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EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) DOUTOR(a) JUIZ(a) DA XXª VARA DO

TRABALHO DE XXXXXXXXX - XX

Processo n.º: XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX

XXXXXXX XX XXXXXX, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ


XXXXXXXXX, por seu advogado signatá rio, instrumento de mandato incluso, com
sede à XXXXXXXX, XXX – na cidade de XXXXXXXX–XX, local onde recebe
notificaçõ es, comparece perante esse Meritíssimo Juízo para oferecer
CONTESTAÇÃO à Reclamató ria Trabalhista que lhe move XXXXXXX XXXXXX
Ltda., mediante as razõ es que passa a expor:

I – DO CONTRATO DE TRABALHO
Efetivamente o Reclamante laborou na Reclamada no período de 22.12.20XX, até a
data de 05.03.20XX, quando foi demitido sem justa causa.

O Reclamante da data da contrataçã o até a data de 30.04.20XX, exerceu a funçã o de


operador de trator de Pá tio; de 01.05.20XX a 30.05.20XX, exerceu a funçã o de
Operador de Empilhadeira de Grande Porte, e a partir de 01.06.20XX até a data da
demissã o, exerceu a funçã o de Operador de Equipamento de Grande Porte.

II – PRELIMINARMENTE
1. Da prescrição quinquenal
Que a peça inicial foi distribuída em data de 02.10.20XX.

Neste passo e considerando-se a prescriçã o quinquenal, é de ser esta observada, o


que na melhor das hipó teses para o Reclamante, fulmina todas suas pretensõ es,
anteriores a data de 02.10.2009.

Em assim sendo, a Reclamada requer a V. Exa, que limite os pleitos do Reclamante,


a data de 02.10.20XX, declarando-se prescrito o período anterior à quela data.

III – NO MÉRITO
1. Do benefício de auxílio doença
O Reclamante esteve afastado em gozo de auxilio doença, nã o relacionada ao
trabalho, junto ao INSS, no período de 27 de agosto de 20XX a 17.02.20XX.

2. Do adicional de risco de vida


Alega o reclamante que enquanto trabalhador portuá rio, empregado numa
instalaçã o portuá ria de uso pú blico estava sujeito aos ditames da Lei 4.860/65.

Contudo, razã o nenhuma assiste ao Reclamante.

Por primeiro importante considerar que a Reclamada é empresa privada, e vias de


consequências, seus empregados nã o sã o servidores e tampouco empregados da
Administraçã o dos Portos.

A Lei nº 4.860/65, diz respeito exclusivamente aos servidores ou empregados


pertencentes à Administraçã o dos Portos.

Com efeito, o artigo 19 da Lei nº 4860/65 é claro ao definir a extensã o de


aplicabilidade da lei: "Art.19 As disposições desta Lei são aplicáveis a todos os
servidores ou empregados pertencentes às Administrações dos Portos...”

A evidência a Reclamada nã o é e nem pertence à Administraçã o dos Portos,


portanto, nã o lhe é aplicá vel a referida lei, o mesmo ocorrendo com seus
empregados.

Neste sentido traga-se a atual jurisprudência, envolvendo a ora Reclamada.

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - DISPONIBILIZADO


EM:16/12/2010 BRASILIA SECRETARIA DA 8. TURMA
Acórdão 16122010 - Processo Nº RR-110600-73.2006.5.04.0121
Processo Nº RR-1106/2006-121-04-00.1 Relator Min. Dora Maria da
Costa Recorrente(s) Tecon Rio Grande S.A. Advogado Dr. Mauro José da
Silva Jaeger Recorrido(s) Adão Guaraci Murige Ribeiro Advogado Dr.
Leonardo Pereira Maurano DECISÃO: por unanimidade, conhecer do
recurso de revista apenas quanto ao tema "adicional de risco" por
violação do art. 14 da Lei nº 4.860/65 e, no mérito, dar-lhe provimento
para excluir da condenação o adicional de risco previsto no citado
dispositivo legal e determinar o retorno dos autos ao Tribunal
Regional para que analise o recurso ordinário do reclamante quanto
ao pedido sucessivo de adicional de periculosidade (fls. 471/472).
Prejudicada a análise do recurso de revista quanto ao tema
"honorários advocatícios". EMENTA: RECURSO DE REVISTA.
TRABALHADOR PORTUÁRIO. ADICIONAL DE RISCO. LEI Nº 4.860/65.
TERMINAL PRIVATIVO. De acordo com a OJ nº 402 da SBDI-1 do TST,
os trabalhadores portuários que operam terminal privativo não têm
direito ao adicional de risco. Impõe-se, portanto, o provimento do
recurso de revista para excluir da condenação o citado adicional e
determinar o retorno dos autos ao Tribunal Regional para que analise
o recurso ordinário do reclamante quanto ao pedido sucessivo de
adicional de periculosidade. Recurso de revista conhecido e provido.

