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AO EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA XXª VARA DO

TRABALHO DE XXXXX /XX - TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA XXª


REGIÃO.

NATUREZA : CONTRARRAZÕ ES – juntada.


PROCESSO Nº: XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX
RECLAMANTE: XXXXXX XX XXXXX
RECLAMADO : XXXXXX Ltda.

XXXXXX Ltda., devidamente qualificado nos autos do processo epígrafe, vem, por
seu advogado signatá rio, mandato incluso, perante Vossa Excelência, apresentar
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO interposto pelo Reclamante, o que
faz com fundamento nos termos da peça anexa.

Requer, pois, que Vossa Excelência se digne receber as contrarrazõ es, dando-as o
regular processamento, e encaminhando-as, apó s as formalidades de estilo, ao
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da XXª Regiã o, para conhecimento e
julgamento na forma da Lei.

Termos em que pede e espera deferimento.

XXXXXXXXXX, XX de outubro de 2018.

XXXXXXX XXXXXXXX
OAB/XX nº XX.XXX
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

PROCESSO Nº: XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX


RECLAMANTE: XXXXXX XXXXX XXXXX
RECLAMADO : XXXXXX Ltda.

Egrégia Turma,
Nobres Julgadores,

Apesar dos esforços do Recorrente, nã o faz jus a ser acolhida a tese esposada no
Recurso interposto, da mesma forma nã o merecendo a sentença ser reformada
como pretendida pelo mesmo.

A recorrida reporta-se integralmente aos termos de sua peça de defesa (como se


aqui estivessem transcritos) e à prova dos autos, para reiterar as razõ es ora
deduzidas, assim como impugna todas as alegaçõ es do recurso da parte autora, por
incorretas e desfundadas.

I - MÉRITO
1. Do acidente/responsabilidade da reclamada
Sustenta o Recorrente que embora o Magistrado tenha entendido pela falta de
conduta ilícita por parte da Recorrida, teria tomado tal decisã o sem qualquer prova
testemunhal ou documental atinente a culpa do Reclamante, ora Recorrente.

Aludiu ainda o Recorrente que refutou veementemente os fatos alegados pela


Reclamada, inclusive questionando sobre as medidas preventivas de acidente de
trabalho que nã o restaram comprovadas.

Narrou ainda a parte Recorrente que a atividade desempenhada na Recorrida,


trata-se de atividade de risco e, portanto, pleiteia a condenaçã o da Empresa com
base na responsabilidade objetiva, referindo que a aná lise do risco existente na
atividade é verificada na legislaçã o a partir do anexo V do Decreto 6.957/09, onde
encontra-se pelo có digo CNAE, o percentual de risco (leve 1%, médio 2% e grave
3%), e que em consulta ao site da Receita Federal, a empresa Ré encontra-se
cadastrada sob CNAE 2511-0/00, cuja alíquota é de 3%, o que em tese faria prova
que a atividade da Recorrida é considerada de risco e, portanto, essa deve
responder objetivamente pelo dano ocorrido.

Excelências, incialmente cabe explanar como ocorreu o acidente de trabalho.


Abaixo, segue trecho do relató rio de acidente, juntado aos autos sob o ID.
xxxxxxxxx, veja-se:

[COLACIONAR TRECHO DO RELATÓ RIO DO ACIDENTE]

A imprudência do Recorrente restou evidenciada no momento em que ele, sozinho,


tentou virar a chapa de ferro. Ora, todo o colaborador que é admitido na eclamada,
recebe orientaçã o de como deve proceder, quando for necessá rio movimentar uma
chapa de ferro ou qualquer outra peça, que seja acima de 15kg.

Dessa forma, no momento da integraçã o do colaborador é repassado que qualquer


peça acima de 15kg deve ser movimentada pela ponte, e se caso essa estiver
indisponível no momento, deve ser chamado outro colaborador para auxiliar na
movimentaçã o da peça, mas somente se essa conter até 40kg! Nã o sendo assim,
deve-se aguardar a ponte rolante. (Vide documentos de ID’s XXXXXXX, XXXXXX e
XXXXXXXX).

Ocorre que o Reclamante contrariando a norma disposta na empresa, resolveu, por


ato imprudente e inconsciente mover sozinho uma peça de 40kg! E ainda quando
indagado acerca do porquê nã o ter pedido ajuda para um companheiro, esse
respondeu que tinha um colega que o estava ajudando, mas que esse fora ao
banheiro e por isso foi fazer a retirada da peça sozinho e nã o quis esperar!
Importante ressaltar, conforme descrito na pró pria decisã o de primeiro grau, que
em momento algum o Obreiro impugnou a narrativa contida no relató rio de
acidente, e nem indicou nos autos, de forma detalhada como o acidente ocorreu.
Por ó bvio o mesmo nã o refutou a descriçã o do acidente, porque fora assim que
ocorrera! O Recorrente é sabedor da veracidade do relató rio de acidente emitido
pela Recorrida!

