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Aula 23.05.

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Responsabilidade Civil por fato de terceiro


Rememorando: No geral, cada um responde pelos danos que causa. a responsabilidade
subjetiva, exige a culpa como pressuposto do dever de reparar. Dessa forma, originalmente,
por ser calcada na culpa, cada um respondia por si.

Agente direto do dano: aquele que causou o dano, ou seja, causador do dano.

O CC/16 admitia hipóteses que outra pessoa respondesse por danos causados por um terceiro,
mesmo ainda preso a ideia de culpa (preponderância da responsabilidade civil subjetiva).

 Exigia a culpa do terceiro para que esse fosse alcançado pela vítima.
 À rigor, é responsabilidade civil por fato próprio, ou seja, fato omissivo.
 Amparava-se a falha de um terceiro.

A jurisprudência passou, na prática, a considerar essa culpa presumida, o que, com o passar do
tempo, torna-se absoluta.

O que resta então são as excludentes de responsabilidade que se aplicam a responsabilidade


objetiva. Assim, quando a jurisprudência passa a interpretar a presunção como absoluta, só
resta as hipóteses de exclusão de responsabilidade.

CC/22 consagra a evolução interpretativa dos tribunais, assim, aqueles que respondem pelo
fato de outrem tem responsabilidade objetiva. Dessa forma, as pessoas referidas em lei como
responsáveis por danos causado por outrem respondem de forma objetiva por expressão
legislativa.

Rememorando:

 Responsabilidade direta – responsável é o autor do dano;


 responsabilidade indireta – não causou o dano diretamente, mas irá responder.

Hoje, a responsabilidade civil indireta, possui um papel residual.Na responsabilidade por fato
de outrem, que é autor direto do dano, só responde na pessoa física, isto é, não está
diretamente ligada a uma atividade de risco.

 Não observa a culpa da atividade.

Dispositivos legais:

Art. 942, p.ú – Solidariedade entre o agente direto e indireto, não se aplica ao incapaz.

Art. 928 – A doutrina ressalta a vocação expansionista do dispositivo. O p.ú do 944 juntamente
com o 928 entendem a proteção do patrimônio mínimo. Valoração não só da situação da
vítima, mas da situação patrimonial do ofensor.

 Valoração jurídica

Art. 934 – Regresso assegurado do agente direto para o indireto e é vedado no caso de
incapacidade.

Na responsabilidade indireta temos a solidariedade, todavia, no caso do incapaz é subsidiária.


 Proteção com requisitos. Indenização equitativa e responsabilização somente se
ninguém mais puder arcar com o dano.
 Não é possível regresso em cima do incapaz.
 Exceção: Atos infracionais praticados por adolescentes (artigo 116 do ECA). Nesse
caso, a responsabilidade é solidaria juntamente com seus responsáveis e pode haver
regresso.

Art. 932 – Não é um rol exaustivo, sendo assim, a lei pode dispor de mais hipóteses. Ex: art.
667

 Súmula 341 STF – Responsabilidade do empregador.


 Súmula 492 STF – Responsabilidade da locadora de automóvel.

A jurisprudência entende a relação de trabalho para a responsabilização:

 Basta a subordinação (“a mando de quem?”)


 basta que haja a oportunidade da prática do dano (“em razão de”)

Enunciado 44 da JDC -

Rio de janeiro, 25 de maio de 2023.

Responsabilidade Civil pré-contratual

O contrato se formar quando se atinge o consenso, ou seja, acordo de vontades.

 Artigo 427 do Código Civil – A proposta obriga o proponente.

E como se chega na proposta?

 Quanto mais complexo é o contrato, isto é, o acordo de vontades, mais difícil é


estabelecer parâmetros para a proposta.
 Nem sempre há proposta, por vezes as partes formularão juntos o contrato, ou seja, há
uma comunhão de esforços.

Fases das tratativas ou negociações preliminares:Trata-se do tempo ao longo do qual os


agentes discutem a possibilidade da contratação e seus efeitos.

 Importante para delimitar a responsabilidade pré-contratual


 Muitas vezes as partes produzem projetos de contratos (minutas).
 É comum durante as tratativas a participação das “partes” – advogados, contadores,
engenheiros – isto é, também é caracterizada pela troca de informação entre os
integrantes.
 Duedilligence
 Acordos de confidencialidade: Pode ser que alguma das informações prestadas tenha
um caráter sigiloso.

