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FORMAÇÃO DOS

CONTRATOS

Professor Me. Jônatas Viégas


FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
Em geral, o contrato é negócio
jurídico bilateral decorrente da
convergência de manifestações
de vontade contrapostas.
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
 IMPORTANTE
 Note-se, entretanto, que até a formação do contrato (por
meio do consentimento firmado) os interesses dos contraentes
são contrários. Exemplo: contrato de compra e venda.
 O vendedor quer vender pelo preço mais alto, e o comprador
quer comprar pelo preço mais baixo. Nessa linha, superada a
fase das tratativas preliminares, formula-se uma proposta
interessante também para o comprador, que, aquiescendo,
culmina por fechar o negócio.
FASES DE FORMAÇÃO
 1ª FASE: NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES
 O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a
aceitação. A primeira, também chamada de oferta, policitação ou oblação, dá
início à formação do contrato e não depende, em regra, de forma especial.
 Fase da pontuação: negociações preliminares caracterizada por sondagens,
conversações, estudos e debates;
 RESPONSABILIZAÇÃO:
 NÃO HÁ vinculação ao negócio.
 Podem afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder por
perdas e danos.
 PERDAS E DANOS: ficar demonstrada a deliberada intenção, com a falsa
manifestação de interesse, de causar dano ao outro contraente.
FASES DE FORMAÇÃO
NOTA IMPORTANTE:
A violação dos deveres da PRINCÍPIO DA BOA-FÉ,
(lealdade e correção, de informação, de proteção e
cuidado e de sigilo) durante o transcurso das
negociações é que gera a responsabilidade do contraente,
tenha sido ou não celebrado o contrato. (art. 422 do
Código Civil/2002)
FASES DE FORMAÇÃO
90 STJ, REsp 1.051.065-AM, 3ª T., rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, j. 21-2-2013.
 Proclamou a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que “a
responsabilidade pré-contratual não decorre do fato de a
tratativa ter sido rompida e o contrato não ter sido
concluído, mas do fato de uma das partes ter gerado à outra,
além da expectativa legítima de que o contrato seria concluído,
efetivo prejuízo material”. Frisou o relator que, no caso sub
judice, “houve o consentimento prévio mútuo, a afronta à boa-
fé objetiva com o rompimento ilegítimo das tratativas, o
prejuízo e a relação de causalidade entre a ruptura das
tratativas e o dano sofrido.
FASES DE FORMAÇÃO
 A PROPOSTA
 3.1. Conceito e características
 Proposta, oferta, policitação ou oblação “é uma declaração receptícia
de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende
celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua
intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”
 A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar nas bases
oferecidas, não estando mais sujeita a estudos ou discussões, mas
dirigindo-se à outra parte para que a aceite ou não, sendo, portanto,
um negócio jurídico unilateral, constituindo elemento da formação
contratual.
FASES DE FORMAÇÃO
 NOTA:
 Nem toda iniciativa ou manifestação de vontade no
sentido de dar vida a um contrato é oferta em sentido
técnico, mas só a declaração de vontade dirigida por
uma parte à outra com a intenção de provocar uma
adesão do destinatário à proposta.
FASES DE FORMAÇÃO
 CARACTERISTICAS DA PROPOSTA:
 A proposta deve conter:
 Todos os elementos essenciais do negócio proposto, como
preço, quantidade, tempo de entrega, forma de
pagamento.
 Deve ser: séria e consciente, pois vincula o proponente
(CC, art. 427). Deve ser, ainda, clara, completa e
inequívoca, ou seja, há de ser formulada em linguagem
simples, compreensível ao oblato; todos os elementos e
dados do negócio necessários ao esclarecimento do
destinatário e representando a vontade inquestionável do
proponente.
FASES DE FORMAÇÃO
 A oferta é um negócio jurídico receptício, pois a sua eficácia
depende da declaração do oblato. Não tem, entretanto, força
absoluta, gerando desde logo direitos e obrigações. Não se
pode assim dizer que equivale ao contrato.
 Importante:
 Não perde o caráter de negócio jurídico receptício:
 Se for endereçada não a uma pessoa determinada, mas
assumir a forma de oferta aberta ao público, como nos casos
de mercadorias expostas em vitrinas, feiras ou leilões com o
preço à mostra, bem como em licitações e tomadas de preços
para contratação de serviços e obras.