Consta ainda em dito relató rio que o funcioná rio recebeu treinamento e todos os
EPI’s para realizar a atividade! E nã o obstante, os documentos de ID’s xxxxxx,
xxxxx, xxxxxxx e xxxxxxxx, quais sejam ficha de entrega de EPI’s, PPP, PPRA e
PCMSO, demonstram que a Recorrida preza pela saú de e segurança de seus
funcioná rios.

Deste modo, nã o há como vislumbrar qualquer responsabilidade da Recorrida no


presente acidente, eis que o mesmo só veio a ocorrer em razã o da completa
imprudência do Recorrente.

O acidente jamais teria ocorrido se estivesse ausente a imprudência e insanidade


do Recorrente. Se o risco existiu, fora, exclusivamente, criado por esse. Ademais, o
acidente nã o ocorreu pela falta de Epi’s ou de equipamento (ponte rolante), eis que
essa estava disponível ao Reclamante, que imprudentemente resolveu nã o utilizá -
la e ainda optou nã o esperar o colega voltar do banheiro para ajudá -lo.

Salienta-se ainda que em entrevista realizada com o Recorrente em momento de


realizaçã o de perícia médica, o mesmo aduziu o seguinte: “recebeu treinamentos
de segurança e uso de EPI, além de já ter operado lixadeira em outras empresas em
que trabalhou” (vide fl. 02 de ID. xxxxxxx).

Portanto Excelências, nã o há como identificar alguma conduta do empregador que


pudesse ter evitado o acidente. E sem ato ilícito da reclamada, nã o há falar em
responsabilidade civil.

A pretensã o indenizató ria em caso de acidente de trabalho lastreia-se no artigo 7º,


inciso XXVIII, da Constituiçã o Federal e é devida quando o empregador incorrer em
DOLO ou CULPA. Vale dizer que é necessá ria prova inequívoca do dolo ou da culpa
do empregador. Na hipó tese em apreço, como ficou demonstrado, o acidente
ocorreu por culpa exclusiva da vítima, circunstâ ncia impediente da indenizató ria
pleiteada.

Sobre a matéria merece ser lembrada a precisa liçã o proferida por Carlos Roberto
Gonçalves:

Quando o evento danoso acontece por culpa exclusiva da vítima


desaparece a responsabilidade do agente. Nesse caso, deixa de
existir a relação de causa e efeito entre o seu ato e o prejuízo
experimentado pela vítima. Pode-se afirmar que, no caso de culpa
exclusiva da vítima o causador do dano é mero instrumento do
acidente. Não há liame de causalidade entre o seu ato e o prejuízo da
vítima. (grifo nosso).

No mesmo sentido, é o entendimento de Rui Stocco, quanto a excludente de


responsabilidade civil:

Embora a lei civil nã o faça qualquer mençã o a culpa da vítima como causa
excludente da responsabilidade civil, a doutrina e o trabalho pretoriano construiu
a hipó tese, pois como se dizia no direito romano "Quo quis ex culpa damnum sentit,
non intelligitur damnum sentire".

Importa afirmar que o fato ocorrido nã o é decorrente do risco da atividade


empresarial, e que também a responsabilidade pelo acidente nã o pode ser
imputada ao empregador, mesmo porque, em nada contribuiu para o evento.

Diferentemente do alegado pelo Recorrente, a jurisprudência tem primado pela


adoçã o da teoria da responsabilidade civil subjetiva do empregador por danos
sofridos por seus empregados decorrentes de acidentes de trabalho, art. 7º, inciso
XXVIII, da Constituiçã o Federal de 1988, exigindo a presença de dolo ou culpa na
conduta do empregador.
No que tange a hipó tese da aplicabilidade do art. 927, pará grafo ú nico, do Có digo
Civil, é importante destacar que para configuraçã o dessa, o risco deve ser inerente,
pró prio à atividade, e nã o qualquer risco, o que fica claro na redaçã o do dispositivo
ao mencionar, atividades que, "por sua natureza", impliquem risco.

A atividade realizada na Recorrida nã o implica em risco!

Ademais se o colaborador age com imprudência, negligência ou imperícia,


independente do grau de atividade de risco que se enquadra a empresa, o
infortú nio ocorrerá !

De qualquer forma, o exame da responsabilidade civil demanda a verificaçã o da


existência do dano alegado e do nexo causal entre este e a atividade laborativa. No
ensinamento de Sérgio Cavalieri Filho:

[...] a conduta se entende pelo comportamento humano voluntário que


se exterioriza através de uma ação ou omissão, produzindo
consequências jurídicas. Tal conduta deve estar impregnada de culpa
lato sensu, que, além de englobar o dolo, traduz-se na negligência,
imprudência e imperícia. O nexo causal é o vínculo, a ligação ou
relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado. É, a rigor,
a primeira questão a ser enfrentada na solução de um caso
envolvendo a responsabilidade civil. Antes de se decidir se o agente
agiu ou não com culpa, deve-se apurar se ele deu causa ao resultado. E
o dano, por fim, é a subtração ou diminuição de um bem jurídico,
qualquer que seja sua natureza, quer seja patrimonial, quer seja moral.
(grifo nosso).