1. Características das fases das tratativas:

Vínculo contratual eventual:Enquanto está sendo negociado não há certeza da celebração do


contrato. Dessa forma, visam a celebração do contrato, mas não obrigam. O contrato é uma
possibilidade.
Ausência de vinculação: Essencialmente não vinculante por sua natureza, isto pois, se fosse
vinculante, seria muito mais difícil entrar em negociação. Sendo assim, ninguém está obrigado
a entrar no contrato pela fase das tratativas.

É comum a aplicação de recurso nessas negociações.

Existem contratos que não possuem fase de tratativas. Ex: contratos de adesão

 Nos contratos mais simples não acontece.

2. Teoria da culpa in contraendo

Trata-se da responsabilidade pela contratação.

Essa teoria foi forjada através de um caso concreto:

 Um dos seus amigos viajaria à Viena - Confusão no pedido (1/4) e no recebido (4


caixas) – contrato nulo
 O fato que provocou a nulidade é um fato anterior à formação do contrato.

Entendeu então que a culpa in contraendo depende do comportamento de uma das partes na
fase das tratativas, induzindo a vontades de outra, omitindo as informações que acabariam por
gerar a nulidade do contrato.

Consequências dessa teoria:

 Reconhecimento do dever de informar


 Identificação das negociações preliminares como todo indivisível.
 Deveres pré-contratuais de proteção e colaboração.
 Atuação do princípio da boa-fé a provocar a formação de deveres típicos.
 Deveres concretos independe da formação do contrato.

3. Contato social qualificado

Todos temos um tipo de contato social, podendo ser intenso ou superficial. Existe um contato
social tipicamente contratual, isto é, o contrato social relacionado tipicamente ao contrato.
Dessa forma, os contratos criam relações jurídicas entre as partes, com características próprias.
Ex: Relação entre locador e locatário.

Dessa forma, os contratos estabelecem as partes o que a doutrina chama de contato social
qualificado, ou seja, qualificados pelas tratativas.

Na fase das tratativas, em que não há o vínculo obrigacional, já há o contato social qualificado.

Principal efeito: Atrair o princípio da boa-fé, isto é, atribuir as partes responsabilidade por
danos que podem ser indenizáveis.

 O contato social qualificado é o que atrai a incidência da boa-fé. Dessa forma, a boa-fé
não depende da celebração do contrato para sua utilização.
 Por isso, hoje, fala-se da responsabilidade civil extracontratual
 Pós-eficácia das obrigações: Responsabilidade civil pós contratuais.

Junqueira de Azevedo: Sujeito vendeu imóvel e entre os ativos desse imóvel estava uma vista
especialmente agradável e eterno, isto pois, o gabarito da região não possibilitava o imóvel
abaixo da construção de um imóvel maior do que a vista. Após a venda, o proprietário modifica
a regra de gabarito, ocorre a construção acima da vista.
 Responsabilidade pós contratual diante da violação do princípio da boa-fé.

4. Responsabilidade Civil na fase contratual

Trata-se da responsabilidade ao dano causado no âmbito das tratativas preliminares ao


negócio jurídico em razão da violação de um dever de conduta imposto pelo princípio da boa-
fé objetiva.

 O dever da boa-fé objetiva é o que rege a responsabilidade civil na fase pré-contratual


 Existem diversas hipóteses. Ex: violação ao dever de sigilo; ruptura das negociações
preliminares.

5. Ruptura injustificada das negociações preliminares:


Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé

 Cláusula geral de boa fé


 Não deixa espaço para a aplicação da boa-fé antes ou depois da formação contratual.
Todavia, a jurisprudência e doutrina já tem tutelado essa parte.

A frase das tratativas é não vinculante, dessa forma, enquanto negociamos não estamos
obrigados a efetivar o contrato, então como há responsabilidade na ruptura das tratativas?

 Abuso de direito (art. 187, CC)


 A ruptura só pode ser exercida quando se em conformidade com a boa-fé objetiva.

Quando a ruptura é injustificada?