De outro banda, caso entenda Vossa Excelência que a Reclamada é administradora


do porto – o que se utiliza apenas para argumento posto que nã o o é, sendo
administrador do porto a XXXXXXXX, mesmo assim a Lei nº 4.860/65, NÃ O parte
do pressuposto de que a á rea do porto constitui ambiente de risco, perigoso,
insalubre.

Em realidade, a Lei nº 4.860/65 somente estabeleceu o pagamento de adicional em


percentual fixo, para o fim de remunerar os riscos relativos à insalubridade,
periculosidade e outros porventura existentes.

Ou seja, se existentes os riscos relativos à insalubridade, periculosidade e outros,


haverá direito a percepçã o de adicional, e se nã o houver existência destes, nã o
haverá direito a percepçã o do adicional.
Observa-se que, o artigo 14 da indigitada lei, em verdade limita o direito a
percepçã o do adicional, exclusivamente, aos serviços que realmente ofereçam
riscos, e nã o a todos indiscriminadamente, como entendeu o magistrado.

Para visualizar tal situaçã o basta uma simples leitura do disposto no § 3º do citado
artigo 14:

"§3º As administrações dos portos, no prazo de 60 (sessenta) dias,


DISCRIMINARAM, ouvida a autoridade competente, OS SERVIÇOS
CONSIDERADOS SOB RISCOS."

Assim, resta evidente que a lei em comento nã o considera que toda a á rea do porto
constitui ambiente de risco (como equivocadamente entende o reclamante), mas
tã o somente algumas atividades lá realizadas, e ainda, sob condiçã o de serem as
atividades discriminadas pelas Administraçõ es dos Portos, e ainda, apó s ouvida a
autoridade competente, para a definiçã o das atividades que se realizam sob risco.

Transcreve-se o § 1º do artigo 14:

"§1º Este adicional somente será devido enquanto não forem


removidas ou eliminadas as causas de risco."

Portanto, claro que, a legislaçã o em destaque, diferentemente do que entendeu o


reclamante, jamais definiu como sendo o ambiente do porto á rea de risco
indiscriminadamente, mas ao contrá rio, definiu sim, que algumas atividades, apó s
discriminaçã o das Administraçõ es dos Portos (§ 3º), se realizariam sob risco.

Assim, somente será considerada atividade desenvolvida sob risco, quando esta
atividade for discriminada pelas administraçõ es dos portos e ouvida a autoridade
competente, e desde que nã o sejam removidas ou eliminadas as causas de risco.

Corroborando este entendimento é mister transcrever-se o § 2º do referido artigo


14:
"§ 2º Este adicional somente será devido durante o tempo efetivo no
serviço considerado sob risco".

Desta forma fica evidente que a á rea do porto nã o é definida pela lei nº 4860/65
como á rea de risco, mas somente alguns serviços que lá sejam desenvolvidos
poderã o, atendidos os pressupostos dos pará grafos do artigo 14, serem assim
considerados.

Conclusivamente, se a Lei nº 4860/65 definisse como entendeu o reclamante e


somente por interessante, que a á rea do porto constituísse ambiente de risco
indiscriminadamente, por certo esta mesma lei nã o remeteria à s Administraçõ es
dos Portos (§3º), ouvida a autoridade competente, a discriminaçã o de quais seriam
os serviços considerados sob risco.

A limitaçã o é clara: "discriminarã o, ouvida a autoridade competente, os serviços


considerados sob riscos" (§ 3º)

Mesmo sendo repetitivo, é importante frisar-se que o objetivo da lei nã o foi


considerar como ambiente de risco a á rea do porto, mas tã o somente encontrar
uma forma á gil de remunerar, em percentual fixo, o SERVIÇO QUE OFERECER
RISCO, definido na forma dos pará grafos supra mencionados (em especial o § 3º).

Logo, as atividades desenvolvidas pelo Reclamante, nã o eram e nã o e nã o podem


ser consideradas de risco, face ao disposto na lei nº 4860/65.

