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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DE CAXIAS DO SUL, RS.

PEDRO PAULO, […], […], mecânico, inscrito no CPF sob o nº


[…], portador do RG nº […], residente e domiciliado na […], vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, por meio de seus procuradores, conforme procuração anexa, com endereço profissional
na […], propor AÇÃO RECLAMATÓRIA contra MECÂNICA CRISTALINA LTDA., pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº […], com sede na […], com base no art. 837 e
seguintes Consolidação das Leis do Trabalho – CLT e mais nos fatos a seguir expostos:

I – DOS FATOS

O Reclamante foi admitido na empresa Reclamada em data


18/02/2014 para laborar como mecânico, percebendo remuneração mensal no valor de R$ 2.600,00
(dois mil e seiscentos reais), sem registro em sua Carteira de Trabalho.

O horário de trabalho do Reclamante era assim estabelecido:

INÍCIO TÉRMINO INTERVALO DIA DA SEMANA

7:30 horas 18:30 horas 45 minutos Segunda a sexta-feira

08:00 horas 12:00 horas - Sábado

Em data de 15/07/2015, o Reclamante, ao questionar seu superior


hierárquico acerca do motivo pelo qual não recebia insalubridade mesmo trabalhando com graxa e
óleo, foi demitido sem justa causa.

Na mesma oportunidade, o superior hierárquico ironizou o


Reclamante aduzindo que mecânico algum percebia R$ 2.600,00 (dois mil e seiscentos reais) por
mês, estando seu salário “muito acima da média”, motivo pelo qual não receberia nenhuma outra
verba.

Durante o período em que o Reclamante laborou na empresa


Reclamada, nunca lhe fora permitido o gozo de férias.
Expostas as circunstâncias fáticas envolvidas na presente causa,
passa-se agora a demonstrar o cabimento desta reclamação e a sua total procedência.

II – DO DIREITO

a) Do vínculo empregatício.

Conforme disposto no art. 3º da CLT, se constitui relação de emprego


toda aquela que consistir na prestação de serviços de natureza não eventual, de forma subordinada e
mediante o pagamento de salário.

No caso em tela,

b) Do salário complessivo.

c) Das horas extras.

d) Do adicional insalubridade.

Conforme o artigo 189 da CLT, são consideradas atividades ou


operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham
os empregados a agentes nocivos à saúde. Deste modo fica claro que o labor do reclamante ao
manusear agentes químicos como graxas, óleos derivados do petróleo, como também querosene,
solventes e desengraxantes para limpeza das ferramentas de trabalho, todas substancias que causam
ulcerações na pele e irritações nos olhos, ficou exposto a uma insalubridade de grau máximo.

Necessário também ressaltar, que a reclamada não oferecia nenhum


tipo de EPI’s de proteção individual, e mesmo que o fizesse, a Sumula 289 do TST leciona que, o
simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do
adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação
da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

Tem decidido o Tribunal Regional do trabalho da 4° região:

INSALUBRIDADE MÁXIMA. MECÂNICO DE MÁQUINAS PESADAS.


O contato com graxas e óleos minerais configura atividade insalubre em grau
máximo, assim definida no Anexo 13 da NR nº 15 da Portaria nº 3.214/78.
Recurso a que se nega provimento. (...)
(TRT-4 - ROREENEC: 356008519975040702 RS 0035600-
85.1997.5.04.0702, Relator: MARIA GUILHERMINA MIRANDA, Data
de Julgamento: 24/08/2000, 2ª Vara do Trabalho de Santa Maria)

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. ÓLEOS E GRAXAS MINERAIS.


MECÂNICO DE AERONAVES. Comprovado nos autos que o autor mantém
contato habitual com óleos e graxas de origem mineral, é devido o
pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, de acordo com o
Anexo nº 13 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do MTE. Hipótese em que as
luvas fornecidas pela empregadora não elidem a ação do agente insalubre em
questão. Recurso ordinário da ré desprovido. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. TRABALHO EM HANGAR. O mecânico que realiza
suas atividades no interior dos hangares - local em que é realizada a
desgaseificação e o destanqueio das aeronaves - faz jus ao adicional de
periculosidade, em decorrência da sua permanência na área de risco, nos
termos do item 1 do Anexo nº 2 da NR-16 da Portaria 3.214/78 do MTE.
(TRT-4 - RO: 00010313320115040002 RS 0001031-33.2011.5.04.0002,
Relator: ANDRÉ REVERBEL FERNANDES, Data de Julgamento:
03/07/2014, 2ª Vara do Trabalho de Porto Alegre)

Desta forma fica claro e evidente que o reclamante ao manusear os


produtos químicos durante todo o seu labor diário, sua remuneração deve ser enquadrado com o
adicional de insalubridade em grau máximo, como também seus reflexos em férias com 1/3, 13º
salários, horas extras e FGTS.
e) Das férias.

