admite
como regra a expedição, mas apresenta exceções à sua própria regra. Parece
mais coerente admitir, como ensina Caio Mário da Silva Pereira (2017), que
o disposto no art. 434 do Código Civil é apenas uma norma supletiva, pois
a conclusão do contrato deverá ser avaliada, aprioristicamente, pelo que as
partes determinaram no contrato.

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10 Formação, interpretação e integração dos contratos

Lugar da aceitação
Sobre o lugar da formação dos contratos, o Código Civil, de modo mais
simplificado, dispõe que: “Art. 435 Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar
em que foi proposto” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Diante disso, o contrato entre presentes é considerado formado no local em
que as partes se encontram (policitante e policitado). Por sua vez, o contrato
entre ausentes ou no qual as partes estejam distantes fisicamente (chat, por
exemplo) é considerado formado no local da realização da proposta — segundo
a regra do art. 435 do Código Civil — considerando não haver disposição
expressa das partes em outro sentido (PEREIRA, 2017).
O local de formação do contrato tem relevância para a determinação da
jurisdição competente e até mesmo para a fixação da lei aplicável, no caso
dos contratos internacionais. Nesse sentido, determina o § 2º do art. 9º da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB): “Art. 9º [...] § 2º A
obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir
o proponente” (BRASIL, 1942, documento on-line).

A formação dos contratos consumeristas dá-se de modo um pouco diverso. Conside-


rando que a relação de consumo pressupõe que não há entre as partes um equilíbrio
negocial, ou melhor, que há, ao menos, uma assimetria informacional entre as partes,
que permite uma tutela de maior proteção ao contratante mais vulnerável da relação
negocial, a legislação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) objetiva proteger
o consumidor de produtos e serviços de eventuais abusos que podem ser praticados
pelos fornecedores.

Assim, o princípio da obrigatoriedade da proposta, quando a oferta é realizada


para consumidor, adquire tom mais rígido (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,
2008), inclusive no que respeita os deveres oriundos da boa-fé objetiva, deveres de
cooperação, de cuidado, de informação, como se pode depreender do teor da lei:

Art. 30 Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada


por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela
se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

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Formação, interpretação e integração dos contratos 11

Art. 31 A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar


informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, ga-
rantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre
os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Parágrafo
único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados
oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével (BRASIL,
1990, documento on-line).

O CDC também prescreve as regras relativas à publicidade, que têm grande


influência na formação dos contratos de massa, no intuito de evitar a publi-
cidade enganosa e a prevalência dos interesses dos fornecedores sobre os
consumidores, como versa o art. 37 do CDC:

Art. 37 É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.


§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de ca-
ráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,
mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço
e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer na-
tureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite
da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de
forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. (BRASIL,
1990, documento on-line).

Os contratos de consumo são uma realidade inafastável, pois, embora a


massificação e a despersonalização dessas relações estejam sujeitas a críticas,
propiciam, por outro lado, vantagens econômicas e sociais, dinamizando o
mercado por meio da troca de bens e serviços. Assim, cumpre ao CDC limitar a
autonomia, ao menos dos fornecedores de produtos e serviços, evitando abusos.

Interpretação e integração dos contratos


Mesmo que as partes tenham agido com bastante cuidado e despendido seu tempo
na redação das cláusulas contratuais, nunca conseguirão redigir um contrato
absolutamente completo, pois a incompletude é da natureza dos contratos.

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12 Formação, interpretação e integração dos contratos

Ademais, a incompletude pode ser escolha das próprias partes, pois o


custo de negociação de um extenso clausulado pode vir a ser maior do que
as chances de surgirem questões envolvendo o contrato, ou porque as partes
confiam muito uma na outra, ou, mesmo, por estratégia de negócios.
De outra banda, o conteúdo do contrato pode não traduzir a exata vontade
das partes. Os contratos podem ser complexos e a linguagem utilizada pode
não ser a mais precisa, dando margem a ambiguidades e obscuridades.
Nasce, então, a partir de divergências acerca do alcance das cláusulas
contratuais, a necessidade de interpretar ou integrar o contrato.

