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AO DOUTO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE ITUVERAVA/SP

TANIEL MACIEL DOS REIS, já qualificado nos autos


em epígrafe, em que contende com SANTA JULIANA BIOENERGIA LTDA, ambas
também qualificadas, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de
seu advogado infra assinado, com fulcro no artigo 895, I da CLT, interpor
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO para o Egrégio Tribunal Regional
do Trabalho da 15ª Região.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de


admissibilidade do recurso, dentro os quais se destacam:

O Depósito Recursal: o reclamante deixa de juntar a guia,


em razão da isenção prevista no art. 899, §10º da CLT, uma vez que beneficiário da justiça
gratuita;

As Custas Processuais: também, deixa de juntar a guia, em


razão da isenção prevista no art. 790-A, caput da CLT, uma vez que beneficiário da justiça
gratuita;

Tempestividade: o reclamante foi noticiado,


eletronicamente, do recebimento pelo Juízo do Recurso Ordinário interposto pela
Reclamada em 30 de março de 2023 (quinta-feira), iniciando-se, a partir do primeiro dia
útil seguinte, qual seja 31 de março de 2023 (sexta–feira) a contagem do prazo para
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apresentação das presentes Contrarrazões de Recurso Ordinário (considerando os feriados
e prorrogações de 6 e 7 de abril de 2023), com termo final em 13 de abril de 2023 (quinta-
feira).

Diante o exposto, requer o recebimento do presente


Recurso, conforme estabelece o artigo 900 da CLT, e a posterior remessa ao Egrégio
Tribunal do Trabalho da 15ª Região.

Nestes termos
Pede deferimento.

São Joaquim da Barra/SP, 12 de abril de 2023.

MARÍLIA RECHI DE SOUZA


OAB/SP 442.082

mariliarechi@hotmail.com
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CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

Processo de Origem nº 0011131-70.2020.5.15.0052


Vara de Origem: Vara do Trabalho de Ituverava
Recorrente: SANTA JULIANA BIOENERGIA LTDA
Recorrido: TANIEL MACIEL DOS REIS

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA,

NOBRES JULGADORES,

A r. Sentença recorrida não merece qualquer reforma


porque, data vênia, é justa e foi prolatada em sintonia com as normas vigentes que regem
a matéria e a pacífica jurisprudência dos tribunais.

Para tanto, respeitosamente, o Recorrido vem expor suas


contrarrazões, articuladamente, como a seguir:

DO MÉRITO

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

A reclamada pugna pela reforma da sentença a fim de julgar


improcedente o pedido de adicional de insalubridade ao reclamante.

Com isso, a reclamada fundamenta o seu pedido sob a


fundamentação de havia fornecimento e fiscalização dos equipamentos de proteção
individual, além de alegar que o jurisperito, em sua perícia, não realizou a crono-análise
da jornada de trabalho do reclamante, ora recorrido, sendo inexplicável a definição da
insalubridade sem considerar o tempo real da exposição aos agentes insalubres, durante
sua jornada de trabalho, bem como quanto a exposição no período de safra e entressafras.
Posto isto, quanto a alegação de que o jurisperito não
considerou o tempo real de exposição do reclamante aos agentes insalubres, esta matéria

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encontra-se preclusa, tendo em vista que a reclamada não se manifestou no momento
oportuno, quando da apresentação do laudo pericial, e prazo para manifestação.
Cumpre salientar que a manifestação ao laudo pericial
apresentado pela reclamada em ID 0fdb36a consistiu em tão somente a alegações de que
o Reclamante estava protegido durante os períodos de safra e entressafra, devido ao uso
dos EPI’s, não ensejando, então, direito ao adicional de insalubridade, o que também não
merece prosperar.
Vejamos o trecho do laudo pericial:

“O Reclamante, em exercendo as funções de auxiliar de


serviços gerais e operador de caldeira I, TEVE suas
atividades enquadradas segundo a Norma
Regulamentadora (NR) nº 15, Anexos 01 e 07, aprovada
pela Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e
Emprego, como INSALUBRES, já que em seu labor
habitual estava exposto aos efeitos nocivos do agente físico
ruído (GRAU MÉDIO) durante todo o período não
prescrito do contrato de trabalho, exceto os meses que o
respectivo agente insalubre restou neutralizado pela
devida utilização de protetores auditivos (fevereiro,
março, abril, maio, junho, julho, outubro, novembro e
dezembro de 2016; e janeiro, fevereiro, março, abril,
maio, junho, julho, agosto de 2017), e do agente físico
radiação não ionizante (GRAU MÉDIO) durante as
entressafras de 2018 e 2019, visto que durante referidos
períodos não há comprovação de fornecimento de todos
os EPIs e vestimentas de segurança necessárias para a
neutralização do referido agente insalubre.”

Diante disso, não há que se falar que o não considerou o


tempo real de exposição do reclamante aos agentes insalubres uma vez que, como
demonstrado acima, o perito descreveu minuciosamente os períodos mencionados.

