Você está na página 1de 6

EXMO. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA _ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE


BELO HORIZONTE-MG.

Maria Marli Oliveira Campos, brasileira, fisioterapeuta, filho de (nome da mãe),


14/09/1962, portador da carteira de identidade n° MG-17.584.265, inscrito sob o CPF
de n° 014.858.232-22, PIS n° 214-212, CTPS n°336-889, 8, residente e domiciliado na
Rua Ermelinda, n° 79 , apto 1003, bairro Santo Antônio, Belo Horizonte, Minas Gerais,
30940-140, vem, por seu procurador subscrito, com escritório na Rua Gonçalves dias,
n° 34, sala 8, bairro Santo Agostinho, Belo Horizonte, 30740-190, com fulcro no art.
840 da CLT, c/c art. 300, do CPC, propor a presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Pelo Rito SUMARÍSSIMO, com fulcro no art. 840, §1° da CLT, em face de Clínica de
Fisioterapia Montes Gerais e Hospital Life Corpo Saudável, 0009-023.02, com sede na
Rua Vila Mascarina, n° 84, Bairro Vila da Serra, Belo Horizonte, 30640-140, pelos
fatos e fundamentos que se passam a seguir:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
No que tange aos preceitos definidos no art. 790, § 3°, da CLT c/c CPC, art. 98, caput,
vem o reclamante requerer os benefícios da justiça gratuita, vez que não possui
condições de arcar com as despesas do processo sem o prejuízo do próprio sustento
e de sua família, ante a sua insuficiente recursal.
Ressalta-se que, o requerente percebe salário inferior a R$ 1.320,00 (um mil e
trezentos e vinte reais), conforme comprovação mediante doc. anexo aos autos,
impossibilitando-o a arcar com as despesas processuais, sem o prejuízo da própria
subsistência e de sua família.
Nada obstante a teor da OJ de n° 331, SDDI – I, do TST, o procurador do reclamante,
sob a égide do art. 99, § 4° c/c 105, in fine, ambos do CPC, destaca que igualmente tal
prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado aos autos.

I- DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DOS PEDIDOS

1.1 – Salienta-se que, a contratação da reclamante fora realizada, pela reclamada, na


data de 02 de janeiro do ano de 2021, tendo o referido contrato sido findado por
parte da empregadora, SEM A INCIDÊNCIA DE JUSTA CAUSA ou MOTIVO
JUSTIFICADO, no dia 10 de junho de 2023. Períodos que somados, perfizeram o
período laboral de vinte e nove meses ou dois anos e cinco meses, trabalhados,
ao final da jornada.
1.2 – Ressalta-se que, no ato de contratação, fora ajustado a concessão de R$
2,500.00 (dois mil e quinhentos reais), líquidos, a título de pagamento de salário
pela reclamada, ante a prestação de serviços profissionais fisioterapêuticos,
desempenhados pela profissional. No ato de formalização laboral, fora ainda
ajustado tempo de jornada de trabalho diária e semanal, acima do permitido pela
legislação vigente, a qual retrata a esta categoria profissional, o período máximo
de jornada, como 30 horas semanais. Evidencia-se que, o período laboral
realizado pela profissional, iniciado diariamente às 7:00 horas e finalizado às 19:00
horas, perfizeram um total de 12 horas diárias, e de 72 horas semanais,
extrapolando em 42 horas, o máximo permitido à classe profissional, de 30 horas
semanais, sem se quer, haver pagamento a título de horas extras.

1.3 - Notabiliza-se ainda, o fato de empregadora não ter assinado a CTPS da


reclamante, fato notoriamente ilegal e repudiante, ante os outros abusos acima
evidenciados, os quais são amplamente repudiados pelos preceitos do art. 483 da
CLT, alínea D, o qual, enseja a consumação de FALTA GRAVÍSSIMA, por impedir
o exercício de um direito inerente à relação trabalhista, por parte do trabalhador,
parte menos favorecida neste referido vínculo. Ainda prevê a Consolidação das
Leis do Trabalho, nas entrelinhas do artigo citado, a consecução de baixa no
referido documento pelo empregador, após efetivar a sua assinatura em tal, em até
10 dias úteis, sob de multa sob o valor das verbas rescisórias sem impedimento do
reconhecimento do instituto da “RESCISÃO INDIRETA”.

1.4 - Aduz ainda que, a situação da reclamante é ainda mais agravada pelas
circunstâncias expressamente ilegais à que fora submetida durante o período de
manutenção do vínculo empregatício, não recebendo o pagamento de verbas
devidas a ela, como o de 13° salário e o de férias, das quais, a princípio nunca
usufruiu.

1.5 – Sobreleva-se à atribuição do instituto da Rescisão indireta à relação


trabalhista, que aqui é discutida, ao fato omissivo consumado pela
empregadora, ao não assinar a CTPS da profissional, contexto no qual,
autoriza o empregado a assumir o papel do empregador, o demitindo da
relação, em vez de ser demitido, por uma quebra contratual ser realizada por
ele, omitindo-se dos seus deveres legais. Devendo neste caso, todos os
direitos atinentes ao referido instituto, incluindo os parâmetros de recebimento
das verbas rescisórias, serem concedidos à reclamante.