Assim, nã o há dú vidas de que existe o dano alegado e que ele decorreu do acidente
narrado, entretanto, nã o há como vincular o acidente ocorrido a alguma conduta
(açã o ou omissã o) da Recorrida. Isto porque, nos termos dos artigos 393, 934, 942
e 945, todos do CC, é possível extrair que há exclusã o do nexo de causalidade na
responsabilidade civil por culpa exclusiva da vítima.
Conquanto, observa-se nã o haver qualquer indício de que a Recorrida nã o tenha
fornecido equipamento de segurança adequado.

Ocorre que, independente do equipamento que fosse fornecido, o Recorrente nã o


deveria ter movimentado uma peça de 40 kg sozinho!

Acerca do rompimento do nexo causal pela culpa exclusiva da vítima, é o


entendimento do Egrégio Tribunal:

ACIDENTE DE TRABALHO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. CULPA


EXCLUSIVA DA VÍTIMA. ROMPIMENTO DO NEXO CAUSAL. O
reconhecimento da responsabilidade civil em quaisquer de suas
espécies, objetiva e subjetiva, não dispensa a relação de causalidade
entre o dano e a conduta do agente apontado como responsável pelo
dever de indenizar, constituindo na lição da doutrina a primeira
questão a ser analisada em ações cujo objeto é a reparação civil.
Caracterizada a culpa exclusiva da vítima - fator excludente do
nexo de causalidade -, não há responsabilidade civil a ser atribuída à
reclamada, pois sequer contribuiu para a ocorrência do acidente.
Acordão do processo 0010662-48.2014.5.04.0211(RO); Data:
19/04/2017; Origem: Vara do Trabalho de Torres; Órgão julgador: 1ª.
Turma; Redator: Iris Lima De Moraes; Participam: Laís Helena Jaeger
Nicotti, Fabiano Holz Beserra. (grifo nosso).

ACIDENTE DO TRABALHO. DANOS MORAL, MATERIAL OU


ESTÉTICO. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. NEXO DE CAUSALIDADE.
Estando caracterizada a culpa exclusiva da vítima, rompe-se o
nexo de causalidade para responsabilização do empregador, em
virtude de acidente do trabalho, não se podendo imputar a ele,
nem mesmo sob fundamento da responsabilidade objetiva, a
reparação/indenização de dano moral, material ou estético. Acórdão
do processo 0020679-43.2014.5.04.0406 (RO); Data: 23/08/2016;
Órgão julgador: 10ª Turma; Redator: Cleusa Regina Halfen. (grifo
nosso).

Assim, nã o há como imputar responsabilidade por ato ilícito culposo, quer seja por
açã o ou omissã o. A responsabilidade, no caso, é do pró prio Recorrente, pessoa que
possuía pleno discernimento e que escolheu uma prá tica inadequada em
determinado momento, pois, conforme Bittar:

O ser humano, porque dotado de liberdade de escolha e de


discernimento, deve responder por seus atos. A liberdade e a
racionalidade, que compõem a sua essência, trazem-lhe, em
contraponto, a responsabilidade por suas ações ou omissões, no âmbito
do direito, ou seja, a responsabilidade é corolário da liberdade e da
racionalidade4. (grifo nosso).

Deste entendimento, importa afirmar que é impossível vigiar todos os atos do ser
humano, eis que este pode tomar decisõ es imprecisas a qualquer momento,
valendo-se exclusivamente de seu poder racional. Dessa forma, nã o se pode
atribuir culpa a Recorrida, eis que o infortú nio ocorreu ú nica e exclusivamente por
culpa do Recorrente.

No entanto, caso Vossas Excelências nã o entendam pela excludente de


responsabilizaçã o da Recorrida, pela culpa exclusiva da vítima (Recorrente), nã o é
crível que se possa deixar de considerar os elementos acima explanados, para se
atribuir o grau de culpa do Recorrente nesse episó dio danoso.

2. Do fato acidente: da culpa concorrente da vítima


Destarte, subsidiariamente ao pedido de excludente de responsabilidade da
Recorrida por culpa exclusiva da vítima, deve ser aplicado ao presente caso, o
disposto no art. 945 do Có digo Civil, a culpa concorrente do Recorrente (vítima):
Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa
em confronto com a do autor do dano.

Quanto à caracterizaçã o da culpa concorrente, o ensinamento de Maria Helena


Diniz:

"Se o lesado e lesante concorreram com uma parcela de culpa,


produzindo um mesmo prejuízo, porém, por atos independentes, cada
um responderá pelo dano na proporção em que concorreu para o
evento danoso. Não desaparece, portanto, o liame de causalidade;
haverá tão somente uma atenuação da responsabilidade, hipótese em
que a indenização é, em regra, devida pela metade (RT 221:220,
216:308, 222::187, 158:163, 163:669,439:112; RF 109:672, 102:575)
ou diminuída proporcionalmente (RT 231:513). Haverá uma
bipartição dos prejuízos, e a vítima, sob a forma negativa, deixará de
receber a indenização na parte relativa a sua responsabilidade5."
(grifo nosso).