A atividade do reclamante somente será considerada perigosa se, em primeiro


lugar, assim for discriminada e definida pelas Administraçõ es dos Portos, apó s
ouvida a autoridade competente, e que, além disso, nã o seja possível sua remoçã o
ou eliminaçã o, e ainda, somente durante o tempo efetivo da realizaçã o do serviço.
Portanto, o referencial utilizado pelo reclamante, nã o se aplica a Reclamada por
nã o ser administradora dos portos e portanto nã o encontra amparo nem mesmo
na Lei 4860/65.

Finaliza-se afirmando que a á rea do porto nã o foi considerada como á rea de risco
pela Lei nº 4.860/65, mas tã o somente atividades que poderã o ser, desde que
discriminadas conforme § 3º.

A título de pré-questionamento, registra a reclamada que entender-se de forma


diferente da sustentada pela Reclamada, viola a Lei nº 4860/65, e assim, requer
seja proferida manifestaçã o expressa quanto a sua violaçã o.

Outro aspecto, importante a salientar consiste no fato de que a Lei nº 4.860/65 nã o


é autoaplicá vel, necessitando de norma regulamentadora.

Prescreve o artigo 14 da Lei nº 4.860/65:

Art. 14. A fim de remunerar os riscos relativos à insalubridade,


periculosidade e outros por ventura existentes, fica instituído o
"adicional de riscos" de 40% (quarenta por cento) que incidirá sobre o
valor do salário-hora ordinário do período diurno e substituirá todos
aqueles que, com sentido ou caráter idêntico, vinham sendo pagos.

"§3º As administrações dos portos, no prazo de 60 (sessenta) dias,


DISCRIMINARAM, ouvida a autoridade competente, OS SERVIÇOS
CONSIDERADOS SOB RISCOS."

Assim, verifica-se que se trata de norma em branco, que para sua configuraçã o ou
aplicaçã o necessita e reclama norma integrativa, que a complemente.

Ocorre que, para o caso concreto ora em debate, nã o há norma integrativa


fornecendo a "discriminaçã o dos serviços considerados sob riscos".
Portanto, o art. 14 nã o é autoaplicá vel tornando a pretensã o do reclamante
inconsistente e insubsistente.

Neste quadrante nã o existe direito ao reclamante em receber qualquer valor a


título de adicional de risco, com esteio na Lei nº 4.860/65.

3. Do adicional de insalubridade/periculosidade
Antevendo o insucesso do pleito contestado no tó pico anterior, o reclamante se
apressa em apresentar pleito sucessivo, agora alegando ter laborado em contato
com agentes perigosos, por ter ficado pró ximo a containeres que continham cargas
perigosas.

O Reclamante jamais laborou em ambiente insalubre e/ou periculoso, porquanto


este é inexistente na sede da reclamada.

Da mesma forma jamais o reclamante manteve contato com cargas perigosas,


sendo absolutamente estéreis as alegaçõ es do Reclamante em sentido contrá rio.

Aliá s, esta afirmaçã o da Reclamada restará devidamente comprovada quando da


realizaçã o de perícia, que de pronto afastará a pretensã o do Reclamante, tanto
quanto a existência de periculosidade quanto insalubridade e em qualquer grau.

A par disso o forte e maciço material de proteçã o colocado a disposiçã o do


Reclamante pela Reclamada, conforme documentaçã o que ora se junta, a toda
evidência inibiria a açã o de qualquer agente insalubre ou gerador do adicional de
periculosidade, mesmo que houvesse e nã o havia.

Assim, improcede o pedido de adicional de insalubridade/periculosidade como


restará demonstrado em prova pericial.

4. Da inexistência da garantia provisória


O Reclamante disparou a presente açã o, neste quesito, ante o entendimento,
obviamente equivocado, de que nã o poderia ter sido demitido, apó s o recebimento
de alta junto ao ó rgã o previdenciá rio, porquanto entende ser detentor de
estabilidade provisó ria.

Nã o merece trâ nsito as pretensõ es do Reclamante, porquanto durante o pacto


laboral nã o sofreu nenhum acidente de trabalho.

Em nã o havendo acidente, nã o há de se falar em direito a estabilidade perseguida.

Com efeito o art. 118 da Lei nº 8.213/98 assim determina em seu art. 118:

"O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na
empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independente
de percepção de auxílio acidente".