 Não possuir um justo motivo, sobretudo, contrariar a expectativa legitimamente criada


pelo parceiro contratual.
 O que caracteriza a ruptura injustificada é a frustração da legitima expectativa de
direito.
 Há casos em que uma parte incute na outra a perspectiva de que as negociações estão
fluindo para a celebração do contrato.
 Importante a análise dos casos concretos.

a. Interesse protegido: A responsabilidade civil pré-contratual protege o interesse


negativo, ou seja, o interesse em não participar de negociações que não eram sérias.
 Recolocar a prejudicada na situação que ele estaria caso não houvesse o
rompimento indevido das negociações.
 Lucros cessantes: Não os lucros que aquele contrato geraria, mas sim outros
negócios que eu abri mão por causa daquele negócio.
 Danos emergente: Despesas para aquela contratação. Ex: Advogados,
maquetes, documentos

b. Natureza da responsabilidade pré-contratual: Doutrina se divide entre natureza


contratual e aquiliana
 Natureza contratual: Já existe contato social qualificado, fator suficiente para
caracterizar a responsabilidade contratual
 Natureza aquiliana: Não há inadimplemento, então não o que se falar em
natureza contratual
 Natureza pré-contratual
 Essa discussão parece superada pelo fato de cada vez mais a responsabilidade
aquiliana e contratual se equipararem. A maior parte da doutrina reconhece
que se trata de uma responsabilidade civil aquiliana.

Aula 30.05.23

Responsabilidade civil no código de defesa do consumidor

O consumidor no conceito estrito sensu está previsto no CDC:

“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.”
Essa definição é importante, pois, o CDC só poderá ser aplicado mediante a relação de
consumo, ou seja, vai incidir com a existência do seu pressuposto.

O consumidor, como previsto no artigo 2º, é o destinatário final

 O STJ considera destinatário final o não profissional – adquire o produto para uso
pessoal.O STJ também admite como destinatário final aquele que enfrenta essa relação
jurídica com uma vulnerabilidade análoga aquele que adquire o produto para uso
pessoal.
 Mitigação da teoria finalista.
Sendo assim, a aplicação do CDC no consumo para uso profissional será casuística, diante da
análise do STJ.

Teoria da qualidade do CDC: Se bifurca em (i) qualidade adequação e (ii) qualidade segurança.

 Vicio de qualidade:falta de adequação daquele bem ou serviço que não estão aptos
para funções que são próprias.
 Vicio por insegurança: Inaptidão daquele produto ou serviço que geram acidentes de
consumo. Eles geram um dano e deflagam a responsabilidade civil.

O CDC estabelece uma solidariedade da cadeia de fornecimento pelos vícios de


adequação/segurança. O legislador está preocupado com produtos e serviços no mercado de
consumo em termos amplos, ou seja, eu vendo meu celular usado, eu sou a fornecedora? Não,
o CC é aplicado à compra e venda.

Mas e se o celular comprado explode e machuca o comprador? Eu tenho relação de consumo


com o fornecedor desse celular.

Para o CDC quando se coloca um produto em circulação, você é responsável pelos defeitos
dele.

O CDC fornece uma responsabilidade solidária para a cadeia de fornecimento do produto


 Cadeia de fornecimento.

O CDC estipula um rol amplo para o vício de qualidade adequação e um rol mais estrito para o
vício de qualidade e segurança. No entanto, independente do rol, a doutrina é pacífica quanto
a responsabilidade solidária da cadeia de consumo.

Acidente de consumo = fato do produto/serviço

 Termos análogos.

Quando se fala em acidente de consumo o Código traz a ideia de consumidor por


equiparação/bystander(Art. 17, CDC)

 Exemplo do celular – celular machuca o dono e outro que estava perto: Nesse caso, o
tratamento jurídico é o mesmo, não há distinção.
 A ideia do legislador é uma igualdade na relação de consumo.

“Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento.”

Para se falar em acidente de consumo, é necessário a configuração de um defeito. E o que é o


defeito? É caracterizado por dois elementos (i) desconformidade do produto/serviço com a
expectativa legitima do consumidor, quanto à segurança e (ii) capacidade de provocar danos

 São cumulativos.
 Não significa necessariamente um problema material, podendo ser um problema
informacional. (ex: não informação quanto ao manejamento adequado)

Nesse sentido a doutrina define a periculosidade

 Inerente ao produto – Não são defeituosos


 Adquirida – diante de um defeito

Responsabilidade do CDC é objetiva

 Exceção: Profissionais liberais – culpa precisará ser auferida. Juiz pode inverter o ônus
da prova em favor do consumidor

O consumidor tem que mostrar o nexo causal entre o dano e o produto – presunção de carro
defeituoso, vai contra o consumidor.

Há excludentes de responsabilidade, ou seja, não é um sistema de responsabilidade absoluta.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de
seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.

 Produtos ultrapassados não são defeituosos

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior,


quando:

 É subsidiária e solidária.
 O comerciante pode ser acionado em primeiro lugar? Sim, mas há solidariedade.
 É condicionada à verificação de uma das hipóteses do art 13, todavia, uma vez
verificado, responde solidariamente com os fornecedores (art. 12) na cadeia de
fornecedores.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

 Presunção relativa de defeito – ônus do consumidor – pode ser invertido

Na responsabilidade objetiva do CDC precisa verificar-se o defeito, mas e se não há defeito?


