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XXXXXX Ltda., devidamente qualificado nos autos do processo epígrafe, vem, por
seu advogado signatá rio, mandato incluso, perante Vossa Excelência, apresentar
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO interposto pelo Reclamante, o que
faz com fundamento nos termos da peça anexa.
Requer, pois, que Vossa Excelência se digne receber as contrarrazõ es, dando-as o
regular processamento, e encaminhando-as, apó s as formalidades de estilo, ao
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da XXª Regiã o, para conhecimento e
julgamento na forma da Lei.
XXXXXXX XXXXXXXX
OAB/XX nº XX.XXX
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO
Egrégia Turma,
Nobres Julgadores,
Apesar dos esforços do Recorrente, nã o faz jus a ser acolhida a tese esposada no
Recurso interposto, da mesma forma nã o merecendo a sentença ser reformada
como pretendida pelo mesmo.
I - MÉRITO
1. Do acidente/responsabilidade da reclamada
Sustenta o Recorrente que embora o Magistrado tenha entendido pela falta de
conduta ilícita por parte da Recorrida, teria tomado tal decisã o sem qualquer prova
testemunhal ou documental atinente a culpa do Reclamante, ora Recorrente.
Consta ainda em dito relató rio que o funcioná rio recebeu treinamento e todos os
EPI’s para realizar a atividade! E nã o obstante, os documentos de ID’s xxxxxx,
xxxxx, xxxxxxx e xxxxxxxx, quais sejam ficha de entrega de EPI’s, PPP, PPRA e
PCMSO, demonstram que a Recorrida preza pela saú de e segurança de seus
funcioná rios.
Sobre a matéria merece ser lembrada a precisa liçã o proferida por Carlos Roberto
Gonçalves:
Embora a lei civil nã o faça qualquer mençã o a culpa da vítima como causa
excludente da responsabilidade civil, a doutrina e o trabalho pretoriano construiu
a hipó tese, pois como se dizia no direito romano "Quo quis ex culpa damnum sentit,
non intelligitur damnum sentire".
Assim, nã o há dú vidas de que existe o dano alegado e que ele decorreu do acidente
narrado, entretanto, nã o há como vincular o acidente ocorrido a alguma conduta
(açã o ou omissã o) da Recorrida. Isto porque, nos termos dos artigos 393, 934, 942
e 945, todos do CC, é possível extrair que há exclusã o do nexo de causalidade na
responsabilidade civil por culpa exclusiva da vítima.
Conquanto, observa-se nã o haver qualquer indício de que a Recorrida nã o tenha
fornecido equipamento de segurança adequado.
Assim, nã o há como imputar responsabilidade por ato ilícito culposo, quer seja por
açã o ou omissã o. A responsabilidade, no caso, é do pró prio Recorrente, pessoa que
possuía pleno discernimento e que escolheu uma prá tica inadequada em
determinado momento, pois, conforme Bittar:
Deste entendimento, importa afirmar que é impossível vigiar todos os atos do ser
humano, eis que este pode tomar decisõ es imprecisas a qualquer momento,
valendo-se exclusivamente de seu poder racional. Dessa forma, nã o se pode
atribuir culpa a Recorrida, eis que o infortú nio ocorreu ú nica e exclusivamente por
culpa do Recorrente.
Nos termos do art. 945 do Có digo Civil, ainda, a culpa concorrente da vítima -
quando existe participaçã o culposa do empregado para a ocorrência do fato
danoso - importa a reduçã o proporcional da indenizaçã o devida pelo empregador.
3. Do pensionamento vitalício
Requer o Recorrente o pagamento de uma pensã o mensal vitalícia, até completar
75,2 anos de idade, em parcela ú nica.
Entende a Recorrida nã o ser devido o pensionamento vitalício, eis que demanda
pelo reconhecimento da culpa exclusiva da vítima e a consequente excludente
responsabilizaçã o da Reclamada.
Ocorre que caso acolhida a tese de defesa, de culpa concorrente da vítima ou quiçá
seja atribuída a culpa exclusiva do acidente à Empresa, mesmo assim a Recorrida
nã o entende devido o pensionamento.
