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(...), brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de..., portador (a) do CIRG n.º... E do
CPF n.º..., residente e domiciliado (a) na Rua..., n.º..., Bairro..., Cidade..., Estado..., por
intermédio de seu (sua) advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc.
01), com escritório profissional sito à Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
em face de
(...), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º..., com sede na Rua..., n.º...,
Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., representada neste ato por seu (sua) sócio (a) gerente Sr.
(a)..., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de..., portador (a) do CIRG nº... E do
CPF n.º..., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
PRELIMINARMENTE
A Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114/CF - alterado pela EC 45 - é competente para
apreciar questões atinentes à qualquer relação de trabalho
DO MÉRITO
DOS FATOS
Na mesma data foi colocado para trabalhar com equipamento de marcenaria denominado
"TUPIA", mecanismo este que face sua elevada periculosidade exige orientação
pormenorizada e acompanhamento na fase de adaptação do trabalhador - as quais não lhe
foram concedidas embora tivesse o Reclamante informado que há bastante tempo não
utilizava aquele mecanismo e que necessitava de "tempo" para relembrar sua utilização -
Ocorre que após o infeliz acidente o Reclamante não mais conseguiu desempenhar
plenamente sua atividade profissional (marceneiro), haja visto a impossibilidade de manter-se
nos poucos empregos que posteriormente logrou obter. Pior ainda, foi obrigado a "fazer
bicos" para sobreviver, e sempre na condição de ajudante de marcenaria (função cuja
remuneração é sensivelmente inferior), eis que a redução de sua capacidade laborativa
sempre foi suscitada como razão que impossibilitava sua manutenção no emprego ou como
motivo para ser admitido apenas como "auxiliar" (DOC. 04).
DO DIREITO
"Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar
direito, ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.".
Esta responsabilidade foi mantida e reforçada pela Carta Política de 1988 que, a par de
corroborar o mandamento do texto infraconstitucional ampliou as hipóteses de imputação de
responsabilidade na medida em que dispensou até mesmo a demonstração da culpa grave
(sabiamente criticada face o subjetivismo de sua conceituação, dificultador de sua
demonstração no caso concreto), conforme se infere do inteiro teor do inciso XXVIII de seu
artigo 7º, in verbis:
Reforça o entendimento acima o ilustre mestre Humberto Theodoro Júnior, que em matéria
de sua reclamanteia publicada in "RT", vol. 635/121 e intitulada "Acidente do Trabalho na
Nova Constituição", arrazoa solidamente, verbis:
"A responsabilidade civil do patrão caiu totalmente no regime do Código Civil. Qualquer que
seja, portanto, o grau de culpa, terá de suportar o dever indenizatório, segundo as regras do
Direito Comum" (grifos nossos)
Desta forma, a responsabilidade da Empresa-Demandada exsurge do dano causado ao
trabalhador a partir do momento em que não o capacitou (ou não aferiu sua real capacitação)
para a utilização dos mecanismos utilizados em suas atividades, das quais emergiu o dano,
nem lhe proporcionou meios de segurança capazes de evitar o sinistro.
De curial sabença que ao empregador incumbe bem selecionar, capacitar e proteger seus
empregados - a uma porquê lhe conferirá mais competitividade e, a duas, porquê prevenirá
possíveis danos que certamente lhes serão atribuídos em razão da condição de elemento
"diretor" das atividades empresariais -, sendo isto o que se infere, verbi gratia, do disposto no
artigo 77 da Lei nº 7.036/76:
No caso sub judice observa-se, à evidência, que uma das razões para o trágico acidente fora o
não fornecimento de equipamentos de segurança para o trabalho e a não concessão de tempo
e acompanhamento de outro profissional no sentido de permitir a adaptação do trabalhador à
utilização do equipamento, embora cientificados de que há bastante tempo não vinha
trabalhando com aquele maquinismo.
Basta observar que o acidente ocorreu logo após a contratação do obreiro para verificar-se
que sua inadaptação e falta de acompanhamento determinaram a ocorrência do evento.
Assim é que, descurando-se do dever de cuidado que lhe impõe a ordem jurídica, a Empresa-
Reclamada admitiu o trabalhador e imediatamente determinou a utilização do equipamento,
assumindo com isso o risco por danos que viesse ele a causar a sí próprio e a terceiros. Mais
ainda, o fez sem fornecer-lhe qualquer equipamento de segurança que permitisse estar o
obreiro protegido em caso de acidente.
A perda anatômica resultante do evento de per si justifica a presente ação, eis que de uma
forma ou de outra a seqüela sempre prejudica o desempenho do trabalho do acidentado,
havendo de considerar-se, no mínimo, o trauma psíquico resultante da perda de uma parte de
seu próprio corpo. Deve-se considerar não apenas este trauma psíquico como também os
inegáveis os reflexos negativos que a lesão acarreta (verbi gratia na impossibilidade de
manutenção do posto de trabalho ou na obtenção de nova colocação profissional com a
mesma remuneração, nos reflexos psicológicos de se ver portador de "aleijão", etc.).