Não há responsabilidade. Sendo assim, se não há defeito, não há responsabilidade.

Hipóteses de exclusão de responsabilidade:

1. Não coloquei o produto no mercado;


2. Provar a inexistência de defeito;
3. Culpa exclusiva da vítima ou terceiros

Responsabilidade civil por risco do desenvolvimento: Trata-se do risco impossível de saber no


atual momento científico, aparecem com o tempo.

 O posicionamento do STJ é que é um fortuito interno que não exclui a


responsabilidade do fornecedor.
 Ex: MER 29

Responsabilidade Civil pelos danos causados por Inteligência artificial

Quem responde por um dano causado por IA?

 Questão: precisamos de uma nova legislação para lidar com estes problemas?
 Dilema, pois se está mirando uma regulação, mas não sabemos qual será o próximo
passo da tecnologia;
 Questão 02: os problemas estão ocorrendo e como nosso ordenamento dará a
resposta?

IA generativa (chatGTP): IA que produz conteúdo por imitação de conteúdo alimentado a fonte
da inteligência. → Geoprice e geoblock -> alteração de preço por poder de compra ou bloqueio
de acesso a oferta por localização geográfica -> prática de ofensa ao direito do consumidor.

Não dá para se ter uma resposta única para um problema que não é único-> não se pode
estabelecer um único regime jurídico de responsabilização

IA: conjunto de disciplinas que ocorrem no contexto de espelhamento da ação humana


(sistema de apoio a pessoa humana) -> aprendizado de máquina, aprendizado natura, IA de
jogos -> o que va é que não há um conceito único, apenas o processamento de dados como
interseção comum entre as IA's.

 Isto que torna difícil a perseguição, pois há uma nuvem de imprevisibilidade.

Algoritmo: instrução dada a um programa de computador (input) que levará o computador a


chegar a um resultado.
 Problema de nexo, pois se o programador só dá o resultado (input) que se quer chegar
e o percurso é percorrido por conta própria da IA's -> prigramador não se vincularia,
pois não saberia a jornada da IA

Critérios para responsabilização:

 Tipologia da IA: carro autônomo


 Grau de autonomia em relação aos seres humanos: ex.: escala de 0-5 de autonomia
da tecnologia (0 é o fusca, 5 é o carro que anda sózinho)
 Quem é o sujeito que está por trás: nossas interações são com os programadores da
IA; a IA sempre tem que ser reconduzida para a pessoa e, a depender de quem é essa
pessoa, muda-se o regime jurídico de responsabilização (se for pessoa Estado, a
responsabilidade civil será objetiva do Estado) ; se for um fornecedor cabe
responsabilidade civil de relação de consumo.

Excludente do riscos do desenvolvimento: o risco do desenvolvimento é questão controvérsia,


pois como haveria o risco de desenvolvimento em uma tecnologia que a imprevisibilidade faz
parte da sua natureza? Haveria aqui, então, a exclusão do risco do desenvolvimento; não
haveria no brasil a excludente do risco do desenvolvimento.

Devido aos critérios, não poderíamos pensar em um regime jurídico único de responsabilização
(consumo, culpa in eligiendo, culpa in vigilando, responsabilidade objetiva)

PL2338/22 -> recorte subjetivo e objetivo (alto risco) ; projeto de lei subsidiária, pois não
retirará os regimes tradicionais de responsabilização do Estado, as relações de consumo e a
responsabilização dos indivíduos pelo CC. (art. 27,28,29 e 41)

Conclusão: não é pacífico, com grande discussão, ainda, sobre o regime de responsabilização e
inteligência artificial.

Aula 01/06/23

RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DA COISA

Figura de linguagem que quer dizer – quem responde pelo dano ocasionado “por um objeto”?

 Quem responde por danos oriundos de objetos inanimados ou animais?

