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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ° VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE

XXXXXXXX ESTADO DO XXXXXX.

Processo nº XXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXX, já qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista que lhe é movida por
XXXXXXXXXXXX, vem mui respeitosamente apresentar

CONTESTAÇÃO

à pretensão autoral pelos fatos e fundamentos que passa a expor.

DOS FATOS ALEGADOS EM EXORDIAL

O Reclamante foi contratado em 01 de agosto de 2009, pela Reclamada como mecânico


recebendo como ultimo salário o valor de R$ 800,00 semanais, deste valor R$ 100,00 é para
alimentação semanal, restando o saldo R$ 2800,00 (dois mil e oitocentos reais) mensais, foi
afastado por auxilio doença em 12/08/2012, teve o beneficio cessado pelo INSS em
18/02/2013, retornou ao trabalho em 19/02/2013..

Requer a condenação da Reclamada a rescisão indireta, pagamento de multas, dano moral,


insalubridade, pagamento de férias em dobro e 13° salario.

Este é o resumo.

DA REALIDADE DOS FATOS

DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Conforme consta dos autos, o Reclamante foi admitido para laborar junto à Ré em
01/08/2009, exercendo a função de mecânico ainda laborando na empresa reclamada.

A Constituição Federal, em seu art. 7º, XXIX, prevê a prescrição nas relações trabalhistas, tanto
no que se relaciona ao prazo para a ação, bem como para a cobrança dos créditos trabalhistas,
nestes termos:

São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
[...]

ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho.

Deste modo, não há de se incorporar no pleito a análise das verbas trabalhistas que excedam o
período de 05 (cinco) anos contados da data do ajuizamento da ação, em conformidade com a
Súmula 308, do Tribunal Superior do Trabalho.

Requer, assim, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos anteriores a


07/11/2018 extinguindo o processo com resolução do mérito no concernente a esses pedidos.

DA INSALUBRIDADE

O Reclamante alega que no desempenho de suas funções, estava exposto a diversos agentes
insalubres e que a forma como realizava suas atividades não permitia a utilização dos EPIs de
forma habitual, muito embora o Reclamado tenha devidamente fornecido os referidos
equipamentos.

Alegava que o não uso desses equipamentos se dava em razão de exercer atividade em local
fechado e que era submetido a elevadas temperaturas. Além disso, ele supostamente estaria
exposto à poeira derivada da utilização de malha pelo setor e que ela impregnava todo o
ambiente. O Reclamante alegou ainda que possuía contato com diversos agentes químicos
prejudiciais à saúde no processo de tingimento de malha.

Embora todo o alegado, vê-se que não lhe assiste razão, por diversos motivos, expostos a
seguir:

Primeiramente, houve o fornecimento dos EPIs por parte do Reclamado, sendo que o uso só
não se deu por arbítrio do trabalhador, argumentando que os equipamentos não lhe
permitiam realizar o trabalho de forma precisa.

Ora, tendo fornecido os equipamentos, o Reclamado se desincumbiu do seu ônus legal, já que,
conforme o art. 191, “A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:

I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de
tolerância;

II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a


intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. (grifou-se)

Além disso, não há que se falar em atividade insalubre sem ao menos a realização da perícia
para esse fim, conforme dispõe o art. 195, da CLT, neste sentido:

a caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do


Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou
Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
Importante mencionar que a intenção do Reclamado, quando fornecia os EPIs aos seus
funcionários, fora pautada na boa-fé das relações e no sentimento de fraternidade para com o
outro, pois preferia atuar com prevenção do que alhear-se à sua responsabilidade como
dirigente da empresa.

Em consequência, verifica-se incabível a concessão do referido adicional, porquanto a ausência


de perícia obsta o enquadramento a alguma das hipóteses delineadas pela NR 15, do
Ministério do Trabalho.

Ademais, as atividades que o Reclamante alegava exercer, ainda que fossem compreendidas
como insalubres, nunca o seriam em grau máximo, justamente por não se enquadrarem nas
atividades mencionadas nos Anexos nº 6, 13 e 14, da já citada NR 15.