Neste compasso e em conformidade com o disposto no art. 118 da Lei nº 8.213/91,


resta claro que o Reclamante, nã o tem direito a garantia

De outra banda o Reclamante gozou sim de auxilio doença junto ao ó rgã o


previdenciá rio, face a doença degenerativa e, nã o por doença, equiparada a
acidente de trabalho.

De se ver que o Reclamante juntou o ID XXXXXXX, relativo da lavra de XXXXXX


MEDICINA DIAGNOSTICA, firmada pelo Dr. XXXXXXXXXXXX, que atesta que a
doença é mesmo degenerativa, e , em decorrência, nã o guarda nenhum nexo causal
com o trabalho realizado na Reclamada.

A LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991, em seu artigo 20 § 1º assim preceitua:

Art. 20. § 1º Não são consideradas como doença do trabalho:


a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em
que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Incontroverso entã o, que o Reclamante nã o tem direito a estabilidade provisó ria


pretendida, e vias de conseqü ências, nã o tem direito a sua reintegraçã o ao
trabalho.

De outro lado e admitindo-se nã o mais do que por argumento que assim V. Exa,
nã o entenda e entenderá , e determine a reintegraçã o do Reclamante ao trabalho,
tal nã o se mostra viá vel, porquanto as relaçõ es entre os ora litigantes, assim nã o
recomendam.

Neste passo a Reclamada de pronto afasta a possibilidade de reintegrar o


Reclamante a seu quadro funcional, até mesmo porquanto este já se encontra
completo, nã o havendo posto de trabalho a ser oferecido ao Reclamante.

5. Da inexistência do dano moral


Sustenta e de forma maliciosa o Reclamante que além da garantia de emprego,
diante da doença apresentada, e de nã o saber qual a extensã o no que se refere a
eventual incapacidade futura, é ó bvio que já sofreu em razã o da doença
apresentada, tendo ficado afastado do trabalho parar recuperaçã o e em
decorrência requer seja indenizado por dano moral.

Reclamante na â nsia de obter enriquecimento sem justa causa, nã o se acanhou em


produzir alegaçõ es, completamente divorciadas da realidade.

Refere como antes dito, que nã o sabe a extensã o de eventual incapacidade futura e
que ficou afastado do trabalho de recuperaçã o.
Logo, como nenhuma culpa se houve a Reclamada para a inventada e inexistente
doença ocupacional, que objetivou a presente demanda, o que de per si mostra-se
razã o invencível para que seja julgada improcedente a demanda.

Ademais mesmo o dano moral deverá ser vastamente comprovado, nã o bastando


simples e genérica alegaçã o de prejuízo e também deste ô nus nã o se desincumbiu
o reclamante.

De outro giro tivesse o Reclamante experimentado qualquer dano, mesmo que


moral e nã o experimentou, por certo este nã o teria aguardado QUASE UM ANO,
apó s sua demissã o, para somente vir a juízo alegar ter sofrido danos e requerer
dano moral.

Esta falta de iniciativa do Reclamante fala por si só , porquanto ninguém, repita-se


ninguém que tenha experimentado qualquer dano, mesmo que moral, aguardaria
QUASE UM ANO, para somente entã o postular em juízo.

Assim comprovado que o Reclamante nã o experimentou nenhum dano, mesmo


que moral, por ato da Reclamada.

III- DOS PEDIDOS


Requer seja a pretensã o da Reclamante julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE
no mérito em relaçã o a todos os pedidos constantes da inicial, principais,
sucessivos e acessó rios, pelos fatos e fundamentos jurídicos sustentados no
decorrer da presente peça processual, que deverã o ser considerados como aqui
transcritos a fim de alicerçar o presente pedido.

REQUER, ad argumentandum tantum, na hipó tese de eventual condenaçã o no


pagamento de qualquer item no pedido, o deferimento dos competentes descontos
para o Imposto de Renda e Previdência Social.
Requer, finalmente, seja permitido ao Reclamado a possibilidade de demonstrar os
fatos alegados por meio de todas as provas em Direito admitidas, mormente a
testemunhal, documental e a pericial.

O Reclamado impugna na totalidade a documentaçã o juntada aos autos pelo


Reclamante, haja vista que imprestá vel para fazer prova da pretensã o contida na
presente Reclamató ria.

Termos em que pede e espera deferimento.

XXXXXXXXXX, XX de março de 2018.

XXXXXX XXXXXX
OAB/XX nº. XX.XXX

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