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ATRIBUIÇÕES DO ANALISTA, DO TÉCNICO E DO ASSESSOR JURÍDICO

UNIDADE I
DOS CARGOS E DO ANALISTA JURÍDICO

Plano de Estudo desta Unidade:


● Das características gerais sobre os cargos;
● Da conceituação de analista jurídico;
● Das funções atribuídas ao analista;
● Dos deveres atinentes à função de analista jurídico.

TÓPICO I
● Das características gerais sobre os cargos

● Você sabe quem é o analista, o técnico e o assessor jurídico?

● Quem pode ser analista, técnico e assessor jurídico?


A carreira de analista judiciário
O assessor judiciário
Para ser técnico judiciário
● Estrutura de um Gabinete e Secretarias
Primeiramente, o que é um gabinete?
Quadro 1 – Disponibilidade de Cargos TJPR

CARGO QUANTIDADE SIMBOLOGIA* REQUISITO


Secretário de Formação em curso superior de
01 DAS-4
desembargador qualquer área
Assessor de
01 DAS-4 Graduação específica em Direito
desembargador
Assessor II de
01 DAS-5 Graduação específica em Direito
desembargador
Assistente de
01 1-C Graduação específica em Direito
desembargador

Quadro 2 - Disponibilidade de Cargos TJPR – Entrância Final

CARGO QUANTIDADE SIMBOLOGIA* REQUISITO


Servidor efetivo 01 - Desde que bacharel em Direito
Assistente II de
02 1-C Graduação específica em Direito
Juiz de Direito
Assistente III
de Juiz de 01 3-C Graduação específica em Direito
Direito
Estagiário de
02 - Cursando graduação em Direito
Graduação

E o que é uma secretaria (ou cartório judicial)?

● Síntese deste tópico

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TÓPICO II
Da conceituação de Analista Jurídico

● Do Analista Jurídico

I - Área Judiciária
II - Área Administrativa
III - Área de Apoio Especializado

TÓPICO III
Das funções atribuídas ao Analista

Exemplos típicos de atribuições da categoria


Requisitos de ingresso ao cargo de analista

1. Requisito exigido para cargo de analista judiciário em concurso realizado pelo Tribunal
Regional Federal

Área e
Requisito
especialidade
Diploma ou certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso
Judiciária – judiciária superior em Direito, fornecido por instituição de nível superior reconhecida
pelo MEC.
Judiciária – oficial de Diploma ou certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso
justiça avaliador superior em Direito, fornecido por instituição de nível superior reconhecida
federal pelo MEC.
Diploma ou certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso
Analista da área de superior completo, em qualquer área de formação, fornecido por instituição
apoio especializado – de nível superior reconhecida pelo MEC, acompanhado de curso de
informática especialização com carga horaria mínima de 360 (trezentos e sessenta)
horas na área de Análise de Sistemas, ou qualquer curso superior de
Informática devidamente reconhecido.
2. Requisito exigido para cargo de analista judiciário em concurso realizado pelo Tribunal de
Justiça do Paraná

Especialidade Requisito
Diploma ou certificado de curso de nível superior em Direito, reconhecido
Judiciário
pelo MEC.
Diploma ou certificado de curso de nível superior em Psicologia,
Psicologia
reconhecido pelo MEC.
Diplomas ou certificados de curso de nível superior em Contabilidade,
Contabilidade
reconhecido pelo MEC.
Assistência Social Diplomas ou certificados de curso de nível superior em Assistênci

TÓPICO IV
Dos deveres atinentes à função de analista jurídico

● Da Ética

● Sigilo Profissional
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● Segredo de Justiça

● Documentos Oficiais e Participação em Atos Oficiais

O ato de juntada é quando o analista certifica o ingresso de alguma petição ou documento nos autos.
Vista é o ato de franquear o auto às partes para que se manifestem sobre algum evento.
Conclusão é quando o processo é encaminhado ao juiz, para alguma deliberação.
E por fim, o Recebimento se configura como sendo o ato em que o analista ou escrivão documenta o
momento em que os autos voltaram ao cartório após uma vista ou conclusão.
UNIDADE II
DO TÉCNICO JURÍDICO
Plano de Estudo desta Unidade:
● Das características gerais do cargo de técnico jurídico;
● Das funções/atribuições do técnico jurídico;
● Dos deveres da função de técnico jurídico;
● Das diferenças e similitudes entre analistas e técnicos
jurídicos

TÓPICO I
Das características gerais do cargo de técnico jurídico

● Você sabe quem é o técnico jurídico?

● Área Administrativa (somente ensino médio completo)


● Área Administrativa – Especialidade Contabilidade (ensino médio + Curso técnico de Contabilidade)
● Área Administrativa – Especialidade Enfermagem (ensino médio + Curso técnico de Enfermagem)

Na área de apoio especializado ou técnico (ensino médio + curso técnico) os serviços serão
realizados somente por servidores devidamente aprovados no concurso público para o cargo
de Técnico Judiciário...
Já quanto à área de apoio administrativo, os serviços dizem respeito a formalização de atos
processuais, escrituração em livros, digitalização de documentos, certificação dos atos
processuais, de ofícios e demais...

Já o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul ao dispor sobre a carreira de técnico
judiciário, a divide em três áreas (Lei nº. 13.807 de 17 de outubro de 2011, atualizada até a Lei
nº. 14.722, de 19 de agosto de 2015):
● Da área judiciária;
● Da área administrativa;
● Da área de apoio especializado
Requisitos de ingresso ao cargo de técnico
1. Edital 001/2017 – Concurso Público para provimento de vagas do cargo de Técnico
Judiciário do quadro de pessoal do 1º Grau de Jurisdição do Tribunal de Justiça do Estado
do Paraná:
Cargo Requisito
Certificado de conclusão de Ensino Médio, fornecido por
Técnico Judiciário instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da
Educação e Cultura - MEC.
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2. Edital 01/2020 – Concurso Público para o provimento de cargos vagos e à formação de
cadastro de reserva do quadro de pessoal efetivo do Poder Judiciário do Estado de Santa
Catarina:
Cargo Requisito
Certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso de
nível médio (antigo 2º grau) expedido por Instituição de Ensino
Técnico Judiciário Auxiliar
reconhecida por Conselho Estadual de Educação ou por
Conselho Nacional de Educação.

3. Requisitos exigidos para cargos de técnico judiciário em concurso realizado pelo Tribunal
Regional Federal:
Especialidade Requisito
Comprovante de conclusão de ensino médio ou equivalente,
Administrativa
devidamente reconhecido por órgão competente para tal.
Comprovante de conclusão de ensino médio ou equivalente,
Segurança e Transporte devidamente reconhecido por órgão competente para tal e carteira
nacional de habilitação, no mínimo, categoria “D”.
Conclusão de curso de ensino médio ou equivalente e curso de
técnico de contabilidade, devidamente reconhecidos por órgão
Contabilidade
competente para tal, e registro no Conselho Regional de
Contabilidade (CRC).

