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EXMO. SR. DR. JUIZ DO TRABALHO DA ...

ª VARA DO TRABALHO DO
RIO DE ....

... (nome da parte em negrito) vem por intermédio de seu advogado


signatário, estabelecido na ..., requerer a V. Exa., ab initio, que todos os atos
processuais sejam remetidos e publicados na Imprensa Oficial em nome
do Dr. ..., para o efeito do enunciado no art. 105, do CPC, para propor a
presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de ...., inscrita no CNPJ sob o nº. ..., estabelecida na Avenida Vinte
de Janeiro, s/n, Terminal de Passageiro 01, 2º andar, nível 15-55, entre eixos
10-12 EG, sala 2011-A, Embarque, Galeão – Rio de Janeiro, RJ, CEP 21.941-
570, pelos seguintes fatos e fundamentos:

DOS FATOS

O Reclamante foi empregado da empresa Reclamada de 07/01/2008,


exercendo inicialmente a função de Auxiliar de rampa com salário inicial de R$
615,20; após a função mudou de nomenclatura por duas vezes, primeiro para
agente de aeroporto e atualmente Orange Cap, sem alteração na função
exercida, função esta que exerceu até a demissão sem justa causa
em 07/01/2017, quando percebia o salário de R$ 1.735,05, referente
ao valor do último salário.

O Reclamante trabalhava acompanhando e monitorando o carregamento dos


porões dos aviões e toda a circulação dos terceirizados, desde o calço da
aeronave até sua saída do pátio, e o abastecimento realizado pelo mecânico
da companhia era realizado dentro deste período.

Ressalta-se que o Reclamante, mantinha contato direto com inflamáveis, pois,


sua presença, próximo à aeronave se dava no momento em que este estava
sendo abastecido, e a uma distância inferior a 7,5 metros. Durante todo o
tempo em que o Reclamante figurou como funcionário da Reclamada, nunca
percebeu o adicional de periculosidade, embora sempre estivesse correndo
risco de vida.

DA JORNADA DE TRABALHO

O reclamante desempenhava suas funções na área do pátio de aeronaves, e


quando em sua sala, esta se encontrava de fronte à aeronave. Sua jornada de
trabalho se dava na escala de 6 dias trabalhados por um de descanso com um
final de semana de folga por meses alternados. E esta se dava em turnos de
seis horas diárias.
O reclamante laborou no horário de 12h00 as 18h00.

DO DIREITO

A Constituição Federal dispõe em seu artigo 7º, XXIII o que a seguir é


transcrito:

"Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

(...)

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou


perigosas, na forma da lei;"

Súmula nº 364 - TST - Res. 129/2005 - DJ 20, 22 e 25.04.2005


- Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 5, 258 e 280 da SDI-1

Adicional de Periculosidade - Exposição Eventual, Permanente e


Intermitente

I - Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado exposto


permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de
risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim
considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido. (ex-OJs nº 05 - Inserida em 14.03.1994 e nº 280 -
DJ 11.08.2003)

II - A fixação do adicional de periculosidade, em percentual inferior ao legal e


proporcional ao tempo de exposição ao risco, deve ser respeitada, desde que
pactuada em acordos ou convenções coletivos. (ex-OJ nº 258 - Inserida em
27.09.2002)

A doutrina ensinada pelo Professor Luciano Martinez, diz que:

“Diversas operações com inflamáveis são consideradas perigosas se presente


quantidade significativa do material combustível e se realizada a atividade
dentro da área de risco.”

Tal entendimento confirma o direito a percepção do adicional, pois de acordo


com o reclamante o avião com destino ao trecho mais curto de voo sai com no
mínimo 7 toneladas de combustível, ou seja, quantidade suficiente para expor
a grande risco todos que atuam na área de operações de aeronaves.

Bem como a Jurisprudência nos fala o que a seguir é transcrito:

RO 934200131602000 SP 00934-2001-316-02-00-0
PERICULOSIDADE. AEROPORTO. ÁREA DE
OPERAÇÕES/ABASTECIMENTO. APLICAÇAO DA ALÍNEA G, DO ANEXO 2,
DA NR-16. ADICIONAL DEVIDO.

A prova pericial revela que o reclamante se ativava em local perigoso,


incidindo à espécie a Portaria 3.214/78, em seu Anexo 2 da NR 16, que trata
de atividade em área de risco. Dito Anexo 2, ao tratar das atividades de
abastecimento, não faz qualquer restrição a distância e sim, textualmente
insere no âmbito de risco, toda a área de operações do aeroporto, onde são
armazenados, imediatamente abaixo do solo, milhões de litros de
combustíveis, para abastecimento das aeronaves e demais veículos. Como o
ponto de fulgor é mínimo para que se tenha a combustão, é evidente que o
risco passa a ser acentuado, não apenas em torno das aeronaves, mas em
toda a extensão da área de operações, visto que o perigo não advém somente
dos líquidos inflamáveis, mas também de seus vapores, formados pela
evaporação quando sua temperatura se eleva acima do ponto de
inflamabilidade. Daí porque não se cogita da fixação do risco apenas na
exígua área de 7,5 metros referida na alínea q do Anexo 2, vez que o
abastecimento de inflamáveis referido neste item não é de aeronaves. Não
resta dúvida que a tipificação correta e específica é mesmo aquela da alínea g
da Norma Regulamentadora 16, ou seja, ATIVIDADE "Abastecimento de
aeronaves", ÁREA DE RISCO "Toda a área de operação"(sic). Óbvio que não
se trata de considerar "todo o aeroporto", como precipitadamente se poderia
concluir, e sim, "toda a área de operação', ou seja, a área de superfície em
que transitam e são abastecidas as aeronaves, sobre milhões de litros de
inflamáveis no subsolo. A intermitência não afasta o direito à
periculosidade conforme entendimento jurisprudencial (OJ nº 5,
SDI-1/TST). O adicional de periculosidade integra a remuneração para todos
os efeitos (OJ 102, SDI-1 do C. TST).

