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AULA XII – DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

Noções Introdutórias: nesse presente ponto do conteúdo programático iremos


analisar como se dá a formação do contrato, em que momento ocorre a vinculação das
partes do contrato, suas exceções e consequências jurídicas.

REQUISITO ESSENCIAL PARA FORMAÇÃO DO CONTRATO:

MANIFESTAÇÃO DE VONTADE: é o primeiro e mais importante requisito de existência


do negócio jurídico, devendo a mesma ser livre e consciente para que não seja eivada
de qualquer tipo de vícios. A vontade se divide em dois momentos.

1° Momento da Vontade: Momento Subjetivo: é aquele que representa a formação


do querer psicológico do agente. È a vontade ainda não exteriorizada. È nesse
momento que pode ocorrer a reserva mental prevista no art. 110 do CC.

Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu


autor haja feito a reserva mental de não querer o que
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento

2° Momento da Vontade: Momento Objetivo: é aquele em que a vontade se revela


por meio da declaração, sendo certo que somente nessa fase ela se torna conhecida e
apta a produzir efeitos na relação jurídica.
A manifestação de vontade pode ser EXPESSA OU TÁCITA:

EXPRESSA
Manifestação
de vontade
TÁCITA

EXPRESSA: é a que se realiza por meio da palavra, falada ou escrita, e de gestos ou sinais, de
modo explicito, que seja de forma inequívoca, possibilitando de imediato a intenção do
agente.

EX: no contrato de compra e venda pela assinatura do comprador e do vendedor.

EX: pela manifestação inequívoca de o apertar de duas mãos confirmando o negócio jurídico
celebrado.

EX: pela língua dos sinais nos casos dos surdos ou mudos.

TÁCITA: é a manifestação de vontade que se revela pelo comportamento do agente. Pode-


se, com efeito, comumente, deduzir da conduta da pessoa a sua intenção, apesar de tácita
essa manifestação de vontade também tem que ser inequívoca.

OBS: a manifestação da vontade de forma tácita só pode ocorrer quando a lei não exigir que a
mesma seja expressa.

Ex: O casamento. O casamento é um negócio jurídico em que a lei exige a manifestação de


vontade de forma expressa e não tácita.

EX: Doação Pura. Aceitação da Herança. Ocupação de bem móvel.


MANIFESTAÇÃO DE VONTADE TÁCITA é o gênero do qual o SILÊNCIO é uma espécie.

SILÊNCIO:
O silêncio importa anuência? Quem cala consente?

Em regra, não se aplica ao direito o provérbio “quem cala consente”. Normalmente o silêncio
nada significa, pois em verdade é ausência de manifestação de vontade, e como tal, não
produz efeitos.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e


não for necessária a declaração de vontade expressa.

Logo o silêncio só pode ser interpretado como manifestação de vontade se a lei não exigir de
forma expressa, como faz por exemplo com o CASAMENTO.

Devemos, deixar claro que o silêncio é exceção, devendo os negócios


jurídicos serem via de regra manifestado sobre a vontade de forma
expressa e sempre inequívoca, bem como, o silêncio deve ser interpretado
sempre de acordo com o caso concreto, levando em consideração todas
as circunstâncias correlatas ao negócio jurídico.
Proposta
Espécies de
Manifestação de
Vontade
Aceitação

FASE DE PONTUAÇÃO OU NEGOCIAÇÃO PRELIMINAR:

OBS: Não é sempre que o contrato nasce instantaneamente de uma


proposta seguida de uma imediata aceitação. Na maior parte dos casos a
proposta é antecedida de uma fase de negociação preliminar, também
conhecida como fase de pontuação, que se caracteriza por sondagens,
conversações, estudos e debates.

Nessa fase ainda não se produz qualquer efeito jurídico, qualquer das
partes pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem
responder por perdas e danos.

PROPOSTA: é também conhecida como OFERTA, POLICITAÇÃO E OBLAÇÃO. Se


caracteriza por ser uma declaração de vontade, dirigida por uma pessoa a outra, por
força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra
parte aceitar.

Atenção!!!! A proposta para ser considerada válida, de conter todos os elementos


essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, qualidade, tempo de
entrega, forma de pagamento e etc...
Principal Característica da PROPOSTA: a principal característica da proposta é que ela
vincula o proponente, nos termos do art. 427 do código civil.

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário


não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das
circunstâncias do caso

Efeito Vinculativo: a vinculação da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente,


de mantê-la por certo tempo a partir de sua efetivação e de responder por suas
consequências, por acarretar ao oblato uma fundada expectativa de realização de
negócio, levando muitas vezes, a elaborar projetos, a efetuar gastos e despesas. Assim
sendo o proponente responderá por perdas e danos e em seguida não manter sua
proposta.