TÓPICO II
Das funções/atribuições do técnico jurídico
Atribuições gerais
Na função de depositário público
Na função de partidor
Na função de porteiro de auditórios
Outros exemplos típicos
No assessoramento de juiz de primeiro grau, o técnico judiciário contribuirá para a solução mais célere
possível dos conflitos, possibilitando que o maior número possível de processos seja concluído.
Os técnicos judiciários, muito embora não possuam qualquer formação na área do Direito, também
podem auxiliar em tarefas de cunho jurídico, realizando pesquisas e estudos para facilitá-las, assim
como informando movimentações de processos e prestando informações aos advogados e partes.
Os técnicos após realizarem as triagens dos feitos, ainda poderão verificar os prazos das ações,
recursos e demais procedimentos, atentando-se à prioridade de cada um e suas peculiaridades
(processos antigos, processos de réu preso, envolvendo criança ou adolescente, etc.)
Outro ponto a ser analisado pelo profissional, são as custas processuais ou preparo do recurso. O
técnico judiciário sem formação na área do direito pode também realizar funções administrativas dentro
de um gabinete, ou seja, sua atuação não se restringe aos cartórios e secretarias judiciais.
No gabinete, o servidor pode auxiliar na movimentação processual (entrada e saída de processos),
organização da pauta de audiências e da agenda de sessões, bem como pesquisar jurisprudências,
entendimentos de tribunais superiores, elaborar relatórios, etc.

TÓPICO III
Dos deveres atinentes à função de técnico jurídico
● Da Ética

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● Sigilo Profissional
● Segredo de Justiça
● Documentos Oficiais e Participação em Atos Oficiais Sobre
● Síntese deste tópico
Abaixo listamos as principais atribuições do cargo de Técnico Judiciário:
● Executar tarefas de suporte técnico, judiciário e administrativo e apoio em geral ao adequado
funcionamento das Secretarias;
● Auxiliar na escrituração de livros, redigir e assinar ofícios, mandados, editais e demais atos
da Secretaria;
● Efetuar a autuação, cadastramento e arquivamento de processos;
● Auxiliar na movimentação processual;
● Auxiliar no cumprimento de decisões judiciais;
● Fazer a juntada de documentos e petições;
● Auxiliar nas audiências com serviços de digitação ou datilografia;
● Apregoar as partes nas audiências;
● Auxiliar na expedição e recebimento de processos, documentos e correspondências;
● Zelar pela manutenção e controle de processos, documentos, livros e arquivos sob sua
guarda;
● Auxiliar no apensamento, desapensamento e reunião de processos.

Cada gabinete e serventia deve respeitar a distribuição de competência e de jurisdição e atuar naquilo
em que estiver designado, de forma que suas respectivas atuações sejam delimitadas e organizadas,
garantindo-se a presteza da Justiça.

TÓPICO IV
Das diferenças e similitudes entre analistas e técnicos jurídicos
O Analista executa atividades de planejamento, envolvendo a análise de fases processuais para dar o devido
andamento e sequência dos feitos (processos). As tarefas de coordenação, emissão de pareceres e a
elaboração de laudos e certificações de fé pública são algumas das atividades cuja atribuição lhes recai.
Já a função do técnico, pode ser brevemente descrita como uma função onde se concentram as execuções
de atividades administrativas e de suporte técnico.
Tabela – Diferenças e Similitudes entre o Técnico e o Analista Jurídico
Técnico Jurídico Analista Jurídico
Formação em nível médio ou
Formação em nível superior
técnico
O técnico executa atividades O analista executa atividades de planejamento e
administrativas e de suporte técnico coordenação
Remuneração mais baixa Remuneração mais alta
Incompatível com a advocacia Incompatível com a advocacia

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UNIDADE III
DO ASSESSOR JURÍDICO
Plano de Estudo desta Unidade:
● Da definição e características gerais da função;
● Da captação para a vaga de assessor jurídico no direito público e privado;
● Das atribuições;
● Dos deveres da função de assessor jurídico.

TÓPICO I
Da definição e características gerais da função Assessor Judiciário
Todavia, é importante ressaltar que para a adoção de regime de “tele trabalho” é necessária a
anuência da chefia imediata do servidor, ou seja, o magistrado, promotor, desembargador, etc.
deve concordar com o pedido de trabalho online, não bastando, unicamente, a vontade do
assessor.
No Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) cada gabinete de desembargador tem uma
disponibilidade de cargos, conforme o quadro abaixo:
Quadro 1 - Cargos do gabinete do desembargador
CARGO QUANTIDADE SIMBOLOGIA* REQUISITO
Secretário de Formação em curso superior de
01 DAS-4
desembargador qualquer área
Assessor de
01 DAS-4 Graduação específica em Direito
desembargador
Assessor II de
01 DAS-5 Graduação específica em Direito
desembargador
Assistente de
01 1-C Graduação específica em Direito
desembargador
Assistente II de Carteira de habilitação válida,
01 3-C
desembargador categoria “B”
Oficiais de gabinete
02 1-C Ensino médio completo
de desembargador
A estrutura dos gabinetes dos magistrados, em especial, de primeiro grau, varia muito de acordo
com a comarca e a vara em que atuam.
A estrutura e o número de funcionários disponibilizados deve ser proporcional ao número de feitos
que tramitam. No gabinete de Juiz de Entrância Final, conforme informações do Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná (Lei nº. 20.329 - 24 de setembro de 2020):
Quadro 2 - Disponibilidade de Cargos TJPR – Entrância Final
CARGO QUANTIDADE SIMBOLOGIA* REQUISITO
Servidor efetivo 01 - Desde que bacharel em Direito
Assistente II de Juiz
02 1-C Graduação específica em Direito
de Direito
Assistente III de
01 3-C Graduação específica em Direito
Juiz de Direito
Estagiário de
02 - Cursando graduação em Direito
Graduação

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● Histórico da Estrutura do Gabinete – TJPR
a) Lei Estadual nº. 15.831/2008
- 1 Assessor de Juiz de Direito (3-C)
- 1 Estagiário de Graduação
b) Lei Estadual nº. 16.957/2011 (Alterou a denominação do Cargo)
- Assistente I de Juiz de Direito (3-C)
c) Lei Estadual nº. 17.249/2012
- 1 Assistente I de Juiz de Direito (3-C)
- 1 Assistente II de Juiz de Direito (1-C)
- 1 Estagiário de Graduação
d) Lei Estadual nº. 17.528/2013 (Gabinete do Juízo)
- 1 Assistente I de Juiz de Direito (3-C)
- 1 Assistente II de Juiz de Direito (1-C)
- 2 Estagiários de Graduação 11
e) Lei Estadual nº. 20.329/2020 (Unificação dos Quadros de Pessoal do Poder Judiciário)
- 2 Assistentes II de Juiz de Direito (1-C)
- 1 Assistente III de Juiz de Direito (1-D)
- 2 Estagiários de Graduação
A tendência é que os números de assessores jurídicos nos Tribunais de Justiça do Brasil todo
aumentem. A implantação de um sistema de processo eletrônico e o crescente aumento de
demandas judiciais contribuíram para o aumento de cargos de assessoria em vários tribunais do
país.
Sem estes profissionais, os serviços judiciários entrariam em colapso, com muito mais morosidade
e permeado de injustiças e excessos que se configuram como um atentado à justiça e por
consequência, aos direitos humanos e fundamentais do cidadão brasileiro.
E ainda, vale ser ressaltado que o cargo de assessor ou assistente jurídico não se limita à atuação
em cargos junto a tribunais, promotorias e defensorias. Também é uma atividade que pode ser
exercida na seara privada, junto a escritórios de advocacia, contabilidade, bem como em empresas
privadas e também em setores públicos.
Mas como assim? Esse conteúdo será abordado no tópico a seguir, quando passaremos a
trabalhar a captação (compressão, percepção) da vaga de assessor jurídico na esfera pública e
privada.

