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Prof.

Nidal Ahmad
Prof. Arnaldo Quaresma
Prof. Letícia Neves
Prof. Mauro Stürmer
2ª FASE OAB | PENAL | 36º EXAME

Direito Penal e
Direito Processual Penal

SUMÁRIO
1) Questão 1 – Arnaldo Quaresma
No dia 25 de janeiro de 2020, a Delegada Letícia Alminha, Titular da Delegacia de Prevenção e
Combate ao Tráfico de Drogas, tomou conhecimento de que Mauro Véio da Lancha, inspetor de
Polícia e seu subordinado, cometeu infração no exercício do cargo, uma vez que o policial civil em
questão, motivado pelo interesse de ministrar aulas de processo penal em um famoso curso
preparatório dirigido por Nidal Ahmad, deixou de praticar ato de ofício consistente no cumprimento
de mandado de prisão preventiva expedido em desfavor de Nidal. Cumpre ressaltar que Letícia,
motivada por um sentimento de piedade, já que faltava poucos dias para a aposentadoria de
Mauro, deixou de instaurar procedimento administrativo bem como não comunicou o fato à
Corregedoria da Polícia Civil para a tomada das providências cabíveis. Após a instauração de
PAD que culminou na pena de demissão da Delegada Letícia Alminha, o MP, com base
exclusivamente no referido procedimento disciplinar, ofereceu denúncia em desfavor de Alminha
imputando-lhe o crime de corrupção passiva previsto no artigo 317 do CP. Posteriormente, o juízo
da Vara Criminal competente, sem abrir vista para qualquer manifestação defensiva em razão do
princípio da duração razoável do processo, recebeu a denúncia determinando a citação de Letícia
Alminha, o que efetivamente vem a ocorrer no dia 08 de junho de 2021 (terça-feira). Com base
nas informações expostas, responda, como advogado(a) contratado por Letícia Alminha, aos itens
a seguir.

a) Qual a peça cabível, a sua fundamentação legal e o último dia do prazo para sua interposição,
bem como qual é a tese de direito de direito processual com o intuito de desconstituir a decisão
que recebeu a denúncia (0,65)?

b) Qual o argumento de direito material a ser apresentado pela defesa para questionar a
capitulação delitiva constante da denúncia (0,60)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não
confere pontuação.
2) Questão 2 – Arnaldo Quaresma
No dia 13 de janeiro de 2021, Caio e seu comparsa Tício, os quais residem em Santa Cruz do Sul-
RS, anunciaram em uma famosa rede social que estavam vendendo um veículo Toyota Corolla
2020 pelo preço de 100 mil reais. Pedro, empresário e dono de uma concessionária de carros
usados no município de Santa Maria-RS, ao ver o referido anúncio e vislumbrar uma grande
oportunidade de negócio, já que o preço do veículo em questão estava abaixo da tabela FIPE,
inicia tratativas com Caio (responsável direto pelo anúncio) e resolve se deslocar de Santa Maria
para Santa Cruz com o intuito de perfectibilizar a compra do automóvel em questão. Ocorre que
ao chegar no local combinado para fechar o negócio descobre que o anúncio era falso, não
existindo carro nenhum, descobrindo que o anúncio era uma verdadeira fachada para um golpe
financeiro. Ademais, Pedro restou rendido pelos meliantes Caio e Tício, os quais utilizando-se de
arma de fogo obrigam Pedro a transferir, via PIX, o fator de 100 mil reais para a conta de um
terceiro comparsa. Ocorre que a transferência não restou perfectibilizada uma vez que o aplicativo
do banco de Pedro não reconheceu a chave informada. Diante de inúmeras tentativas frustradas,
Caio informa o CPF de sua esposa Marilda para Pedro efetuar a transferência do valor combinado,
o que efetivamente vem a ocorrer. Após a transferência dos valores, Caio liga para a sua esposa
informando que cometeu um “roubo” e que o dinheiro que estava em sua conta era proveniente
de tal empreitada delituosa. Ademais, Caio pede para a sua esposa sacar os 100 mil reais
transferidos e lhe entregar os valores em uma praça do centro da cidade, o que de fato vem a
ocorrer horas depois da ação delituosa de Caio e Tício. Cumpre ressaltar que Marilda só tomou
conhecimento dos fatos após ter sido contatada por seu marido Caio. Após intensa investigação
da Polícia Civil, inclusive com interceptação telefônica, Caio, Tício e Marilda são indiciados pelo
crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, parágrafo 2A, inciso I CP) e
pelo concurso de pessoas (art. 157, parágrafo 2, II CP). Com base somente nas informações
acima, responda:

a) Qual é o argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva efetuada pela
Polícia Civil em desfavor de Caio e Tício (0,60)?

