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EXMO. SR. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE


PARNAÍBA - PI

Processo nº 0000367-09.2022.5.22.0101

MANOEL MESSIAS PINHO MENDONÇA, já devidamente qualificado nos autos


em epígrafe, por meio do seu advogado que a esta subscreve, nos autos da
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C MEDIDA LIMINAR que move em face de
1. CORDEIRO CONSTRUÇÃO 2010 LTDA e 2. INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – CAMPUS COCAL/PI,
vem perante Vossa Excelência, apresentar CONTRARRAZÕES AO RECURSO
ORDINÁRIO da Reclamada, requerendo o seu recebimento, processamento e remessa
ao E. Tribunal Regional do Trabalho desta 22ª Região, com as formalidades legais.

Termos em que,
pede deferimento.
Cocal/PI, 25 de janeiro de 2023

Adriana Luiza Passos Borges


OAB/PI 20.956

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 22ª REGIÃO


CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO
RECORRENTE: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
DO PIAUÍ – CAMPUS COCAL(PI)
RECORRIDO: MANOEL MESSIAS PINHO MENDONÇA
ORIGEM: 22ª VARA DO TRABALHO DE PARNAÍBA
AUTOS Nº: 0000367-09.2022.5.22.0101

Egrégio Tribunal,
Colenda Turma,
Eméritos julgadores!

DA TEMPESTIVIDADE
O recorrente teve ciência do recurso ordinário interposto em seu desfavor no dia
15/12/2022 (quinta-feira) por meio de publicação ID n.ºc1a9d84, passando a contar o
prazo a partir do dia 21/01/2022, em virtude da suspensão dos prazos
processuais ,conforme estabelece o art. 220 do CPC, e vem apresenta essas
contrarrazões em 26 de janeiro de 2023 (quinta-feira), dentro do prazo previsto no art.
900 da CLT, segundo o qual é o mesmo prazo previsto para apresentação do recurso que
visa a combater, ou seja, 8 (oito) dias, conforme o art. 997 do CPC.

DOS FATOS
Ao julgar o litígio, o Juízo “a quo” condenou o Recorrente ao PAGAMENTO DAS
PARCELAS REFERENTES A FGTS DO PERÍODO TRABALHADO
(COMPENSADOS EVENTUAIS DEPÓSITOS EFETUADOS EM CONTA
VINCULADA) E MULTA DE 40%, APLICAÇÃO DO ART. 467 DA CLT, com
acréscimo de juros e correção monetária, e honorários de advogado fixados em 15%
sobre o valor da condenação, nos termos da fundamentação supra. Insatisfeita a
reclamada interpôs Recurso Ordinário.

DO DIREITO
A) DAS PARCELAS REFERENTES A FGTS DO PERÍODO TRABALHADO ;
O Juízo de 1º grau condenou a Recorrente ao pagamento das parcelas
referentes a FGTS do período trabalhado (compensados eventuais depósitos efetuados
em conta vinculada) e multa de 40%, aplicação do art. 467 da CLT, com acréscimo de
juros e correção monetária, e honorários de advogado fixados em 15% sobre o valor da
condenação. Embora a reclamada, em seu recurso alega não ter razão a r. Sentença, o
entendimento dela não merece guarida, uma vez que o Magistrado julgou em
conformidade com o Direito, senão vejamos:
BASE DE CÁLCULO PARA O PAGAMENTO DO FGTS NÃO
DEPOSITADO. SENTENÇA DE ACORDO COM A LEI 8.036/90.
AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL DO RECLAMADO. NÃO
CONHECIMENTO. Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região TRT-
22 - RECURSO ORDINÁRIO: RO 0000179-90.2201.8.52.2010". É
dever do empregador, efetuar, na conta vinculada do empregado, os
depósitos mensais relativos ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, no importe de 8% sobre a sua remuneração, até o dia 7 do
mês subsequente ao da prestação de serviços (Art. 15 da Lei
8.036/90). Em observância ao referido dispositivo, a sentença
condenou o reclamado a pagar o FGTS não recolhido, calculando-o
com base na evolução salarial do empregado, e não na sua
remuneração atual, como afirma o recorrente. Logo, na falta de
sucumbência, carece o recorrente de interesse recursal.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Na esteira do art. 6º da Instrução
Normativa 41/2018 do C. TST, é pertinente a condenação em honorários
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT. (TRT 22 –
RO 000017990220185220102, Relator: Giorgi Alan Machado Araujo,
Data de Julgamento: 11/06/2019, SEGUNDA TURMA). (grifo nosso).