Integração
Integrar um contrato é preencher as suas lacunas e os pontos omissos (GON-
ÇALVES, 2010). Para tanto, serão utilizadas normas supletivas, aquelas que
terão lugar na ausência de deliberação das partes acerca de determinado tema
(lugar da contratação, o momento da conclusão do contrato entre ausentes,
entre outros). As normas supletivas podem ser tanto as regras contidas nas leis
(Código Civil, CDC, entre outros) quanto os princípios que regem os negócios
jurídicos, como a boa-fé objetiva, a função social, os usos e costumes. Segundo
Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 62), a integração:

Seria, portanto, um modo de aplicação jurídica feita pelo órgão judicante,


mediante o recurso à lei, à analogia, aos costumes, aos princípios gerais de
direito ou à equidade, criando norma supletiva, que completará, então, o
contrato, que é uma norma jurídica individual.

Percebemos, então, claramente a diferença entre a integração contratual


e a interpretação. A integração traz elementos que não foram objeto de deli-
beração pelas partes, pois as normas supletivas só terão lugar na ausência de
deliberação dos contratantes. A interpretação, diversamente, tentará captar a
intenção das partes ao realizar o ato jurídico negocial.

Interpretação
Interpretar um negócio jurídico é “[...] precisar o sentido e alcance do conteúdo
da declaração de vontade” (GONÇALVES, 2010, p. 62). A interpretação tem
como escopo apurar a real vontade das partes, “[...] não a verdade psicológica,
mas a vontade objetiva, o conteúdo, as normas que nascem da sua declaração”
(GONÇALVES, 2010, p. 62).

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Formação, interpretação e integração dos contratos 13

O papel de intérprete cabe, incialmente, às próprias partes contratantes,


mas, caso haja desacerto entre elas, esse papel caberá ao juiz ou mesmo ao
árbitro. O hermeneuta ou intérprete deverá, então, buscar a concreta von-
tade das partes e a sua intenção ao contratar, para isso, terá de considerar
a vontade declarada no contrato, mas não poderá deixar de ponderar outros
elementos — como os sociais ou econômicos — ou os atos que envolveram a
formação do contrato — como as negociações, as minutas, a troca de e-mails
ou mensagens —, pois todos esses fatores auxiliarão a fixação da vontade
contratual (PEREIRA, 2017).
O Código Civil de 2002 não trouxe capítulo específico sobre a interpretação
contratual, mas algumas regras que servem de base ao hermeneuta, como
segue: “Art. 112 Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem” (BRASIL, 2002,
documento on-line).
O art. 112 do Código Civil, corrobora a teoria da vontade ou Willenstheorie,
na qual a intenção, ou seja, a vontade das partes, deve ser considerada como
preponderante quando da realização de um negócio jurídico. A teoria volun-
tarista fundamenta o que chamamos de conversão substancial, que poderá
ocorrer quando algum negócio formalmente inadequado possa ser convertido
em outro tipo de negócio válido e que exprima mais adequadamente a vontade
das partes (BRASIL, 2002).
Não significa dizer que a teoria da declaração ou Erklärungstheorie, na
qual a vontade declarada deve prevalecer sobre a vontade interna das partes,
não seja relevante para o ordenamento jurídico pátrio. Pelo contrário, a vontade
declarada é o principal subsídio do hermeneuta, pois é seu ponto de partida.
Não poderá o intérprete ficar alheio às manifestações expressas no contrato,
como o tipo escolhido ou as cláusulas forjadas pelos contratantes. Sobre a
relevância da declaração, cabe citar:

[...] o que tem de procurar o hermeneuta é a vontade das partes. Mas como
exprime pela declaração, viajará através dela, até atingir aquela [...] A segurança
social aconselha que o intérprete não despreze a manifestação de vontade ou
vontade declarada, e procure, já que o contrato resulta do consentimento,
qual terá sido a intenção comum dos contratantes, trabalho que nem por ser
difícil pode ser olvidado (PEREIRA, 2017, p. 45).

Com relação à interpretação, ainda sobre o art. 112 do Código Civil, im-
portante mencionar que esse dispositivo exprime o que se entende por regra
de caráter subjetivo ou regra relativa à manifestação de vontade, posto que
busca a compreensão adequada do que aparenta ser a vontade dos contra-

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14 Formação, interpretação e integração dos contratos

tantes, mesmo que ela não esteja acertadamente manifestada (GAGLIANO;


PAMPLONA FILHO, 2008).
Por outro lado, considerando que a vontade manifestada é de grande rele-
vância para o trabalho do intérprete, há regras relativas aos próprios preceitos
contratuais, ao conteúdo do contrato, também chamadas de regras de caráter
objetivo, como:

Art. 113 Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e


os usos do lugar de sua celebração.
Art. 114 Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estri-
tamente.
[...]
Art. 423 Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou con-
traditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424 Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio
(BRASIL, 2002, documento on-line).