b) Qual o argumento de direito material a ser adotado em favor de Marilda para fins de diminuir a
sua responsabilização penal (0,65)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não
confere pontuação.
3) Questão 3 – Arnaldo Quaresma
No dia 07 de março de 2018, Tício, motivado pela ganância, para não dividir o valor de 100 mil
reais (produto de roubo anterior), resolve matar o seu comparsa Caio. O Ministério Público
ofereceu denúncia em face de TÍCIO, imputando-lhe a prática do crime previsto no artigo 121, §
2º, incisos I e V, do Código Penal, uma vez que o Ministério Público entendeu que o motivo era
torpe em razão da ganância, bem como Tício visou assegurar a vantagem de outro crime. Durante
a instrução da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, todos os fatos são confirmados,
pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida, os autos são
encaminhados ao advogado de Tício para manifestação, tendo sido a defesa intimada no dia 05
de dezembro de 2018 (quarta-feira). Considerando apenas as informações narradas, responda
aos itens a seguir.

a) Qual a peça defensiva deverá ser apresentada, a sua fundamentação legal, bem como o último
dia do prazo (0,60)?

b) Qual o argumento de direito material para diminuir a responsabilização penal do acusado


(0,65)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
4) Questão 4 – Arnaldo Quaresma
Considere que Semprônio tenha sido condenado definitivamente pelo crime de latrocínio a uma
pena de 20 anos de reclusão em regime inicial fechado, sendo expedido o competente mandado
de prisão no intuito de executar a pena fixada. Imagine que Semprônio ciente que a condenação
transitou em julgado não se apresentou à Polícia Judiciária passando a condição de foragido do
sistema prisional. Não querendo ser preso, Semprônio procura a ajuda de seu pai que, após saber
que o filho estava foragido e um pouco contrariado, resolve ceder e deixar o filho se esconder em
sua casa, a qual fica localizada no interior de Santa Cruz do Sul. Após o decurso de quase um
ano, a Polícia Civil descobre o paradeiro de Semprônio, vindo a cumprir o mandado de prisão,
bem como, posteriormente, a autoridade policial responsável pelo caso resolve indiciar o pai de
Semprônio pelo crime de favorecimento real previsto no artigo 349 caput do CP. Considerando a
narrativa apresentada, responda:

a) Qual o argumento de direito material para fins de questionar a capitulação delitiva efetuada pelo
Delegado de Polícia (0,65)?

b) Qual o argumento de direito material e o fundamento legal para evitar a responsabilização penal
do pai de Semprônio (0,60)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
5) Questão 5 – Arnaldo Quaresma
Maurão e seu comparsa Guilherme, ladrões de carro conhecidos na cidade de Santa Cruz do Sul,
mediante o emprego de chave falsa, subtraem um veículo CAMARO 2017 que se encontrava
estacionado em via pública. Após a referida subtração procuram Nidal, conhecido receptador, para
vender as peças do carro subtraído, sendo que Nidal se recusa, uma vez que tomou conhecimento
de que a Polícia já estaria atrás dos dois ladrões de carro pois o fato foi amplamente noticiado
pelos jornais locais. Ao tomar conhecimento que Maurão e Guilherme estariam em apuros e com
grande risco de serem descobertos e presos, Arnaldo resolve ajudar e oferece a garagem para
que Maurão e Guilherme escondam o carro subtraído, entretanto Arnaldo, pelo risco da ajuda,
solicita a multimídia e as rodas do carro em troca do favor aos criminosos. Uma semana após
esconder o carro em sua garagem Arnaldo é preso em flagrante e acaba denunciando todo o
plano perpetrado por Maurão e Guilherme às autoridades. Cumpre ressaltar que durante a
tramitação do inquérito policial Arnaldo confessa os fatos, bem como aponta a participação de
Maurão e Guilherme, informando que resolveu ajudar os criminosos após terem subtraído o
veículo em questão. Posteriormente, o MP, com base no inquérito policial instaurado em desfavor
de Maurão, Guilherme e Arnaldo, oferece denúncia em desfavor do trio pelo crime de furto
qualificado pelo concurso de pessoas e pelo emprego de chave falsa (art. 155, parágrafo 4, incisos
III e IV). Com base nas informações expostas, responda aos itens a seguir.