Explica-se:
Há ainda que se mencionar que o pensionamento sequer deve ser deferido, isto
porque a pensã o mensal vitalícia é assunto tratado exclusivamente na esfera
previdenciá ria, sendo que a concessã o da pleiteada pensã o mensal vitalícia
implicaria no bis in idem, o que é vedado por nossa legislaçã o;
Trata-se de seguro obrigató rio, instituído por lei, mediante uma contribuiçã o
adicional a cargo exclusivo da empresa e destina-se à cobertura de eventos
resultantes de acidente de trabalho. (CASTRO, Calos Alberto Pereira. LAZZARI, Joã o
Batista. Manual de Direito Previdenciá rio. 8. ed. Florianó polis: Conceito Editorial,
2007, p. 229).
Assim, o empregador já paga um seguro (de alto custo, diga-se) para garantir que
em caso de infortú nio, acidente de trabalho ou qualquer incapacidade laboral do
empregado, mesmo que nã o decorrente do labor, o trabalhador possa manter a sua
renda e sustentar a si e a sua família.
Há no Direito uma má xima que, por vezes, é esquecido pelos juízes: "nemo potest
lucupletari, jactura aliena", isto é, ninguém pode enriquecer sem causa.
No caso de acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais, havendo incapacidade,
ou o salá rio do empregado será substituído pelo auxílio-doença-acidentá rio ou
aposentadoria por invalidez (incapacidade total), ou ele receberá do INSS a
prestaçã o chamada de auxílio acidente, de 50% do salá rio de contribuiçã o
(incapacidade parcial).
Note-se que, no primeiro caso, o INSS supre a incapacidade laboral, mesmo parcial,
do empregado, sendo que nesta ú ltima, de trabalhadores autô nomos, nã o atraindo,
portanto, a incidência do artigo 950 do CC.
Excelências, importante observar algumas das fotos acostadas pelo Expert, para
demonstrar a amputaçã o sofrida pelo Recorrente, o qual aduz tratar-se de uma
lesã o grave, que deve ser indenizada esteticamente em 50 salá rios do Recorrente:
[COLACIONAR FOTOS DO LAUDO]
A perda fora tã o mínima, que o Perito designado pelo Juízo inicialmente havia
concluído que o grau de dano estético era moderado, e posteriormente, com a
impugnaçã o dessa Recorrente, o mesmo retificou a avaliaçã o quanto ao dano
estético, considerando-o como LEVE (fl. 206 dos autos).
A lesã o estética, no que diz respeito à parte externa da pessoa, aos seus traços
plá sticos e individualizadores, nada mais é do que a ofensa de um direito moral da
personalidade humana. Ainda que se tenha de falar em honra objetiva da pessoa,
certo é que se trata de dano moral.
Assim, nã o se pode pleitear, valores a título de dano moral e outros a título de dano
estético, cumulativamente, como se se tratassem de franquias jurídicas distintas.
Pelas hodiernas definiçõ es e abrangências do dano moral, metade da classificaçã o
do dano estético perdeu sua razã o de ser, enquanto que, a outra metade
(consistente basicamente no reembolso de despesas médico-hospitalares e custeio
de tratamento ou plá stica corretiva ou reparadora), está ultrapassada em face dos
elementos integrantes do dano material.
Destarte, o dano moral abrange o dano estético e por tal motivo, ambos nã o podem
ser deferidos distintamente, sob pena de configuraçã o de bis in idem.
De outra banda, caso seja deferido o pedido de dano moral, o que nã o crê essa
Recorrente, requer que na fixaçã o da indenizaçã o por danos morais, o
arbitramento seja feito com moderaçã o, proporcionalidade ao grau de culpa, ao
nível socioeconô mico do Recorrente, a intensidade do sofrimento, e, ainda, ao
porte da condiçã o econô mica da Recorrida, orientando-se pelos critérios sugeridos
pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua
experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e à s peculiaridades de cada
caso. No inciso V do artigo 5º, a Constituiçã o Federal determina que o dano moral
seja “proporcional ao agravo”.
II - CONCLUSÃO
Isto posto, REQUER o recorrido, seja TOTALMENTE NEGADO PROVIMENTO ao
Recurso Ordiná rio do Reclamante, pelas razõ es de fato e de direito acima
expendidas, ratificando o presente Reclamado, as manifestaçõ es contidas nas
petiçõ es já apresentadas aos autos.
Pugna, por manifestaçã o expressa sobre as questõ es aqui expendidas, de vez que
improcedem as pretensõ es do Recurso Ordiná rio do Reclamante, por falta de
amparo legal e probató rio, requerendo o prequestionamento, desde já , quanto a
todos os dispositivos legais, normativos e jurisprudenciais elencados.
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OAB/XX nº. XX.XXX