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AO DOUTO JUIZO DO TRABALHO DA 00ª VARA DO TRABALHO DA

COMARCA DE CIDADE/UF

NOME DA CLIENTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da carteira de


identidade n° 00000 Órgão Emissor/UF e CPF 0000000, residente e domiciliado à Rua
TAL, n° 00 – Bairro TAL – CIDADE – UF – CEP 00000, vem respeitosamente perante
a Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de FULANO DE TAL, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da


carteira de identidade n° 00000 Órgão Emissor/UF e CPF 0000000, residente e
domiciliado à Rua TAL, n° 00 – Bairro TAL – CIDADE – UF – CEP 00000, pelas razões
de fato e de direito que passa a aduzir e no final requer.:

DOS FATOS

O Reclamante foi contratado pela Reclamada em data de DIA/MÊS/ANO,


embora tenha sido registrado somente em DIA/MÊS/ANO, para trabalhar como
mestre de obras em uma construção de sua propriedade, conforme pode-se
verificar dos documentos de fls. 00 a 00 e às fls. 00 a 00.
Em data de DIA/MÊS/ANO, em pleno exercício de suas atividades laborais, o
Reclamante estava efetuando a medição da obra em cima de um andaime, que
acabou por ceder, tendo o Reclamante caído de costas de uma altura de
aproximadamente 00 metros (docs. 00 e 00). Tal acidente somente ocorreu
porque não havia a necessária sustentação, pois foi utilizada pouca madeira no
andaime, por determinação da Reclamada que tinha a intenção de economizar
nos materiais utilizados.

Para o exercício das funções pelos empregados, a empregadora, ora Reclamada,


não fornecia nenhum equipamento de segurança, estando, portanto, o
Reclamante na ocasião do acidente totalmente desprotegido.

Em decorrência do acidente, o Reclamante fraturou a coluna, tendo sido


submetido a tratamentos e cirurgias, inclusive com a colocação de prótese na
coluna, intentando recuperar as funções perdidas com o acidente, o que não
ocorreu, acarretando sequelas consistente em incapacidade para continuar
exercendo as atividades inerentes ao seu trabalho, tendo assim que aposentar-
se, o que pode ser verificado pelos documentos de fls. 00, 00 a 00 em anexo.

À época do acidente, bem como durante o tratamento e a cirurgia sofridos pelo


Reclamante, a Reclamada o deixou totalmente desamparado, não lhe prestando
nenhuma assistência material.

Após a realização de exames e o término dos tratamentos cabíveis, constatou-


se que o Reclamado estava incapacitado permanentemente para exercer a sua
atividade profissional ou qualquer outra (docs. 00 e 00), resultando disso a
impossibilidade do mesmo em sustentar a sua família, constituída de esposa e
um filho de 00 anos (docs. 00 e 00).

O Reclamante na época do acidente tinha 00 anos, estando em pleno vigor e no


auge de sua vida profissional, era responsável pelo sustento de sua família, que
após o acidente ficou desamparada, tendo a sua esposa que se submeter a
prestação de qualquer tipo de serviço, a fim de prover as necessidades básicas
da família. Ressalta-se que o padrão econômico da família caiu drasticamente,
gerando consequências, como a mudança do filho de uma ótima escola
particular para uma pública, onde o padrão sócio econômico, além do nível
didático, é infinitamente inferior ao qual o menor sempre esteve acostumado,
resultando isso em trauma para toda a família (docs. 00 e 00).
Em razão de todas as situações as quais o Reclamante foi submetido, encontra-
se o mesmo em permanente estado de depressão, pois era um indivíduo
acostumado a trabalhar e sustentar a família, e hoje é obrigado a assistir o
declínio de seus entes queridos sem poder tomar providências, mesmo porque é
improvável que o seu "status quo ante" se restabeleça.

A culpa atribuída à Reclamada para a qual laborava o Reclamante, caracteriza-


se pela negligência e imprudência da mesma, que sabendo da necessidade de
fornecer equipamentos para a segurança dos seus empregados, não os
providenciou, e ainda, após o acidente que vitimou o Reclamante a mesma em
nenhum momento prestou qualquer tipo de assistência, deixando-o e a sua
família entregues à própria sorte.

