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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PREFEITURA DE MAQUINÉ

PROCURADORIA MUNICIPAL
Parecer Jurídico

Processo administrativo nº: PRO02023/2024.


Requerente: SMARH.
Objeto: Adicional de insalubridade.

Trata de requerimento de avaliação a respeito do direito à percepção de


adicional de insalubridade, periculosidade ou penosidade em grau médio
(Cód.162870).

Sobre o tema, embora o art. 218, inc. II, da Lei Municipal nº 654/2005
estenda aos contratos administrativos o direito à percepção do adicional de
insalubridade, penosidade ou periculosidade, evidentemente que eles não se
aplicam diretamente e nem a todos os servidores temporários. Não fosse assim,
todo e qualquer cargo estaria sujeito a tal circunstância.

Atualmente, está sedimentado o entendimento de que o direito a um ou


outro adicional, bem como o respectivo grauou e/ou percentual, dependem da
constatação das peculiaridades de cada atividade in loco, através de estudo
realizado por um engenheiro em segurança do trabalho que, por sua vez, emite um
laudo final a esse respeito.

Nesse sentido, o atual Laudo Pericial de Insalubridade e Periculosidade -


LIP, do Município de Maquiné, homologado pelo Decreto Municipal nº 3.795/2022,
prevê que:

2.1 - Os servidores que atuam no cargo/função de Vigilante e que


habitualmente desenvolvem atividades de vigilância patrimonial fazem jus
ao adicional de periculosidade conforme o Anexo 3 da NR-16 (Portaria
1.885/2013); (Grifou-se)

Isso porque, como bem menciona o laudo acima, o Anexo 3 da NR16,


homologado pelo Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE mº 1.885, de
02/12/2013, assim dispõe:

ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPOSIÇÃO A ROUBOS


OU OUTRAS ESPÉCIES DE VIOLÊNCIA FÍSICA NAS ATIVIDADES
PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PESSOAL OU PATRIMONIAL
1. As atividades ou operações que impliquem em exposição dos
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a roubos ou outras
espécies de violência física são consideradas perigosas.
2. São considerados profissionais de segurança pessoal ou patrimonial os
trabalhadores que atendam a uma das seguintes condições:
[...]
b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial ou
pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, rodoviárias,
aeroportuárias e de bens públicos, contratados diretamente pela
administração pública direta ou indireta. (Grifou-se)

Por sua vez, a Lei Municipal nº 1.661/2022, dispõe que:

Art. 2º São consideradas atividades perigosas para efeitos de percepção do


respectivo adicional as previstas pelos:
[...]
I - cinco (5) Anexos da Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades e
Operações Perigosas, da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho;
[...]
Art. 3º É exclusivamente suscetível de gerar direito a percepção do adicional
de insalubridade ou periculosidade de modo integral, o exercício pelo
servidor de atividade constante dos artigos 1º e 2º desta Lei em caráter
habitual e em situação de exposição contínua ao agente nocivo ou perigoso.
(Grifou-se)

Ainda, o mesmo diploma legal também menciona a necessidade da


realização de laudo pericial, o que, no caso de Maquiné, já existe, como referido
acima:

Art. 5º O pagamento do adicional de insalubridade e/ou periculosidade será


efetuado com base em Laudo Pericial, elaborado por Engenheiro de
Segurança do Trabalho, que indicará os casos em que cabe tal pagamento,
apurando o grau devido.
Parágrafo único. O laudo a que se refere o caput será atualizado, no
máximo, a cada 3 anos. (Grifou-se)

Já o grau a ser pago está definido na prórpia Lei Municipal nº 654/2005,


que assim dispõe:

Art. 89 Os adicionais de periculosidade e de penosidade serão,


respectiva-mente, de trinta por cento, incidentes sobre o valor do menor
padrão de vencimento do quadro de servidores do Município. (Grifou-se)

Resta, então, caso não venho sendo pago o referido adicional aos
ocupantes do cargo de vigilante, estabelecer o marco inicial do direito a sua
percepção.