FASES DE FORMAÇÃO
O art. 429 do atual Código Civil declara que “a oferta
ao público equivale a proposta quando encerra os
requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário
resultar das circunstâncias ou dos usos”.
 Parágrafo único: pode revogar-se a oferta pela
mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada
esta faculdade na oferta realizada .
 A oferta aberta ao público vale como proposta
obrigatória, pois, quando contém todos os elementos
essenciais do contrato.
FASES DE FORMAÇÃO
A OFERTA NO CÓDIGO CIVIL:
 A força vinculante da oferta:
 Dispõe o art. 427 do Código Civil:
 “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das
circunstâncias do caso”.
 A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao
proponente, de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação
e de responder por suas consequências, por acarretar no oblato
uma fundada expectativa de realização do negócio, levando-o
muitas vezes, como já dito, a elaborar projetos, a efetuar gastos e
despesas, a promover liquidação de negócios e cessação de
atividade etc.
FASES DE FORMAÇÃO
IMPORTANTE:
A proposta de contratar obriga o proponente ou policitante, que
não poderá voltar atrás, ressalvadas apenas as exceções
previstas em lei (arts. 427 e 428).
a) se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar dos termos dela
mesma — é o caso de o proponente salientar, quando da sua
declaração de vontade (oferta), que reserva o direito de retratar-
se ou arrepender-se de concluir o negócio. Tal possibilidade,
entretanto, não existirá nas ofertas feitas ao consumidor, na
forma da Lei n. 8.078/90 (CDC);
FASES DE FORMAÇÃO
b) se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar da natureza
do negócio — cite-se o exemplo, seguindo o pensamento de
CARLOS ROBERTO GONÇALVES, “das chamadas propostas
abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque
existente”.
c) se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar das
circunstâncias do caso —nesse caso, optou o legislador por
adotar uma dicção genérica, senão abstrata, que dará ao juiz a
liberdade necessária para aferir, no caso concreto, e respeitado
o princípio da razoabilidade, situação em que a proposta não
poderia ser considerada obrigatória.
FASES DE FORMAÇÃO
 Prazo de validade da proposta
 Dispõe o art. 428 do Código Civil:
 “Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
 I — se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
 Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou
por meio de comunicação semelhante;
 II — se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
 III — se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta
dentro do prazo dado;
 IV — se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da
outra parte a retratação do proponente”.
FASES DE FORMAÇÃO
 Presentes: São as pessoas que mantêm contato direto e
simultâneo uma com a outra, a exemplo daquelas que tratam
do negócio pessoalmente, ou que utilizam meio de
transmissão imediata da vontade (como o telefone, por
exemplo). Observe-se que, em tais casos, o aceitante toma
ciência da oferta quase no mesmo instante em que ela é
emitida.
 Ausentes: Por sua vez, são aquelas pessoas que não mantêm
contato direto e imediato entre si, caso daquelas que
contratam por meio de carta ou telegrama (correspondência
epistolar).
FASES DE FORMAÇÃO

Prazo de validade da proposta


Dispõe o art. 428 do Código Civil:
a) se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente
aceita — ora, se se trata de pessoas presentes, infere-se daí
que a resposta ou aceitação deve ser imediata, sob pena de
perda de eficácia da oferta. Note-se que o legislador salienta
considerar também presente a pessoa que contrata por telefone
ou outro meio de comunicação semelhante (o mencionado chat,
por exemplo);
FASES DE FORMAÇÃO
b) se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente —
neste caso, a proposta é enviada, sem referência a prazo, e decorre tempo
suficiente para a manifestação do aceitante, que o deixa transcorrer in albis.
Interessante notar que o legislador, ao referir-se a “tempo suficiente”,
consagrou uma expressão que encerra conceito aberto ou indeterminado,
cabendo, portanto, ao julgador, sempre de acordo com o princípio da
razoabilidade, aplicar da melhor forma a norma ao caso concreto.Como
parâmetro pode o juiz, por exemplo, considerar “suficiente” o período de
tempo dentro do qual, habitualmente, em contratos daquela natureza,
costuma-se emitir a resposta;
FASES DE FORMAÇÃO
c) se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta
dentro do prazo dado — nessa hipótese, a proposta é feita a pessoa
ausente, com definição de prazo, e a aceitação não é expedida dentro
do prazo dado. Exemplo: Caio envia correspondência a Tício,
propondo-lhe a celebração de determinado contrato, consignando, na
própria carta, o prazo de seis meses para a resposta (aceitação).