A doutrina e a jurisprudência brasileiras reconhecem o direito ao recebimento


de indenização pelo Reclamante por danos morais, uma vez que ao sofrer o
acidente que o deixou incapacitado estava em uma fase de vida das mais
produtivas, sendo que atualmente é ele uma sombra do que foi outrora, e
apesar de conseguir realizar as tarefas básicas do cotidiano, sua capacidade
laborativa nunca mais será a mesma.

"Para a caracterização da incapacidade total, a invalidez não


precisa ser absoluta. Embora não mais aceita no mercado de
trabalho comum, pode a vítima exercer ainda certas atividades
remuneradas. Contudo, tais trabalhos não tem aceitação no
mercado comum de trabalho, e isto basta para que consideremos
total a sua incapacidade. TARS - APC 19517119423/04/1996.9 ª C.
- Rel. Breno Moreira Mussi."

DO DIREITO

DOS DANOS MATERIAIS

PENSÃO VITALÍCIA
O acidente sofrido pelo Reclamante ocorreu no exercício regular de seu trabalho,
onde a Reclamada não proporcionava aos seus empregados condições mínimas
de segurança exigidas pelo Ministério do Trabalho, conforme verifica-se na
Portaria nº 3.214/78, que aprova as Normas Regulamentadoras - do Capítulo V,
título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, na parte que trata sobre os
andaimes, regulamenta:

"Portaria 3.214/78, Cap. V, tít.II

18.15.1 ANDAIMES

18.15.1 O dimensionamento dos andaimes, sua estrutura de


sustentação e fixação, deve ser realizado por profissional
legalmente habilitado

18.15.2 Os andaimes devem ser dimensionado e construído de


modo a suportar, com segurança, as cargas de trabalho a que
estarão sujeitos.

18.15.3 O piso de trabalho dos andaimes deve ter forração


completa, antiderapante, ser nivelado e fixado de modo seguro e
resistente.

18.15.10 Os montantes dos andaimes devem ser apoiados em


sapatos sobre base sólida capaz de resistir aos esforços solicitantes
e às cargas transmitida.

18.15.12 É proibidos o trabalho em andaimes na periferia da


edificação sem que haja proteção adequada fixada à estrutura da
mesma."

O andaime fornecido pela Reclamada para que o Reclamado trabalhasse, não


apresentava os requisitos acima especificados, que são apenas alguns dos
necessários para tornar viável o trabalho em andaimes, restando claro, portanto,
a responsabilidade da mesma pelo acidente sofrido pelo Reclamante.

O decreto nº 2.172/97, em seu Capítulo III, Seção II do Acidente do Trabalho e


da Doença profissional, art. 131 diz que:
"Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade
para o trabalho permanente ou temporária.

Desse artigo decorre que o Reclamante possui legítimo interesse para propor a
presente ação, tendo em vista que foi ele que sofreu o acidente, ficando
incapacitado para exercer sua atividade profissional.

A Constituição Federal em seu artigo 7º, XXVIII, trata da indenização quando o


empregador incorrer em culpa ou dolo:

"Art. 7º: Seguro contra acidente de trabalho, a cargo do


empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa;"

Conforme dispõem os arts.: 186, 932, III e 950 do novo Código Civil, não há
dúvida quanto a responsabilidade da Reclamada em indenizar.

"Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

III -o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e


preposto, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele;

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não


possa exercer o seu oficio ou profissão, ou se lhe diminua a
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessante até o fim da convalescença, incluirá
uma pensão correspondente à importância do trabalho, para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência,
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito."

Analisando os artigos supra citados não resta qualquer dúvida no sentido de


que a Reclamada deverá indenizar o Reclamante, sendo que a responsabilidade
da Reclamada decorre do fato da mesma ser responsável pela obra e pelo
fornecimento dos equipamentos necessários à segurança dos trabalhadores.

