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EXMO. SR. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE

TUTELA DE URGÊNCIA

RECLAMANTE, por meio de seu advogado e procurador que esta


subscreve, vem à presença de V. Excelência com fulcro no art. 840 da CLT, propor a
presente, RECLAMAÇÃO TRABALHISTA contra RECLAMADA, pelos
fundamentos de fato e de direito que seguem abaixo.

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

Prescreve o art. 790, §3º da CLT que os benefícios da gratuidade


judiciária serão deferidos quando o empregado receber salário até 40% do teto da
previdência social ou comprovar situação incompatível com o pagamento das custas
processuais.

Pois bem. O reclamante encerrou seu vínculo laboral recebendo o


salário de R$ 1.752,80 sendo este valor inferior a 40% do teto da previdência,
preenchendo o requisito para concessão da justiça gratuita, sendo o que se requer.

DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi contratado por prazo determinado (experiência) em


07/12/2018 na função de Eletricista para prestação de serviços na empresa Schott nesta
comarca. Percebia a remuneração de R$ 1.752,80 e se ativava de segunda à quinta das
08hs às 18hs e às sextas até as 17hs com 1 hora para descanso e refeição.

Foi dispensado imotivadamente em 01/03/2019.

Recebeu o valor de R$ 940,80 a título de verbas rescisórias, contudo a


reclamada restou inadimplente com diversas obrigações contratuais das quais o
reclamante vem à esta justiça especializada perquirir o que é seu de direito.

TUTELA DE URGÊNCIA
Na ocasião da contratação do obreiro a reclamada reteve sua CTPS
para anotação conforme recibo de entrega do documento pelo trabalhador em anexo.

Ocorre que até a presente data, mesmo após o término do vínculo


laboral, a reclamada retém o documento causando diversos prejuízos ao autor, sendo um
deles, a privação de recolocação no mercado de trabalho.

A prova da retenção encontra-se em anexo, cumprindo o requisito do


art. 300 do NCPC que preconiza a existência de elementos que evidenciam a
probabilidade do direito.

Outrossim o perigo de dano emerge do fato da reclamada obstar o


reclamante de se recolocar no mercado de trabalho o que, por certo, prejudicará o seu
sustento nesse período de desemprego.

Quanto ao FGTS, até o presente momento a reclamada não forneceu


as guias para levantamento, muito embora a dispensa tenha ocorrido por iniciativa do
empregador.

Portanto, requer a concessão da tutela de urgência para compelir a


reclamada na devolução da CTPS do obreiro aplicando multa diária em caso de
descumprimento.

Requer ainda a tutela de urgência para expedição do alvará para saque


do FGTS.

DAS VERBAS RESCISÓRIAS

A reclamada rescindiu o contrato de experiência em 01/03/2019 sendo


que o prazo expirava em 07/03/2019, logo, devida a indenização do art. 479 da CLT, ou
seja, pela metade os 6 dias restantes para o término da experiência.

Ademais, são devidos o 13º salário, férias + 1/3 além das guias para
saque do FGTS que não foram entregues até o momento.

Logo, requer a condenação da reclamada no pagamento das verbas


rescisórias, a saber, 3 dias de saldo salarial, 13º salário e férias proporcionais.

A fim de evitar o enriquecimento sem causa do obreiro, requer sejam


compensados eventuais valores pagos ao mesmo título.
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A reclamada reteve a CTPS do obreiro para anotação e até a presente


data não devolveu, mesmo após o término do contrato. É o que se vê do recibo de
entrega em anexo.

Destarte, a atitude da reclamada é ilícita e causa dano de natureza


extrapatrimonial ao reclamante, pois a retenção indevida da CTPS, além de ser infração
administrativa prevista no art. 53 da CLT, impõe dificuldades de recolocação no
mercado de trabalho, sendo passível de compensação financeira diante da ofensa à
direitos da personalidade do indivíduo.

Nestes termos, o art. 223-C da CLT, incluído com a lei 13.467/17,


dispõe que a honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a
sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são bens juridicamente tutelados
inerentes à pessoa física.

Uma vez que o ato ilícito lesa alguns dos direitos citados acima, deve
o responsável pelo dano repará-lo na proporção da ação ou omissão, conforme dispõe o
art. 223-D da CLT.

É cediço que a retenção indevida da CTPS é passível de indenização


conforme jurisprudência colacionada abaixo:

“RETENÇÃO DA CTPS. DANOS MORAIS. A retenção injustificada


da CTPS do obreiro pela reclamada cria dificuldades e transtornos para sua
recolocação no mercado de trabalho, causando-lhe danos morais, passíveis de
compensação financeira. (TRT 1 – RO: 0011043573201555010060).

Sendo assim, requer a condenação da reclamada no pagamento de


indenização por danos morais no importe de até 3 vezes o salário do obreiro nos termos
do §1º item I do art. 223-G da CLT.

DO DSR

O reclamante laborava em regime de horas extras conforme se vê dos


contracheques em anexo.
Contudo, a reclamada não realizava o pagamento do DSR nos termos
do art. 67 da CLT e súmula 172 do C. TST em que as horas extras habitualmente
prestadas refletem no DSR.

Assim, requer a condenação da reclamada no pagamento do DSR


sobre as horas extras apuradas, bem como os reflexos em férias + 1/3, 13º salário e
FGTS.

DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

O art. 477 da CLT foi alterado com a lei 13.467/17 denominada


reforma trabalhista para alterar o caput dispondo agora que na extinção do contrato de
trabalho, o empregador deverá proceder à anotação da CTPS, comunicar a dispensa aos
órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas de estilo.

O §6º do referido artigo também prevê o prazo de 10 dias para entrega


dos documentos comprobatórios da comunicação da extinção contratual sendo passível
a aplicação de multa do §8º em caso de descumprimento.

No caso em tela a reclamada até o presente momento não forneceu os


referidos documentos, logo, requer a condenação da reclamada no pagamento da multa
correspondente a 1 salário do obreiro.

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto nos autos, vem o reclamante requerer:

1 – A citação da reclamada para que, querendo, apresente defesa sob


pena incorrer em revelia e seus efeitos jurídicos;

2 – A concessão das benesses da Gratuidade Judiciária;

3 - A concessão da tutela de urgência para compelir a reclamada na


devolução da CTPS do obreiro aplicando multa diária em caso de descumprimento bem
como o alvará para saque do FGTS.

4 - A condenação da reclamada no pagamento das verbas rescisórias, a


saber, 3 dias de saldo salarial, 13º salário e férias proporcionais........R$ 1.104,45 (um
mil cento e quatro reais e quarenta e cinco centavos);
5 - A condenação da reclamada no pagamento de indenização por
danos morais no importe de até 3 vezes o salário do obreiro ................R$ 5.258,40
(cinco mil duzentos e cinquenta e oito reais e quarenta centavos);

6 - A condenação da reclamada no pagamento do DSR sobre as horas


extras apuradas, bem como os reflexos em férias + 1/3, 13º salário e FGTS...R$ 126,45
(cento e vinte e seis reais e quarenta e cinco centavos);

7- Multa do art. 477, CLT...........................................................R$


1.752,80 (um mil setecentos e cinquenta e dois reais e oitenta centavos);

Requer, sob pena de confissão, seja a reclamada intimada a trazer nos


autos todos os documentos inerentes ao contrato de trabalho.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, especialmente a prova pericial, sem prejuízo de outras que se fizerem
necessárias durante a instrução processual.

Dá-se a causa o valor de R$ 8.242,10 (oito mil duzentos e quarenta


e dois reais e dez centavos);

Termos em que

Pede deferimento

Local e Data

Advogado e OAB

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