Esta assertiva se confirma pela simples verificação de que após o acidente o trabalhador não
mais obteve colocação profissional equivalente à que exercia quando sofrera a lesão. Mais
ainda, a própria Reclamada reconheceu esta redução de capacidade para o trabalho quando o
dispensou o Requerente alegando não ter ele mais "condições para exercer o trabalho que
determinara sua contratação".
A tudo isto somam-se as fortes dores que acometem o Requerente quando tenta "exceder",
pelo trabalho, as limitações decorrentes da amputação.
No que toca ao dano moral, não subsistem dúvidas quanto ao direito de vê-lo ressarcido em
casos como o presente
A Carta Política de 1988 previu em seu artigo 5º inciso V o direito de reparação do dano
moral ao dispor, in verbis:
"Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:... (omissis)
"A reparabilidade do dano moral, como observa Aguiar Dias, é hoje admitida em quase todos
os países civilizados. A seu favor e com o prestígio da sua reclamanteidade, pronunciaram-se
os irmãos Mazeaud, afirmando que não é possível, em sociedade avançada como a nossa,
tolerar o contra-senso de mandar reparar o menor dano patrimonial e deixar sem reparação o
dano moral (conforme Aguiar Dias, 'A RESPONSABILIDADE CIVIL', tomo II, p. 737). E
concluem esses mesmos reclamantees: 'Não é razão suficiente para não indenizar, e assim
beneficiar o responsável, no fato de não ser possível estabelecer equivalente exato, porque,
em matéria de dano moral, o arbitrário é até da essência das coisas'. Nem afastaria a
reparabilidade do dano não patrimonial a consideração tantas vezes repetida de que é
repugnante à consciência jurídica atribuir equivalente pecuniário a bem jurídico da grandeza
dos que integram o patrimônio moral, operação que resultaria em degradação daquilo que se
visa a proteger. A argumentação só serve ao interesse do ofensor e não deixa de ser, até certa
medida, simplista. O inolvidável Pedro Lessa mostrou, em mais de uma ocasião, segundo
lembra Aguiar Dias em rodapé à p. 727, que 'o fato da inconversibilidade do dano moral, em
moeda, por falta de denominador econômico para o direito violado, não podia ter por efeito
deixá-lo sem reparação.'De fato, não há equivalência entre o prejuízo e o ressarcimento. A
condenação do responsável visa apenas resguardar, decerto imperfeitamente, mas pela única
forma possível, o direito lesado' (acórdão do STF, 18.8.91, 'Revista de Direito', n.º 61, p. 90).
Aliás, nem mesmo no dano patrimonial há perfeita equivalência entre o prejuízo e o
ressarcimento. Os irmãos Henri e Léon Mazeaud, em seu clássico 'Tratado Teórico e Prático
da RESPONSABILIDADE CIVIL', advertem, rebatendo esse argumento dos inimigos da
responsabilidade do dano moral, que 'o direito, ciência humana, deve resignar-se às soluções
imperfeitas como a da reparação, no verdadeiro sentido da palavra. Cumpre ver, nas perdas e
danos atribuídos à vítima, não o dinheiro em si, mas tudo que ele pode proporcionar no
domínio material ou moral'..." (grifamos)
"É de se convir que, no plano doutrinário, a responsabilidade do dano não patrimonial é hoje
pacificamente aceita e defendida pelos mais eminentes e acatados juristas do mundo. No
plano jurisprudencial, a evolução se acentua cada vez mais, constituindo hoje jurisprudência
sumulada do STF ser indenizável a morte de menor, ainda que não exerça trabalho
remunerado (Verbete n.º 491)."
Neste mesmo aresto do tribunal sul-rio-grandense, em meu voto, como integrante então
daquela Corte, tive oportunidade de dizer:
"Folgo muito com os rumos que vai adotando o presente julgamento porque coincide, como
disse o eminente Revisor, com o posicionamento que sustento há algum tempo, pelo menos
no plano doutrinário, de que é chegado o momento de superarmos limitações decorrentes do
texto legal e nos curvarmos às exigências da ética e da vida hodierna. Aliás, os tribunais
vezes muitas têm feito isso, adotando orientação que, em tempos idos, seria considerada até
abertamente contra legem. Veja-se, por exemplo, em matéria de obrigações por atos ilícitos, o
que dispõe o art. 1.523, do CC, no sentido de que terceiros serão responsáveis pela reparação
civil, provando-se que 'concorreram para o dano por culpa, ou negligência de sua parte'. Face
à redação do art. 1.523, a jurisprudência teve que excogitar modalidades de culpa das
empresas, das pessoas jurídicas, criando ficções de culpa in eligendo ou in vigilando, quando
realmente, verdadeiramente, as empresas não incorriam em culpa alguma pelos acidentes
causadores dos danos. A culpa dos acidentes, e dos danos, cabia exclusivamente aos
prepostos. A empresa se torna co-responsável porque, auferindo os lucros dos negócios, deve
arcar com os prejuízos que a exploração cause a terceiros. O fato é que, já de muitos anos, foi
abandonada qualquer ficção ou presunção de culpa, e hoje se admite tranqüilamente que os
preponentes respondem pela culpa dos prepostos, bastando comprovar o liame da preposição.