Em razão da atividade ser considerada de risco, a responsabilidade do


empregador é objetiva, ou seja, resulta da teoria do risco, conforme a seguir
exposto:

"A teoria do risco é a da responsabilidade objetiva. Segundo esta


teoria, aquele que, através de sua atividade, cria um risco de dano
para terceiro, deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua
atividade e seu comportamento sejam insetos de culpa. Examina-
se a situação e, se for verificada, objetivamente, a relação de causa
e efeito entre o comportamento do agente e o dano experimentado
pela vítima, esta tem direito de ser indenizado por
aquele."(RODRIGUES, Silvio, in Direito civil, Volume 14 -
responsabilidade civil, 2018, Saraiva, pág . 10)

Nossos tribunais já se manifestaram a respeito, vejamos:

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA


RECLAMADA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 -
DANO MATERIAL. PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. PARCELA ÚNICA.
REDUTOR. Constatada divergência jurisprudencial, nos termos do
artigo 896, a, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de
revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO
DE REVISTA DA RECLAMADA. DANO MATERIAL. PENSÃO MENSAL
VITALÍCIA. PARCELA ÚNICA. REDUTOR. O ressarcimento do dano
material (pensão) em parcela única assume expressão econômica
superior e seguramente mais vantajosa em relação ao pagamento
diluído, efetivado em parcelas mensais, devendo ser aplicado um
redutor ou deságio sobre o valor fixado, de modo a atender ao
princípio da proporcionalidade da condenação, impedindo o
enriquecimento sem causa do credor. Julgados. Recurso de revista
conhecido e provido. DANO MATERIAL. PENSÃO MENSAL.
EMPREGO MANTIDO COMO O MESMO EMPREGADOR SEM
REDUÇÃO SALARIAL. O fato de o reclamante permanecer
trabalhando após a consolidação das lesões não afasta o dano.
Como ressaltado no acórdão regional, não houve incapacitação
total do reclamante para o trabalho, mas, sim, redução de sua
capacidade laboral. A indenização é devida à proporção da lesão
experimentada, nos termos do artigo 950 do CCB, e independe da
comprovação de prejuízo financeiro ou redução salarial. Julgados.
Recurso de revista não conhecido. III - AGRAVO DE INSTRUMENTO
EM RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. DEDUÇÃO. ABONO-
REFEIÇÃO. HORAS EXTRAS A TÍTULO DE REDUÇÃO DE INTERVALO
INTRAJORNADA. ARTIGO 896, C, DA CLT - DANO MORAL. VALOR.
SÚMULA 126 DO TST E ARTIGO 896, C, DA CLT - DANO MATERIAL.
VALOR. ARTIGO 896, A E C, DA CLT E SÚMULA 221 DO TST -
RESSARCIMENTO DE DESPESAS COM ADVOGADO. SÚMULA 333 DO
TST E ARTIGO 896, § 7º, DA CLT. Nega-se provimento ao agravo de
instrumento que não logra desconstituir os fundamentos da
decisão que denegou seguimento ao recurso de revista. Agravo de
instrumento a que se nega provimento.

(TST - ARR: 20498320125020431,Relator: Márcio Eurico Vitral


Amaro, Data de Julgamento: 11/03/2020, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 16/03/2020)

A Súmula nº 490 do STF deixa claro o seguinte:

"A pensão correspondente à indenização oriunda de


responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário
mínimo vigente ao tempo da sentença e reajusta-se às variações
ulteriores."

Dessa forma, evidentemente que o Reclamante tem o direito de receber pensão


vitalícia da Reclamada tendo em vista que ele possuía a perspectiva de trabalhar
e receber remuneração pelo trabalho desenvolvido até sua aposentadoria.

Sobre o montante do débito devem incidir juros, tanto os ordinários como os


compostos, correção monetária desde a perpetração do ilícito até o dia do
efetivo pagamento, tudo em conformidade com a legislação vigente, como os
arts. 389, 402 do Código Civil, senão vejamos:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas


e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 402 Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as


perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Assim sendo, a Reclamada deverá pagar ao Reclamante pelo acidente de


trabalho sofrido, pensão indenizatória, por danos materiais, desde a data do
acidente prolongando-se pela duração da vida da vítima, equivalente a
remuneração auferida pelo Reclamante, à base do piso mensal percebido pela
categoria a qual o mesmo pertencia, correspondente hoje a importância de R$
000 (REAIS), ou o valor correspondente a 00 (NÚMERO) salários mínimos,
pensão esta a ser fixada e corrigida sempre a base do piso salarial da categoria,
cujo o valor deverá ser ao da época do efetivo pagamento. (docs. 00, 00 e 00)

Poreclamadom em caso de entendimento diverso de V.Ex. seja arbitrado por


esse juízo outro valor a ser pago a título indenizatório cuja importância deverá
ser compatível com os danos sofridos.

