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EXMO (A) JUIZ (A) DA 80º VARA DO TRABALHO DE CUIABÁ.

Autos nº 1000/2018
JOANA DA SILVA X TECELAGEM FIO DE OURO S.A

TECELAGEM FIO DE OURO S.A, já qualificada nos autos da Reclamatória


Trabalhista movida por JOANA DA SILVA, vem respeitosamente perante V.
Exa., por seus procuradores que a esta subscrevem, nos termos do artigo 847,
da CLT apresentar sua CONTESTAÇÃO fazendo-a nos seguintes termos:

I. DOS FATOS

A Reclamante alega que fora contrata em 10.05.2018, tendo seu contrato


encerrado em 29.09.2018.

Alega que, devido a falta de observância da empresa referente as normas de


ergonomia, adquiriu doença profissional, requerendo assim o pagamento de
indenização por dano moral.

Aduz que, nos últimos dois anos, a sociedade empresária fornecia, a todos
os empregados, uma cesta básica mensal, suprimida a partir de 1º de
agosto de 2018, violando direito adquirido, pelo que requer o seu
pagamento nos meses de agosto e setembro de 2018.

Afirma que seu pedido de demissão é nulo, vez que foi coagida moralmente a
pedir demissão, pois, senão o fizesse, a Reclamada alegaria dispensa por
justa causa, mesmo sem ter cometido nenhuma infração para tal. Assim,
requer a anulação do pedido de demissão e o pagamento dos direitos como
sendo uma dispensa sem justa causa.
Alegou ainda que, no momento de sua contratação fora informada que
realizaria as funções de cozinheira, mas que, desde o início do contrato, se viu
na obrigação de após preparar os alimentos leva-los para os cinco empregados
do setor, exercendo também a função de garçom, pelo que requer o
pagamento de um plus salarial de 30% sobre o valor do seu salário.

II – MÉRITO

II.1. DO CONTRATO DE TRABALHO

A Reclamada concorda com a data de admissão e demissão; conforme o que


fora relatado pela Reclamante em sua inicial.

II.2. DO DANO MORAL


Alegou a Reclamante que, devido a inobservância oiro arte da Reclamada das
normas ergonômicas, veio a sofrer por doença ocupacional.

Ocorre que tal alegação não merece prosperar, vez que conforme laudo
juntado pela Reclamante nas fls. xx, a doença alegada pela Reclamante é
considerada como doença degenerativa, e não doença ocupacional conforme
fora alegado em sua inicial.

Conforme disposto no Art. 20, §1, da Lei 8.213/91, doenças tidas como
degenerativas não podem ser consideradas também como doença
ocupacional, vejamos:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do


artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a doença degenerativa;
[...]

Não sendo assim, possível a Reclamante ser enquadrada como apta para
perceber indenização moral, vez que a empresa nada tem com a causa de sua
doença, vez que é observado todos os procedimentos e normas de ergonomia
para o trabalho.
Face ao exposto, requer a improcedência do pedido.

II.3. DO PAGAMENTO DE CESTAS BÁSICAS


A Reclamante alega que “nos últimos dois anos, a sociedade empresária
fornecia, a todos os empregados, uma cesta básica mensal, suprimida a
partir de 1º de agosto de 2018”.

Ocorre que, conforme a própria Reclamante informou, o pagamento de cestas


básicas foi suprimido em 01de agosto de 2018 com o encerramento da CCT
vigente e falta de nova CCT, alega que, quando a empresa não firma nova
CCT, a antiga prorrogasse indefinidamente.

Ocorre que razão não assiste vez que conforme o Art. 614, §3, CLT, não é
permitido duração de CCT por prazo superior de dois anos, não permitindo a
ultratividade, veja:
Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas
acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de
8 (oito) dias da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito
de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no
Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de
instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos
regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos
demais casos.
§ 3o Não será permitido estipular duração de convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos,
sendo vedada a ultratividade.

Face ao exposto, requer a improcedência do pedido, vez que não existe


razão legal para tal.

II.4. DA CONVERSÃO DO PEDIDO DE DEMISSÃO


A Reclamante alega que seu pedido de demissão é nulo, vez que o fez sob
coação da Reclamada, requerendo assim a conversão do pedido de demissão
em demissão por iniciativa da empregadora sem justa causa.
Verifica-se, porém que a tal alegação não condiz com a verdade, vez que o
pedido de demissão foi feito de próprio punho e ademais, a Reclamante não
trouxe uma prova se quer de que tenha havido qualquer tipo de coação, sendo
ônus seu comprovar tal alegação.

Art. 818. O ônus da prova incumbe:


I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

Face ao exposto, requer a improcedência do pedido.

II.5. DO ACÚMULO DE FUNÇÃO


Alegou a Reclamante que, além de suas funções de cozinheira, exercia
também a função de garçom, quando ao finalizar a preparação dos alimentos,
era incumbida de leva-los aos outros cinco funcionários do setor.

Ocorre que tais alegações não condizem com a verdade, vez que tais funções
exercidas pela Reclamante são inerentes ao seu cargo de cozinheira.

Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita


pelas anotações constantes da carteira profissional ou por
instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em
direito.
Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula
expressa e tal respeito, entender-se-á que o empregado se
obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua
condição pessoal.
Face ao exposto, requer a improcedência do pedido.

III. DA LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ
O Poder Judiciário deve ficar sempre atento e não ficar na passividade, como
um mero espectador, diante das tentativas de usar o processo judicial como
objeto de manobra e enriquecimento ilícito de pessoas de pouco ("in casu"
nenhum) escrúpulos. Trata-se de poder-dever que tem o Judiciário, para
manter os princípios e postulados da Justiça, de só dar aquilo a quem tem
direito.
A Reclamante não tem direito a absolutamente nada, na medida em que
distorce dolosamente a realidade de modo a lhe favorecer, sendo insiste em
caminhar de mãos dadas com a mentira e a falsidade.

Caracterizada a má-fé nos termos dos incisos I e II do Art. 793-B da CLT,


não pode esta Justiça silenciar, devendo a Reclamante responder por
perdas e danos nos termos do Art. 793-A da CLT

Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou
fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;

Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de


má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente.

IV. DOS PEDIDOS


Diante ao exposto, requer seja julgado improcedente todos os pedidos da
reclamação trabalhista.

Por fim, requer a condenação da Reclamante por litigância de má-fé, nos


termos do art. 793-C da CLT.

Termos em que, pede deferimento.

Data... Local...
Advogado....
OAB....

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