Essas regras existem para auxiliar as partes, ou o terceiro chamado a


resolver o conflito, na compreensão do conteúdo contratual.
Além das regras constantes no Código Civil, é necessário também mencionar
os princípios que não poderão ser abandonados quando da interpretação e da inte-
gração dos contratos. O princípio da boa-fé objetiva, da função social dos contratos
e da conservação são exemplos que devem permear o trabalho do hermeneuta.
A boa-fé, em sentido objetivo, conforme o próprio art. 113 do Código Civil,
faz o intérprete presumir que as partes, na feitura do contrato, procederam
com lealdade, clareza, informação e compreensão adequadas do negócio a que
se vincularam (GONÇALVES, 2010). Assim, impõe ao julgador priorizar as
situações fundadas na boa-fé dos contratantes, buscando, na norma de conduta,
o sentido moralmente mais recomendável e socialmente mais proveitoso para
resolver os casos concretos.
A função social dos contratos evitará que sejam instrumentos de dese-
quilíbrios entre as partes ou mesmo que sirvam somente aos interesses dos
contratantes em detrimento de terceiros.
Já o princípio da conservação do contrato exprime que, quando as cláusulas
contratuais são ambíguas, deve o hermeneuta adotar a compreensão contratual
que produza algum efeito, “[...] pois não se deve supor que os contratantes tenham
celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade” (GONÇALVES, 2010).
Em resumo, a interpretação contratual subordina-se, principalmente, pela
intenção das partes e pelo sentido da linguagem. Assim, nenhum desses

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Formação, interpretação e integração dos contratos 15

elementos poderá, isoladamente, alterar o conteúdo contratual. Dessa forma,


devem ser avaliados em conjunto, segundo as peculiaridades do caso concreto,
de modo mais isento possível, haja vista não ser, igualmente, adequado que o
hermeneuta sobreponha sua vontade à vontade dos contratantes.

Regras de interpretação das convenções de Pothier


Robert Joseph Pothier criou algumas regras de interpretação dos contratos,
referentes ao Código Civil francês, mas que, mesmo atualmente, podem servir
de base para a interpretação contratual (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,
2008; PEREIRA, 2017; POTHIER, 1839):

 nos contratos, devemos atender mais à comum intenção das partes


contratantes do que ao sentido gramatical das palavras (correspondência
com o art. 112 do Código Civil);
 quando uma cláusula for suscetível de dois entendimentos, devemos
tomar aquele sentido que possa gerar algum efeito (correspondência
com o art. 171 do Código Civil);
 quando os termos do contrato contiverem duplo sentido, devemos pre-
ferir aquele que é mais condizente com a natureza do negócio;
 toda a ambiguidade que possa ocorrer deve ser interpretada segundo
os usos e costumes do país (correspondência com o art. 113 do Código
Civil);
 o uso é de tamanha autoridade na interpretação dos contratos que se
subentendem as cláusulas do uso, ainda que não expressas;
 as cláusulas contratuais interpretam-se uma em relação às outras, sejam
antecedentes, sejam consequentes;
 em caso de dúvida, a cláusula é interpretada contra o estipulante e em
favor do contratante (correspondência com o art. 423 do Código Civil);
 as cláusulas contratuais, ainda quando genéricas, compreendem apenas
aquilo que foi objeto do contrato, não as coisas que os contratantes
não cogitam;
 quando o objeto do contrato é uma universalidade de coisas, compre-
ende todas as coisas particulares que compõem aquela universalidade,
incluindo aquelas de que as partes não tiveram conhecimento;
 quando, para clarear dúvidas que possam haver na execução do contrato,
faz-se referência a um caso particular, não, por isso, devemos excluir
os demais casos não expressos, ao que o contrato, por direito, possa
se estender;

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16 Formação, interpretação e integração dos contratos

 nos contratos, como nos testamentos, uma cláusula concebida no plural


divide-se, com frequência, em muitas cláusulas singulares;
 o que vai ao fim de uma frase refere-se, regularmente, a toda ela e não
somente ao que imediatamente lhe precede, desde que possa concordar
com toda ela em gênero e número.

Como visto, algumas dessas regras fazem correspondência com as normas


contidas no Código Civil, possuindo, mesmo após o decurso do tempo, grande
atualidade.

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