TÓPICO II
Da captação para a vaga de assessor jurídico no direito público e privado
Os advogados e bacharéis em direito que atuam como assessores jurídicos não prestam serviços junto
a algum órgão público da justiça, mas sim, prestam assessoria jurídica a pessoas físicas, empresas, e
até mesmo a órgãos do governo, mas não são servidores públicos!
O assistente (ou assessor jurídico) é o profissional que vai auxiliar determinado local que o contratou
com suas questões jurídicas ou administrativas.
Por exemplo: uma empresa que contrata um advogado para fins de assessoria trabalhista, emitindo
pareceres em relação à conformidade da empresa com as leis trabalhistas, possíveis violações de
direitos que estejam ocorrendo e outras medidas a fim de evitar um futuro procedimento judicial.
Ou seja, muitas das vezes, esses assessores jurídicos de empresas prestam serviços de consultoria,
assessoramento e auxílio.
No mercado de trabalho privado, a profissão de assessor jurídico pode ter funções, atribuições e
remunerações distintas. Detalhes estes que variam de acordo com as necessidades de cada
contratante, seu respectivo negócio e o grau de conhecimento técnico e adequação profissional de cada
profissional.
É muito comum, por exemplo, que prefeituras de cidades pequenas contratem serviços de assessoria
jurídica para acompanhar as atividades da unidade, procedimentos licitatórios, contratos, etc., com o

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objetivo de garantir que a lei seja seguida e respeitada, evitando-se assim, quaisquer problemas
judiciais.
É uma profissão em ascensão, para o bacharel em direito e com inúmeras possibilidades de atuação,
podendo este escolher como atuar, em quais áreas e onde (em empresas privadas, órgãos públicos,
escritórios de advocacia, etc.).
Um detalhe que merece atenção é que para o cargo de assessor de juiz de direito ou de
desembargador, promotor e defensor público, o bacharel em direito não pode estar inscrito nos quadros
da Ordem de Advogados do Brasil.
Assim, como os cargos de técnico e de analista judiciário, os assessores ou assistentes vinculados a
Tribunais de Justiça como servidores comissionados não podem exercer a advocacia, conforme o art.
28, inciso IV, da Lei nº. 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil).
Assim, o advogado já inscrito na OAB, e que deseja ingressar nos referidos cargos públicos, deve
requerer o cancelamento de sua inscrição junto à Ordem, ou esta deverá ser feita de ofício pela própria
OAB.
O papel do assessor jurídico é de intermediar as relações, manejar as ações e vontades de seus
representantes de acordo com as prerrogativas do direito, as legislações e entendimentos
jurisprudenciais.
Tanto o assessor da área privada, quanto aquele vinculado à órgãos da Justiça, como Tribunais e
Promotorias exercem atividades imprescindíveis à prestação jurisdicional.
O assessor jurídico privado pode ser contratado para exercer atividades com regularidade e
habitualidade ou também por empreitadas, serviços previamente definidos e ajustados.
Já o assessor jurídico de Juiz de Direito, Desembargador ou Promotor, é contratado para cargo e
integra os quadros de funcionários públicos do respectivo órgão, mas na modalidade de cargo em
comissão (ou seja, não é efetivo), podendo ser exonerado a qualquer momento e por qualquer razão.

TÓPICO III
Das atribuições do assessor jurídico

De início, é importante pontuar que os integrantes da assessoria estão no gabinete para


auxiliar o juiz. Não decidem nada, apenas fazem a minuta de uma decisão que pode vir a ser
acolhida pelo juiz.
Portanto, por mais que o entendimento pessoal sobre o caso em concreto não se coadune com
o posicionamento seguido pelo gabinete, assessores, como auxiliares do juiz devem sempre
seguir o entendimento deste.
Eventuais alterações da linha de entendimento devem ser previamente consultadas ou
avisadas depois de enviada a minuta.
Inicialmente, entendia-se que a atribuição do assessor jurídico era a elaboração de minutas
(rascunhos, projeto) de despachos, decisões e sentenças. Posteriormente, novas funções
foram aparecendo:
- Atendimento aos Advogados e Partes
- Informações de Agravo
- Tarefas Administrativas (consultas em sistemas BACENJUD, RENAJUD, INFOJUD, SIEL,
etc.)
- Auxiliar em Plantão Judiciário
A Lei Estadual nº. 17.528/2013 (Estado do Paraná) que dispõe sobre a estrutura do Gabinete
do Juízo e adota outras providências, em seu art. 5º, define como atribuições básicas do
assessor de magistrado:
Aos servidores lotados no Gabinete do Juízo incumbe:
I - Elaborar relatórios e minutas de atos;
II - Lançar no sistema informatizado os despachos, decisões, audiências e sentenças, todos na íntegra,
provendo as respectivas publicações, quando for o caso;
III - Auxiliar o magistrado na realização de atos que envolvam a utilização de sistemas informatizados e
adotar todas as providências necessárias à sua efetivação por meio eletrônico;

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IV - Atender previamente todas as pessoas que pretenderem ser recebidas pelo magistrado, sem
impedir-lhes, todavia, o acesso direto, quando for o caso;
V - Organizar, segundo os critérios estabelecidos, processos judiciais remetidos à conclusão ao
magistrado, em meio físico ou eletrônico;
VI - Pesquisar legislação, jurisprudência, normas e conteúdos doutrinários;
VII - gerir materiais e serviços do gabinete;
VIII - manter em ordem arquivos de correspondência e registros das atividades do gabinete;
IX - Receber ofícios em agravo de instrumento, pedidos de informação em mandados de segurança,
habeas corpus e quaisquer outros procedimentos, certificando o atendimento tempestivo às
solicitações;
X - Elaborar, sob a supervisão do magistrado, relatórios estatísticos, planilhas de movimentação
forense, gráficos e documentos similares.
Ao observarmos os incisos V e X também podemos perceber que incumbe ao assessor de juiz
a gestão do ambiente de trabalho e de pessoas, não ficando tão somente restrito a elaboração
de peças jurídicas e demais atos processuais.

Um assessor jurídico pode atuar tanto no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição. Veja
o art. 153 do Decreto Judiciário nº 391, de 19 de maio de 1995, atualizado até o Decreto
Judiciário nº 113, de 3 de março de 2021, que estabelece a estrutura da Secretaria do Tribunal
de Justiça do Estado do Paraná, fixa a competência dos órgãos que o integram e dispõe sobre
as atribuições dos titulares dos cargos e funções:

Art. 153. Ao Assessor Jurídico de Gabinete de Desembargador compete: (Renumerado pelo D.J.
797/95, Renumerado pelo D.J. 251/96, Renumerado pelo D.J. 365/96, Renumerado pelo D.J. 297/98,
Renumerado pelo D.J. 141/00, Renumerado pelo D.J. 208/00, Renumerado pelo D.J. 209/00,
Renumerado pelo D.J. 210/00, Renumerado pelo D.J. 098/05, Renumerado pelo D.J. 100/05,
Renumerado pelo D.J. 152/05, Renumerado pelo D.J. 191/05, Renumerado pelo D.J. 275/05,
Renumerado pelo D.J. 333/05, Renumerado pelo D.J. 486/05, Renumerado pelo D.J. 506/05,
Renumerado pelo D.J. 187/06)
I - assessorar o Desembargador no que pertine a compilação de dados para a elaboração de relatórios
e minutas de acórdãos;
II - controlar o trâmite dos processos no âmbito do Gabinete;
III - fazer pesquisas e coleta de jurisprudência, quando solicitado pelo Desembargador;
IV - dar atendimento aos advogados, partes e demais interessados, sempre que se fizer necessário;
V - exercer outras atividades determinadas pelo Desembargador.
Quando estiverem diante de uma situação em que precisam elaborar um despacho, decisão e
sentença e não sabem a resposta imediata, sugiro o seguinte procedimento a ser seguido:
1º) Estudar todos os pontos do processo (leitura atenta e integral);
2º) Buscar a resposta na Lei (obs.: poucas profissões possuem “livro de respostas”, a nossa
possui milhares);
3º) Buscar a resposta na jurisprudência (www.jusbrasil.com.br, www.jus.com.br,
www.migalhas.com.br, ou nos sites dos tribunais);
4º) Pesquisar no material didático disponibilizado à assessoria: modelos da pasta
compartilhada e nos próprios modelos do Projudi;
5º) Perguntar aos colegas. Todavia, da seguinte forma:
5.1. Procurar apresentar a dúvida no intervalo entre um despacho e outro do colega ou
então anunciar ao colega que pretende apresentar um questionamento (o Skype pode ser
uma ótima ferramenta para esse anúncio), o qual então, após terminar o que está fazendo
ou após terminar o raciocínio da tese que está trabalhando, procurará sanar a dúvida;
5.2. Se possível, tentar formular uma pergunta direta que resuma toda a dúvida, como se
fosse uma questão de concurso;
5.3. Procurar fazer as perguntas todos de uma só vez e não de forma intercalada;

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5.4. A resposta ou eventual debate sobre a questão não deve ser superior a 30 minutos.
Mais do que isso provavelmente entra no campo acadêmico de pesquisa ou da curiosidade
ou especulação, os quais devem ser deixados para uma ocasião mais adequada;
5.5. Excetuam-se a essas regras os casos de Urgência, como tutela ou casos em que o
advogado aguarda uma resposta.
6º) Em último lugar, se o colega não souber responder, aí sim perguntar ao juiz.
 Atribuições gerais
a) Elaborar estudos, pesquisas, projetos de voto, minutas de decisões unipessoais (art. 557 do
CPC e tutelas de urgência) e de despachos diversos, sob a supervisão e orientação do
secretário jurídico;
b) Recepcionar e atender partes e advogados quando não houver necessidade de que o
contato se dê diretamente com o desembargador ou juiz de direito de segundo grau;
c) Executar atividades administrativas inerentes à sessão de julgamento, supervisionadas pelo
secretário jurídico;
d) Executar atividades administrativas em geral;
e) Orientar os estagiários na elaboração de pesquisas, projetos de voto e minutas de decisões
unipessoais de menor complexidade.
f) Desempenhar outras atribuições em consonância com as competências do Gabinete,
delegadas pela autoridade superior e/ou contidas em normas.
A Resolução GP n. 29/2017 é a norma que define as atribuições dos cargos comissionados
que prestam assessoria aos magistrados de primeiro grau no Estado de Santa Catarina.
Já o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, na Lei nº. 12.264 de 17 de maio de
2005, extinguiu e criou cargos/funções, dentre elas, cargos de Assessor de Juiz de Direito e
Assessor de Pretor:
Quadro 2 - Cargos em Comissão – TJRS
Cargo em
Comissão ou
Atribuições Sintéticas Escolaridade
Função
Gratificada
Prestar assessoramento ao Juiz de Direito, em assuntos
relativos à prestação jurisdicional; elaborar pesquisas
doutrinárias e jurisprudenciais, para serem utilizadas no
trabalho sentencial; manter atualizados os registros
sintéticos referentes a temas jurídicos de utilidade para o
desempenho da função jurisdicional; atuar como
Assessor de Juiz Graduação em
conciliador em
de Direito Direito
audiências de rito sumário; elaborar despachos e
minutas de decisões interlocutórias; elaborar relatórios
em geral; auxiliar os Juízes de Direito no desempenho
das atividades administrativas da Vara; exercer outras
tarefas afins.

Prestar assessoramento ao Pretor, em assuntos relativos


à prestação jurisdicional; elaborar pesquisas doutrinárias
e jurisprudenciais, para serem utilizadas no trabalho
sentencial; manter atualizados os registros sintéticos
Assessor de Graduação em
referentes a temas jurídicos de utilidade para o
Pretor Direito
desempenho da função jurisdicional; atuar como
conciliador em audiências de rito sumário; elaborar
despachos e minutas de decisões interlocutórias;
elaborar relatórios em geral; exercer outras tarefas afins.

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As vantagens de se contratar um assessor jurídico privado incluem:
a) Maior segurança e estabilidade para o contratante e seu negócio ou atividade;
b) Apoio técnico e especializado;
c) Auxílio na tomada de decisões, buscando sempre as melhores soluções e alternativas para
a questão;
d) Apoio jurídico e legal.

TÓPICO IV
Dos deveres atinentes à função de assessor jurídico

● Síntese – Ética, Segredo de Justiça e Sigilo Profissional


O servidor público tem a obrigação de agir pautado nestes valores e desta forma, representar a
prestação de seu serviço público com qualidade, nos termos do art. 37, da CF/88, que elenca
alguns princípios que regem a Administração Pública: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, eficiência.
A moralidade do servidor público deve estar acima de qualquer suspeita que possa desabonar
sua conduta enquanto servidor da justiça.
● Peças Jurídicas do Assessor Jurídico
Em resumo, as peças jurídicas a serem executadas por um assessor de juiz de direito, por exemplo,
podem ser: despachos de mero expediente, decisões interlocutórias e decisões terminativas (sentenças
e votos).
Despachos de mero expediente são aqueles que não possuem qualquer carga decisória, ou seja, são
documentos para impulsionar o processo, determinar diligências básicas, etc. e não implicam em
qualquer prejuízo para as partes (art. 203, §3º, CPC).
Já as decisões interlocutórias são compreendidas como sendo todo pronunciamento judicial de
natureza decisória. Ou seja, por meio deste ato, o julgador vai decidir algo no processo. Exemplo: o
magistrado deve analisar um pedido de audiência e deferir ou indeferir; ou analisar um pedido de busca
e apreensão e deferir ou indeferir. As possibilidades são enormes (art. 203, §2º, CPC).
E as sentenças, ou decisões terminativas são aquelas decisões em que o juiz, por meio de um
pronunciamento devidamente fundamentado, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução (art. 203, §1º, CPC).
Já se o assessor for de Promotor, por exemplo, fará minutas de denúncias, manifestações, alegações
finais, pedidos e requerimentos.
Existem várias modalidades de assessor jurídico, e cada uma delas tem suas peculiaridades, mas no
geral, a função deste profissional é de auxílio. O assessor carrega consigo a atribuição de ajudar seu
superior na execução de todos os atos de sua competência.
● Doutrina e Jurisprudência
A doutrina e jurisprudência se traduzem como um meio de evolução do direito (MASSAD, 2016, p. 127).
Por doutrina entende-se um conjunto de ideias, princípios, ensinamentos e razões de autores da área
do direito que dispõem sobre entendimentos sobre o assunto pesquisado e servem como base do
sistema jurídico, vez que fundamentam e dão força ao documento a ser elaborado.
A doutrina também tem servido como forma de interpretar a lei, fixando diretrizes gerais de
compreensão e aplicabilidade.
Por sua vez, a jurisprudência também se constitui como uma fonte do direito, mas representando o
posicionamento do judiciário em relação ao assunto, isto é, compõe um conjunto de entendimento e
decisões dos tribunais sobre a aplicação do direito aos casos concretos.
Decisões reiteradas, proferidas por um órgão julgador onde pelo menos três julgadores compactuam
com esta decisão, constituem a jurisprudência como uma fonte do direito e argumento a ser utilizado
como embasamento de decisões.