Conforme o artigo 7°, XVII da nossa carta Magna, bem como o art.
129 da CLT, é direito de todo trabalhador o gozo de um período de férias anuais remuneradas, com
pelo menos, um terço a mais do que o salario normal.

O Reclamante laborou desde a data de 18/02/2014 até a data


15/07/2015, onde nunca obteve período de gozo de férias e muito menos sua remuneração devida.
Deste modo, o Reclamante ficou cerceado de um direito constitucional e indispensável ao
trabalhador, a fim de que este exerça seu direito ao lazer e à qualidade de vida.

f) Do dano moral.

Aduz o artigo 483 e incisos da Consolidação das Leis do Trabalho,


que o ato praticado pelo empregador contra o empregado, mesmo contra algum membro de sua
família, lesivo da honra ou da boa fé, ofendendo sua moral, são passíveis de rescisão indireta do
contrato de trabalho, podendo o empregado buscar a devida indenização moral.

O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, ao conceituar o dano moral


assevera que:
“Dano moral é o que atinge o ofendido
como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os
direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem,
o bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição
Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação” (GONCALVES, 2009, p.359).

Neste mesmo sentido, Maria Helena Diniz estabelece o dano moral


como “a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo ato
lesivo”. (DINIZ, 2003, p. 84).

Necessário enfatizar que de fato ocorreu um dano moral para o


Reclamante. No momento que indagou a Reclamada sobre o porquê de não receber o devido
adicional de insalubridade, foi respondido de forma vexatória com a informação que estava sendo
demitido, e ainda durante o expediente, onde haviam clientes no estabelecimento.

Nesse sentido, o TRT-1 tem se manifestado da seguinte forma:

DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. TRATAMENTO INADEQUADO


DISPENSADO PELO SUPERIOR HIERÁRQUICO. ASSÉDIO MORAL.
MAJORAÇÃO. INDENIZAÇÃO. Atinge a esfera íntima do trabalhador, em
sua honra e dignidade, o inadequado e desrespeitoso tratamento dispensado
por superior hierárquico contendo ofensas e humilhações. Configurado o
dano ao patrimônio íntimo do obreiro, há de merecer a atitude do empregador
exemplar reprimenda do Judiciário, impondo-se a respectiva reparação.
Apelos obreiro e patronal improvidos.
(TRT-1 - RO: 00008006920115010008 RJ, Relator: Rosana Salim Villela
Travesedo, Data de Julgamento: 11/12/2013, Décima Turma, Data de
Publicação: 07/02/2014)

g) Da Multa do Art. 477 da CLT.

Em consonância com o que preconiza a legislação brasileira observa-


se que não sendo pago as verbas rescisórias, por óbvio o Reclamado extrapolou o prazo de que trata
o parágrafo 6º, do artigo 477, da CLT, assim, o Reclamante deve receber a multa que trata o
parágrafo 8º deste mesmo artigo, prevista em uma remuneração mensal do empregado demitido.

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO § 8º DO ART. 477 DA CLT.


PAGAMENTO DE DIFERENÇAS SALARIAIS 1. Tem - se consolidado, no
Tribunal Superior do Trabalho, o entendimento de que o propósito da sanção
prevista no art. 477, § 8º, da CLT é reprimir a atitude do empregador que
cause injustificado atraso no pagamento das verbas rescisórias. 2. Dessa
forma, não incide a aludida multa quando as diferenças de verbas rescisórias
são reconhecidas somente em virtude da procedência de pleito deduzido pelo
empregado. Precedentes. 3. Recurso de revista de que se reconhece e a que se
dá provimento.

(TST - RR: 7582120125070007 , Relator: João Oreste Dalazen, Data de


Julgamento: 29/04/2015, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/05/2015)

III – DOS PEDIDOS

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