Tal orientação à primeira vista, quiçá contra a letra da lei, satisfaz a função criadora da
jurisprudência tão bem exposta por Puig Brutau, na obra magnificamente traduzida pelo
Colega Lenice Nequete e que integra a 'Coleção AJURIS'. Se o legislador está em mora, o
juiz proverá na satisfação das exigências de justiça." (grifos nossos)
Mister ressalvar que o dano moral não é meio de valoração da lesão em sí, que certamente
não tem preço, mas sim meio de compensar economicamente a dor sofrida, que virá a
minorar as agruras da vítima e de seus familiares, fazendo com que a melhor situação
econômica, sirva de lenitivo para outros interesses na vida, esquecendo um pouco a tristeza
pela perda irreversível, servindo de estímulo para novos interesses. Por outro lado estimulará
a coletividade em geral, para que tenha maior consideração com a integridade humana,
procurando evitar a indenização e acautelando-se mais nos meios de evitar tais danos.
Para auxiliar na demonstração da configuração do ilícito civil e de suas consequências,
citamos a doutrina de JOSÉ LUIZ DIAS SANTOS, Procurador do Ministério Público de São
Paulo:
"Configura-se, por outro lado, o ilícito civil quando a conduta do empregador ou preposto
revela negligência e imprudência, omissão de precauções elementares, despreocupação e
menosprezo pela segurança do empregado, dando causa ao acidente, segundo a regra da
responsabilidade subjetiva, prevista no art. 159 do CC, presumindo-se à culpa do patrão por
ato culposo do empregado ou preposto (Súmula 341 do STF)..." (RT 635/130)".
Outra não é a posição adotada pelo renomado mestre José Luiz Dias Campos em artigo se sua
reclamanteia, intitulado"Responsabilidade Civil e Criminal Decorrente de Acidente do
Trabalho na Constituição de 1988", publicado in"RT", vol. 635/130) ao afirmar, in verbis:.
" Quando a empresa não cumpre a obrigação implícita concernente à segurança do trabalho
de seus empregados e de incolumidade durante a prestação de serviços, tem o dever de
indenizar por inexecução da sua obrigação "(grifos nossos)
ACÓRDÃO
Ementa oficial:
É a globalização. Dos lucros e proveitos para os mais fortes. Dos prejuízos e danos para os
mais fracos.
Mais ainda, o risco profissional é tese amplamente aceita e praticada no mundo capitalista,
inspirada em que, dentre os fatores de produção, o risco da exploração de qualquer atividade
empresarial recaia sempre sobre o detentor do capital (empresa), daí o fundamento do sistema
capitalista, e nunca sobre o empregado (trabalho).
Nesse sentido decidiu leciona o Mestre João Alves de Lima, em sua obra Causas e Ações, v.
1, Ed. Brasiliense, pag 139, vol 1, verbis:
O reclamante não recebeu qualquer espécie de seguro, pela perda parcial da sua capacidade
para o trabalho e ainda que o tivesse recebido tal fato não prejudicaria seu direito à
indenização civil, senão vejamos:
"O seguro é garantia a mais em favor do operário; sua imposição resulta do temor de que a
empresa não possa arcar com a indenização que originariamente lhe compete; ele (o seguro)
não visa afastar o dever primário de indenizar, o que seria absurdo e atentatório aos princípios
mais elementares da responsabilidade civil"(JTA 276).
No momento em que o País passa por enorme recessão o agrava-se a condição de
hipossuficiência do trabalhador, eis que se os candidatos a emprego que não portem nenhum
tipo de invalidez tem dificuldades na obtenção de posto de trabalho, mais ainda o
Reclamante, que se vê excluído pela lesão que reduz sua capacidade de exercício
profissional.
Por estes fatos, Excelência, e que se impõe o acolhimento integral dos pleitos, única forma de
restituir-se ao Reclamante o status anterior à lesão sofrida, em prestígio do princípio da
restitutio in integrum.
DOS PEDIDOS
II) Sejam concedidos ao Reclamante os benefícios da gratuidade da justiça vez que incapaz
de custear as despesas do presente processo sem prejuízo do sustento próprio e de sua família,
tudo na forma da Lei nº 1.060/50;
III) Sejam, ao final, julgadas procedentes as pretensões contidas nesta exordial para
condenar-se a Demandada ao pagamento:
E) De honorários de advogado à base de 20% do valor da condenação, bem como das custas,
despesas processuais e demais cominações legais, tudo monetariamente corrigido e acrescido
dos juros de mora contados da data do evento lesivo;
IV) A produção de todos os meios de provas em direito admitidos, notadamente a
testemunhal, a pericial, a documental e o depoimento pessoal dos representantes legais da
Reclamada.
Nestes termos,
Pede deferimento.
[Local] [data]
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