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UNIDADE IV
DA RESPONSABILIDADE CIVIL, ADMINISTRATIVA E PENAL
Plano de Estudo desta Unidade:
● Das nuances gerais quanto à responsabilidade civil no exercício das atividades de analista,
técnico e assessor jurídico;
● Da responsabilidade administrativa quanto à responsabilidade civil no exercício das
atividades de analista, técnico e assessor jurídico;
● Da responsabilidade penal quanto à responsabilidade civil no exercício das atividades de
analista, técnico e assessor jurídico;
● Da exemplificação com casos práticos da responsabilidade civil, administrativa e penal.
TÓPICO I
Das nuances gerais quanto à responsabilidade civil no exercício das atividades de analista,
técnico e assessor jurídico
E, ao contrário do que ocorre com a responsabilidade do Estado, que é objetiva, a responsabilidade
do próprio servidor é subjetiva. Desta forma, o servidor apenas responderá pelos danos que
causar, se forem cometidos por ação ou omissão e somente depois que restar comprovado que
houve culpa ou dolo (intenção) do servidor em praticar a ação que deu causa a responsabilidade.
(ALEXANDRINO; PAULO, 2011, p. 401).
Assim, em um primeiro momento, a pessoa que foi vítima do dano promove uma ação contra o
Estado.
Após o caso ser sentenciado e transitado em julgado, e sendo a sentença condenatória, é possível
que o Estado, que já respondeu objetivamente pelo dano, proponha uma ação de regresso contra
seu servidor, com o objetivo de ressarcir os valores que foi condenado a indenizar, desde que seja
comprovada a culpa ou dolo do agente público.
É relevante salientar que a responsabilidade civil do servidor público é independente das outras
formas de responsabilização (administrativa e penal), na medida em que é apurada e verificada na
Justiça Comum, na área do Direito Privado.
Assim, a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros (art. 122 da lei n. º 8.112/90), e tem fundamento nos
artigos 186, 187 e 927 do Código Civil, o qual impõe a todo aquele causar prejuízo a outrem a
obrigação de reparação.
- Ato omissivo: (o agente tem o dever de agir e não o faz, por consequência, causa dano ao
particular. A omissão passa a ser a causa para acontecer o resultado, pois se o Estado tivesse
atuado com medidas eficientes, ainda que em eventos naturais inevitáveis, o dano não teria
ocorrido) o agente pratica o ato através de uma omissão, um não agir, ou seja, deixa de fazer algo
que deveria.
- Ato comissivo: Os crimes comissivos, ou de ação, são os crimes em que o agente ou o sujeito
ativo, aquele que pratica o crime, age de forma positiva (por meio de uma ação, e não de uma
omissão). Nesse sentido, temos o crime de roubo previsto no art. 157 do Código Penal Brasileiro.
- Ato doloso: nesse tipo de conduta o agente age com intenção de praticar a ação e produzir o
resultado.
- Ato culposo: não há a intenção de se obter o resultado, todavia, isso decorre de um
comportamento negligente, imprudente ou não feito com a habilidade apropriada.
Via de regra, a responsabilização civil, exige o conjunto dos seguintes requisitos:
a) Ação ou omissão antijurídica;
b) Dolo ou culpa;
c) Relação de causalidade entre a ação ou omissão e o dano;
d) Existência de um dano moral ou material.

12
Tanto na ação de regresso do Estado contra o servidor, quanto na ação de indenização por
prejuízos causados à Administração diretamente, inexistindo bens do servidor público para garantir
e pagar a execução, poderão ser realizados descontos mensais em sua remuneração.
Referidos descontos não podem ultrapassar 10% do valor da remuneração percebida pelo servidor.
Outrossim, em se tratando de servidor regido pela CLT, há que se observar os termos desta para
então promover o desconto. Desta forma, é necessário que o servidor celetista expresse sua
autorização para os respectivos descontos.
Já no caso de prejuízo causado ao erário ou ao patrimônio das estatais por crime, o servidor estará
sujeito ao sequestro e perdimento de bens, conforme a Lei n. º 8.429/92:
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do...

TÓPICO II
Da responsabilidade administrativa quanto à responsabilidade civil no exercício das
atividades de analista, técnico e assessor jurídico
Neste sentido, por exemplo, vamos citar o caso de um analista judiciário. Em se tratando de
servidor de um Tribunal de Justiça, está sujeito às normas do referido tribunal, sendo que seu
descumprimento implicará em violação às normas internas e consequentemente, poderá sofrer
sanções administrativas.
Essa falta funcional do servidor para com a Administração dá origem a um ilícito administrativo que
decorre da ação ou omissão do servidor, seja por dolo ou culpa.
TÓPICO III
Da responsabilidade penal quanto à responsabilidade civil no exercício das atividades de
analista, técnico e assessor jurídico
A responsabilidade penal do servidor público abrange todos os crimes e contravenções penais
imputadas a ele. Outrossim, para efeitos penais, o art. 317, do Código Penal, Lei nº 2.848/40, leciona
que:
E em complementação, o parágrafo único do referido artigo conceitua que também são
equiparados a “funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública”.
Podemos dizer que a responsabilidade criminal decorre do cometimento de crimes funcionais,
que estão previstos no Código Penal, e que podem atingir qualquer funcionário público que se
qualifique como sendo. (MEIRELLES, 2006, p. 471 e 472).
Ao contrário do que ocorre com a responsabilidade administrativa, a responsabilidade penal é
apurada pelo Poder Judiciário.
E quais crimes a responsabilidade penal abrange? O artigo art. 123 da Lei nº. 8.112/90 define
que a responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor,
nessa qualidade.
Requisitos da responsabilidade penal:
a) exige dolo ou culpa;
b) nexo de causalidade;
c) dano concreto ou perigo de dano, ou seja, a tentativa também é punida.
● Da independência entre as esferas civil, administrativa e penal
Como percebido nesta Unidade, existem três esferas de responsabilidade:
1. Administrativa;
2. Civil;
3. Penal.

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É importante mencionarmos novamente que elas são independentes entre si. Mas o que isso quer
dizer? Bom, significa que elas podem ser apuradas separadamente ou em conjunto.
Sobre os meios de punição dos servidores públicos, em razão do cometimento do ilícito penal, Hely
Lopes Meirelles salienta que:
“[…] a responsabilização e a punição dos servidores públicos fazem-se por meios internos e externos. Aqueles
abrangem o processo administrativo disciplinar e os meios sumários, com a garantia do contraditório e da ampla
defesa; estes compreendem os processos judiciais, civis e criminais. Os meios internos, desenvolvem-se e se
exaurem no âmbito da própria Administração; os meios externos ficam a cargo exclusivo do Poder Judiciário”.
(MEIRELLES, 2006, p. 472).
ministrativa são independentes entre si, mas podem acumular-se.
Todavia, é possível que, por exemplo, um fato estar tipificado em uma lei penal como crime ou
contravenção e ao mesmo tempo se enquadrar como infração disciplinar em alguma lei
administrativa e, podendo ainda, causar danos patrimoniais, ou seja, cíveis, que devem ser
indenizados.
Neste caso, a condenação criminal do servidor por esse fato irá interferir nas esferas cível e
administrativa. (ALEXANDRINO; PAULO, 2011, p. 402)
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2011, p. 615), sobre a sentença condenatória na instância
penal, dispõe que: “quando o funcionário for condenado na esfera criminal, o juízo cível e a
autoridade administrativa não podem decidir de forma contrária, uma vez que, nessa hipótese,
houve decisão definitiva quanto ao fato e à autoria, aplicando-se o artigo 935 do Código Civil
de 2002”.
E assim como a condenação penal, a absolvição também gera seus efeitos. O art. 126 da
mencionada lei determina que nos casos de absolvição criminal por inexistência do fato ou de
autoria, a responsabilidade administrativa do servidor será afastada.
É possível que o servidor seja condenado no âmbito administrativo e condenado no criminal e
no civil, ou condenado na esfera criminal e absolvido administrativamente e civilmente, etc. São
inúmeras as possibilidades, pois as esferas são independentes e autônomas entre si, são os
casos.
Figura 2 - Esferas de Responsabilização