a) Qual argumento de direito material para fins de questionar a capitulação delitiva feita pelo MP
em desfavor de Arnaldo (0,65)?

b) Qual o crime efetivamente praticado por Arnaldo. Justifique (0,60)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
6) Questão 1 – Letícia Neves
Carmelo está cumprindo pena pela prática de roubo simples (art. 157, caput, do Código Penal),
praticado em fevereiro de 2020, condenado à pena de 5 anos. Em razão da reincidência
reconhecida pela prática de um delito de furto, o regime inicial determinado foi o fechado. Iniciou
o cumprimento da pena em março de 2021. Atualmente, Carmelo desempenha função laborativa
no sistema prisional, apresentando bom comportamento carcerário, atestado pelo Diretor, e já
cumpriu um pouco mais de 25% da pena aplicada. Você foi contratado pela família de Carmelo
para pleitear a progressão para o regime semiaberto. O magistrado, ouvindo o Ministério Público,
indeferiu o pedido de progressão, nos seguintes termos: “Trata-se de apenado que cumpre pena
por delito praticado com violência e ostenta a condição de reincidente, portanto, deverá cumprir
ao menos 30% de sua pena, motivo pelo qual resta indeferido o pedido.” Você foi intimado da
decisão, na condição de advogado de Carmelo, responda de forma fundamentada:

a) Para combater a decisão do magistrado, qual o recurso cabível? Indique o prazo para
interposição. (Valor: 0,60)

b) Existe argumento para questionar o conteúdo da decisão judicial? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
7) Questão 2 – Letícia Neves
Cristoffer está executando pena de 9 anos e 6 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela
prática do delito de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/06). No dia 12 de junho, Dia
dos Namorados, sábado destinado ao recebimento de visita, sua esposa Nádia resolve fazer uma
surpresa, presenteá-lo com um celular, para que ficassem mais próximos. Na ocasião, foi
surpreendida no ato da revista com o aparelho telefônico, tentando ingressar no interior do
estabelecimento prisional, o que gerou o registro da ocorrência pela prática da conduta descrita
no artigo 349-A do Código Penal. O fato foi comunicado ao Juiz da Vara de Execução Penal, que
após ouvir a manifestação do Ministério Público e da Defesa, bem como ouvir a versão do apenado
que sustentou que não tinha nenhum conhecimento ou envolvimento com o fato, decidiu por
reconhecer a prática de falta grave, pois a visita era exclusiva para o apenado, com isso
determinou a interrupção da contagem do tempo para progressão de regime. Você foi intimado da
decisão no dia 15 de agosto, na condição de advogado de Cristoffer, responda de forma
fundamentada:

A) Para combater a decisão do magistrado, qual o recurso cabível? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Existe argumento para questionar o conteúdo da decisão judicial? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
8) Questão 3 – Letícia Neves
No dia 10/03/2018, Elísio iniciou o cumprimento de pena condenado pela prática do delito de
homicídio qualificado por motivo fútil, praticado em 04/02/2017. Iniciou em regime fechado,
atualmente, encontra-se no regime semiaberto e possui mais de 2/3 de pena cumprida. A família
de Elísio contrata você como advogado para pleitear livramento condicional. Realizado o pedido,
o Juiz da Vara de Execução Penal, ouvindo o promotor, indeferiu o livramento condicional nos
seguintes termos: “Considerando a nova previsão contida no artigo 112, VI, a, do CP, introduzida
na legislação pela Lei 13.964/2019, com vigência a partir do dia 23/01/2020, passou a ser vedado
o livramento condicional para condenado primário que tenha praticado crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, por tal razão, apesar de preenchidos os demais requisitos
referentes ao comportamento, resta indeferido o pedido da defesa”. Diante do teor da decisão do
juiz da Vara de Execução Penal, responda de forma fundamentada:

A) O Juiz da Vara de Execução, diante da interposição do recurso correto para combater a sua
decisão, poderá se retratar? Justifique e indique o fundamento legal. (0,60)

B) Existe argumento para questionar o conteúdo da decisão do Juiz da Vara de Execução?