Passam-se os seis meses e a resposta não é expedida. De tal forma,
perde a proposta a sua obrigatoriedade;
d) se, antes dela (a proposta), ou simultaneamente, chegar ao
conhecimento da outra parte a retratação do proponente — aqui,
antes da proposta, ou junto com ela, chega ao conhecimento da outra
parte a retratação ou o arrependimento do proponente, caso em que
a oferta perderá também a sua obrigatoriedade.
FASES DE FORMAÇÃO
ACEITAÇÃO

Conceito e espécies
Aceitação é a concordância com os termos da proposta. É
manifestação de vontade imprescindível para que se repute
concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se
converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do
proponente, a oferta se transforma em contrato. A aceitação
consiste, portanto, “na formulação da vontade concordante do
oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à
proposta recebida”.
FASES DE FORMAÇÃO
 Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato a aceitação
deve ser pura e simples.
 Se apresentada “fora do prazo, com adições, restrições, ou
modificações, importará nova proposta ” (CC, art. 431),
comumente denominada contraproposta. Como a proposta
perde a força obrigatória depois de esgotado o prazo
concedido pelo proponente, a posterior manifestação do
solicitado ou oblato também não obriga o último, pois
aceitação não temos e, sim, nova proposta. O mesmo se pode
dizer quando este não aceita a oferta integralmente,
introduzindo-lhe restrições ou modificações.
FASES DE FORMAÇÃO
ACEITAÇÃO
Espécies de aceitação:
a) Expressa: decorre de declaração do aceitante, manifestando
a sua anuência;
b) Tácita: decore de sua conduta, reveladora do consentimento.
 O art. 432 do Código Civil menciona duas hipóteses de
aceitação tácita, em que se reputa concluído o contrato, não
chegando a tempo a recusa: a) quando “o negócio for
daqueles em que não seja costume a aceitação expressa”; b)
ou quando “o proponente a tiver dispensado”.
FASES DE FORMAÇÃO
ACEITAÇÃO
Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação
a) Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos
imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente (CC,
art. 430, primeira parte)
b) Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a
retratação do aceitante – Dispõe, com efeito, o art. 433 do
Código Civil que se considera “inexistente a aceitação, se antes
dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do
aceitante ”. Verifica-se que a lei permite também a retratação da
aceitação.
FASES DE FORMAÇÃO
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
 Contratos entre presentes:
 A proposta poderá estipular ou não prazo para a aceitação.
 HIPOTESES:
 Se o policitante não estabelecer nenhum prazo, esta deverá
ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a
força vinculativa.
 Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação
deverá operar-se dentro nele, sob pena de desvincular-se o
proponente.
FASES DE FORMAÇÃO
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
 IMPORTANTE:
 Se o contrato for realizado inter praesentes nenhum
problema haverá, visto que as partes estarão vinculadas na
mesma ocasião em que o oblato aceitar a proposta. Nesse
momento caracterizou-se o acordo recíproco de vontades e, a
partir dele, o contrato começará a produzir efeitos jurídicos.
 NOTA:
 É aquele em que não há intervalo na comunicação, ou seja,
considera-se formado no exato instante em que a proposta é
aceita. Exemplos o telefone, o MSN, a videoconferência etc.
FASES DE FORMAÇÃO
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
 Contratos entre ausentes
 A dificuldade para se precisar em que momento se deve considerar
formado o contrato aparece na avença inter absentes, efetivado por
correspondência epistolar (carta ou telegrama) ou telegráfica, com ou
sem a intervenção dos serviços de correio.
 Quando o contrato é celebrado entre ausentes, por correspondência
(carta, telegrama, fax, radiograma, e-mail etc.) ou intermediários, a
resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente
e passa por diversas fases.
