TD 02- INTERPRETAÇÃO TEXTUAL tem. A questão é que essas decisões apontam 1- Leia este trecho do livro Cem anos de solidão, que o ser humano tende a fazer escolhas que de Gabriel García Márquez, e considere a favoreçam mais o coletivo do que o individual, relação com o leitor estabelecida no fragmento. não por sermos bonzinhos, mas para [...] Choveu durante quatro anos, onze meses e continuarmos vivos mesmo. Em grupo, é mais dois dias. Houve épocas de garoa em que todo fácil sobreviver. É a provação científica do “uma mundo vestiu suas roupas de ver o bispo e mão lava a outra”. Só que conseguir julgar se o armou uma cara de convalescente para celebrar outro vai te ajudar ou não é extremamente a estiagem, mas logo se acostumaram a complexo, em termos cerebrais. “Essas interpretar as pausas como anúncios de demandas cognitivas precisam do recrudescimento. O céu desabava numas processamento de informações sobre a tempestades de estropício, e o norte mandava complexidade de grupo sociais. Isso pode ter nos uns furacões que destrambelhavam tetos e levado a uma expansão cerebral durante a derrubavam paredes, e desenterraram pela raiz evolução humana” escrevem os cientistas na os últimos pés das plantações. [...] A atmosfera pesquisa. [...] GERMANO, Felipe. O texto era tão úmida que os peixes teriam podido entrar discorre sobre a descoberta de cientistas a pelas portas e sair pelas janelas, navegando no respeito da formação do cérebro dos seres ar dos aposentos. [...] Foi preciso escavar canais humanos. Levando em conta a estrutura do texto para desaguar a casa e livrá-la de sapos e e os elementos que o compõem, seu conteúdo caracóis, para que pudessem secar o chão, tirar A) expressa ao leitor a opinião do autor acerca do os tijolos dos pés das camas e caminhar outra tema, evidenciando sua posição. vez com sapatos. [...] MÁRQUEZ, G. G. Cem anos de solidão. B) descreve ao leitor um fenômeno de seu a) O trecho se refere a um estranho interesse, realizando sua crítica. C) comunica ao acontecimento que ocorre em Macondo, aldeia leitor um acontecimento verídico de grande fictícia onde se passa a história do livro. O que é interesse social. D) apresenta ao leitor um debate estranho nesse trecho? de opiniões acerca da temática de seu interesse. b) Releia o trecho e perceba atentamente como E) informa ao leitor um tema científico relevante, são descritos os detalhes desse acontecimento. tendo em vista a formação de sua opinião. Que frase, palavra ou trecho chamou sua 3- Um dia de sonsinha As meninas podem ser atenção? Explique. divididas em dois grupos: as que são sonsinhas e c) Que pacto é preciso ser estabelecido entre as que não são. As sonsinhas são meigas, autor, texto e leitor para que este se envolva com amáveis e nunca tomam iniciativa com o a história? pretendente. Se elas estão a fim, o máximo que 2- TEMOS CÉREBROS GRANDES PORQUE ousam é um breve cruzar de olhares. Já as não JULGAMOS MUITO UNS AOS OUTROS sonsinhas quase sempre tomam a dianteira [...] De acordo com um estudo das universidades quando estão a fim de alguém. (...) Eu faço parte britânicas de Oxford e Cardiff, nossos cérebros desse segundo grupo (nada contra o primeiro). só são grandes e desenvolvidos porque julgamos HALLACK, Jô; LEMOS, Nina; AFFONSO. O termo muito – e frequentemente. Os pesquisadores sonsinha, utilizado no texto, é o diminutivo do começaram o estudo para entender um pouco adjetivo sonso(a), que significa “dissimulado(a), melhor sobre a generosidade humana. Para isso, fingido(a)”. O efeito de sentido produzido pelo dividiram 100 pessoas em três grupos: dois de 33 uso do diminutivo, considerando o significado pessoas e um de 34. Um por vez, todos atribuído ao termo e o contexto em que foi escolhiam se iriam (ou não) doar uma quantia de utilizado, encontra-se na A) intensificação do dinheiro de mentirinha para outra pessoa do valor positivo da expressão. B) atribuição de um grupo – tudo às claras, seus colegas ficavam valor afetivo ao termo. C) intensificação do valor sabendo da sua decisão. Assim, os cientistas negativo da expressão. D) diminuição do valor descobriram que as pessoas tendiam a doar para negativo da expressão. E) atribuição ao adjetivo quem elas achavam tão ou mais generoso que si de um sentido completamente diferente de seu mesmo. A galera mais gananciosa e egoísta sentido original. tendia a não receber muito. Pode até parece que 4- Ela era linda. Gostava de dançar, fazia teatro em São Paulo e sonhava ser