Assim, requer a improcedência do pedido relacionado à atividade insalubre, pois não há


comprovação da insalubridade mediante perícia, e ainda que o fosse, o Reclamado cumpriu
com a legislação vigente, fornecendo devidamente os Equipamentos de Proteção Individual e
adotando medidas aptas à exclusão de sua prejudicialidade.

DA RESCISÃO INDIRETA.

A alegação trazida pelo reclamante diz respeito ao não recolhimento do FGTS. Constata-se
pelo extrato que é incontroverso a ausência de depósitos da verba fundiária, contudo não é
motivo suficiente para

A irregularidade nos depósitos do FGTS não é falta suficiente para caracterizar a justa causa
por culpa do empregador, visto que os depósitos poderão ser regularizados a qualquer tempo,
inclusive por vias judiciais, ou por via administrativa, no momento oportuno para
movimentação da conta vinculada, acrescido de suas correções.

O descumprimento das obrigações trabalhistas deve se revestir de gravidade que torne


impossível/inviabilize a continuidade do pacto laboral. Ocorre que os descumprimentos
contratuais alegados pela demandante não são graves ao ponto de tornar insustentável a
manutenção do vínculo empregatício.

A falta de depósitos do FGTS isoladamente, por exemplo, não configuraria falta


suficientemente grave a ensejar a rescisão indireta do contrato, acolhendo-se modalidade de
extinção postulada, até porque inexiste óbice à obtenção da parcela pleiteada pela autora
mediante o ajuizamento de reclamatória trabalhista, como de fato assim procedeu.

Reitera-se que a rescisão indireta só se verifica quando a conduta do empregador torna


insuportável ao obreiro a permanência no emprego, o que não ocorre no caso em análise.
Tem-se que a reclamante não se desincumbiu do ônus de comprovar falta praticada pelo
empregador com gravidade suficiente a justificar o acolhimento do pedido de rescisão indireta.

Ademais, o reclamante não demonstrou que pretendeu a utilização da verba dentro das
hipóteses cabíveis em lei (doença grave ou aquisição do imóvel), a fim de comprovar efetivo
prejuízo, deixando a reclamada em plenas condições de cumprir a obrigação a qualquer
momento, inclusive optando pela integralidade numa hipótese de rescisão imotivada.

O pleito de rescisão indireta deve basear-se em falta grave praticada pelo empregador. O não
recolhimento do FGTS, embora reprovável, não detém gravidade suficiente a fim de abalar a
continuidade da relação de emprego, principalmente na atual conjuntura econômica. Neste
sentido a jurisprudência:

AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS. RESCISÃO INDIRETA. A ausência de recolhimento dos


depósitos do FGTS na conta vinculada do empregado, por si só, não configura falta grave do
empregador apta a ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho."(Inteligência da Súmula
nº 126 do TRT de Santa Catarina) (TRT12 - RO - 0000235-80.2017.5.12.0011, Rel. WANDERLEY
GODOY JUNIOR, 1ª Câmara, Data de Assinatura: 11/04/2018)

Os depósitos mensais do FGTS não são verbas rescisórias, das quais trata a norma celetista
citada, e seu inadimplemento não é motivo para a punição pretendida.

O pedido de rescisão indireta não pode ser utilizado como artifício para levantar o FGTS,
receber o seguro-desemprego e verbas devidas na dispensa sem justa causa. O reclamante vê
na rescisão indireta a possibilidade de obter vantagens financeiras. Nesse contexto, qualquer
descumprimento contratual passa a ser apresentado como justificativa para tanto,
assoberbando ainda mais o Judiciário com demandas sem procedência. Essa banalização acaba
prejudicando o trabalhador que realmente precisa se valer do instituto.

DAS FÉRIAS VENCIDAS e 13°

O Reclamante sempre usufruiu das férias assim como recebeu o devido pagamento
das mesmas, do mesmo modo sempre recebeu o pagamento do 13° salario.