Ex: Porta de garagem que fecha em cima de alguém; pessoa que é mordida por um
animal

Sob a perspectiva do Código Civil de 16 (deixando de lado a perspectiva do CDC), havia um


protagonismo da teoria da guarda (uma pessoa era responsável pela coisa)

 Quem tem o poder de direção sobre a coisa/animal? Quem tem a guarda da coisa?
 Teoria da guarda se preocupava em estabelecer esse elo de conexão entre a
coisa/animal e o responsável -> parte-se da premissa que as interações entre pessoas
implicam que os objetos/animais usados pelas pessoas, sob sua responsabilidade, as
pessoas responsáveis que possuem o dever de guarda respondem pelo fato da coisa ou
do animal
 Doutrina e jurisprudência também tentavam estabelecer essa conexão, seguiam essa
ideia-> necessidade de verificação de falha no dever de vigilância
Sob a perspectiva do CC de 2002, rompeu com alguns aspectos da teoria da guarda (se
distanciou), tendo adotado a responsabilidade objetiva em importantes situações, valendo-se
da teoria do risco

 Ainda assim, a jurisprudência, muitas vezes, ainda invoca a teoria da guarda (mesmo
que não haja muito rigor técnico)

Obs: Guardião é quem tem o poder de comando, de direção, de controle -> por isso, a
conduta do guardião é relevante para a teoria da guarda

Ex: Emprestar o carro para alguém (amigo, não é preposto nem subordinado) e essa
pessoase envolver em um acidente com o carro – o proprietário do carro responderá só
pelo fato de ser dono da coisa? Teoria da guarda busca esse liame entre a coisa e o
responsável por ela

 Os tribunais, em geral, dizem que sim, o dono do caso será alcançado pelo
dano causado (STJ, principalmente)
 Há controvérsia sobre se depende ou não de culpa -> se a responsabilidade do
dono será objetiva ou subjetiva (se será sempre atingido ou não)
 A tendência é responsabilizar, entendendo-se necessária ou não a culpa

- Súmula 132, STJ

- Art. 932, CC – sobre o dano causado por animal


- Art. 936, CC – responsabilidade objetiva do dono do animal (só se exonera se provar fato
exclusivo da vítima)
 Fatos do animal são considerados risco do dono
 Dono ou detentor do animal não respondem pela falha no dever de vigilância,
responde objetivamente
 Se o animal estiver em um hotel especializado, por exemplo, entende-se que a
responsabilidade é transferida do proprietário do animal para o hotel

Obs: Se o animal for furtado e esse animal causar um dano, o proprietário só responde se tiver
adotado as medidas necessárias para que ele não fosse furtado

Obs: Estrada explorada por concessionária -> acidente causado por animal silvestre ->
concessionária responde objetivamente por acidentes causados na estrada por animais
silvestres (STJ é pacífico sobre isso)

 Se for estrada pública, os tribunais também são pacíficos sobre a responsabilidade do


Estado = responsabilidade subjetiva por omissão

- Art. 937, CC -> responsabilidade subjetiva (valoração da conduta do dono do prédio)

 Culpa presumida, presunção relativa, proprietário tem que provar que não agiu com
culpa
 No entanto, muitas vezes os tribunais dizem que há a necessidade do proprietário
demonstrar o que gerou aquilo, aí a presunção da culpa acaba, na prática, se tornando
absoluta(prova diabólica)
- Art. 938, CC ->entendimento que os condôminos respondem perante a vítima e, depois,
apuram entre eles quem foi o real responsável, para realização de ação de regresso
 No entanto, se for possível identificar que é impossível que o objeto tenha caído de um
dos apartamentos de uma ala específica (ex: apartamento dos fundos), os condôminos
dessa ala, em regra, não irão responder -> mas isso é uma discussão mais interna, que
se discute em regresso

Obs: Questão da IA – quando surgem, em decorrência das tecnologias, novos problemas

Obs: Artigos que não estão exatamente dentro da responsabilidade civil pelo fato da coisa:

- Art. 935, CC ->independência da responsabilidade civil sobre a criminal (não é uma


independência absoluta, é, de certa forma, mitigada) -> o juízo criminal é mais rigoroso do que
o cível

 As esferas são independentes, não preciso esperar uma para começar com a outra,
pode haver interseções processuais e contradições (foge do tema da nossa aula)
 Embora haja independência, não é absoluta = o juízo criminal, por ser mais rigoroso, se
decidir sobre autoria e sobre os fatos, prevalecerá

- Art. 939, CC – estabelece o que chamamos de “pena privada” -> está preocupado em punir o
credor (pena X reparação) -> o dispositivo não está muito preocupado em reparar a vítima

- Art. 940, CC; Art. 941, CC

Obs: Resp 1195792

-Súmula 159, STF

- Tema 622, STJ

- Art. 42, CDC

Obs: Diferenças CC X CDC:

1. CC a pena privada pressupõe cobrança judicial, no CDC pode ser para extrajudicial
2. CC-> má-fé / CDC ->engano justificável
3. CC não preciso ter pagado, basta eu ter sido cobrado (indevidamente demandado) /
CDC -> preciso ter pagado

13.06.23

Hipóteses de excludentes de ilicitude

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo


iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.