Pois bem, muito embora do uso de Equipamento de


Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um nível
tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes
causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções
auditivas.

Ademais, não se pode garantir uma eficácia real na


eliminação dos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização de EPI’s , pois
são inúmeros os fatores que influenciam na sua efetividade, dentro dos quais muitos são
impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto pelos trabalhadores.

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Sendo assim, no caso dos autos, a mera concessão de EPI’s
(protetores auriculares), no caso específico do ruído, não é capaz de eliminar o agente
insalubre, uma vez que, o uso de EPI’s, por si só, não se revela suficiente para elidir a
insalubridade, depreende-se que na hipótese em exame o Reclamante ora recorrido, de
fato, possui o direito ao recebimento do adicional de insalubridade em grau médio, em
razão da exposição ao ruído.

A propósito, a ordem jurídica também considera, no caso


de radiações ionizantes, que o uso de EPI’s, embora obrigatório, não tem o condão de
eliminar integralmente o malefício, razão pela qual a sentença deve ser mantida em sua
integralidade.

DO DANO MORAL

A Reclamada pugna pela reforma da sentença, também


quanto à condenação à indenização por danos morais no importe de R$15.000,00 (quinze
mil reais) sob a alegação de que não praticou qualquer ato ilícito com Reclamante ora
recorrido, já que foram adotadas medidas que sempre visaram o bem estar e a proteção à
saúde do trabalhador.

Além disso, faz alegações infundadas e descabidas de que,


no Laudo de ID687c66b, o próprio reclamante admite que recebia todas as vestimentas e
equipamentos de proteção necessários para a realização de suas atividades.

E por último, ainda menciona que o reclamante, em sua


entrevista de desligamento realizada no dia 03.04.2019 (doc. anexo), registrou que a sua
experiência do contrato de trabalho atendeu as expectativas e afirmou textualmente que a
reclamada é uma empresa boa de trabalhar e se futuramente a questão salarial melhorasse,
ele voltaria a trabalhar na empresa.

Incontestável que os argumentos em questão não passam de


uma tentativa da Reclamada, ora recorrente, de protelar o cumprimento da condenação
imposta, visto que a fundamentação de sua peça apelatória se resume a tão somente
querer impor ao convencimento da Câmara Julgadora de que não fora provada a
ocorrência de lesão ao direito da personalidade e ofensa moral do Reclamante, e que,
muito embora o Reclamante, ora recorrido, tenham se lesionado, a Reclamada não agiu
de forma dolosa e insiste na ausência de demonstração de conduta ilícita da mesma

Pois bem, verifica-se em laudo pericial de ID 8f0351d e


f0bad52 proferido pelo expert que o Reclamante sofreu queimaduras de segundo grau,
e realizou 20 sessões de oxigenoterapia hiperbárica para amenizar as sequelas.

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Os danos morais se presumem a partir da violação dos
direitos de personalidade, aferem-se in re ipsa, ou seja, não é necessária a apresentação
de provas que demonstrem a ofensa moral da pessoa. O próprio fato já configura o dano,
independentemente da comprovação do abalo psicológico sofrido pelo vitimado, em
consequência da conduta antijurídica ensejadora da responsabilização do ofensor em
compensar a lesão moral.
A existência de dano moral in re ipsa , no caso de acidente
de trabalho e doença ocupacional, é amplamente reconhecida na jurisprudência do TST.
Assim, dá-se irrelevante a existência de incapacidade laboral para a configuração do
dano moral, uma vez que não se exige um dano corporal incapacitante, mas apenas a
comprovação dos fatos que o ensejaram, como ocorreu no caso dos autos, em que estão
presentes todos os requisitos necessários ao reconhecimento da procedência do pedido
de indenização por dano moral: sofreu queimaduras de segundo grau, tendo sido
submetido à 20 sessões de oxigenoterapia hiperbárica para amenizar as sequelas; o
fato de que, na superfície da pele as terminações nervosas e receptores cutâneos são
capazes de captar estímulos térmicos, mecânicos e/ou dolorosos; ainda, estas
terminações nervosas e receptores podem ter sido danificados ou até mesmo
destruídos, o que pode vir a interromper ou prejudicar a via sensitiva, entre outros.

Por fim, é cediço que a condenação à indenização por danos


morais é buscar realmente o caráter punitivo-pedagógico da condenação, que se impõe
para que não volte ou prossiga a ré a praticar em face de outros tantos trabalhadores a
mesma ilicitude, e por isto, o Reclamante, ora recorrente suplica para esta Nobre Corte
que a r. Sentença de primeiro grau seja mantida.

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Diante o exposto, requer o RECEBIMENTO das


contrarrazões, e sucessivamente, no mérito, que seja negado provimento ao recurso
interposto pela Reclamada, a fim de que seja mantida a r. Sentença, bem como de que
seja feita JUSTIÇA.

Nestes Termos,
Pede e espera justo deferimento.

São Joaquim da Barra/SP, 12 de abril de 2023.

MARÍLIA RECHI DE SOUZA


OAB/SP 442.082
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