Nesse sentido nossos tribunais já manifestaram-se, pacificando o entendimento


de que não cabe estabelecer limite em casos que não houve morte, como a
seguir se vê:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS. LIMITAÇÃO AOS 65 ANOS. CÁLCULOS . Inexistentes
quaisquer dos vícios previstos nos artigos 897-A da CLT e 535 do
CPC de 1973 (art. 1.022 do CPC de 2015). A oposição de embargos
declaratórios pelo devedor da obrigação trabalhista, quando tal
ocorre sem atenção às hipóteses de seu cabimento, revela o
manifesto interesse de procrastinar o tempo de suportar o ônus de
cumprir a prestação, o suficiente para atrair a cominação da multa
correspondente. Embargos declaratórios não providos com
aplicação de multa de 1% prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC.
(TST - ED-RR: 16931620115090662,Relator: Augusto César Leite
de Carvalho, Data de Julgamento: 20/02/2019, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 22/02/2019)

A Reclamada deverá pagar também ao Reclamado, indenização do 13º salário


(abono de natal), a ser pago todo o mês de Dezembro de cada ano, prolongado
-se pela duração da vida do Reclamante, tendo, ainda, que pagar o valor
referente às ferias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3, FGTS e indenização
do FGTS, conforme determina o art. 7º, incisos III, VIII, XVIII da Constituição
da República.

Nossos Tribunais já se manifestaram nesse sentido. Vejamos:

A) AGRAVOS DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA E DO


RECLAMANTE. RECURSOS DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE
DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. ANÁLISE
CONJUNTA. MATÉRIA COMUM. DOENÇA OCUPACIONAL.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. VALOR ARBITRADO. Em
relação ao valor da indenização por danos morais, importante
consignar que não há na legislação pátria delineamento do
montante a ser fixado a tal título. Caberá ao juiz fixá-lo,
equitativamente, sem se afastar da máxima cautela e sopesando
todo o conjunto probatório constante dos autos. A lacuna
legislativa na seara laboral quanto aos critérios para fixação leva o
julgador a lançar mão do princípio da razoabilidade, cujo corolário
é o princípio da proporcionalidade, pelo qual se estabelece a
relação de equivalência entre a gravidade da lesão e o valor
monetário da indenização imposta, de modo que possa propiciar a
certeza de que o ato ofensor não fique impune e servir de
desestímulo a práticas inadequadas aos parâmetros da lei. De todo
modo, é oportuno dizer que a jurisprudência desta Corte vem se
direcionando no sentido de rever o valor fixado nas instâncias
ordinárias a título de indenização apenas para reprimir valores
estratosféricos ou excessivamente módicos. No caso vertente, não
há como considerar estratosférico o valor mantido pelo TRT a título
de indenização por danos morais, levando em consideração o dano,
conforme descrito no acórdão recorrido, que redundou na
incapacidade parcial e permanente do autor para o labor que
outrora desempenhava na Reclamada. Pondera-se, também, o fato
de o Autor já ter passado por intervenção cirúrgica, em razão da
doença ocupacional desenvolvida; o tempo de serviço prestado à
empresa (desde 13/01/1997 até a data do acidente - que o tornou
incapacitado para o trabalho -, ressaltando que, no momento da
propositura da ação, em 30/11/2010, o Autor se encontrava
afastado, recebendo auxílio doença); o não enriquecimento
indevido do ofendido e o caráter pedagógico da medida. Por tais
razões, deve ser mantido o quantum indenizatório. Ademais,
tratando-se de questões eminentemente fáticas - como as que ora
se apresentam -, para que se pudesse chegar à conclusão contrária,
seria necessário o reexame do conjunto fático-probatório delineado
nos autos, procedimento vedado a esta Corte Superior, conforme já
mencionado, ante o óbice da Súmula 126 do TST. Agravos de
instrumento desprovidos. B) AGRAVO DE INSTRUMENTO DA
RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA
LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. DOENÇA
OCUPACIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. NEXO CAUSAL. DANOS
MORAIS E MATERIAIS. 2. DANOS MATERIAIS. PENSÃO.
PAGAMENTO EM PARCELA ÚNICA . A indenização resultante de
acidente do trabalho e/ou doença profissional ou ocupacional
supõe a presença de três requisitos: a) ocorrência do fato
deflagrador do dano ou do próprio dano, que se constata pelo fato
da doença ou do acidente, os quais, por si sós, agridem o
patrimônio moral e emocional da pessoa trabalhadora (nesse
sentido, o dano moral, em tais casos, verifica-se pela própria
circunstância da ocorrência do malefício físico ou psíquico); b)
nexo causal ou concausal, que se evidencia pelo fato de o malefício
ter ocorrido em face das condições laborativas; c) culpa
empresarial, excetuadas as hipóteses de responsabilidade objetiva.
Embora não se possa presumir a culpa em diversos casos de dano
moral - em que a culpa tem de ser provada pelo autor da ação -,
tratando-se de doença ocupacional, profissional ou de acidente do
trabalho, essa culpa é presumida, em virtude de o empregador ter o
controle e a direção sobre a estrutura, a dinâmica, a gestão e a
operação do estabelecimento em que ocorreu o malefício. Registre-
se que tanto a higidez física como a mental, inclusive emocional, do
ser humano são bens fundamentais de sua vida, privada e pública,
de sua intimidade, de sua autoestima e afirmação social e, nesta
medida, também de sua honra. São bens, portanto,
inquestionavelmente tutelados, regra geral, pela Constituição (art.
5º, V e X). Assim, agredidos em face de circunstâncias laborativas,
passam a merecer tutela ainda mais forte e específica da
Constituição da República, que se agrega à genérica anterior (art.
7º, XXVIII, CF/88). Frise-se que é do empregador, evidentemente,
a responsabilidade pelas indenizações por dano moral, material ou
estético decorrentes de lesões vinculadas à infortunística do
trabalho, sem prejuízo do pagamento pelo INSS do seguro social.