Legitima defesa e estado de necessidade

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este
terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano
(art. 188, inciso I).

Danos que ocorram no âmbito da legítima defesa ou pelo estado de necessidade, deverão ser
ressarcidos pelo autor do dano.

Em um caso em que o sujeito atua em estado de necessidade, lesando bem jurídico alheio,
continua incumbido de reparar o dano causado, ensejando direito de regresso em face daquele
que deu causa ao evento danoso.

O legislador busca facilitar a vítima. As excludentes de ilicitude excluem, de fato, a ilicitude, e


não necessariamente a responsabilidade civil. De tal maneira que, ainda que em legítima
defesa ou estado de perigo, o autor do dano deverá reparar o dano, este terá regresso em
favor do beneficiado.

Legítima defesa de terceira que acaba gerando dano-> o sujeito deve responder pelo dano,
mas possui direito de regresso em relação à vítima, um vez que a atuação se deu a favor da
vítima. A lei estabelece esse entendimento em relação a legítima defesa (p.u do art. 930,
CC/2002), mas é possível estender ao estado de necessidade.
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as
empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos
postos em circulação.

 Em relações paritárias nem sempre a responsabilidade objetiva será adequada ao caso


contrato. Ainda que se aplique a ideia do defeito da coisa, há a incidência do art. 931

Liquidação do dano

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a


duração provável da vida da vítima.

 o legislador não verifica a questão econômica das partes, mas dá ênfase ao ato do
homicida.
 a prestação de alimentos que o inciso II fala é um dano indireto, ou seja, o dano direto
refletiu indiretamente em outros. Não tem uma lógica de alimentos que se vê no
direito de família, mas sim uma lógica própria da responsabilidade civil. Um exemplo
dessa diferença é que, nesse caso, não há prisão civil por falta de pagamento de
pensão, uma vez que é algo próprio do direito de família.

Responsabilidade Civil e pensão

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros c essantes até ao fim da convalescença, além de algum
outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
O filho menor recebe pensão por responsabilidade civil até 25 anos, este sendo o termo
final. II. Pagamento de 2/3 do valor que a vítima ganhava ou do salário-mínimo caso a
vítima não tenha renda ou não haja comprovação. A pensão indenitária não se transmite
por morte.
Súmula 490: A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser
calculada com base no salário-mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às
variações ulteriores

Súmula 313: Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de


capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente
da situação financeira do demandado.

 em caso de morte de filho adulto, será preciso identificar se havia dependência da


família sem relação a vítima

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo
único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma
só vez.

 A doutrina e a jurisprudência são receosas ao aplicar esse arbitramento


 O art. 948, inciso II fala das pessoas que ficaram vivas e eram dependente
economicamente da vítima que faleceu. Nesse caso, há verificação da expectativa de
vida.
 Já o art. 950 se trata de quando a vítima não morre, mas fica com alguma
impossibilidade para exerc er suas funções habituais, ensejando o pagamento de
´pensão de alimentos indenizatórios é vitalícia. Nessa hipótese, não se verifica a expect
ativa de vida, uma vez que é um benefício vitalício

Responsabilidade Civil do Estado

Passou por três fases históricas, sendo elas:

(i) A irresponsabilidade o Estado: baseava-se na ideia do direito inglês (o rei não erra),
sendo assim, o dano decorria e algo inerente e não implicava na responsabilidade civil
do estado.
 Havia uma divisão muito marcada entre o direito público e o direito privado.
(ii) Divisão entre os atos de império e os de gestão
 Os atos de impérios são comportamentos do estado nas funções próprias de
estado. Ex: função legislativa. Pelos atos de império, o Estado permanecia não
sendo responsabilizado.
 Ao lado dos atos de império se colocam os atos de gestão, que correspondem
a prestação de serviços públicos. Assim, seria uma atividade de mera gestão,
que não seriam configurados como atos de impérios. Nessas hipóteses haveria
responsabilização.

Dificuldade de discernir o que é um ato de império e o que é um ato de gestão.


(iii) Responsabilidade civil ampla: o estado passa a ser responsabilizado.
 Representa um reflexo da justiça distributiva, na medida em que atribuir
responsabilidade civil ao estado, significa distribuir ônus à coletividade.