Nesse contexto, em sentido pareio, urge trazer à baila o entendimento jurisprudencial do


Tribunal Superior do Trabalho, vejamos:
RECURSO DE REVISTA - RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO
DE TRABALHO - FALTA GRAVE DO EMPREGADOR - AUSÊNCIA
DOS DEPÓSITOS DO FGTS. A rescisão indireta deve ser reconhecida
diante de irregularidade contratual substancial prevista no art. 483 da CLT
que impeça a continuidade da relação empregatícia. Nos termos do art.
483, d, da CLT, o descumprimento de obrigações contratuais e legais
pelo empregador, no caso, a ausência reiterada dos depósitos do
FGTS, deve ser considerada falta grave, autorizando a indireta do
contrato de trabalho, com o pagamento das verbas rescisórias
correlatas. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR:
9929120125030143, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data
de Julgamento: 18/03/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
20/03/2015.
Dessa forma, somado ao FGTS não depositado, ainda deverá incidir a
multa de 40% qual não foi paga, vejamos:
MULTA DE 40% (QUARENTA POR CENTO) DO FGTS.
INSIDÊNCIA SOBRE VALORES NÃO DEPOSITADOS. É devida a
incidência da multa de 40% (quarenta por cento) sobre as parcelas de
FGTS não depositadas, reconhecidas na sentença, a serem apuradas
em liquidação. Recurso parcialmente provido. (Processo: RO - 0000294-
91.2016.5.06.0004, Redator: Milton Gouveia da Silva Filho, Data de
julgamento: 14/03/2018, Segunda Turma, Data da assinatura: 14/03/2018)
[grifo nosso]

B) DA APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 467 DA CLT SOBRE A MULTA DE


40% DO FGTS
De acordo com o Art. 467 da CLT, havendo controvérsia no tocante às
verbas rescisórias, fica o empregador obrigado a pagar ao trabalhador a parte
incontroversa, sob pena de pagá-las acrescidas de 50% (cinquenta por cento), vejamos:
Art. 467. “Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo
controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é
obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las
acrescidas de 50% (cinquenta por cento)”.
Assim, ao deixar de pagar a multa de 40% do FGTS não depositado na
conta do Reclamante, a primeira Reclamada é responsável por indenizá-la, conforme o
art. 467 da CLT. Nesse compasso, vejamos o entendimento dos Tribunais em situações
parelhas ao caso em tela:
“MULTA DO ART. 467 DA CLT. INCIDÊNCIA. Devida a
multa do art. 467 da CLT sobre a indenização de 40% do
FGTS, ante a natureza rescisória da parcela”. (TRT-17 –
AP 00003055820145170013, Relator: DANIELECORRÊA
SANTA CATARINA, Data de Julgamento: 19/08/2019, Data
de Publicação: 02/09/2019). Sobre mais: “RECURSO DE
REVISTA 1 – MULTA DO ART. 467 DA CLT.
INCIDÊNCIA SOBRE A MULTA DE 40% DO FGTS.
VERBA DE NATUREZA RESCISÓRIA. De acordo com a
jurisprudência desta Corte, a Multa de 40% do FGTS
sobre o montante dos depósitos do FGTS corresponde a
uma parcela rescisória propriamente dita, de modo que
incide sobre ela a penalidade prevista no artigo 467 da
CLT. Recurso de revista não conhecido”. (TST - RR:
3821006420055120046, Relator: Delaíde Miranda Arantes,
Data de Julgamento: 08/04/2015, 2ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 17/04/2015). [GRIFO NOSSO]

C) HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Os honorários advocatícios são devidos na ordem de 15% (quinze por
cento), com fulcro no art. 133 da Carta Magna, bem como no art. 791- A da CLT, que
concebe:
Art. 791-A. “Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco
por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa”. § 1º “Os
honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas
ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua
categoria”. (grifo nosso) § 2º “Ao fixar os honorários, o juízo observará”:
I – “o grau de zelo do profissional”; II – “o lugar de prestação do
serviço”; III – “a natureza e a importância da causa; IV – “o trabalho
realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço”. (BRASIL,
2015).

Nesta mesma linha, citamos que o deferimento dos honorários pela parte
sucumbente foi matéria tratada e virou o Enunciado n.º 79, aprovado na 1º Jornada de
Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho ocorrida em 23/11/2007, in verbis:
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS DEVIDOS NA JUSTIÇA DO
TRABALHO. I – Honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho. As
partes, em reclamatória trabalhista e nas demais ações da competência da
Justiça do Trabalho, na forma da lei, têm direito a demandar em juízo
através de procurador de sua livre escolha, forte no princípio da isonomia
(art. 5º, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil) sendo,
em tal caso, devidos os honorários de sucumbência, exceto quando a parte
sucumbente estiver ao abrigo do benefício da justiça gratuita.

Diante disto, requer mantida a condenação ao pagamento dos honorários


contratuais, no percentual estabelecido de 15% (quinze por cento).
Todavia, se em uma remota hipótese, entender de forma diversa os nobre
julgadores, vêm o Recorrido declarar que seja mantido o valor da condenação.

D) DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE SERVIÇOS,


DIANTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRABALHISTA.
A questão relativa à responsabilidade subsidiária (e não solidária) da
tomadora de serviços, por débitos da empresa contratada em processo de terceirização
de serviços, tem previsão legal, com o art. 5º-A, da Lei nº 6019/1974, com a redação
dada pela Lei nº 13.429/2017:
Art. 5º-A . Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato
com empresa de prestação de serviços determinados e específicos.

[...] § 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas


obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação
de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias
observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 .

Imperioso ressaltar, entendimento devidamente pacificado e sedimentado


pela jurisprudência do TST, com a súmula 331, atentemos:
Súmula 331, item IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por
parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador
dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
relação processual e conste também do título executivo judicial.

Como tomadora e beneficiária direta dos serviços prestados pelo


Reclamante, fato incontroverso, a segunda reclamada deve responder subsidiariamente
pelos débitos da primeira reclamada, em decorrência de sua culpa in eligendo (na
escolha), mesmo que não tenha dado causa ao descumprimento da obrigação.
A responsabilidade subsidiária tem origem no princípio de responsabilidade
trabalhista existente no ordenamento jurídico brasileiro, segundo o qual todo aquele que
se beneficia direta ou indiretamente do trabalho empregado de outrem, deve responder
com seu patrimônio pelo adimplemento dos créditos correspondentes.
No caso em foco, torna-se essencial evidenciar que a Recorrente dispõe
de um saldo no valor de R$ 9.934,90 (nove mil e novecentos e trinta e quatro reais e
noventa centavos) retidos na conta vinculada (anexo n.º 05) demonstrando a
possibilidade de saneamento quanto ao pagamento devido ao Reclamante referente
ao saldo do FGTS não depositado durante todo o período, corrigidos na forma da
lei.
Requer seja mantida a r. sentença do juiz a quo em sua integralidade.
DOS PEDIDOS
Ante do exposto, requer:
A - Seja estas contrarrazões admitidas;
B - Seja negado provimento ao Recurso Ordinário da reclamada a fim de que se
mantenha os tópicos da r. sentença aqui contrarrazoados.

Termos em que,
Pede deferimento.

Cocal/PI, 26 de janeiro de 2023

Adriana Luiza Passos Borges


OAB/PI 20.956

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