FASES DE FORMAÇÃO
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
➢ Momento em que a convenção se reputa concluída:
 TEORIA DA INFORMAÇÃO OU DA COGNIÇÃO:
 é o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante, que se
inteira de seu teor. Tem o inconveniente de deixar ao arbítrio do
proponente abrir a correspondência e tomar conhecimento da
resposta positiva. Não basta a correspondência ser entregue ao
destinatário.
 Aperfeiçoamento do contrato: se dará somente no instante em que
o policitante abri-la e tomar conhecimento do teor da resposta.
FASES DE FORMAÇÃO
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
 TEORIA, A DA DECLARAÇÃO OU DA AGNIÇÃO:
 subdivide-se em três: a) da declaração propriamente dita; b)
da expedição; e c) da recepção.
 Para a teoria da declaração propriamente dita, o instante da
conclusão coincide com o da redação da correspondência
epistolar. Obviamente, tal entendimento não pode ser aceito,
porque, além da dificuldade de se comprovar esse momento, o
consentimento ainda permanece restrito ao âmbito do
aceitante, que pode destruir a mensagem em vez de remetê-
la.
FASES DE FORMAÇÃO
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
 Para a teoria da expedição: não basta a redação da resposta, sendo
necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do alcance e controle
do oblato. É considerada a melhor, embora não seja perfeita, porque
evita o arbítrio dos contraentes e afasta dúvidas de natureza probatória.
 A teoria da recepção exige mais: que, além de escrita e
expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário.
Distingue-se da teoria da informação porque esta exige não só
a entrega da correspondência ao proponente, como também
que este a tenha aberto e tomado conhecimento de seu
teor.
FASES DE FORMAÇÃO
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da
expedição, ao afirmar que os contratos entre ausentes tornam-
se perfeitos desde que a aceitação é expedida.
“Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a
aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente; (inexistente a aceitação se
ocorrer a retratação do aceitante)
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado”.
FASES DE FORMAÇÃO
Lugar da celebração do contrato
 Dispõe o art. 435 do Código Civil:
 “Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”
 DIREITO INTERNACIONAL:
 Quando da apuração do foro competente e, no campo do direito internacional,
na determinação da lei aplicável.
 Art. 9º, § 2º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que “a
obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o
proponente ”. Aplica-se aos casos em que os contratantes residem em países
diferentes e assumiu maior importância com o recrudescimento dos contratos
formados pela Internet.
 NOTA: dentro da autonomia da vontade, podem as partes eleger o foro
competente (foro de eleição) e a lei aplicável à espécie.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Os contratos agrupam-se em diversas categorias, suscetíveis
de subordinação a regras peculiares. É importante distingui-
las, pois o conhecimento de suas particularidades é de
indubitável interesse prático.
 Desse modo, os contratos classificam-se em diversas
modalidades, subordinando-se a regras próprias ou afins,
conforme as categorias em que se agrupam.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 a) Quanto aos efeitos, em unilaterais, bilaterais e plurilaterais;
gratuitos e onerosos. Os últimos subdividem-se em
comutativos e aleatórios, e estes, em aleatórios por natureza e
acidentalmente aleatórios.
 b) Quanto à formação, em paritários, de adesão e contratos-
tipo.
 c) Quanto ao momento de sua execução, em de execução
instantânea, diferida e de trato sucessivo ou em prestações.
 d) Quanto ao agente, em personalíssimos ou intuitu personae
e impessoais; individuais e coletivos.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 e) Quanto ao modo por que existem, em principais,
acessórios ou adjetos e derivados ou subcontratos.
 f) Quanto à forma, em solenes ou formais e não solenes ou
de forma livre; consensuais e reais.
 g) Quanto ao objeto, em preliminares ou pactum de
contrahendo e definitivos.
 h) Quanto à designação, em nominados e inominados,
típicos e atípicos, mistos, coligados e união de contratos.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

A B
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
1.Contratos unilaterais, bilaterais e plurilaterais:
 Unilaterais:
 São os contratos que criam obrigações unicamente para uma
das partes, como a doação pura, por exemplo. Segundo
ORLANDO GOMES, o contrato “é unilateral se, no momento em que
se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes
– ex uno latere.
 Exemplos de contratos unilaterais: o mútuo, o comodato, o
depósito, a doação.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Bilaterais: são os contratos que geram obrigações para
ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o
contrato de transporte etc.