A. Teoria da culpa administrativa do agente estatal: O fundamento da


responsabilidade civil do estado é a prática do ato ilícito por parte de um dos seus
agentes. Uma vez que o agente público tenha agido com culpa, provocando um
dano, o Estado responde pelo dano ao particular.

B. Falta impessoal do serviço público: Para essa teoria, o que fundamenta a


responsabilização não é a culpa e sim a falta da prestação de serviço. Tira-se o foco
do agente público e a responsabilidade passa a recair sobre o serviço.

C. Teoria do risco administrativo: Passa a ser admitida a responsabilidade objetiva


do estado aos particulares no exercício das funções típicas da administração
Pública. Torna-se necessário apenas o nexo de causalidade. Adotada pela
constituição de 98 – Art. 37, parágrafo 6, da CF, c/c art. 43 do CC.

Nem sempre haverá direito de regresso, apenas se houver culpa ou dolo, garantindo a
proteção do agente público quanto à excessos.

Na teoria do risco administrativo é admitido excludentes de responsabilidade civil, diferente da


teoria do risco integral, que não admite essas excludentes. O Estado responde pelo risco da
gestão pública, essa responsabilidade é mitigada pela possibilidade de excludentes da
responsabilidade civil.

Art. 37, parágrafo 6, da CF – Também faz referência as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos. (também inclusos na responsabilidade civil)

 As concessionárias de serviços públicos.


 Discute-se se no caso das concessões de serviços públicos, se a responsabilidade seria
solidária ou subsidiária.
A responsabilidade civil subsidiária não tem um grande desenvolvimento teórico
(invencionice). É uma situação que alguém responde por algo, mas apenas diante de algumas
situações.

Parte da doutrina entende que essa responsabilidade é subsidiária (265 do CC).

Há uma segunda corrente que entende o sentido contrário: (i) o estado concorre para o dano
diante da atribuição de um serviço que deveria ser diretamente provido pelo estado (culpa in
eligendo); (ii) as concessionárias são também fornecedoras, que prevê a solidariedade da
cadeia, não haveria ausência de normas legais para a solidariedade.

O estado demandado pelo particular não pode denunciar a lide ao agente público.

 Isto pois, o autor da ação seria prejudicado.

O STF (Resp 1.027.633) entende que a vítima do dano pode promover ação contra o estado ou
à concessionária, mas não o agente público.

Em geral, a doutrina cuida da responsabilidade do estado dividindo as suas 3 funções


principais. Discussões doutrinárias:
 Por atos administrativos:ex – gestão de patrimônio público. Trata-se da
responsabilidade extracontratual e depende do nexo de causalidade e a injustiça do
dano.
 Por atos legislativos: Hipótese mais rara, pois é intrinsicamente ilícita. Além disso, a lei
enumera regras gerais e não específicas. Se resume a duas hipóteses:
a. Irregularidade da lei: O estado responde pela lei inconstitucional, mas apenas se causa
dano efetivo em geral. Ex: Lei materialmente defeituosa – são formalmente lei e se
identificam como atos administrativos. A responsabilidade, nesse caso, depende da
declaração da inconstitucionalidade para que a determinação da responsabilidade do
estado.
 Por omissão no dever de legislar: Se houver declaração da mora, cabe indenização. A
omissão em si já viola o ordenamento jurídico.
 Por ato lícito:ex: vacinação obrigatória.
 Por atos judiciais:Ex: erro judiciário. Em regra, se considera que o juiz responde por
erro judiciário, se for comprovado que agiu com culpa ou dolo.

Cláusulas de não indenizar (Cláusulas limitativas do dever de indenizar)

Cláusula limitativa: delimita a capacidade de indenizar; cláusula que visa limitar o dever de
indenizar do causador do dano no inadimplemento, restringindo, assim, os riscos contratuais
do devedor.

 Diferença em grau da cláusula de não indenizar para a limitativa.


 Desenvolvida durante o momento das grandes navegações.
Cláusula de não indenizar: exclui a possibilidade de indenizar; nem sempre a cláusula de não
indenizar incentiva o inadimplemento, pois há outros mecanismos que o credor pode se valer
(ex.: o não pagamento da parte devida).

Questão: será que é lícito limitar o dever de indenizar?

Não diz respeito a responsabilidade civil aquiliana, mas a responsabilidade civil contratual ->
limita a indenização que decorre do inadimplemento de uma obrigação.