É sabido que a concorrência da culpa da vítima nã o serve como excludente de


responsabilidade, mas será levada em consideração no momento da fixação do
quantum das indenizações.

Nã o sendo a atividade desenvolvida pelo Recorrente, considerada de risco, é


imperioso a avaliaçã o de sua conduta, para o resultado do dano, eis que
imprudentemente movimentou, tentando virar uma chapa de ferro de 40 kg.

Assim sendo, tem-se por configurada a culpa concorrente do Recorrente para a


consumaçã o do acidente. Sérgio Cavalieri Filho (in Programa de Responsabilidade
Civil, 6ª Ediçã o, Ed. Malheiros, 2005, pá ginas 66/69) leciona que "fala-se em culpa
concorrente quando, paralelamente à conduta do agente causador do dano, há
também conduta culposa da vítima, de modo que o evento danoso decorre do
comportamento culposo de ambos. (...) A vítima também concorre para o evento, e
não apenas aquele que é apontado como único causador do dano".

Nos termos do art. 945 do Có digo Civil, ainda, a culpa concorrente da vítima -
quando existe participaçã o culposa do empregado para a ocorrência do fato
danoso - importa a reduçã o proporcional da indenizaçã o devida pelo empregador.

Todavia, a culpa concorrente nã o exclui a responsabilidade civil do empregador,


apenas determinando a reduçã o da indenizaçã o por ele devida proporcionalmente
ao seu grau de culpa.

Acerca da culpa concorrente, é entendimento do Egrégio Tribunal:

RECURSO ORDINÁRIO DA AUTORA. ACIDENTE DO TRABALHO.


RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR. CULPA CONCORRENTE DA
VÍTIMA. QUANTIFICAÇÃO MINORADA DA INDENIZAÇÃO. 1. Acidente
ocorrido em razão da não utilização de bota de borracha no momento
do infortúnio (lesão provocada por carrinho de lavanderia quando a
empregada trabalhava descalça). 2. Ausência de comprovação de
adoção de medidas de prevenção de acidentes de trabalho, bem como
confissão da empregada quanto à negativa de uso do equipamento de
proteção fornecido sem qualquer motivo plausível. Aplicação da NR-6
do MTE, a qual prevê obrigação de fornecimento e fiscalização de uso
pelo empregador, bem como imposição de uso ao empregado.
Responsabilização da empresa na modalidade de culpa concorrente,
nos termos do art. 945 do Código Civil. Afastada a causa excludente de
imputação alegada (culpa exclusiva da vítima), estão inegavelmente
presentes os requisitos caracterizadores da responsabilidade civil: a
existência de dano (lesão à integridade física da trabalhadora) e o
nexo de causalidade entre o acidente sofrido e o dano. Imputação de
responsabilidade à empresa. Quantificação do dano na forma do
art. 944 do CC, reduzindo o valor em cotejo da culpa concorrente
da vítima. Acórdão do processo 0020333-56.2014.5.04.0030; (RO)
Data: 26/05/2017; Órgão julgador: 2ª Turma Redator: Marcelo Jose
Ferlin D'ambroso. (grifo nosso).

ACIDENTE DE TRABALHO. CULPA CONCORRENTE.


RESPONSABILIDADE. INDENIZAÇÕES POR DANOS MORAL E
ESTÉTICOS. Caso em que é mantida a sentença que reconheceu a
existência de culpa concorrente do empregado e da empregadora
pela ocorrência de acidente do trabalho típico, sendo a desta última
decorrente da permissão para que o autor conduzisse veículo sobre o
qual já houve reclamação quanto aos freios, sem comprovação da
efetiva resolução do problema, e por não ter realizado a perícia no
veículo para a averiguação de possíveis causas do acidente. Sentença
mantida quanto ao deferimento das indenizações por danos morais e
estéticos decorrentes de acidente do trabalho. Acórdão do processo
0020842-84.2014.5.04.0030 (RO); Data: 23/03/2017; Órgão julgador:
7ª Turma; Redator: Wilson Carvalho Dias. (grifo nosso).

Portanto, frente ao reconhecimento da culpa concorrente do Recorrente, deve


haver a consequente minoraçã o da condenaçã o nos termos do artigo 944 do
Có digo Civil, veja-se:

A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se


houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,
poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

Logo, caso nã o seja reconhecida a excludente de responsabilidade da Recorrida,


pela culpa exclusiva da vítima, pugna seja reconhecida a culpa concorrente do
Recorrente, com a consequente minoraçã o da condenaçã o.

3. Do pensionamento vitalício
Requer o Recorrente o pagamento de uma pensã o mensal vitalícia, até completar
75,2 anos de idade, em parcela ú nica.
Entende a Recorrida nã o ser devido o pensionamento vitalício, eis que demanda
pelo reconhecimento da culpa exclusiva da vítima e a consequente excludente
responsabilizaçã o da Reclamada.