atriz em Hollywood. Tinha 13 anos quando ganhou uma câmera de vídeo – e uma irmã. As duas se tornaram suas organizadas é ineficaz em uma sociedade que companheiras de experimentações. Adolescente, registra mais de 61000 homicídios por ano. “É Elena vivia a criar filminhos e se empenhava em impossível dissociar a escalada de violência no dirigir a pequena Petra nas cenas que inventava. futebol do panorama de desordem pública, social, Era exigente com a irmã. E acreditava no econômica e política vivida pelo país”, de acordo potencial da menina para satisfazer seus com um doutor em sociologia do esporte. arroubos de diretora precoce. Por cinco anos, Disponível em: https://brasil.elpais.com. Nesse integrou algumas das melhores companhias texto, a violência no futebol está caracterizada paulistanas de teatro e participou de preleções como um(a) A) problema social localizado numa para filmes e trabalhos na TV. Nunca foi região do país. B) desafio para as torcidas chamada. No início de 1990, Elena tinha 20 anos organizadas dos clubes. C) reflexo da quando se mudou para Nova York para cursar precariedade da organização social no país. D) artes cênicas e batalhar uma chance no mercado inadequação de espaço nos estádios para americano. Deslocada, ansiosa, frustrada após receber o público. E) consequência da alguns testes de elenco malsucedidos, insatisfação dos clubes com a organização dos decepcionada com a ausência de jogos. reconhecimento e vitimada por uma depressão 6- O símbolo @ existe desde o Império Romano. que se agravava com a falta de perspectivas, Representava a palavra latina “ad”, que indica Elena pôs fim à vida no segundo semestre. Petra lugar. O próprio sinal tenta mostrar um “a” dentro tinha 7 anos. Vinte anos depois, é ela, a irmã de um “d”. No Brasil, o símbolo acabou caçula, que volta a Nova York para percorrer os representando uma medida de peso, a arroba, últimos passos da irmã, vasculhar seus arquivos que equivale a 15 quilos. O termo era usado na e transformar suas memórias em imagem e Espanha e derivava do árabe “ar-rubá”, que quer poesia. Elena é um filme sobre a irmã que parte e dizer “peso”. Em 1972, o engenheiro americano sobre a irmã que fica. É um filme sobre a busca, Ray Tomlinson resolveu utilizar o símbolo para a perda, a saudade, mas também sobre o indicar o local em que o usuário do e-mail está. encontro, o legado, a memória. Um filme sobre a ARRAIS, D. A história curiosa de símbolos e da Elena de Petra e sobre a Petra de Elena, sobre o pontuação na escrita. A história do símbolo @ que ficou de uma na outra e, essencialmente, um revela que ele, embora seja associado à era filme sobre a delicadeza. VANUCHI, C. O texto é digital, não foi criado especificamente para ela. O exemplar de um gênero discursivo que cumpre a significado que justifica sua utilização nos função social de A) narrar, por meio de imagem e endereços de e-mail atualmente é o da A) poesia, cenas da vida das irmãs Petra e Elena. origem latina do símbolo, que indica lugar. B) B) descrever, por meio das memórias de Petra, a ideia de peso presente na palavra original. C) separação de duas irmãs. C) sintetizar, por meio utilização dada pelos brasileiros para o símbolo. das principais cenas do filme, a história de Elena. D) palavra utilizada na Espanha e derivada do D) lançar, por meio da história de vida do autor, árabe. E) opção do usuário de e-mail por um filme autobiográfico. E) avaliar, por meio de escolher seu serviço. análise crítica, o filme em referência. 5- Pisoteamento, arrastão, empurra- empurra, 7- Ausência agressões, vandalismo e até furto a um torcedor Por muito tempo achei que a ausência é falta. que estava caído no asfalto após ter sido E lastimava, ignorante, a falta. atropelado nas imediações do estádio do Hoje não a lastimo. Maracanã. As cenas de selvageria tiveram como Não há falta na ausência. estopim a invasão de milhares de torcedores sem A ausência é um estar em mim. ingresso, que furaram o bloqueio policial e E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos transformaram o estádio em terra de ninguém. meus Um reflexo não só do quadro de insegurança que braços, assola o Rio de Janeiro, mas também de como a que rio e danço e invento exclamações alegres, violência social se embrenha pelo esporte mais porque a ausência, essa ausência assimilada, popular do país. Em 2017, foram registrados 104 ninguém a rouba mais de mim. “Ausência”, de Carlos Drummond de Andrade. O eu lírico do