Ex: Imagine que CAIO montando seu apartamento para casar vai até uma determinada
loja de utilidades para o lar, e lá chegando se de para com uma banheira de
hidromassagem, chamando o devedor para conhecer de suas especificidades, e
passado a fase preliminar CAIO aceita a proposta do vendedor de comprar a banheira
com 20% de desconto. CAIO no mesmo dia antes de efetivamente fechar o negócio vai
para sua casa e junto de um arquiteto e um mestre e obras manda realizar uma obra
para alocar a banheira em questão. Ao voltar na loja para efetuar a proposta e
concretizar o contrato de compra e venda o proponente diz que não mais pode vender
aquela banheira com o desconto de 20%, pois o gerente não autorizou. Assim, CAIO já
teve despesas contando com a proposta realizada. Dessa maneira deve o proponente
responder por perdas e danos.

Proposta Pública: não perde o caráter de oferta aquela que não é realizada a pessoa
certa e determinada, desde que contenha seus elementos essenciais. Trata-se das
ofertas virtuais, de vitrines, feiras, leilões, licitações. A proposta ao Público vale como
obrigatória e vinculante, nos termos do art. 429 do CC.

Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra


os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário
resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde
que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
Exceções a oferta Publica: em geral entende-se que é limitada ao estoque existente,
devendo na mesma oferta conter essas informações, tais como: “enquanto durarem os
estoques.

Pergunta de Prova:

A proposta feita pelo promitente no contrato, caso o mesmo, venha a falecer ou


tornar-se incapaz ainda o vincula a proposta?

R: A morte ou a interdição do promitente não desvincula a oferta realizada,


respondendo os herdeiros e o curador do incapaz pelas consequências jurídicas
senão quiser mantê-la. Ressalvado, por obvio as obrigações perssonalissimas,
entendendo-se essas por aquelas que só poderiam ser cumpridas pelo promitente.

PROPOSTAS NÃO OBRIGATÓRIAS:

As exceções as propostas não vinculatórias se encontra na parte final do art. 427 do


CC.

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário


não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das
circunstâncias do caso

Há 3 (três) hipóteses de exceção a vinculação da proposta nesse artigo, vamos a ela:

1° Exceção: Se ao contrário não resultar dos termos dela:

È quando o próprio proponente declara no corpo da proposta que a mesma


não é definitiva e se reserva ao direito de retirá-la. Geralmente essas propostas vem
acompanhada de dizeres como: “proposta sujeita a confirmação; não vincula como
proposta, necessário análise de dados”. Nesse caso não ocorrerá o efeito vinculativo.

2° Exceção: Da natureza do Negócio:

É o caso por exemplo das chamadas propostas abertas ao público, que se


consideram limitadas ao estoque e encontram-se reguladas no art. 429, já explicado
linhas acima.
3° Exceção: Circunstâncias do Caso: tais circunstâncias vem devidamente mencionadas
no art. 428 do CC, não é qualquer circunstância somente as elencadas no inciso do
aludido artigo que a lei confere o efeito não vinculante.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.

Explicando: aqui a lógica se interpreta da seguinte forma, é pegar ou largar. Se o


aceitante disse que irá pensar, pode o proponente retirar a proposta sem
responder por perdas e danos.

Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de
comunicação semelhante;

Explicando: se fazer presente portanto é aquele que conversa diretamente com o


promitente, mesmo que estejam a distância, contudo tem que haver
simultaneidade, como por exemplo por telefone, sala de bate papo na internet.

Proposta feita por e-mail é considerada vinculativa?

R: Para responder essa questão deve-se analisar o critério da simultaneidade, ou


seja, se ambos estavam online, respondendo de forma simultânea, ai sim será
considerado vinculativa a proposta, agora se a proposta é respondida em tempo
depois, não fica o promitente vinculado.

Não há um critério legal para dizer até quanto tempo depois deve-se ser
considerada a simultaneidade, a doutrina e jurisprudência entende que deve-se
haver um bom senso na análise, contudo veda lapso de tempo considerável. Para
maioria mais que 24 horas não vincula mais a proposta.

Nesse ponto fico com a corrente minoritária que entende simultaneidade


momento posterior a proposta, momento em seguida, não havendo espaço para o
decorrer do tempo.

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
Pessoa ausente: uma pessoa é considera ausente não por está perto, pois aquele
que contrata por telefone apesar de não se fazer presente fisicamente não é
considerado ausente. Para fins legais são considerados ausentes os que negociam
mediante troca de correspondência ou intercâmbio de documentos. Para estes a
depender do prazo não se vincula a proposta.

Prazo Suficiente:ATENÇÃO!!!! este prazo é denominado pela doutrina como


prazo moral, e deve ele ser assinalado no caso concreto, verificando a distancias
entre os ausente valendo-se do critério da razoabilidade.

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo
dado;

Explicando: se foi fixado um prazo para a resposta, o proponente terá de esperar


pelo seu término. Esgotado, sem respostas, estará este liberado, não prevalecendo
a proposta feita.

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a


retratação do proponente

Explicando: Malgrado a força obrigatória da proposta, a lei permite ao


proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse
sentido. Todavia, para que se desobrigue, é necessário que a retratação chegue ao
conhecimento da outra partes antes da proposta em si ou simultaneamente.

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