Ocorre que caso acolhida a tese de defesa, de culpa concorrente da vítima ou quiçá
seja atribuída a culpa exclusiva do acidente à Empresa, mesmo assim a Recorrida
nã o entende devido o pensionamento.

Explica-se:

As empresas privadas sã o as maiores financiadoras da seguridade social, que


"compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e
assistência social". (CF, art. 194).

Por isso, se condenado o empregador/Recorrida a indenizar os danos sofridos pelo


empregado em razã o de acidente de trabalho, é justo e razoá vel que do quantum
da indenizaçã o seja deduzido o valor correspondente ao da aposentadoria ou do
auxílio-acidente que lhe é pago pela seguridade social, ou da pensã o percebida
pelos seus dependentes se do sinistro resultar o ó bito do obreiro. Inteligência do
inc. XXVIII do art. 7º da Constituiçã o Federal.

Há ainda que se mencionar que o pensionamento sequer deve ser deferido, isto
porque a pensã o mensal vitalícia é assunto tratado exclusivamente na esfera
previdenciá ria, sendo que a concessã o da pleiteada pensã o mensal vitalícia
implicaria no bis in idem, o que é vedado por nossa legislaçã o;

Nesse sentido, temos que:

ACIDENTE DE TRABALHO. PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. EXCLUSÃO. A


redução da capacidade do empregado para o desempenho de
atividades laborais é assunto a ser tratado na esfera previdenciária.
Tal ônus, pois, não pode ser transferido ao empregador, já que tanto
este quanto o segurado arcam com contribuições ao INSS para que o
Estado assuma este encargo. (grifo nosso).

Portanto, verifica-se que a obrigaçã o de pagar pensã o mensal é do ó rgã o


previdenciá rio, e nã o da empresa Reclamada.

Abaixo utilizar-se-á fundamentaçã o extraída da sentença da comarca de Erechim,


em que o Magistrado Luis Antô nio Mecca, explana sobre a pensã o mensal vitalícia,
em processo n.º 0021060-51.2015.5.04.0522:

Ao instituir a obrigaçã o de uma pensã o ao ofendido correspondentemente à


depreciaçã o que ele teve para o trabalho, o legislador pá trio objetivou, acima de
tudo, garantir que a vítima do dano mantivesse um meio para sua pró pria
subsistência, mantendo-se o status quo ante do fato que acarretou a diminuiçã o da
capacidade laborativa. Assim, a fixaçã o de uma pensã o, a cargo do causador do
dano, deve ser fixada pelo juiz, com vistas a reparar a perda da capacidade laboral
da vítima.

Em situaçõ es de acidentes de trabalho, havendo a perda ou a diminuiçã o da


capacidade laborativa, sã o amplamente majoritá rias na jurisprudência decisõ es
que concedem ao ofendido o direito à percepçã o de uma pensã o mensal
proporcional à diminuiçã o da capacidade para o trabalho.

Todavia, a previdência por infortú nios que acarretem a perda ou a diminuiçã o da


capacidade laborativa já é realizada, na seara trabalhista, pelo Instituto Nacional
do Seguro Social. Com efeito, o empregador é obrigado a contribuir ao INSS com
20% sobre o valor pago ao empregado, além de 1%, 2% ou 3% sobre a folha,
conforme for enquadrada de risco leve, médio ou alto, para financiar as
aposentadorias especiais e o seguro de acidente do trabalho. Há ainda a
contribuiçã o paga sobre o lucro e sobre a receita ou faturamento, todas elas
previstas no artigo 195, inciso I, da CF/88.
O seguro obrigató rio de acidentes do trabalho foi integrado à Previdência Social
pela Lei n. 5.316, de 14.9.67, em favor dos empregados em geral, dos trabalhadores
avulsos e dos presidiá rios que exercessem atividade remunerada.

Na ocorrência de acidentes do trabalho ou de doenças chamadas ocupacionais, tem


o acidentado, ou seus dependentes no caso de sua morte, direito à s prestaçõ es e
serviços previstos na legislaçã o previdenciá ria.

Trata-se de seguro obrigató rio, instituído por lei, mediante uma contribuiçã o
adicional a cargo exclusivo da empresa e destina-se à cobertura de eventos
resultantes de acidente de trabalho. (CASTRO, Calos Alberto Pereira. LAZZARI, Joã o
Batista. Manual de Direito Previdenciá rio. 8. ed. Florianó polis: Conceito Editorial,
2007, p. 229).

Assim, o empregador já paga um seguro (de alto custo, diga-se) para garantir que
em caso de infortú nio, acidente de trabalho ou qualquer incapacidade laboral do
empregado, mesmo que nã o decorrente do labor, o trabalhador possa manter a sua
renda e sustentar a si e a sua família.

Deveras, a Lei n. 9.732, de 11.12.98, ao dar nova redaçã o ao art. 57 da Lei n.


8.213/91, elevou as alíquotas de contribuiçã o das empresas que expõ e o
trabalhador à situaçã o de risco de acidentes e doenças ocupacionais. (CASTRO,
Calos Alberto Pereira. LAZZARI, Joã o Batista. Manual de Direito Previdenciá rio. 8.
ed. Florianó polis: Conceito Editorial, 2007, p. 230).