Na hipótese, o Tribunal Regional consignou que, de acordo com o
laudo pericial, o trabalho exercido pelo Reclamante, nas funções de
auxiliar de produção, montador e prensista, atuou como causa da
patologia - "Tenossinovite do IV compartimento dos extensores,
Sinovite nas articulações rádio-ulnar distal, rádio-cárpica e médio-
cárpica, Edema da medular óssea na porção radial do semilunar".
Afirma o Colegiado Regional que "o laudo pericial foi enfático ao
entender pela existência do nexo causal entre a patologia do punho
que acomete o autor e as atividades desenvolvidas em favor da ré,
mormente, em razão das poucas mudanças de movimento, não
permitindo, assim, o repouso da musculatura exigida". Consta,
ainda, na decisão recorrida, a incapacidade parcial e permanente
do Reclamante para a função que exercia na empresa Reclamada,
salientando, o Tribunal Regional, que "a percepção, pelo autor, de
salários e demais benefícios trabalhistas e convencionais, por ser
colaborador ativo da ré, não tem o condão de se confundir com a
indenização por danos materiais, tratando-se, pois, de institutos
diversos, sendo esta última decorrente de prejuízo sofrido pelo
autor com o reconhecimento da perda da sua capacidade laborativa
parcial e permanente leve em 25%. Para pagamento da
indenização por dano material, é imprescindível a constatação de
redução da capacidade laboral do obreiro, o que restou constatado
nos autos". Quanto ao elemento culpa, o Tribunal Regional
assentou que essa emergiu da conduta negligente da Reclamada
em relação ao dever de cuidado à saúde, higiene, segurança e
integridade física do trabalhador (art. 6º e 7º, XXII, da CF, 186 do
CCB/02), deveres anexos ao contrato de trabalho, pois não
forneceu condições adequadas de trabalho ao Autor. Afirmou o TRT
que "não há nos autos qualquer outro elemento de prova apto a
demonstrar a ação efetiva da reclamada no sentido de adotar
medidas preventivas quanto aos riscos à saúde e integridade física
do trabalhador, advindos dos métodos de trabalho que exigem
posturas inadequadas e esforço repetitivo". A partir das premissas
fáticas lançadas na decisão recorrida, se as condições de trabalho a
que se submetia o trabalhador - quer tenham sido a causa única;
quer tenham contribuído para a redução ou perda da sua
capacidade laborativa - produziram lesão que exige atenção médica
para a sua recuperação, deve-lhe ser assegurada a indenização
pelos danos sofridos. Como visto, a decisão recorrida está
devidamente fundamentada, na prova dos autos, sendo, portanto,
inadmissíveis as assertivas recursais de que o Reclamante não
comprovou o caráter ocupacional das patologias. A propósito, o
objeto de irresignação da Reclamada está assente no conjunto
probatório dos autos e a análise deste se esgota nas instâncias
ordinárias. Entender de forma diversa da esposada pelo Tribunal
Regional implicaria necessariamente revolvimento de fatos e
provas, inadmissível nessa instância de natureza extraordinária,
diante do óbice da Súmula 126/TST. Agravo de instrumento
desprovido. C) AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE.
RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI
13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE
RESSARCIMENTO DE DESPESAS COM A CONTRATAÇÃO DE
ADVOGADO PARTICULAR. PERDAS E DANOS. IMPOSSIBILIDADE. 2.
DOENÇA OCUPACIONAL. PENSÃO. BASE DE CÁLCULO. Os
honorários advocatícios contratuais decorrem de contrato firmado
entre o advogado e seu constituinte, criando obrigações entre as
partes. A obrigação do empregador resulta do contrato de trabalho,
e não do contrato de prestação de serviços advocatícios firmado
entre o seu empregado e um terceiro, sem a sua participação.
Desse modo, não se pode atribuir responsabilidade patrimonial a
terceiro quanto ao cumprimento de um contrato do qual não
participou. Com efeito, o entendimento desta Corte é no sentido de
serem inaplicáveis os arts. 395 e 404, ambos do Código Civil, em
face da evidência de que, na Justiça do Trabalho, a referida verba
está regulada pelo artigo 14 da Lei nº 5.584/70. Na Justiça do
Trabalho, nas lides que decorrem da relação de emprego, os
honorários advocatícios não são devidos pela mera sucumbência,
mas estão condicionados estritamente ao preenchimento dos
requisitos indicados na Súmula nº 219, I, do TST, ratificada pela
Súmula nº 329 da mesma Corte, devendo a parte estar assistida
por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de
salário inferior ao dobro do mínimo legal ou encontrar-se em
situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do
próprio sustento ou de sua família. Agravo de instrumento
desprovido.