 Essas obrigações são recíprocas, sendo por isso
denominados sinalagmáticos, da palavra grega sinalagma,
que significa reciprocidade de prestações.
 Exemplo: o art. 481 do Código Civil, um dos contraentes se
obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-
lhe certo preço em dinheiro. A obrigação de um tem por causa
a do outro.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 NOTA IMPORTANTE:
 Requisito que caracterizar a bilateralidade:
 Não é necessário que essas prestações sejam equivalentes,
segundo um critério objetivo, basta que cada parte veja na
prestação da outra uma compensação suficiente à sua própria
prestação.
 Não é necessário, todavia, que todas as prestações sejam
estabelecidas com esse nexo de reciprocidade e equivalência,
bastando que o sejam as obrigações principais, podendo haver
obrigações acessórias (devolver as coisas ao término do contrato)
ou deveres de conduta (dar informações) apenas de uma das
partes.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 PLURILATERAIS:
 São os contratos que contêm mais de duas partes.
 CUIDADO:
 Na compra e venda, mesmo que haja vários vendedores e
compradores, agrupam-se eles em apenas dois polos: o
ativo e o passivo.
 Se um imóvel é locado a um grupo de pessoas, a avença
continua sendo bilateral, porque todos os inquilinos
encontram-se no mesmo grau.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Plurilaterais:
 Nos contratos plurilaterais ou plúrimos:
 Existem várias partes, como ocorre no contrato de
sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também
nos contratos de consórcio.
 Característica dos contratos plurilaterais: é a rotatividade
de seus membros.
 A sua principal característica consiste no fato de que,
mediante a sua realização, as partes perseguem um fim
comum.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
DISTINÇÃO ENTRE CONTRATOS UNILATERAIS E
BILATERAIS
a) a exceptio non adimpleti contractus e a cláusula resolutiva
tácita somente se amoldam ao contrato bilateral, que requer
prestações simultâneas, não podendo um dos contratantes,
antes de cumprir sua obrigação, exigir o implemento da do
outro (CC, art. 476, primeira parte);
b) Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode
exigir o implemento da do outro.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Verifica-se, do exposto, que o contratante pontual
pode:
a) permanecer inerte e defender-se, caso acionado, com
a exceptio non adimpleti contractus;
b) ou pleitear a resolução do contrato, com perdas e
danos, provando o prejuízo sofrido;
c) ou, ainda, exigir o cumprimento contratual, quando
possível a execução específica;
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
DISTINÇÃO ENTRE CONTRATOS UNILATERAIS E
BILATERAIS
b) a teoria dos riscos só é aplicável ao contrato bilateral, no
qual se deverá apurar qual dos contraentes sofrerá as
consequências da perda da coisa devida ou da impossibilidade
da prestação;
c) no contrato bilateral pode uma das partes recusar-se à
prestação que lhe incumbe, se, depois de concluído o contrato,
sobrevier ao outro contratante diminuição em seu patrimônio
capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual
se obrigou (art. 477 CC).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Categoria intermediária: a do contrato bilateral imperfeito.
 É denominado o unilateral que, por circunstância acidental,
ocorrida no curso da execução, gera alguma obrigação para o
contratante que não se comprometera.
 Pode ocorrer com o depósito e o comodato quando, por exemplo,
surgir para o depositante e o comodante, no decorrer da execução,
a obrigação de indenizar certas despesas realizadas pelo
comodatário e pelo depositário.
 Também é assim considerado aquele contrato que, já na sua
celebração, atribui prestações às duas partes, mas não em
reciprocidade (o comodante tem a obrigação de propiciar ao
comodatário o gozo da coisa, e este, a de restituí-la, como
estatuem os arts. 579 e s. do CC).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 IMPORTANTE:
 O contrato bilateral imperfeito subordina-se ao regime dos
contratos unilaterais porque aquelas contraprestações não
nascem com a avença, mas de fato eventual, posterior à sua
formação, não sendo, assim, consequência necessária de sua
celebração.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Contratos gratuitos ou benéficos e onerosos
 Estes tipos de contratos estão diretamente relacionados às
vantagens patrimoniais que podem produzir.
 Gratuitos ou benéficos:
 Conceito:
 são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício
ou vantagem.