Desse modo, tratando-se de segurado empregado, trabalhador avulso ou


presidiá rio que exercem atividade remunerada, o seguro por acidentes do trabalho
já existe: é pago pelo INSS e financiado pelos empregadores.

Há no Direito uma má xima que, por vezes, é esquecido pelos juízes: "nemo potest
lucupletari, jactura aliena", isto é, ninguém pode enriquecer sem causa.
No caso de acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais, havendo incapacidade,
ou o salá rio do empregado será substituído pelo auxílio-doença-acidentá rio ou
aposentadoria por invalidez (incapacidade total), ou ele receberá do INSS a
prestaçã o chamada de auxílio acidente, de 50% do salá rio de contribuiçã o
(incapacidade parcial).

Estando garantida, pelo INSS, a renda mensal do empregado acidentado ou


acometido de doença ocupacional, ou mesmo garantida a parcela de incapacidade
parcial (auxílio-acidente), conceder ao trabalhador, além disso, uma pensã o
paralela, a cargo do empregador, significa penalizar injustamente o patrã o, que já
contribui para a seguridade do empregado, e também enriquecer injustamente o
empregado, que terá sua remuneraçã o praticamente dobrada por ter sofrido
acidente de trabalho ou adquirido doença ocupacional.

O reconhecimento da existência de uma pensã o privada, por parte do empregador


transforma acidentes de trabalho e doenças ocupacionais em negó cios lucrativos
para os empregados, que no mais das vezes possuem pouca qualificaçã o
profissional e dificilmente conseguiriam, pelo menos a curto prazo, dobrar a sua
remuneraçã o, como no caso de receber uma pensã o do INSS e outra do
empregador.

A incapacidade parcial, do mesmo modo, é sustentada pelo INSS, que paga ao


segurado, independentemente de ele estar trabalhando ou nã o, 50% do seu
salá rio-de-benefício pela perda parcial da sua capacidade para o trabalho, pois
sabidamente existe a dificuldade de reingressar ao mercado do trabalho em uma
vaga do mesmo patamar remunerató rio da anterior.

Nã o subsiste, assim, qualquer prejuízo ao trabalhador acidentado, o qual tem sua


incapacidade laborativa suprida pelos fundos do INSS, que sã o, vale lembrar,
sustentados com grande participaçã o financeira dos empregadores.

A ú nica conclusã o que ressalta é que, tratando-se de empregado acidentado ou


acometido de doença ocupacional, nã o se aplica o artigo 950 do Có digo Civil, pois
qualquer perda da capacidade laborativa já está amparada pelas contribuiçõ es
mensais que os empregadores fazem a título de seguro obrigató rio de acidentes do
trabalho.

O artigo 950 do CC é, entã o, inó cuo?

Evidentemente que nã o, pois trabalhadores autô nomos, contribuintes individuais


perante o INSS, nã o possuem direito ao benefício de auxílio-doença-acidentá rio,
tampouco o auxílio-acidente.

Assim, para esses obreiros, caso acidentados em serviço ou acometidos de doença


decorrente de seu trabalho, há a necessidade de uma pensã o proporcional ao
trabalho para o qual houve a inabilitaçã o, arcada pelo tomador se houver culpa ou
dolo deste.

Note-se que, no primeiro caso, o INSS supre a incapacidade laboral, mesmo parcial,
do empregado, sendo que nesta ú ltima, de trabalhadores autô nomos, nã o atraindo,
portanto, a incidência do artigo 950 do CC.

Nã o obstante isso, o Recorrente já está plenamente habilitado ao trabalho.


Destarte, pelos motivos elencados acima, requer a Recorrida a improcedência do
pedido de pensionamento mensal vitalício.

Entretanto, caso haja o deferimento do pensionamento mensal vitalício, pugna a


Recorrida que o mesmo nã o seja conferido em parcela ú nica.

Ainda que seja um direito do Recorrente a exigência de indenizaçã o em parcela


ú nica, entende-se que o Julgador deve avaliar outras circunstâ ncias, em especial a
condiçã o econô mica da empresa devedora, sob pena de inviabilizar a continuidade
do empreendimento econô mico e ocasionar sérios prejuízos capazes de violar
inclusive o interesse social, qual seja, a possibilidade de a empregadora manter
outros empregos ativos, por conta do montante da indenizaçã o a ser adimplido.
Do mesmo modo deve ser levado em conta o fato de que, no pagamento da pensã o
em ú nica parcela, a vítima pode dissipar, em pouquíssimo tempo, o valor recebido
a título de indenizaçã o integral (de uma só vez), o que nã o ocorre com o
pensionamento mensal, que perdura até a morte (no caso de ser incapacidade
permanente quando a pensã o é vitalícia), sendo capaz de garantir ou pelo menos
contribuir com o rendimento para as suas necessidades bá sicas mensais.