poema revela episódios de violência no futebol brasileiro, que resultaram em 11 mortes de torcedores. Desde que mudou sua opinião a respeito da ausência 1995, quando 101 torcedores ficaram feridos e porque A) passou a entender que ela é um um morreu durante uma batalha campal no sentimento inerente a ele. B) encontrou nela a estádio do Pacaembu, autoridades brasileiras resposta para sua ignorância sobre a vida. têm focado as ações de enfrentamento à C) assimilou o estado de desespero permitido violência no futebol em grupos uniformizados, pela falta de alguém. D) aderiu ao individualismo alguns proibidos de frequentar estádios. Porém, a e deixou de sentir a falta dos outros. E) sentiu, postura meramente repressiva contra torcidas depois de algum tempo, a ausência de alguém perdido. 8- Enquanto estivemos entretidos com os urubus qualquer conteúdo. A pesquisa linguística do outras coisas andaram acontecendo na cidade. A século XX demonstrou que não há diferença Companhia baixou novas proibições, umas qualitativa entre os idiomas do mundo — ou seja, inteiramente bobocas, só pelo prazer de proibir não há idiomas gramaticalmente mais primitivos (ninguém podia cuspir pra cima, nem carregar ou mais desenvolvidos. Entretanto, para que água em jacá, nem tapar o sol com peneira, possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade como se todo mundo estivesse abusando dessas potencial precisa realizar-se na prática histórica esquisitices); mas outras bem irritantes, como a do idioma, o que nem sempre acontece. de pular muro pra cortar caminho, tática que Teoricamente, uma língua com pouca tradição quase todo mundo que não sofria de reumatismo escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ou vinha adotando ultimamente, principalmente os uma língua já extinta (como o latim ou o grego meninos. E não confiando na proibição só, nem clássicos) podem ser empregadas para falar na força dos castigos, que eram rigorosos, a sobre qualquer assunto, como, digamos, física Companhia ainda mandou fincar cacos de quântica ou biologia molecular. Na prática, garrafa nos muros. Achei isso um exagero, e contudo, não é possível, de uma hora para outra, comentei o assunto com mamãe. Meu pai ouviu expressar tais conteúdos em camaiurá ou latim, lá do quarto e veio explicar. Disse que em épocas simplesmente porque não haveria vocabulário normais bastava uma coisa ou outra; mas agora próprio para esses conteúdos. É perfeitamente a Companhia não podia admitir nenhuma brecha possível desenvolver esse vocabulário em suas ordens; se alguém desobedecesse à específico, seja por meio de empréstimos de proibição podia se cortar nos cacos; se alguém outras línguas, seja por meio da criação de novos conseguisse pular um muro quebrando o corte de termos na língua em questão, mas tal tarefa não alguns cacos, ou jogando um couro por cima, era se realizaria em pouco tempo nem com pouco apanhado pela proibição, nhoc — e fez o gesto esforço. de quem torce o pescoço de um frango. VEIGA, J. J. BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Sombras de reis barbudos . Sob a perspectiva do menino Estudos contemporâneos mostram que cada que narra, os fatos ficcionais oferecem um língua possui sua própria complexidade e esboço do momento político vigente na década dinâmica de funcionamento. O texto ressalta de 1970, aqui representado pelo essa dinâmica, na medida em que enfatiza A) culto ao medo, infiltrado em situações do A) a inexistência de conteúdo comum a todas as cotidiano. línguas, pois o léxico contempla visão de mundo b) sentimento de dúvida quanto á veracidade das particular específica de uma cultura. informações. B) a existência de línguas limitadas por não c) ambiente de sonho, delineado por imagens permitirem ao falante nativo se comunicar perturbadoras. perfeitamente a respeito de qualquer conteúdo. d) incentivo ao desenvolvimento econômico com C) a tendência a serem mais restritos o a iniciativa privada. vocabulário e a gramática de línguas indígenas, e) espaço urbano marcado por uma política se comparados com outras línguas de origem isolamento das crianças. europeia. 