 Exemplo: como sucede na doação pura, no comodato, no
reconhecimento de filho etc. Para a outra há só obrigação,
sacrifício.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Contratos onerosos:
 Conceito
 Ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde
um sacrifício. São dessa espécie quando impõem ônus e, ao
mesmo tempo, acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja,
sacrifícios e benefícios recíprocos.
 Exemplo: a compra e venda, a locação e a empreitada, por
exemplo. Na primeira, a vantagem do comprador é representada
pelo recebimento da coisa, e o sacrifício, pelo pagamento do preço.
Para o vendedor, o benefício reside no recebimento deste, e o
sacrifício, na entrega da coisa.
 Ambos buscam um proveito, ao qual corresponde um sacrifício.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS
 Comutativos:
 São os de prestações certas e determinadas. As partes
podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente
se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não
envolvem nenhum risco.
 Ideia de comutatividade:
 Observa-se a equivalência das prestações;
 Regra dos contratos onerosos – equilíbrio entre ônus e bônus;
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 NOTA:
 Regra: equivalência objetiva;
 Equivalência subjetiva: existente apenas no espírito dos
contraentes, e não necessariamente na realidade. visto que
cada qual é juiz de suas conveniências e interesses.
 Contrato comutativo: é oneroso e bilateral.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Contratos aleatórios por natureza
 Conceito:
 é o bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes
não pode antever a vantagem que receberá, em troca da
prestação fornecida.
 Caracteriza-se, ao contrário do comutativo, pela incerteza,
para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele
podem advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato
futuro e imprevisível.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 São exemplos dessa subespécie os contratos:
 de jogo, de aposta e seguro.
 IMPORTANTE:
 o contrato de seguro é comutativo.
 O segurado o celebra para se acobertar contra qualquer
risco.
 Para a seguradora é SEMPRE ALEATÓRIO, pois o
pagamento ou não da indenização depende de um fato
eventual.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Contratos acidentalmente aleatórios
São tipicamente comutativos, como a compra e venda, que, em razão
de certas circunstâncias, tornam-se aleatórios.
 Espécies:
a) venda de coisas futuras;
o risco pode referir-se:
a.1) à própria existência da coisa (art. 458 do CC/2002);
b.2) à sua quantidade (art. 459 CC/2002)
b) venda de coisas existentes mas expostas a risco. (arts. 460 e 461
CC 2002).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 QUANTO À FORMAÇÃO
 Contratos paritários
 são aqueles do tipo tradicional, em que as partes discutem
livremente as condições, porque se encontram em situação de
igualdade (par a par). Ocorre a fase de negociações preliminares,
na qual as partes, encontrando-se em pé de igualdade, discutem as
cláusulas e condições do negócio.
 Contratos de adesão
 São os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância
da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as
cláusulas.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 São exemplos de contratos de adesão:
 os contratos de seguro, de consórcio, de transporte, e os
celebrados com as concessionárias de serviços públicos
(fornecedoras de água, energia elétrica etc.)
 NOTA:
 No contrato de adesão deparamos com uma restrição mais
extensa ao tradicional princípio da autonomia da vontade.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90).
 Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.
 § 1º A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do
contrato.
 § 2º Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa,
cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2º do artigo anterior.
 § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze,
de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785,
de 2008)
 § 4º As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser
redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 O art. 47 do Código do Consumidor estatui que as cláusulas
contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor.
 Já de há muito a jurisprudência vem proclamando que, nos
contratos de adesão em geral, na dúvida, a interpretação
deve favorecer o aderente, porque quem estabelece as
condições é o outro contratante, que tem a obrigação de ser
claro e de evitar dúvidas.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Contratos de adesão ligado negócios jurídicos diversos das
relações de consumo:
 Código Civil dispôs sobre o contrato de adesão em dois
dispositivos.
 Prescreve, com efeito, o art. 423:
 “Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao
aderente”.