Como tal circunstância não está prevista em lei, recorre-se à


jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio grande do Sul para elucidar a
questão, já que, ao fim, eventuais demandas judicias seriam decididas em grau de
recurso por suas turmas:

RECURSO INOMINADO. SEGUNDA TURMA RECURSAL DA FAZENDA


PÚBLICA. MUNICÍPIO DE TEUTÔNIA. SERVIDOR PÚBLICO.
ALMOXARIFE. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DIREITO
EVIDENCIADO. ATIVIDADES ENQUADRADAS COMO PERIGOSAS,

2
CONFORME LAUDO JUDICIAL ACOSTADO AOS AUTOS. PAGAMENTO
RETROATIVO. POSSIBILIDADE. CONDIÇÃO DE PERICULOSIDADE
EXPRESSAMENTE DEFINIDA NA LEGISLAÇAO MUNICIPAL. RECURSO
INOMINADO DESPROVIDO. (Recurso Inominado, Nº
50009051020168210159, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública,
Turmas Recursais, Relator: José Luiz John dos Santos, Redator: Daniel
Henrique Dummer, Julgado em: 11-12-2023) (Grifou-se)

RECURSO INOMINADO. PRIMEIRA TURMA RECURSAL DA FAZENDA


PÚBLICA. SERVIDORA PÚBLICA MUNICIPAL. MUNICÍPIO DE
FARROUPILHA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TERMO INICIAL.
DATA DA CONFECÇÃO DO LAUDO. PAGAMENTO RETROATIVO, À
DATA ANTERIOR AO LAUDO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA, POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO INOMINADO DEPROVIDO.
UNÂNIME. (Recurso Inominado, Nº 71009607854, Turma Recursal da
Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Volnei dos Santos Coelho,
Julgado em: 30-08-2023) (Grifou-se)

DECISÃO MONOCRÁTICA. RECURSO INOMINADO. MUNICÍPIO SÃO


MARTINHO DA SERRA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
PRETENSÃO DE PAGAMENTO RETROATIVO À DATA DA
CONTRATAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. TERMO INICIAL. DATA DO
LAUDO TÉCNICO ADMINISTRATIVO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
MANTIDA. RECURSO INOMINADO DESPROVIDO. (Recurso Inominado,
Nº 71010152999, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas
Recursais, Relator: Rute dos Santos Rossato, Julgado em: 18-12-2023)
(Grifou-se)

RECURSO INOMINADO. PRIMEIRA TURMA RECURSAL DA FAZENDA


PÚBLICA. MUNICÍPIO DE SÃO VALENTIM. GUARDA MUNICIPAL.
PEDIDO DE PAGAMENTO RETROATIVO DO ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE RECONHECIDO EM LAUDO PERICIAL
ADMINISTRATIVO DE 2019. DIREITO NÃO EVIDENCIADO. ADICIONAL
DEVIDO APENAS A CONTAR DO LAUDO QUE RECONHECEU A
PERICULOSIDADE DAS ATIVIDADES DO AUTOR. PRECEDENTES DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
RECURSO DO MUNICÍPIO PROVIDO. (Recurso Inominado, Nº
50008669220208210152, Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas
Recursais, Relator: José Antônio Coitinho, Julgado em: 29-08-2023).
(Grifou-se)

Como se vê, o Egrégio Tribunal gaúcho tem entendido que o pagamento


ao adicional de periculosidade, desde que o direito esteja previsto em lei local, deve
retroagir a data da constatação pelo laudo técnico ou à data da contratação, se está
for posterior.

DIANTE DO EXPOSTO, opina-se:

1) Pela abertura de processo administrativo para realização de novo LIP,


conforme preceitua o art. 5º, parágrafo único, da Lei Municipal nº 1.661/2022;

2) Pela procedência do requerimento, implementado-se na folha de


todos os servidores ocupantes do cargo de vigilante o adicional de periculosidade,

3
no percentual de 30%, incidente sobre o valor do menor padrão de vencimento do
quadro de servidores do Município, nos termos do art. 7º, inc. XXIII, da constituição
Federal de 1988, dos artigos 89 e 218, inc. II, da Lei Municipal nº 654/2005, do art.
5º, inc. I, da Lei Municipal nº 1.661/2022, e dos laudos periciais homologados pelo
Decreto Municipal nº 3.795/2022, com pagamento retroativo a data de início da
vigência deste ou a data da contratação, se posterior.

É o parecer.

Maquiné/RS, 21 de fevereiro de 2024.

LEONARDO EBERHARDT ROSA,


Procuradoria Municipal de Maquiné/RS,
OAB/RS nº 81.890.

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21/02/2024 12:05:34
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