Justifique. (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
9) Questão 4 – Letícia Neves
Elenise, primária, pequena empresária, foi condenada à pena de 6 anos e 6 meses de reclusão
pela prática do delito de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006) e à pena de 2 anos
pelo delito de apropriação indébita previdenciária (art. 168, A, do CP), somando-se as penas foi
determinado o cumprimento inicial em regime fechado. Sabe-se que é mãe de duas crianças, Elis
(3 anos) e Félix (5 anos), os quais são visitantes frequentes da prisão desde o momento em que
Elenise iniciou a cumprir pena. Atualmente, Elenise está recolhida na Penitenciária Feminina
Estadual há quase 3 anos e sempre apresentou bom comportamento carcerário, informado pela
Direção. Você foi procurado pela família de Elenise, na condição de advogado responda:

A) É possível elaborar algum pedido em favor de Elenise para amenizar a execução de sua pena?
A quem deverá ser endereçado? Justifique. (0,65)

B) Quais são os requisitos que Elenise deverá demonstrar para alcançar uma forma mais branda
de execução de sua pena? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
10) Questão 5 – Letícia Neves
Cross Full, primário, responde a processo pela prática de roubo com emprego de arma de fogo e
em concurso de pessoas, durante o processo criminal ficou preso preventivamente, pelo período
de 1 ano e 6 meses. Após a regular instrução, recebidos os memoriais da acusação e da defesa,
o magistrado condenou Cross Full à pena de 8 anos e 2 meses, em regime inicial fechado, em
atenção ao artigo 33, §2º, a, do CP, informando que apesar das circunstâncias judiciais serem
favoráveis, a quantidade de pena determina o regime mais severo. Por ocasião da sentença penal
condenatória o magistrado deixou de reconhecer o período de prisão preventiva. Considerando
as informações apresentadas, na condição de advogado (a) de Cross Full, tendo sido intimado na
data de hoje da sentença penal condenatória, responda aos itens a seguir.

A) Existe alguma tese que possa assegurar a fixação de um regime menos gravoso a Cross Fox?
Justifique. (0,65)

B) O que poderá ser feito pelo defensor técnico de Cross Fox, excetuando o recurso de apelação,
para pleitear ao Juiz Criminal, que proferiu a sentença, a fixação de um regime mais brando? Qual
o prazo? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
11) Questão 1 – Mauro Stürmer
Pedro, ao participar de uma palestra sobre investimento, foi chamado por Carlos de burro e mal
informado. Assistia a palestra, na qualidade de interessado no assunto, o Delegado Ricardo,
amigo de Pedro. Ao presenciar aquela situação Ricardo, que era titular da delegacia cuja área
territorial estava sendo realizada a palestra, vai até a sede da delegacia, sem ao menos ter falado
com Pedro, e lá baixa portaria instaurando inquérito para apurar possível crime de injúria contra
seu amigo. Finalizado o inquérito o Ministério Público oferece denúncia contra Carlos como
incurso no Art. 140 do CP. O Juiz responsável pelo caso determina a citação de Carlos e marca a
data para oitiva das testemunhas arroladas pelo MP. Carlos lhe procura na qualidade de advogado
para esclarecimento e questiona:

a) A abertura do inquérito foi correta, bem como se o Ministério Público poderia ter lhe atribuído
tal delito? (0,60)

b) Qual a tese de direito processual pode ser alegada pela defesa de Carlos? (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
12) Questão 2 – Mauro Stürmer
Antônio e Maria são casado há 5 anos. Antônio sempre teve um sonho de ser pai. Tal sonho era
compartilhado, inicialmente, por Maria. Ocorre que Maria começa uma brilhante carreira
profissional e não mais deseja, ao menos naquele momento, ter filho. Antônio, inconformado com
essa situação, proíbe Maria de fazer uso de métodos contraceptivos. Maria insiste e é agredida
por Antônio. No Exame de Corpo de Delito resta comprovado que Maria foi vítima de lesão corporal
leve. Ao final do Inquérito policial Antônio é denunciado pelo Ministério Público pelo crime previsto
no art. 129 do CP. Antônio, na qualidade de advogado, para esclarecimento lhe questiona:

A) No caso de condenação, e sendo a pena de Antônio menor que 4 anos, é possível a substituição
da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direito? Justifique (Valor: 0,60)

B) Há argumento de cunho processual para que o Ministério Público não pudesse denunciar
Antônio pelo crime de lesão corporal leve? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
13) Questão 3 – Mauro Stürmer
João foi preso na parte internacional do Aeroporto de Porto Alegre, minutos antes de entrar no
voo com destino a Buenos Aires. Na ocasião restou apreendida a quantia de 5 kg de um pó branco
inicialmente reconhecido, pelo laudo de mera constatação, como cocaína. João confessou a posse
da substância e afirmou ser cocaína e que o destino da droga era mesmo a capital Argentina. O
Inquérito, sem qualquer outra atuação da perícia, foi encaminhado ao Poder Judiciário. João foi
denunciado e está sendo processado pelo crime de tráfico internacional de drogas com causa de
aumento de pena previsto no art. 33 combinado com o art. 40, I da Lei 11.343/06. Diante do
exposto, responda:

A) Existe argumento de direito material para auxiliar a defesa de João? Justifique e indique o
fundamento legal. (0,60)

B) É possível a condenação de João no crime de tráfico internacional, mesmo que a droga nunca
tenha saído do território nacional? Justifique. (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
14) Questão 4 – Mauro Stürmer
Alessandro, domiciliado em Santa Maria, praticou um crime de furto de um aparelho celular
durante o trajeto de um ônibus entre Santa Maria e Porto Alegre. Durante as investigações não se
pode apurar o local do crime. O MP de porto alegre denunciou Alessandro com incurso no art. 155
do CP e fundamentou a competência da Justiça Estadual de Porto Alegre, pois lá foi constada a
falta do aparelho, embora ficasse comprovado pelo circuito interno do ônibus que a subtração
ocorreu em algum lugar durante a trajeto percorrido. Alessandro, arrependido, devolve o bem
subtraído assim que a denúncia é recebida pelo magistrado processante. Alessandro o procura
como advogado para esclarecimento. Diante desses fatos responda:

A) A ação de restituir a coisa subtraída por parte de Alessandro pode ser considerado
arrependimento posterior? Justifique. (0,65)

B) Existe tese de direito processual para alegar a incompetência do juiz de Porto Alegre?
Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
15) Questão 5 – Mauro Stürmer
Augusto foi surpreendido em sua residência por policiais civis que cumpriam mandado de busca
e apreensão. O referido mandado foi expedido pelo juiz competente. Na ocasião foram
encontradas três armas de uso permitido. Durante o processamento do Inquérito Policial, foram
realizados teste de aptidão das armas e ficou constatada que apenas uma delas tinha capacidade
de efetuar disparos. O MPM denunciou Augusto por três vezes incurso no art. 14 da Lei 10.826/03.
Augusto o procura como advogado e questiona:

A) Se há tese para afastar a incidência do art. 14 do Estatuto do Desarmamento e se está correto


número de crimes a ele imputado? Justifique. (0,65)