(TST - AIRR: 13800220105150152,Relator: Mauricio Godinho


Delgado, Data de Julgamento: 18/09/2019, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 20/09/2019)

RESSARCIMENTO DAS DESPESAS

Deve ainda a Reclamada ressarcir ao Reclamante as despesas de tratamento


que o mesmo efetuou em razão do acidente, conforme documentos anexos às
fls. 00 e 00, tendo em vista que não recebeu pelas mesmas qualquer auxílio ou
restituição.

Dessa forma, deverá a Reclamada ressarcir o Reclamante dessas despesas, na


importância total de R$ 000 (REAIS).

Sobre o valor total das indenizações deverão incidir juros ordinários e


compostos desde a data da perpetração do ilícito até o dia do efetivo
pagamento.

DOS DANOS MORAIS


Em razão do acidente sofrido, o Reclamante ficou inabilitado para o exercício de
sua profissão, bem como de qualquer outra, situação essa irreversível, que o
acompanhará eternamente.

A família do Reclamante, após o acidente sofrido por ele, ficou desamparada,


razão pela qual sua esposa foi obrigada a submeter-se a prestação de qualquer
tipo de serviço, a fim de prover as necessidades básicas da família. Ressalta-se
que o padrão econômico da família caiu drasticamente, gerando consequências
como a mudança do filho de uma ótima escola particular, para uma pública,
onde o padrão sócio econômico além do nível didático, é infinitamente inferior
ao qual o menor sempre esteve acostumado, resultando isso em trauma para
toda a família.

O Reclamante após o ocorrido encontra-se em permanente estado de depressão,


pois era um indivíduo acostumado a trabalhar e a sustentar a família, e hoje é
obrigado a assistir o declínio de seus entes queridos sem poder tomar
providências, pois é consciente de que a lesão sofrida é permanente e por isso
jamais poderá retornar a vida que anteriormente possuía.

Deve-se ressaltar que a depressão enfrentada pelo Reclamante é uma das


manifestações externas causadas pelos danos psicológicos (morais) sofridos
pelo mesmo, que também são irreversíveis. Tendo sido causados pelas
situações que o mesmo enfrentou em decorrência do acidente, considerando
que à época, contava com 44 anos, estando assim, em pleno vigor e no auge
de sua vida profissional, o desespero ao defrontar-se com a nova realidade em
ver sua família desamparada, não podendo tomar nenhuma atitude e as dores
sofridas em razão das fraturas, das cirurgias e dos tratamentos aos quais foi
submetido.

Perlo artigo supra citado decorre que não há nenhuma dúvida de que o
Reclamante tem legítimo interesse econômico e moral, para propor a presente
ação, tendo o Superior Tribunal de Justiça decidido nesse sentido, como se vê a
seguir:
APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. MUNICÍPIO DE
CACHOEIRINHA. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE
TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E
ESTÉTICOS. PENSIONAMENTO VITALÍCIO. COMPETÊNCIA DO 5º
GRUPO CIVIL, CONSOANTE O ART. 19, VI, A , DO REGIMENTO
INTERNO DO TJ/RS. DECLINARAM DA COMPETÊNCIA PARA UMA
DAS CÂMARAS INTEGRANTES DO 5º GRUPO CÍVEL. UNÂNIME.
(Apelação Cível Nº 70079593620, Quarta Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira, Julgado em
12/12/2018).

(TJ-RS - AC: 70079593620 RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira,


Data de Julgamento: 12/12/2018, Quarta Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 18/12/2018)

O dano moral tem sido analisado pela doutrina, e podemos destacar o parecer
de Jorge Pinheiro Castelo que o conceitua sob o seguinte prisma:

"O dano moral é aquele que surte efeitos na órbita interna do ser
humano, causando-lhe uma dor, uma tristeza ou qualquer outro
sentimento capaz de lhe afetar o lado psicológico, sem qualquer
repercussão de caráter patrimonial. (grifamos)

Ao passo que o dano patrimonial se verifica quando uma pessoa causa a outra
um dano consistente em um prejuízo de ordem econômica, ou seja o patrimônio
material é lesado. (Do Dano Moral Trabalhista, Revista LTr, Ed. LTr, São Paulo,
2019)

Já no parecer de Carlos Alberto Bittar, citado por Jorge Pinheiro Castelo, na


mesma obra supra mencionada assevera:

"Os danos morais atingem, pois, a esfera íntima e valorativa do


lesado, enquanto que os materiais constituem reflexos negativos
no patrimônio alheio. Mas ambos são suscetíveis de gerar
reparação."
Segue a mesma linha de pensamento o advogado paulista Valdir Florindo, que
define o dano moral:

"Dano moral, ousamos defini-lo, é aquele que diz respeito a lesões


sofridas pela pessoa em seu patrimônio de valores exclusivamente
ideais, ou seja, quando macula bens de ordem moral, como a
honra." (A Justiça do Trabalho e o Dano Moral Decorrente da
Relação de Emprego, Revista LTr, Ed. LTr, São Paulo, 2019)

Acerca da reparação financeira pelo dano moral, para chegar-se ao quantum


debetur Jorge Pinheiro Castelo, na mesma obra mencionada traduz a opinião
doutrinária a respeito:

"Não obstante a dificuldade de definição do pretium doloris, tais


dificuldades não servem de pretexto a sua não indenização.
Vejamos.