II – DO DIREITO
1.1 – Segundo os preceitos do art. 483, alínea d, da CLT, expõe-se indubitavelmente a
ocorrência de violação dos parâmetros acordados no ato de contratação profissional
estabelecido, por parte da empregadora, que descumpriu com obrigação prevista no
contrato de trabalho, ensejando dessarte, a rescisão na modalidade indireta do vínculo
empregatício estabelecido entre as partes.

Artigo  483  CLT: O empregado poderá considerar rescindido o contrato e


pleitear a devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;

b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos


com rigor excessivo;

c) correr perigo manifesto de mal considerável;

d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas


de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;

f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo


em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;

g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou


tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.

Tal descumprimento previsto nas entrelinhas da legislação infracitada, evidenciou-se


na inexistência de assinatura na CTPS da obreira, direito garantido por lei, em que
ante a sua inobservância, acarretará a rescisão contratual por parte do empregado
com direito a recebimento de indenização (rescisão indireta).
1.2 – JORNADA DE TRABALHO EXCESSIVA AO MÁXIMO PERMITIDO.
1.1 – Cristalina é a doutrina, no que tange aos preceitos difundidos pelo art. 1°, da Lei
de n° 8.856/94, a qual regulamenta os limites da profissão desempenhada por
fisioterapeutas, estipulando como o limite máximo de jornada diária de trabalho
semanal o período de trinta horas semanais.
Como exposto anteriormente, a reclamante laborava por lapso temporal vultuoso ao
permitido, extrapolando espantosamente em quarenta e duas horas o excelso de trinta
horas semanais, permitido.
A jornada extensiva, a qual a obreira era submetida, a privou de seu relacionamento
social, conjugal e maternal, causando prejuízos nas mais diversas esferas, sem
exclusão dos danos despertados em seu psicológico, vez que, necessitava da
laboração excessiva para que pudesse garantir a sua subsistência e a de sua família.
Tais lesões, por conseguinte, viabilizam a incidência de indenização, excelência, a
qual não será suficiente para mitigar o enorme dano causado, por si só, porém, será
conveniente ante a injustiça à qual a obreira fora exposta por dois longos anos e meio.
1.4 – DO NÃO PAGAMENTO DE SALÁRIO 13°
Revela-se o fato de que, a reclamante privara a obreira de mais um direito, ao não
concedê-la o pagamento de salário 13°, anualmente, o qual julga-se como um direito
social da reclamante, amparado pelo art. 7°, VIII, da CF/88 , garantindo-o a todos os
trabalhadores urbanos e rurais:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da
aposentadoria;
Posto isto, é visível a violação de mais um direito da obreira pela empregadora, a qual
nunca concederá este tipo de remuneração à reclamante, durante o tempo em que
esta laborara na instituição, ou seja, por incríveis dois anos e cinco meses.
Segundo os métodos legais de cálculo do benefício, com base no valor do salário
integral de R$ 2,500.00 reais percebidos pela reclamante mensalmente em dada
época, soma-se o valor total, de R$ 4,759 reais, valor em que já tivera descontado os
impostos de INSS (R$ 209,00 reais) e IRRF (R$218,00 reais), devidos ao cálculo.
13° = R$ 2,500 reais – R$ 209 (INSS) – R$ 218 (IRRF) = R$ 2,073 reais + R$
2,073 reais (visto os 2 anos de trabalho) + R$ 613,00 reais (salário dividido
por 12 x 5 meses trabalhados, além dos dois anos que já foram
calculados). Ou seja, 13° dos 5 meses em que trabalhou além dos 2 anos,
descontados o INSS e o IRRF = R$ 4,759 reais.
1.3 – DA DISPENSA SEM JUSTA CAUSA E DO NÃO PAGAMENTO DE VERBAS
RESCISÓRIAS
Além do benefício anteriormente mencionado, a reclamada não dispusera de motivos
que justificassem a dispensa da reclamada, situação que fora ainda mais agravada,
devido ao não pagamento de nenhuma das verbas rescisórias, que aqui são
pleiteadas em favor da obreira, ante a violação de seus direitos.
Segundo os parâmetros do art. 483, da CLT, havendo justo motivo ante a ocorrência
de alguma das hipóteses dispostas pelo artigo, o empregado terá direito a tomar a
posição do empregador, rescindindo o contrato de trabalho, tendo direito a percepção
de todas as verbas rescisórias como teriam caso tivesse sido demitido sem a
incidência de justa causa. Sendo tais verbas: Saldo de salário, aviso prévio, férias
proporcionais acrescidas de 1/3, se houver, 13° salário, FGTS + 40% de multa.
Segue-se abaixo, vs. Exma, a planilha de cálculo das verbas acima descritas devidas
pela empregadora:
Saldo de salário: R$ 2,500 reais dividido por 30 dias = R$ 83,00 reais. R$ 83,00 reais
x 30 dias trabalhados = R$ 2,500 reais de saldo salário pelos dias trabalhados no mês
em que houve a rescisão.
Aviso prévio: 30 dias de aviso prévio + (3 a cada 1 ano x 2,5 anos e meio= 7,5) = 37,5
dias. R$ 2,500 reais dividido por 30 = R$ 83,33 x 37,5 dias = R$ 3,071 reais de aviso
prévio.
(Ressalta-se que, a reclamante cumprira aviso prévio, pela demissãporém não
recebera os valores devidos que lhe eram devidos, a este título).
Ferias proporcionais: R$ 2,500 reais x 29 meses trabalhados = R$ 72,500 reais
dividido por 29 meses trabalhados = R$ 72,500 reais dividido por 12 = R$ 6.041,66
reais + 1/3 (2,013) = R$ 8.055,56 reais de férias proporcionais acrescidas de 1/3.
FTS, de 8% de R$ 2,500 reais (200) x 29 meses trabalhados = R$ 5,800 reais. R$
5,800 reais x 0,4 de multa = R$ 2,320 reais. R$ 5.800 + R$ 2.320 = R$ 8,120 reais à
título de FTS + 40% de multa devidos.
1.4 – DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Ressalta-se que, a profissional laborou em ambiente propício a riscos a sérios riscos à
sua saúde, em grau máximo, já que estabelecia contato direto com pacientes, e
manuseava instrumentos com alta probabilidade infectocontagiosa, devendo ser pelos
parâmetros legais, beneficiária de adicional de insalubridade, durante o período de
dois anos e cinco meses, pelo qual laborou na clínica da reclamada, a qual era situado
em meio a ambiente hospitalar. É o que dispõe o art. 192 da CLT:

Art. 192  - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de


tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10%
(dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)
O Anexo XIV da NR 15 estabelece para  agentes biológicos  o grau máximo (40%) ou
médio (20%).
O benefício que a reclamante aqui faz jus, por ser profissional da saúde e encaixar-se
nos requisitos legais, dispostos pelo Ministério da Saúde, os quais autorizam sua
concessão, é contabilizado levando-se em conta o atual salário-mínimo vigente (R$
1,320.00 reais) devendo ser acrescido o valor à remuneração percebida pela
profissional em dada época (R$ 2.500,00 reais), ato o qual nunca se consumou por
parte da empregadora. Ou seja, sendo devido pela reclamante na presente demanda:
40% do valor do salário-mínimo, de R$ 1,320.00 reais, a título de adicional de
insalubridade em grau máximo: R$ 528,00 reais. R$ 528,00 reais x 29 meses = R$
15.312 reais devidos a título de adicional de insalubridade levando em conta, os dois
anos e cinco meses (vinte e nove meses) em que a profissional laborou.

III- DOS PEDIDOS

III. I – A concessão da tutela antecipada liminarmente, segundo os termos do art. 300


do CPC, aplicado subsidiariamente por força do art. 769 da CLT, reconhecendo o
instituto da rescisão indireta e todos os direitos assegurados a ela, inclusive o
direito ao recebimento de todas as verbas rescisórias a que faz jus. Sendo tais
verbas: Saldo de salário; aviso prévio; férias proporcionais acrescidas de 1/3 e FGTS
+ 40% de multa, segundo os ditames do art. 483 da CLT, alínea d, os quais
corroboram no reconhecimento do instituto pelo descumprimento das obrigações
contratuais por parte do empregador, a qual aqui se revelou, a partir da não
procedência da CTPS da profissional pela reclamante.

III. II – A imediata anotação da CTPS da profissional e a sua respectiva baixa, em


até 10 dias úteis, pela empregadora, sob pena de multa diária sob o valor das verbas
rescisórias, segundo o disposto no art. 477 da CLT.

III. III - O pagamento das verbas rescisórias em sua plenitude (saldo de salário;
aviso prévio; férias proporcionais acrescidas de 1/3 e FGTS + 40% de multa) pela
reclamada, que somados, deduzem ao importe de: R$ 21.756,00 reais (Cálculo
previamente demonstrado pormenorizadamente mediante planilha de cálculo em
anexo).

III. IV - O pagamento dos valores devidos a título de salário 13°, referente aos vinte e
noves meses de laboração desempenhado pela profissional, os quais somados
totalizam o valor de R$ 4,759 reais, valor no qual já estão devidamente
descontados os impostos de contribuição referente ao INSS (R$ 209,00 reais) e
IRSS (R$ 218,00 reais). (Cálculo previamente demonstrado pormenorizadamente
mediante planilha de cálculo em anexo).

III. V - O pagamento do adicional de insalubridade, pela reclamante, do qual faz jus


a obreira, pela laboração em ambiente infectocontagioso por dois anos e meio, fixados
em grau máximo, ou seja, 40% sob o valor do salário-mínimo vigente (R$ 1.320,00
reais) ante o alto risco de contaminação, no importe de R$ 15.312 reais (Cálculo
previamente demonstrado pormenorizadamente mediante planilha de cálculo em
anexo).

Dá à causa o valor de R$ 41.827 reais, para os efeitos legais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 22 de agosto de 2023.

Carolina Oliveira Ribeiro Gonçalves - OAB/ MG n° 888.888.

Você também pode gostar