● Dos deveres do analista, técnico e assessor jurídico


Como já estudamos nas unidades anteriores, os analistas, técnicos e assessores jurídicos
possuem suas atribuições e funções, sendo que seus deveres estão ligados ao bom funcionamento
do serviço público.
Via de regra, os deveres desses servidores estão previstos em estatutos e decretos próprios e seus
respectivos descumprimentos podem ensejar punições administrativas.
● Do afastamento do servidor
O servidor público poderá ser afastado de suas funções por até 60 dias, como medida cautelar, a fim de
que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade (art. 147, da Lei n.º 8.112/90).

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● Das penalidades
A Lei n. º 8.112/90, em seu art. 127, traz algumas penalidades disciplinares a serem aplicadas ao
servidor, sendo elas:
a) Advertência – por escrito e em casos de faltas de menor gravidade, (exemplo incisos I a VIII e
XIX do art. 117). Também poderá ser aplicada quando inobservados os deveres funcionais
previstos em lei, regulamento ou norma interna, desde que não justifique a aplicação de penalidade
mais grave (art. 129 da Lei n.º 8.112/90);
b) Suspensão – será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de
violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não
podendo exceder de 90 (noventa) dias (art. 130 da Lei n. º 8.112/90);
c) Demissão – é a penalidade máxima do servidor na esfera administrativa e deve ser aplicada
pelas autoridades máximas de cada Poder, nos casos de:
I. Crime contra a administração pública;
II. Abandono de cargo (falta no serviço, injustificadamente, por mais de 30 dias consecutivos);
III. Inassiduidade habitual (falta no serviço, injustificadamente, por 60 dias de modo intercalado, em
12 meses);
IV. Improbidade administrativa; (ver Lei n. º 8.429/92);
V. Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI. Insubordinação grave em serviço;
VII. Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de
outrem;
VIII. Aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX. Revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X. Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI. Corrupção;
XII. Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII. Transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
d) Cassação de aposentadoria ou disponibilidade – em casos onde o servidor já está
aposentado e tenha tomado ciência, dentro do prazo de prescrição sobre a penalidade de 5 anos,
de falta punível com demissão.
e) Destituição de cargo em comissão – ocorre em razão de falta punível com demissão, em caso
de servidor que não é efetivo.
f) Destituição de função comissionada – ocorre para o servidor efetivo que além das demais
penalidades que lhe forem impostas, perderá também sua função comissionada.
● Da Sindicância e do Processo Administrativo Disciplinar
Por Sindicância, entende-se o procedimento que apura os fatos irregulares, ocorridos no exercício
do serviço público, pelo servidor e que não estão bem definidos, de forma que é necessária uma
investigação para melhor apurar as condutas possivelmente praticadas, os aspectos da situação e
seus respectivos autores.
Já o Processo Administrativo Disciplinar, conhecido como PAD, destina-se à apuração de
irregularidades praticadas no exercício das atividades da administração e que devem estar
formalizadas e expressas em um processo.
Outrossim, apesar de se tratar de um procedimento administrativo, o PAD deve respeitar preceitos
da Constituição Federal, como por exemplo, estes, disposto no art. 5º, incisos:
✔ LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
✔ LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
✔ LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
E no art. 41, §1º, inciso II, também da CF/88:
✔ Art. 41, § 1º, inciso II, como exigência de realização desse tipo de processo para aplicação das
penas que impliquem perda de cargo de funcionário estável.

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O PAD tem como finalidade apurar as responsabilidades de servidor por infração praticada no
exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se
encontre investida (art.148, Lei nº. 8.112/90).
Referida apuração é obrigatória e deve ser realizada através de processo disciplinar, sempre que o ilícito
praticado pelo servidor ensejar punição de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão (art. 146, Lei nº. 8.112/90).
TÓPICO IV
Da exemplificação com casos práticos da responsabilidade civil administrativa e penal
Exemplo 1 – João, analista judiciário, servidor público federal, enquanto estava em seu local
de trabalho, inicia uma discussão com José, técnico judiciário e seu colega de trabalho e no
meio da briga, acaba por assassiná-lo. Trata-se de um crime de homicídio e será apurado pela
Polícia Federal, bem como a denúncia será oferecida pelo Ministério Público Federal e o
julgamento será realizado pelo Poder Judiciário Federal. E, além da apuração do fato na esfera
penal, a autoridade administrativa tem o dever de instaurar um processo disciplinar, mas não
para averiguar e apurar o crime de homicídio, pois não é de sua competência, mas sim para
apurar se a conduta do servidor infringe alguma norma ou ditame da Administração Pública.
Nesta situação, é muito provável que a autoridade administrativa expeça Portaria descrevendo
os fatos e o enquadrará nas condutas previstas no art. 132, da lei nº 8.112/1990.
Exemplo 2 – Mariana, assessora de magistrado, subtraiu um computador da repartição pública
onde trabalha. E assim, praticou, supostamente, o crime de peculato-furto, previsto no art. 312
do Código Penal. Nesta situação a autoridade administrativa também não irá apurar o ilícito
penal, mas sim, editará Portaria para abertura do processo administrativo disciplinar, onde
deverá descrever o fato e enquadrar a conduta nos tipos previstos na lei nº 8.112/1990, mais
precisamente nos artigos 116, 117 e/ou 132.
Neste caso, ainda, além de violar a moralidade da administração e cometer crime, Mariana
causou danos ao patrimônio, de forma que poderá ser responsabilizada civilmente a ressarcir o
prejuízo causado.
Exemplo 3 – Pedro, analista judiciário e chefe em cargo comissionado é muito envolvido em
questões políticas e é filiado a um partido, onde atua fervorosamente. Todos os dias, Pedro
coage seus subordinados Joana, Márcio e Julia a filiarem-se a seu partido, falando que os
destituirá do cargo e dará causa à instauração de procedimento administrativo contra seus
subordinados. Joana, Márcio e Julia cansados das ameaças decidem denunciar Pedro, que
será investigado por meio de PAD. A administração deve expedir Portaria descrevendo os fatos
e o enquadrar referido servidor nas condutas previstas no art. 117, VII, da Lei nº 8.112/1990,
bem como analisar qual punição do art. 127 lhe é cabível, sendo que em razão da coação,
Pedro inclusive poderá ser afastado temporariamente de suas funções, até que o procedimento
seja concluído.
Jurisprudências sobre o tema:
1 – APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO.
REINTEGRAÇÃO EM CARGO PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
PENA DEMISSÃO. AÇÃO PENAL ABSOLUTÓRIA. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.
COMUNICABILIDADE DE INSTÂNCIAS. INOCORRÊNCIA. PARADIGMAS APRESENTADOS.
INADEQUADOS. DEMISSÃO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA.
I - Por força do princípio da independência das instâncias, a esfera administrativa só se
subordina à penal quando a sentença absolutória reconhece que não houve ocorrência do fato
ou que negue a autoria, o que não é o caso dos autos em que a absolvição se fundamentou na
insuficiência de provas.
II - A recorrente foi absolvida na esfera penal por insuficiência de provas nos termos do art.
386, inciso VII, do CPP, o que não produz efeitos sobre a decisão administrativa que demitiu a
apelante.
16
III - Os casos apontados pela apelante em que servidores foram readmitidos, após o trânsito da
sentença absolutória, não se prestam como paradigmas pois não se enquadram no caso
tipificado da recorrente, sendo, pois, despiciendo manifestar sobre cada um deles.
IV - O processo administrativo que culminou com a demissão da apelante observou os
princípios do contraditório e da ampla defesa para a obtenção do devido processo legal, o que
não configura ato ilícito, inexistindo, pois, ilegalidade na pena de demissão aplicada.
APELAÇÃO CONHECIDA E DESPROVIDA. SENTENÇA MANTIDA.
(TJ-GO - (CPC): 02667559320168090051, Relator: NORIVAL DE CASTRO SANTOMÉ, Data
de Julgamento: 05/10/2018, 6ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 05/10/2018).
2 – ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL.
PAD. DEMISSÃO. FATO SUPERVENIENTE. ABSOLVIÇÃO NO JUÍZO PENAL. NEGATIVA
DE EXISTÊNCIA DO FATO. AUSÊNCIA DE FALTA DISCIPLINAR RESIDUAL.
MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELA CONCESSÃO DAORDEM. ORDEM
CONCEDIDA.1. O impetrante foi demitido do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal, em
razão da conclusão do processo administrativo disciplinar de que ele teria classificado
terminais de captação de apostas, cuja importação é proibida, como produto de informática, de
importação permitida. A conduta foi enquadrada nos arts. 117, IX, e132, IV, da Lei n.
8.112/1990.2. O processo administrativo disciplinar não é dependente da instância penal,
porém, nos termos do art. 126, da Lei n.8.112/1990, a responsabilidade administrativa do
servidor será afastada no caso de o Juízo Criminal proferir sentença absolutória que negue a
existência do fato ou sua autoria, exceto se houver falta disciplinar residual não englobada pela
sentença penal (Súmula n. 18/STF).3. In casu, os fatos expostos na sentença da Ação Penal
movida contra o impetrante são os mesmos tratados no PAD e não há resíduo punível, pois na
esfera criminal foi absolvido por inexistência do fato delituoso, nos termos do art. 386, I, do
CPP.4. Ordem concedida.