Entretanto, o Reclamado em razão da amizade entre as partes não pegou recibo de


pagamento, fato esse que será devidamente comprovado em audiência de instrução.

Desse modo, devendo ser julgado improcedente o pedido.

DO DANO MORAL

O Reclamante postula pelo pagamento de indenização por danos morais de forma genérica
não descrevendo qual seria o motivo da indenização por dano moral.

Excelência, não sendo caracterizado nenhum ato que justifique o pagamento de dano moral, a
alegação de que houve dano moral, são genéricas, o Reclamante não se incumbiu de prová-las.

Nesse sentido, ainda que eventualmente reconhecida alguma ofensa por Vossa Excelência,
condenar a Reclamada ao pagamento de indenização à Reclamante, o faria se beneficiar de
sua própria torpeza, o que é vedado pelo ordenamento jurídico pátrio.

Por conseguinte, importante destacar que é ônus da Reclamante de demonstrar ter sofrido o
constrangimento alegado, nos termos do art. 333, I, do CPC e art. 818, da CLT.
Ademais, no que tange à condenação de indenização por danos morais, necessário o
preenchimento de todos os requisitos da responsabilidade civil, quais sejam: ato ilícito; dano;
nexo causal e culpa.

Sendo assim, analisando o presente fato, não foi demonstrado nenhum ato ilícito por parte da
Reclamada que atingiu a honra da Reclamante para poder caracterizar o dano moral alegado.

Conforme disposto no art. 5, X, da CF/88, para caracterizar a indenização por dano moral,
necessário que o ato ilícito viole a intimidade, vida privada, honra, imagem da Reclamante, o
que não restou demonstrado.

Desta forma, não houve ato ilícito por parte da Reclamada, nem mesmo houve algum dano
alegado pela Reclamante.

Portanto, não foram preenchidos os requisitos da responsabilidade civil, previstos no art. 186 e
927, ambos do Código Civil, razão pela qual requer a improcedência do pedido.

DAS VERBAS RESCISÓRIAS E SEGURO DESEMPREGO

A pretensão do Reclamante não merece prosperar, A versão relatada na inicial está distorcia
da realidade dos fatos e cheia de incongruências.

Ademais, postulou as verbas da rescisão com base apenas na alegação de que houve rescisão
indireta do pacto laboral. Entretanto, não faz jus ao pagamento das verbas rescisórias se
houvesse um pedido de demissão ou demissão por justa causa.

Imaginemos que um empregado possa reivindicar o pagamento das verbas resilitórias com
base em rescisão indireta sem qualquer demonstração de elementos justificantes.

O reclamante sequer aponta seu ultimo dia trabalhado na exordial, até porque deixou de
comparecer na reclamada desde janeiro de 2020. O reclamante já possui faltas por mais de 30
dias corridos sem qualquer justificativa, incorrendo nos efeitos do abandono de emprego. E
até a data do trânsito em julgado do presente procedimento judicial transcorrerá prazo maior.

É sabido que o reclamante não está obrigado a comparecer ao local de trabalho após ajuizar
pedido de rescisão de indireta. Mas caso não haja o reconhecimento da rescisão indireta por
este juízo, deve reconhecer que o lapso temporal é suficiente para dispensa motivada por
abandono de emprego.

Desta forma, ficam impugnadas as verbas rescisórias e pagamento de seguro desemprego


alegadas como devidas.

DAS MULTAS CONVECIONAS E 467 DA CLT

Não restou configurada a rescisão indireta por parte do Reclamante, desse modo não
sendo devido o pagamento de multas convencionais ou do ART 467 DA CLT.

DAS CONTRIBUIÇÕES FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS


Por cautela, requer a reclamada, no caso de qualquer deferimento – o que não se acredita -,
que as contribuições previdenciárias sejam satisfeitas pela reclamante e reclamada, arcando
cada um pela sua quota-parte, nos termos do que dispõem os artigos 43 e 44 da Lei 8.212/91 e
de acordo com o Provimento nº 01/96 da CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Relativamente ao Imposto de Renda, tal valor deverá ser retido em eventual execução e de
acordo com as disposições contidas também no Provimento nº 01/96 da Corregedoria Geral da
Justiça do Trabalho.