9- Essa D) a existência de diferenças vocabulares entre campanha os idiomas, especificidades relacionadas à publicitária do própria cultura dos falantes de uma comunidade. Ministério da E) a atribuição de maior importância sociocultural Saúde visa a) às línguas contemporâneas, pois permitem que divulgar um sejam abordadas quaisquer temáticas, sem conjunto de dificuldades. benefícios 11- Lugar de mulher também é na oficina. Pelo proporcionados menos nas oficinas dos cursos da área pela automotiva fornecidos pela Prefeitura, a presença amamentação. feminina tem aumentado ano a ano. De cinco b) apresentar mulheres matriculadas em 2005, a quantidade tratamentos para infecções respiratórias em saltou para 79 alunas inscritas neste ano nos bebês. c) defender o direito das mulheres de cursos de mecânica automotiva, eletricidade amamentar em público. d) orientar sobre os veicular, injeção eletrônica, repintura e funilaria. A exercícios para uma boa amamentação. e) presença feminina nos cursos automotivos da informar sobre o aumento de anticorpos nas Prefeitura — que são gratuitos — cresceu 1 mães. 480% nos últimos sete anos e tem aumentado 10- O léxico e a cultura ano a ano. Disponível em: www.correiodeuberlandia.com.br. Na produção de um texto, são feitas escolhas Potencialmente, todas as línguas de todos os referentes a sua estrutura, que possibilitam inferir tempos podem candidatar-se a expressar o objetivo do autor. Nesse sentido, no trecho apresentado, o enunciado “Lugar de mulher E) responder de forma grosseira, demonstrando também é na oficina” corrobora o objetivo textual que sua opinião é indesejada. de 14- Winston acionou um interruptor, e a voz A) demonstrar que a situação das mulheres diminuiu um pouco, mas ainda era possível mudou na sociedade contemporânea. distinguir as palavras. O instrumento (chamado B) defender a participação da mulher na teletela) podia ter o volume atenuado, mas não sociedade atual. havia como desligá-lo por completo. Às costas de C) comparar esse enunciado com outro: “lugar de Winston, a voz da teletela ainda tagarelava sobre mulher é na cozinha”. o ferro-gusa e a grande realização do Nono D) criticar a presença de mulheres nas oficinas Plano Trienal. A teletela recebia e transmitia ao dos cursos da área automotiva. mesmo tempo. Qualquer ruído que Winston E) distorcer o sentido da frase “lugar de mulher é fizesse mais alto que um sussurro bem baixo na cozinha” seria captado. Além disso, enquanto 12- Um mês após incluírem o Brasil no mapa da permanecesse no campo de visão da placa de gastronomia mundial com a adição d’A Casa do metal, ele também poderia ser visto, além de Porco no ranking dos melhores restaurantes do ouvido. Não tinha como adivinhar com que planeta, Janaína e Jefferson Rueda, chefs e frequência, ou em que sistema, a Polícia do donos do negócio, anunciaram a separação. Pensar se conectava a um aparelho individual. Afetiva, Dava até para imaginar que vigiavam todo mundo somente. A partir dali seria cada um por si, vida o tempo todo. Mas, de qualquer modo, podiam que segue. Janaína vem sentindo certo ranço conectar-se ao aparelho de alguém quando machista desde a separação. Diz que passaram quisessem. Todos tinham que viver – e viviam, de a “culpá-la” pelo fim da relação, uma decisão fato, pois o hábito se tornara instinto – tomada em comum acordo. Quando eram presumindo que cada som que emitissem seria casados, irritava-se, com razão, ao ser ouvido, e, exceto na escuridão, cada movimento invariavelmente identificada como “a mulher do seu analisado. ORWELL, G. 1984. Rio de Jefferson”. “Por que ele não era o marido da Janeiro: Antofágica, 2021. [Fragmento adaptado] Janaína, entende essas coisas? Parecem A descrição do aparelho chamado “teletela” pequenas, mas não são”, diz. GUIMARÃES, C. ‘Eu sugere uma sociedade caracterizada pelo vivia sozinha’, diz Janaína Rueda. O argumento defendido por Janaína Rueda após a separação A. desenvolvimento secreto de aparelhos indica o(a) espiões. A. desfecho solitário após ser “cada um por si”. B. comportamento individual suspeito de B. fim dos conflitos com o sócio do restaurante. violência. C. conclusão sobre as discriminações sofridas C. monitoramento flexível no período de por ela. descanso. D. término das atividades profissionais com o fim D. acomodamento coletivo com o rastreio da relação. contínuo. E. encerramento das comparações entre a chef e E. patrulhamento investigativo de crimes o ex-marido. cibernéticos.
13- A construção do humor na tirinha se dá pelo
fato de a personagem principal
A) apresentar sua opinião de forma duvidosa e
com ressalvas. B) instruir o neto de forma oposta à instrução dada à outra mulher. C) compreender o que está acontecendo com o neto e com sua amiga. D) indicar causas diferentes para os sintomas considerando seu interlocutor.