3 – RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO – ELEMENTOS


ESTRUTURAIS. PRESSUPOSTOS LEGITIMADORES DA INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. HOSPITAL
PÚBLICO QUE INTEGRAVA, À ÉPOCA DO FATO GERADOR DO DEVER DE INDENIZAR, A
ESTRUTURA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA
ESTATAL QUE DECORRE, NA ESPÉCIE, DA INFLIÇÃO DE DANOS CAUSADOS A
PACIENTE EM RAZÃO DE PRESTAÇÃO DEFICIENTE DE ATIVIDADE MÉDICO-HOSPITALAR
DESENVOLVIDA EM HOSPITAL PÚBLICO – LESÃO ESFINCTERIANA OBSTÉTRICA GRAVE.
FATO DANOSO PARA A OFENDIDA RESULTANTE DE EPISIOTOMIA REALIZADA DURANTE O
PARTO – OMISSÃO DA EQUIPE DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE, EM REFERIDO
ESTABELECIMENTO HOSPITALAR, NO ACOMPANHAMENTO PÓS-CIRÚRGICO. DANOS
MORAIS E MATERIAIS RECONHECIDOS. RESSARCIBILIDADE. DOUTRINA.
JURISPRUDÊNCIA. RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
(STF - AI: 852237 RS, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 25/06/2013,
Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-176 DIVULG 06-09-2013
PUBLIC 09-09-2013).
4 – DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃO DISCIPLINAR.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA E PENAL. INDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS.
ABSOLVIÇÃO PENAL. INEXISTÊNCIA DO FATO. FALTA RESIDUAL. INEXISTÊNCIA. 1. “As
responsabilidades disciplinar, civil e penal são independentes entre si e as sanções
correspondentes podem se cumular (art. 125); entretanto, a absolvição criminal, que negue a
existência do fato ou de sua autoria, afasta a responsabilidade administrativa (art. 126)”.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14. ed. São Paulo:
Malheiros, 2001. 2. O artigo 23 da Lei 8.935/94 não resta violado quando o fato imputado ao
agente, que fundamentou a aplicação da pena de suspensão por 90 (noventa) dias, restou
declarado inexistente, não havendo conduta outra, cometida pelo servidor, capaz de configurar-

17
se como infração disciplinar, a justificar a aplicação daquela penalidade. 3. É que a
responsabilidade administrativa deve ser afastada nos casos em que declarada a inexistência
do fato imputado ao servidor ou negada sua autoria pela instância penal. 4. Destarte, afastada
a responsabilidade criminal do servidor, por inexistência do fato ou negativa de sua autoria,
afastada também estará a responsabilidade administrativa, exceto se verificada falta disciplinar
residual , não abrangida pela sentença penal absolutória. Inteligência, a contrario sensu, da
Súmula 18 do STF, verbis: “Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo
criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público”.
REsp 1199083/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
24/08/2010, DJe 08/09/2010; MS 13.599/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe 28/05/2010; Rcl .611/DF, Rel. Ministro
WALDEMAR ZVEITER, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/10/2000, DJ 04/02/2002.
5 – PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ANALISTA JUDICIÁRIO, EXECUÇÃO DE
MANDADOS. SINDICÂNCIA INVESTIGATIVA E PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR. DENÚNCIA ANÔNIMA. PODER-DEVER DA ADMINISTRAÇÃO. ART. 143 DA
LEI 8.112/1990. DENÚNCIA ACOMPANHADA POR OUTROS ELEMENTOS DE PROVA
SUFICIENTES A DENOTAR A CONDUTA IRREGULAR DO SERVIDOR. COMISSÃO DE
SINDICÂNCIA E DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. INEXISTÊNCIA DE
NULIDADE. OBSERVÂNCIA DA REGRA DO ART. 149 DA LEI 8.112/1990. EXIGÊNCIA
APENAS DO PRESIDENTE DA COMISSÃO OCUPAR CARGO EFETIVO SUPERIOR OU DO
MESMO NÍVEL, OU TER NÍVEL DE ESCOLARIDADE IGUAL OU SUPERIOR AO DO
INDICIADO. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR
OU ILÍCITO PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO. NECESSÁRIA DILAÇÃO
PROBATÓRIA. DESCABIMENTO. RECURSO ORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Trata-se de
recurso ordinário em Mandado de Segurança onde pretende o recorrente a concessão integral
da segurança a fim de reconhecer a nulidade da Sindicância e do Processo Administrativo
Disciplinar e, consequentemente, do ato apontado como coator, porquanto teriam sido
deflagrados através de denúncia anônima, a violar a regra do art. 144 da Lei 8.112/1990; tendo
em vista que o fato noticiado não configuraria evidente infração disciplinar ou ilícito penal,
porquanto ocorrido em evento externo ao local de trabalho e que sequer haveria a
comprovação da autoria e materialidade, não guardando relação direta com os deveres ou
proibições impostas aos servidores públicos federais e diante da inobservância do princípio da
hierarquia na formação das Comissões de Sindicância e de Processo Administrativo
Disciplinar. 2. É firme o entendimento no âmbito do STJ no sentido de que inexiste ilegalidade
na instauração de sindicância investigativa e processo administrativo disciplinar com base em
denúncia anônima, por conta do poder-dever de autotutela imposto à Administração (art. 143
da Lei 8.112/1990), ainda mais quando a denúncia decorre de Ofício do próprio Diretor do Foro
e é acompanhada de outros elementos de prova que denotariam a conduta irregular praticada
pelo investigado, como no presente caso. Precedentes. 3. "A teor do artigo 149 da Lei nº
8.112/90, apenas o Presidente da Comissão Processante deverá ocupar cargo efetivo superior
ou do mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado" (MS
9.421/DF, Rel. Ministro Paulo Gallotti, Terceira Seção, julgado em 22/08/2007, DJ 17/09/2007,
p. 201). 4. Não há como se conhecer da alegação de que o fato noticiado não configuraria
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a justificar a instauração do PAD, na medida que
tais alegações ainda serão examinadas pela Comissão Processante e por demandarem ampla
dilação probatória, o que é vedado na via estreita do presente mandamus, a pressupor prova
pré-constituída. 5. Recurso ordinário não provido.
(STJ - RMS: 44298 PR 2013/0379189-4, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
Data de Julgamento: 18/11/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
24/11/2014).