Contrato como um instrumento de gestão de riscos (alocação do riscos); as relações são, cada
vez mais, mais duradouras e mais arriscadas;

Quanto maior a atividade econômica, maior os riscos (potencial danoso); maior necessidade de
gerir os riscos -> contrato, distribuindo os riscos, tornando mais interessante ou não a atividade
econômica.

 Outros instrumentos de alocação de riscos: a lei; Ex.: lei do salário da enfermagem.


 Não havendo limitação pela lei, as partes podem gerir os riscos, entre si, de eventos
previsíveis, aumentando ou diminuindo certos riscos.

Gestão de risco atinge o sinalagma do contrato; para o mesmo serviço pode haver preços
diferentes por consequencia da gestao dos riscos

Gestão positiva e negativa dos riscos:

 Positiva: Distribuem os riscos entre as partes contratantes; Cláusulas gerais positivas


(ex: cláusula resolutiva expressa; cláusula penal; cláusula de força maior - trata com
mais detalhe a força maior/fortuito; cláusula que prevê futuro e incerto que causa
desequilíbrio contratual; cláusulas limitativas do dever de indenizar e cláusula de não
indenizar );
 Negativa: As partes decidem não decidir; as partes optam por não dispor sobre evento
futuro e incerto -> as partes preferem não pensar no risco no momento contratual (ex.:
cláusula que prevê que em determinadas condições, as partes se reunirão para
renegociar a distribuição dos riscos) -> contrato incompleto (deixa de decidir sobre
alguma coisa; não é lacuna)

Modalidades de cláusulas limitativas:

Hipótese que Estabelece limites máximos do dever de indenizar:

 limite máximo de acordo com o percentual do dano;


 limitação de um valor máximo do dano;

Hipótese que Exclui determinada espécie de dano;

 exclui o dever de indenizar


 Ex.: cláusula que exclui o dano emergente.

Hipótese que Restringe os fundamentos da responsabilidade:


 Ex.: sujeito o devedor a indenizar nas circusntancias de dolo ou culpa grave.
 Ex.2: redistribuição do ônus da prova.
 Ex.3: responsabilidade, que sendo objetiva, se restringe a hipótese de culpa. –

Hipótese de Cláusulas de força maior.

Hipótese Cláusulas que limita a responsabilidade no tempo:

 obriga o credor a notificar o devedor no momento que o dano ocorre (ex.: seguro de
carro).
 Exigem que o credor uma atuação mais célere para receber a indenização devida; ▪
 Validade contestada, tendo em vista o art. 192 do CC.

Hipótese Cláusula limitativa da garantia patrimonial do devedor.

 Negativa: exclui a reponsabilidade patrimoniais sobre determinados bens (ex.: bens de


família).
 Positiva: quando se limite a parte do patrimônio (construção de uma conta extra para
pagamento de qualquer indenização, isentando a responsabilização fora desta conta).

Não tem previsão legal das cláusulas limitativas ou de exclusão do dever de indenizar,
entretanto a doutrina e jurisprudência foram entendendo que são lícita, desde que observem
determinadas balizas que levariam a invalidade:

Mútuo acordo -> tem que ser produzida de comum acordo a cláusula, de maneira que, na
situação concreta, não basta que esteja escrita no contrato (ex,: contrato de adesão), mas
efetiva confirmação da cláusula limitativa.

 Há parte da doutrina que entende ser ilícita a existência de cláusula limitativa em


contrato de adesão, por força do art. 424:

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
 Tem doutrina que entende que tem que haver uma concordância em destaque no
contrato (anuência específica da cláusula).
 Não pode haver renúncia de direito essencial do negócio

Afronta à ordem pública -> 3 hipóteses de afronta à ordem pública: I) existência de concreta
vulnerabilidade do devedor diante do credor; II) quando atinge direito existencial (não pode
impedir o dano moral); III) houver norma legal cogente que trata do assunto, vedando a
limitação;

[CC] Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade

CDC (afronta III) -> vedação a limitação no dever de indenizar nas relações de consumo:

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos.
Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização
poderá ser limitada, em situações justificáveis;

Interesse econômico do credor: não se admite limitação abaixo do valor da prestação


inadimplida (simularia uma cláusula de não indenizar); cláusula de não indenizar não comporta
este entendimento.

Danos pessoais.
Não se aplica a cláusula limitativa nos casos de dolo ou culpa grave -> questão: parte da
doutrina entende que é nula a introdução de cláusula com dolo ou culpa, pois a parte sabia e
tinha interesse em inadimplir; o dolo e culpa grave tem que se dar no momento da
contratação.

 Prova complicada.

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