DA COMPENSAÇÃO

Em havendo uma eventual condenação, Requer desde já, seja deferido a Reclamada o direito
de compensar os valores já pagos à Reclamante, no tocante a valores implementados sob o
mesmo título daqueles vindicados nesta reclamatória.

Assim, se a presente ação chegar à fase de liquidação de sentença, então se deverá compensar
o que já pago a reclamante, na contratualidade, com o que, eventualmente possa lhe ser
deferido em virtude deste processo.

DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Ainda, “ad cautelam”, na absurda hipótese de deferimento de alguma das pretensões da


autora, o que se admite apenas a título de argumentação, a correção monetária deverá ser
contada pelos índices vigentes para o mês posterior ao vencido, uma vez que, nos termos do
parágrafo único do art. 459 da CLT, o pagamento dos salários deverá ser efetuado até o 5º dia
útil do mês subsequente ao vencido e ‘ipso facto’, eventuais débitos sofrerão correção
monetária a partir do mês subsequente e não a partir do mês vencido. Tudo na exata
orientação do precedente nº 124 da SDI/TST.O que desde já se requer!

DAS IMPUGNAÇÕES AOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELA RECLAMANTE E DOS PEDIDOS

Pelo exposto impugnam-se as pretensões em debate, bem como a reclamada pede vênia para
impugnar, de forma total e completa, todas as inverídicas alegações da Reclamante constantes
da peça inaugural.

De forma especial, impugnam-se os valores lançados na Inicial, posto que aleatórios e longe de
refletir a realidade. Reitera-se a impugnação do valor da causa e, também, dos documentos
que acompanham a peça vestibular, por inservíveis aos fins pretendidos.

No que restou, contesta-se por negação geral e total.

Pela Total Improcedência da Ação como medida de mais lídima e salutar Justiça!

DO REQUERIMENTO

Em razão do exposto, Requer a Vossa Excelência:

a. A Total Improcedência do pedido da Reclamante no que tange a rescisão indireta e


pagamento das parcelas correspondentes;
b. A Total Improcedência do pedido da Reclamante no que se refere ao pagamento de verbas
rescisórias:

c. A Total Improcedência do pedido da Reclamante com relação ao pagamento de


insalubridade, férias em dobro, 13° dano moral.;

d. Em havendo uma eventual condenação, Requer seja deferido a Reclamada o direito de


compensar os valores já pagos no que cerne a valores implementados sob mesmo título
daqueles vindicado nesta reclamatória, conforme recibos em anexo;

e, Os juros de mora, na remota hipótese de condenação, deverão ser calculados de forma


simples, não capitalizados, à razão de 1% ao mês (Art. 39 da Lei 8.177/91), a partir do
ajuizamento da causa – a exemplo da correção monetária – que adotará como época própria a
regra do Parágrafo Único do artigo 459 da CLT, referendada pela Súmula 381 do TST.

f. A Total Improcedência do pedido do Reclamante quanto ao pagamento dos honorários de


assistência judiciária do total bruto da condenação;

g. A Total Improcedência da Ação e, consequentemente, a Condenação do Reclamante ao ônus


da Sucumbência.

h. A Condenação do Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios no valor de 20%


sobre o valor da causa;

i. A produção de todos os meios de provas em direito admitidas, documental, pericial e


testemunhal, bem como o depoimento pessoal da Reclamante, sob pena de confissão ficta;

j. o reconhecimento da prescrição QUINQUENAL

DIANTE DO EXPOSTO, contestados todos os fatos, valores e pretendidas repercussões contidas


na inicial, bem como todo e qualquer direito postulado, REQUER a reclamada no mérito seja a
ação julgada totalmente improcedente, responsabilizando o autor pelas custas processuais e
demais ônus de sucumbência.

Nestes termos,

pede e espera deferimento.

XXXXXXXXXX 07 de Novembro de 2022

XXXXXXXXXXXXXXX

OAB/PR XXXX

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