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6 – PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
DA 3ª REGIÃO – INFRAÇÃO DISCIPLINAR – SUSPEIÇÃO – RECEBIMENTO DE
VANTAGEM ECONÔMICA – ASSESSOR – IMPEDIMENTO – APOSENTADORIA
COMPULSÓRIA. 1. O magistrado deve afastar-se de toda causa que tenha o potencial de
alterar expressivamente a posição equidistante na qual deveria se manter em relação às partes
dos processos, sob pena de afrontar as exigências legais e éticas que pautam sua atuação
profissional. 2. Ao receber vantagem econômica de uma das partes – no caso, mora
luxuosamente há anos em apartamento de propriedade do patrono de inúmeros processos
julgados por ele, praticamente a título gratuito – é evidente que a independência do magistrado
é colocada em jogo, e por ele mesmo. O juiz não pode dispor da independência judicial
individual que lhe foi constitucionalmente conferida: ela é mais uma responsabilidade do que
um privilégio. Trata-se da responsabilidade de se manter independente, de zelar por sua
independência, para que suas atribuições não sejam ameaçadas por pressões das mais
variadas naturezas. Tal conduta configura prática de irregularidades no exercício da
magistratura, previstas nos arts. 35, incisos I da LOMAN e a inobservância à vedação imposta
pelo art. 95, parágrafo único, inciso IV, da Constituição Federal, ensejando a aplicação da pena
de aposentadoria compulsória. 3. Nem todo caso em que o magistrado suspeito para o
julgamento de determinados processos deixa de declarar sua suspeição ensejará a punição
disciplinar. Na verdade, a combinação da patente suspeição do magistrado, em vista de sua
amizade fraternal e do recebimento de vantagem econômica pelos advogados mencionados e,
ainda, de sua conduta suspeita, indicando o favorecimento dos mesmos advogados nos
processos mencionados, é que evidencia o descumprimento de seus deveres funcionais. 4. A
nomeação de servidor advindo do escritório de amigo íntimo do magistrado, daquele que
subvenciona sua moradia, e mesmo sabendo que este servidor é filho de membro daquele
escritório, mantendo o servidor na elaboração das minutas de decisão, sem qualquer ressalva,
sem qualquer organização no gabinete que impedisse a prática de atos pelo servidor nos
processos em que seu pai figurava como advogado é dever funcional ao art. 35, VII da
LOMAN. 5. Não se aplica pena de advertência a magistrado de segundo grau, nos termos do
parágrafo único do art. 42 da LOMAN. 6. Procedência da pretensão punitiva quanto ao primeiro
requerido, com aplicação da pena de aposentadoria compulsória, porquanto demonstrado que
a conduta do magistrado processado está tipificada no art. 56, II, da Lei Complementar nº 35,
de 1979 (“... procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas
funções”). Improcedência da pretensão punitiva quanto ao segundo requerido, pois, mesmo
configurada a infração ao dever inscrito no artigo 35, VII da LOMAN, não se pode aplicar pena
menos severa que aposentadoria compulsória e disponibilidade ao Juiz, nos termos do
parágrafo único do art. 42 da LOMAN.
(PAD - Processo Administrativo Disciplinar - 0007400-80.2009.2.00.0000 - Rel. JORGE HÉLIO
CHAVES DE OLIVEIRA - 122ª Sessão Ordinária - julgado em 15/03/2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta forma, sintetizando todo o aprendizado desta Unidade, o servidor público pode
responder civil, penal e administrativamente quando exercer irregularmente duas
atribuições.
A responsabilidade civil decorrerá de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo e que tenha
como resultado um prejuízo ao erário ou para terceiros.
Assim, o servidor público poderá responder nessas três esferas (civil, penal e administrativa)
caso sejam encontradas irregularidades no exercício de suas atividades enquanto funcionário
público.
Referidos desvios de conduta do servidor podem ter como resultado sanções administrativas,
indenizações e responsabilização criminal.
A responsabilidade civil possui ordem patrimonial e tem fundamento no Código Civil, na
medida em que todo dano causado a alguém deve ser reparado.

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E em se tratando de dano causado ao Estado, a responsabilidade será apurada pela própria
administração, que irá instaurar Procedimento Administrativo Disciplinar, observando-se todas
as regras e garantias previstas em leis e na Constituição.
Outrossim, referidos procedimentos executórios com base em processos administrativos
disciplinares não dependem de autorização judicial.
É muito normal que a administração desconte dos vencimentos do servidor os valores
necessários ao ressarcimento dos prejuízos que tenha causado, respeitando os limites fixados
em lei. Mas em caso de servidor contratado em regime CLT, o desconto somente será feito
com anuência do empregado ou em caso de dolo.
Já em caso de ato que resulte em prejuízo à Fazenda Pública ou fique constatado
enriquecimento ilícito do servidor, este estará sujeito ao perdimento ou sequestro de seus
bens. Todavia, neste caso, é necessária a intervenção do poder judiciário, não bastando a via
administrativa.
Já em relação a prejuízos a terceiro, o estado ficará responsável na modalidade objetiva, mas
sendo cabível ação de regresso contra o servidor que agiu por dolo ou culpa.
No que diz respeito à responsabilidade penal, o servidor incorre sempre que praticar crime ou
contravenção no exercício de suas funções públicas, sendo que para tanto, a apuração dessa
responsabilidade incumbe exclusivamente ao Poder Judiciário.
E, a infração de leis, normas internas, decretos ou quaisquer outras irregularidades a ordens
administrativas caracterizam o ilícito administrativo, que também tem como elementos a ação
ou omissão, desde que por dolo ou culpa.
A maioria das infrações administrativas têm fundamento legal e, portanto, sua ocorrência surge
com o descumprimento dos deveres expressos em lei, que se caracterizem como norma
disciplinar e vinculados ao exercício da atividade do servidor público.
E a apuração da responsabilidade administrativa do servidor é realizada no âmbito da própria
Administração, através de sindicância ou processo administrativo, em que sejam assegurados,
ao servidor, o contraditório e a ampla defesa.0

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