O art. 946 do novo Código Civil aplicável analogicamente a hipótese,


reza expressamente, no que diz respeito a indenizações por atos
ilícitos que: "Nos casos não previstos neste Capítulo, fixar-se-á por
arbitramento a indenização."

A doutrina moderna costuma dizer que aquele que causa dano moral deve
sofrer no 'bolso' dor igual a que fez sofrer moralmente a outra pessoa."
(grifamos)

Valdir Florindo segue a mesma esteira de pensamento, na obra já citada,


quando afirma:
"Fica, então, a questão, para ao arbítrio judicial, ou seja, a fixação
do valor da indenização pelo dano moral sofrido. É certo que o Juiz
terá algumas dificuldades em fixar o montante da indenização.

Em razão de todos os motivos de fato e de direito invocados,


deverá o Reclamante ser indenizado pelos danos morais que lhe
foram ocasionados, a saber:

- Deverá receber a importância de R$ 000 (REAIS), a título


indenizatório;

- ou, em caso de entendimento diverso desse MM. Juízo, que seja


arbitrado o valor da indenização, cuja importância deverá ser
compatível com o dano moral causado Reclamante."

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, vem a presença de Vossa Excelência requerer:

1) Condenação da Reclamada, segundo o que dispõe o art. 455 da Nova CLT e


art. 932 e seguintes do novo Código Civil, ao pagamento da indenização pelos
danos materiais, decorrentes dos lucros cessantes, em razão da invalidez
permanente causada ao Reclamante, por ocasião do acidente, a partir do mês
em que ocorreu o acidente, ou seja MÊS/ANO, na forma de pensão vitalícia
equivalente ao piso mensal percebido pela categoria, que hoje corresponde a
importância de R$ 000 (REAIS), ou a importância de 00 (NÚMERO) salários
mínimos, pensão esta a ser fixada e corrigida sempre a base do piso salarial da
categoria ou salários mínimos vigentes da época do efetivo pagamento;
1.1) Sucessivamente em caso de entendimento diverso de Vossa Excelência,
pleiteia seja arbitrado por esse r. Juízo o valor da indenização em montante
compatível ao dano material sofrido pelo Reclamante;

2) A condenação da Reclamada à indenização do 13º salários (Abono de Natal),


a serem pagos todos os meses de Dezembro de cada ano ao Reclamante,
prolongando-se por toda a sua vida e ainda, ao pagamento do valor referente à
férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3, FGTS e indenização do FGTS,
conforme determina o art. 7º, incisos III,VIII, XVII da Constituição da República.

3) Condenação da Reclamada ao pagamento das despesas suportadas pelo


mesmo, decorrentes do tratamento médico sofrido, no valor de R$ 000 (REAIS).

4) Indenização por danos morais, no valor de R$ 000 (REAIS), decorrentes dos


transtornos psicológicos e do sofrimento causado ao Reclamante em razão do
acidente, conforme fundamentação.

4.1) Sucessivamente em caso de entendimento diverso de Vossa Excelência,


pleiteia seja arbitrado por esse r. Juízo o valor da indenização em montante
compatível ao dano moral sofrido pelo Reclamante;

5) Pleiteia, ainda, que sobre o montante da condenação incida os juros, tanto


os ordinários quanto os compostos, desde a perpetração do ilícito até o dia do
efetivo pagamento.

6) Requer seja recebida a presente Ação, condenando-se a Reclamada na


totalidade dos pedidos.

7) Requer a citação do representante legal da Reclamada, para contestar,


querendo, sob a cominação legal de Revelia;

8) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


documental, pericial, testemunhal, depoimento pessoal do representante legal
da Reclamada, que desde já requer, sob a cominação legal de confesso quanto
a matéria de fato;

9) Seja concedido ao Reclamante os benefícios da justiça gratuita, nos termos


da Lei n° 1.060/50, considerando que o mesmo não pode suportar as despesas
processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.

Dá-se à causa o valor de R$ 000 (REAIS).

Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO

ADVOGADO

OAB Nº

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