Assim também é o entendimento quanto à prova emprestada:

RECURSO ORDINÁRIO. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. LAUDO


PERICIAL. PROVA EMPRESTADA. A utilização de laudo pericial como prova
emprestada é uma exceção à regra, exigindo do Juízo cautela e uma análise
restritiva para seu aproveitamento. Entretanto, existindo laudo técnico que
abranja todos os parâmetros periciais constantes da demanda em instrução,
como o nexo causal e a similaridade da causa de pedir, dentre outros, o
mesmo poderá ser utilizado como prova emprestada, em consonância com os
princípios da economia e da celeridade, vigentes no processo trabalhista. O
laudo pericial técnico juntado supre a necessária tarefa investigativa da causa
de pedir do adicional de periculosidade acerca dos fatos, local, tempo de
contato e periculosidade ou não dos produtos químicos mencionados na
inicial, restando suficiente e bastante para ser utilizado como prova
emprestada, impondo-se a manutenção da sentença hostilizada. Recurso ao
qual se nega provimento. (TRT23. RO - 03149.2005.022.23.00-5. Publicado
em: 03/04/08. 2ª Turma. Relator: DESEMBARGADOR LUIZ ALCÂNTARA)
O reclamante junta aos autos uma perícia realizada em seu setor e no
aeroporto do Galeão, pois o setor em que desempenhava as suas funções foi
extinto em 14 de março de 2014, sendo criada uma nova função nomeada
ORANGE CAP, que substituiu as funções de DT1 e DT2, e o serviço outrora
realizado pelo reclamante, está sendo efetuado em uma central de
balanceamento em São Paulo, na sede da empresa.

DO PEDIDO

Diante de todo o acima exposto, requer:

a) A concessão da gratuidade de justiça para isentar o Reclamante do


pagamento de despesas processuais e honorários advocatícios, na forma do §
3º do art. 790 da Consolidação das Leis do Trabalho;

b) Pagamento do adicional de periculosidade, a razão de 30% sobre o salário


base do reclamante ao mês, por todo pacto laboral, bem como, seus
consequentes reflexos nas verbas salariais e rescisórias como fgts, 13º
terceiro, férias, sem exceção de nenhuma, vide fundamentação constante da
presente;

c) Honorários advocatícios na base de 20% sobre o valor da condenação com


base no art. 133 da CRFB/88 c/c art. 20 do CPC;

d) Que todas as parcelas sejam apuradas em liquidação de sentença;

Seja citada a Reclamada, para que se desejar apresente defesa no prazo


legal, sob pena, de serem tidos como verdadeiros os fatos alegados. Seja
considerada a prova emprestada pericial, em nome do princípio da economia
processual, para comprovar o grau de periculosidade da atividade exercida
pelo Reclamante. A condenação da Reclamada ao pagamento do adicional de
periculosidade por todo o período contratual, acrescidos de juros e mora. O
reflexo da condenação do adicional de periculosidade no cálculo do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço, aviso prévio, multa rescisória, décimo terceiro
salário e todos os valores devidos. Seja condenada a Reclamada ao
pagamento das custas, despesas e verbas de honorários de advogado.

DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente prova testemunhal, anexando-se a esta a prova emprestada do
processo de nº 0039900-52.2005.5.01.0069 que consta nos autos, bem como
rol de testemunhas para a comprovação que o sistema de trabalho destas
funções não sofreu nenhuma alteração desde a data da realização desta
perícia.

Dá-se a causa, para os devidos efeitos fiscais e fixação do rito processual, o


valor de R$ 35.300,00.

Nestes termos,
pede e espera deferimento.

... (Município – UF), ... (dia) de ... (mês) de ... (ano).

ADVOGADO
OAB n° .... – UF

Atenção

Dentre as principais mudanças trazidas pela Reforma Trabalhista,


importante destacar sobre a necessária liquidação prévia dos valores
pleiteados, considerando a alteração do Art. 840 da CLT, passando a adotar a
seguinte redação:

§ 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a


designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido,
que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu
valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu
representante.

§ 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em


duas vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário,
observado, no que couber, o disposto no § 1o deste
artigo.

Com isso, tem-se a necessidade de se apresentar os valores


discriminados das verbas pleiteadas e todos os seus reflexos, sob pena de
extinção do processo, conforme redação do referido artigo 840 em seu § 3º:

§ 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o


deste artigo serão julgados extintos sem resolução do
mérito.

A importância de uma discriminação minuciosa dos valores pleiteados


ganha especial relevância, uma vez que estes valores serão tomados por base
para o pagamento das verbas de sucumbência, outra novidade trazida pela
reforma trabalhista.

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