 Por sua vez, proclama o art. 424 do mesmo diploma:
 “Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do
negócio”.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 QUANTO À FORMAÇÃO
 Contrato-tipo
(também denominado contrato de
massa, em série ou por formulários)
 Aproxima-se do contrato de adesão porque é
apresentado por um dos contraentes, em fórmula
impressa ou datilografada, ao outro, que se limita a
subscrevê-lo.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 QUANTO À FORMAÇÃO
Contrato-tipo:
Características:
1. Não lhe é essencial a desigualdade econômica dos
contratantes;
2. Admite discussão sobre o seu conteúdo (preenchidos pelo
concurso de vontades;
3. As cláusulas não são impostas por uma parte à outra, mas
apenas pré-redigidas.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Quanto ao momento de sua execução
 Contratos de execução instantânea ou imediata:
Os que se consumam num só ato, sendo cumpridos
imediatamente após a sua celebração (ex. compra e
venda à vista).
 Contratos de execução diferida:
São os que devem ser cumpridos também em um só ato
mas em momento futuro (Exemplo: entrega, em
determinada data, do objeto alienado).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 Quanto ao momento de sua execução
 Contratos de trato sucessivo ou de execução continuada:
- São os que se cumprem por meio de atos reiterados (ex.:
prestação de serviços e compra e venda a prazo).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
Relevância dessa classificação
a) O princípio da onerosidade excessiva só se aplica aos
contratos de execução continuada ou diferida (art. 478, CC);
b) O da simultaneidade das prestações só se aplica aos de
execução instantânea;
c) Nos contratos execução instantânea, a nulidade ou
resolução por inadimplemento reconduz as partes ao estado
anterior, enquanto nos de execução continuada são
respeitados os efeitos produzidos, não sendo possível restituí-las
ao statu quo ante.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO AO AGENTE
 Contratos personalíssimos ou intuitu personae:
 São os celebrados em atenção às qualidades pessoais de
um dos contraentes. Por essa razão, o obrigado não pode
fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades (culturais,
profissionais, artísticas etc.) tiveram influência decisiva no
consentimento do outro contratante.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO AO AGENTE
 Contratos impessoais:
São aqueles cuja prestação pode ser cumprida,
indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro. O importante
é que seja executada, pois o seu objeto não requer qualidades
especiais do devedor.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO AO AGENTE
 Contrato individual:
 As vontades são individualmente consideradas, ainda que
envolva várias pessoas. Na compra e venda, por exemplo,
pode uma pessoa contratar com outra ou com um grupo de
pessoas.
 Nos contratos coletivos perfazem-se pelo acordo de
vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado,
representativas de categorias profissionais, sendo
denominados convenções coletivas.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO AO AGENTE
 Contrato coletivo no âmbito do Direito de Empresa:
 celebrado por pessoas jurídicas representativas de
determinadas indústrias ou sociedades empresárias, destinado
a inibir a concorrência desleal, a incentivar a pesquisa, a
desenvolver a cooperação mútua etc..
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO AO MODO POR QUE EXISTEM
 Contratos principais:
 São os que têm existência própria e não dependem, pois, de
qualquer outro (compra e venda, locação etc.).
 Acessórios: são os que têm sua existência subordinada à do
contrato principal (cláusula penal, fiança etc.).
 Os contratos acessórios seguem o destino do principal. Assim,
nulo este, nulo será também o negócio acessório. A recíproca,
todavia, não é verdadeira (CC, art. 184).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO AO MODO POR QUE EXISTEM
 CONTRATOS DERIVADOS OU SUBCONTRATOS:
 são os que têm por objeto direitos estabelecidos em outro
contrato, denominado básico ou principal (sublocação e
subempreitada, p. ex.).
 Têm em comum com os acessórios o fato de que ambos são
dependentes de outro. Diferem, porém, pela circunstância de o
derivado participar da própria natureza do direito versado no
contrato-base.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO À FORMA
 Contratos solenes:
 São os que devem obedecer à forma prescrita em lei para se
aperfeiçoar.
 ATENÇÃO:
 Quando a forma é exigida como condição de validade do
negócio, este é solene e a formalidade é ad solemnitatem,
isto é, constitui a substância do ato (escritura pública na
alienação de imóvel, testamento etc.)
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
QUANTO À FORMA
 Não solenes:
 são os contratos de forma livre. Basta o consentimento para a
sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade
para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por
qualquer forma, inclusive a verbal.
 NOTA:
 Em regra, os contratos têm forma livre, salvo expressas
exceções.

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