Sobre a matéria pertinente ao pagamento do pensionamento, cumpre citar a liçã o


do Ministro Sebastiã o Geraldo de Oliveira (in Indenizaçõ es por Acidente do
Trabalho ou Doença Ocupacional. 5ª ed. Sã o Paulo: LTr, 2009, pp. 316-317):

[...] Assim, se um pedreiro com 24 anos, que recebia remuneraçã o média de R$


1.000,00 por mês, sofreu acidente do trabalho que acarretou invalidez permanente
total, temos que a sua expectativa de sobrevida será de 48 anos, conforme tabela
oficial do IBGE. Consequentemente, a indenizaçã o a ser paga deverá considerar a
remuneraçã o de 624 meses, já incluindo o 13° salá rio, o que resulta num valor de
R$ 624.000,00.

Como se percebe, na grande maioria das açõ es indenizató rias, o pagamento da


pensã o de uma só vez trará muitas dificuldades e embaraços para o julgador e para
as partes. Para o acidentado, no exemplo acima, o valor representa uma pequena
fortuna que exige cuidados para ser administrada e preservada; por outro lado,
para 90% dos empregadores esse montante poderá dificultar a continuidade dos
negó cios ou mesmo determinar o fechamento da empresa.

Se para a vítima o pagamento significa uma antecipaçã o de receita abrangendo


todo o período da sua prová vel sobrevida, para o empregador a indenizaçã o
representa concentrar as despesas de quase 50 anos num ú nico pagamento. Além
disso, ainda com base no exemplo citado, se a vítima aplicar o valor da indenizaçã o
recebida no mercado financeiro, mesmo em investimentos considerados
conservadores, certamente obterá um retorno de pelo menos 0,7% ao mês, o que
resultará num rendimento por volta de quatro vezes superior ao salá rio até entã o
recebido, o que nã o deixa de ser um enriquecimento indevido. A opçã o da vítima
pelo pagamento antecipado nã o deve gerar para o causador do dano um ô nus
maior do que representaria o pagamento feito em forma de pensionamento.

Em face de tais dificuldades, tende a ganhar relevância - e até


demasiada extensão - a faculdade do art. 944, parágrafo único, do
Código Civil que prevê: 'Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a
indenização'. Aliás, é razoável interpretar a previsão legal 'a
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez' como um indicativo
de que, na fixação do valor do quantum indenizatório pelo julgador,
deve ser adotado um critério de justiça do caso concreto
(arbitrar), mas sem vinculação necessária com os rendimentos
acumulados na provável sobrevida da vítima. Ainda assim, mesmo com
toda a ponderação do magistrado, o arbitramento não deixa de ser
arriscado para a vítima a longo prazo e muito oneroso, de imediato,
para o empregador.

Não se deve perder de vista que a finalidade essencial do


pensionamento é garantir para a vítima o mesmo nível dos
rendimentos que até então percebia e não de lhe conceder um
capital para produzir rendas futuras. Com efeito, se o acidentado
em poucos anos consumir o valor recebido acumuladamente,
passará o restante da sua vida em arrependimento tardio, porém
ineficaz.
Por tudo que foi exposto e diante da análise de cada caso, pode o
juiz indeferir a pretensão de pagamento único, com apoio no
parágrafo único do art. 950 do Código Civil, sempre que tiver
fundamentos ponderáveis para demonstrar a sua inconveniência
ou inviabilidade. Em muitas ocasiões, considerando o valor maior da
segurança jurídica e as condições econômicas do devedor, o mais
prudente será deferir o pensionamento na forma tradicional, com a
devida garantia do pagamento mensal na forma prevista no art. 475-Q
do CPC." [...]. (grifo nosso).

Portanto Excelências, caso haja o deferimento da pensionamento vitalício, (o que


nã o crê essa Recorrida) requer que o mesmo nã o seja deferido em parcela ú nica.

4. Dos danos morais e dos danos estéticos


Pugna o Recorrente pela reforma de decisã o, devendo a Recorrida ser condenada
ao pagamento de danos morais bem como condenaçã o em danos estéticos em
valores nã o inferiores a cinquenta salá rios do Recorrente.

Primeiramente, cabe enfatizar que o Recorrente trouxe novo pedido de valor a


título de danos estéticos, diferente do pretendido em inicial. Em recurso aduz ser
lesã o estética grave e requer a condenaçã o da Recorrida em 50 salá rios do
Recorrente. Em inicial, refere ser a lesã o moderada e requer a condenaçã o da
empresa ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Em razã o da inexistência de culpa, nã o se pode falar em pleitos indenizató rios.


Conquanto, pelo princípio da eventualidade, a Recorrida adentra ao debate dos
pedidos.

Em perícia médica, fora constatada uma reduçã o de 6,75% de capacidade laboral, o


que foi veemente impugnado pela Recorrida, eis que percentual de perda
encontra-se exacerbado, pois diferentemente do alegado pelo Perito, o médico
assistente da Recorrida, descreveu em seu laudo que embora o dedã o esquerdo
esteja apresentando sensibilidade ao toque, o mesmo apresenta movimento de
flexã o e extensã o metacarpofalangeanas preservados, cuja força grau é 5, em
escala de 0-5.

Excelências, importante observar algumas das fotos acostadas pelo Expert, para
demonstrar a amputaçã o sofrida pelo Recorrente, o qual aduz tratar-se de uma
lesã o grave, que deve ser indenizada esteticamente em 50 salá rios do Recorrente:
[COLACIONAR FOTOS DO LAUDO]

A perda fora tã o mínima, que o Perito designado pelo Juízo inicialmente havia
concluído que o grau de dano estético era moderado, e posteriormente, com a
impugnaçã o dessa Recorrente, o mesmo retificou a avaliaçã o quanto ao dano
estético, considerando-o como LEVE (fl. 206 dos autos).

O valor requerido pelo Recorrente somente demonstra a sua má -fé em pleitear


enriquecimento ilícito através de lucros fá ceis.

Nã o obstante, o dano estético, é dano material ou dano moral; ou, simplesmente,


dano estético, excluindo-se o moral e o material. Impossível falar-se
cumulatividade dos pedidos de dano moral, dano material e dano estético, porque
encerraria verdadeiro bis in idem.

Alguns até tentam defender que o dano estético é a exteriorizaçã o do


“enfeiamento”, os efeitos extrínsecos da lesã o; e o dano moral é a interiorizaçã o da
ofensa, os efeitos intrínsecos do ato ilícito. Discorda a Recorrente. Primeiro, nã o se
pode perder de vista que a expressã o dano moral é de cará ter amplo e genérico,
abraçando todas as ofensas que nã o sejam materiais (por isso se diz direitos
morais). Entre os direitos imateriais da pessoa humana, estã o alguns consagrados
expressamente como direitos da personalidade, tais como a vida, a imagem, a
dignidade humana e a integridade física. Danos morais, portanto, sã o as lesõ es
sofridas pelas pessoas em certos aspectos de sua personalidade, em razã o de
investidas de outrem. Como observava Carlos Alberto Bittar, os danos morais sã o
aqueles que atingem a moralidade e a afetividade, causando-lhe constrangimentos,
vexames, dores, sentimentos e sensaçõ es negativas. Atingem-se componentes
sentimentais e valorativos.

A lesã o estética, no que diz respeito à parte externa da pessoa, aos seus traços
plá sticos e individualizadores, nada mais é do que a ofensa de um direito moral da
personalidade humana. Ainda que se tenha de falar em honra objetiva da pessoa,
certo é que se trata de dano moral.
Assim, nã o se pode pleitear, valores a título de dano moral e outros a título de dano
estético, cumulativamente, como se se tratassem de franquias jurídicas distintas.
Pelas hodiernas definiçõ es e abrangências do dano moral, metade da classificaçã o
do dano estético perdeu sua razã o de ser, enquanto que, a outra metade
(consistente basicamente no reembolso de despesas médico-hospitalares e custeio
de tratamento ou plá stica corretiva ou reparadora), está ultrapassada em face dos
elementos integrantes do dano material.

Destarte, o dano moral abrange o dano estético e por tal motivo, ambos nã o podem
ser deferidos distintamente, sob pena de configuraçã o de bis in idem.

Ademais, a Recorrida reporta-se a tese de que o acidente fora de exclusiva culpa da


vítima, nã o podendo vislumbrar como pode ser condenada as indenizaçõ es de
dano moral e dano material.

De outra banda, caso seja deferido o pedido de dano moral, o que nã o crê essa
Recorrente, requer que na fixaçã o da indenizaçã o por danos morais, o
arbitramento seja feito com moderaçã o, proporcionalidade ao grau de culpa, ao
nível socioeconô mico do Recorrente, a intensidade do sofrimento, e, ainda, ao
porte da condiçã o econô mica da Recorrida, orientando-se pelos critérios sugeridos
pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua
experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e à s peculiaridades de cada
caso. No inciso V do artigo 5º, a Constituiçã o Federal determina que o dano moral
seja “proporcional ao agravo”.

Conquanto, requer a Recorrente, o nã o provimento do recurso do Recorrente, com


a consequente mantença da sentença de primeiro grau, a qual indeferiu os
presentes pedidos.

II - CONCLUSÃO
Isto posto, REQUER o recorrido, seja TOTALMENTE NEGADO PROVIMENTO ao
Recurso Ordiná rio do Reclamante, pelas razõ es de fato e de direito acima
expendidas, ratificando o presente Reclamado, as manifestaçõ es contidas nas
petiçõ es já apresentadas aos autos.

Pugna, por manifestaçã o expressa sobre as questõ es aqui expendidas, de vez que
improcedem as pretensõ es do Recurso Ordiná rio do Reclamante, por falta de
amparo legal e probató rio, requerendo o prequestionamento, desde já , quanto a
todos os dispositivos legais, normativos e jurisprudenciais elencados.

Termos em que pede e espera deferimento.

XXXXXXXXXX, XX de outubro de 2018.

XXXXXXX XXXXXXXX
OAB/XX nº. XX.XXX

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