B) Há tese de direito material afastar a tipificação legal no caso das duas armas que não possuíam
condições de efetuar disparos? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
16) Questão 1 – Nidal Ahmad
No dia 20 de março de 2020, Tício, com 21 anos de idade e dotado de pleno discernimento, decide
dar cabo à sua vida. Para tanto, dirige-se até local ermo a fim de viabilizar o propósito
preconcebido. Contudo, no trajeto, e antes de cometer o ato, encontra Caio, verbalizando a sua
intenção. Caio, então, verificando naquele momento derradeiro, ínfima hesitação de Tício, instiga
e reforça o propósito inicial já existente, alcançando-lhe, inclusive, uma corda destinada a auxiliar
no ato originariamente pretendido. Caio, embora nas circunstâncias pudesse demover Tício da
ideia preconcebida, não faz qualquer esforço nesse sentido, máxime porque, ambos, tinham um
pequeno comércio de eletrodomésticos na localidade, sendo concorrentes e rivais (a morte de
Tício, inclusive, acarretará vantagem financeira em favor dele Caio). Em decorrência, Tício,
utilizando-se, inclusive, da corda recebida, acabou praticando o ato para eliminar sua própria vida,
sem, no entanto, alcançar o seu intento, já que a corda se rompeu, restando-lhe lesões corporais
leves. O Ministério Público imputou a Caio o crime de tentativa de homicídio qualificado pelo
motivo torpe, nos termos do artigo 121, § 2º, inciso I, c/c artigo 14, inciso II, ambos do Código
Penal. Ao final da regular instrução, o Magistrado proferiu decisão de pronúncia nos termos da
denúncia oferecida pelo Ministério Público. A defesa foi intimada no dia 15 de março de 2021
(segunda-feira). Com base nas informações expostas, responda, como advogado(a) contratado
por Caio, aos itens a seguir:

a) Qual a peça cabível e qual o último dia do prazo para sua interposição? (0,60)

b) Qual o argumento a ser apresentado em favor de Caio para questionar a capitulação atribuída
pelo Ministério Público? (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
17) Questão 2 – Nidal Ahmad
Wilson, primário, foi denunciado como incurso no crime de roubo qualificado mediante lesões
corporais graves, capitulado pelo Ministério Público no artigo 157, §3º, inciso I, do Código Penal.
Ao final da instrução, o Magistrado reconheceu que Wilson efetivamente praticou lesões graves
na vítima, já que ficou com debilidade permanente da função mastigatória, lesão descrita na
denúncia, mas entendeu que não houve subtração ou tentativa de subtração do patrimônio da
vítima, conforme mencionou o Ministério Público na peça acusatória, razão pela qual condenou o
réu como incurso nas sanções do artigo 129, § 1º, inciso III, do Código Penal. Diante do fato
hipotético, considerando apenas as informações narradas, responda:

A) A hipótese retratada caracteriza "emendatio libelli" ou "mutatio libelli"? Justifique (Valor: 0,60)

B) Poderia o Magistrado proferir sentença condenatória pela prática do crime previsto no artigo
129, § 1º, III, do Código Penal, sem adotar qualquer outra providência antes? Justifique. (Valor:
0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
18) Questão 3 – Nidal Ahmad
Wilson se encantou intensamente por Matilde, sua colega de trabalho. Após tomar coragem,
Wilson declarou seu amor à Matilde, que, de imediato, rechaçou qualquer possibilidade de
relacionamento afetivo. Frustrado com a rejeição, Wilson decidiu que teria Matilde mesmo que
seja contra sua vontade. Revelou sua intenção à Ricardo, contando os detalhes da negativa de
Matilde, manifestando, ainda, seu desejo de manter com ela conjunção carnal, ainda que seja com
violência ou grave ameaça. Na sequência, Wilson pediu para que Ricardo lhe desse carona até a
casa de Matilde, a fim de saciar seu desejo sexual. Ricardo levou Wilson até a casa de Matilde e
foi embora. Wilson ingressou na residência de Matilde e, após breve conversa, constrangeu-a,
mediante violência, a praticar conjunção carnal. Instaurado inquérito policial, constatou-se a
contribuição de Ricardo, no sentido de que deu carona ao amigo ciente de que ele forçaria a
conjunção carnal, bem como a ação de Wilson, sendo, após, ambos denunciados pela prática do
crime de estupro (Art. 213 do CP). Wilson possuía uma condenação anterior definitiva pela prática
da contravenção de vias de fato, prevista no Art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688/41. Após regular
processamento, o juiz profere sentença condenando Wilson e Ricardo pela prática do crime de
estupro, reconhecendo, em relação à Wilson, a agravante da reincidência, aplicando-lhe a pena
de 07 (sete) anos de reclusão. Em relação a Ricardo, o Magistrado aplicou a pena de 06 (seis)
anos. Considerando apenas o narrado, responda aos questionamentos a seguir:

A) Diante da pena imposta a Wilson, existe argumento a ser apresentado, em sede de recurso,
em busca da aplicação de pena mais branda? Justifique (0,60)

B) Diante da pena imposta a Ricardo, existe argumento de direito material a ser apresentado, em
sede de recurso, em busca da aplicação de pena mais branda? Justifique (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
19) Questão 4 – Nidal Ahmad
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava
seu automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal
começa a discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao
automóvel. Muito assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do
veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto,
respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer possibilidade de perder
o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade
empreendida, acaba se desgovernando, vindo a se chocar com outro automóvel, causando a
morte do seu condutor. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e
ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio
foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio simples, na modalidade
de dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, inciso I, 2ª parte, do CP). Após regular instrução, o
Magistrado proferiu decisão de pronúncia nos exatos termos da denúncia, sendo a defesa
intimada no dia 06 de agosto de 2015 (quinta-feira). Com base somente nas informações acima,
responda, apontando a base legal.

A) Qual é o recurso cabível contra essa decisão e qual o último dia do prazo para sua interposição?
Justifique. (0,65)

B) O recurso tem efeito regressivo? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
20) Questão 5 – Nidal Ahmad
Ao final das comemorações de final de ano com colegas da empresa, Wilson, quando deixava o
local, acabou por levar consigo o presente do seu colega Pedro, acreditando ser o seu, tendo em
vista que as caixas dos presentes eram idênticas. Após perceber o sumiço do seu presente e
acreditando ter sido vítima de crime patrimonial, Pedro compareceu à Delegacia para registrar o
ocorrido, ocasião em que foram ouvidas testemunhas presenciais, que afirmaram ter visto Wilson
sair com aquele objeto. Wilson, ao tomar conhecimento da investigação, preocupado com a
situação, já que nunca se envolveu em qualquer atividade criminosa, compareceu em sede policial
e indicou onde o objeto estava, sendo o bem apreendido no dia seguinte em sua residência. Não
obstante isso, Wilson foi indiciado e denunciado pela prática do crime de furto simples, previsto
no artigo 155 do Código Penal, sem que o Ministério Público tenha proposto qualquer benefício.
Ao final da instrução e oferecidos os respectivos memoriais, o Magistrado proferiu sentença
condenatória, fixando a pena definitiva em 01 ano de reclusão, em regime aberto. Ao final,
substituiu a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Diante do fato hipotético,
responda, na condição de advogado(a) de Wilson, fundamentadamente, aos itens a seguir.

A) Em sede de apelação, qual argumento de direito processual pode ser invocado para
desconstituir a sentença condenatória? Justifique (0,65)

B) Em sede de apelação, qual argumento de direito material pode ser invocado em busca da
absolvição de Wilson? Justifique (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
PADRÃO DE RESPOSTAS
1) Questão 1 – Arnaldo Quaresma
No dia 25 de janeiro de 2020, a Delegada Letícia Alminha, Titular da Delegacia de Prevenção e
Combate ao Tráfico de Drogas, tomou conhecimento de que Mauro Véio da Lancha, inspetor de
Polícia e seu subordinado, cometeu infração no exercício do cargo, uma vez que o policial civil em
questão, motivado pelo interesse de ministrar aulas de processo penal em um famoso curso
preparatório dirigido por Nidal Ahmad, deixou de praticar ato de ofício consistente no cumprimento
de mandado de prisão preventiva expedido em desfavor de Nidal. Cumpre ressaltar que Letícia,
motivada por um sentimento de piedade, já que faltava poucos dias para a aposentadoria de
Mauro, deixou de instaurar procedimento administrativo bem como não comunicou o fato à
Corregedoria da Polícia Civil para a tomada das providências cabíveis. Após a instauração de
PAD que culminou na pena de demissão da Delegada Letícia Alminha, o MP, com base
exclusivamente no referido procedimento disciplinar, ofereceu denúncia em desfavor de Alminha
imputando-lhe o crime de corrupção passiva previsto no artigo 317 do CP. Posteriormente, o juízo
da Vara Criminal competente, sem abrir vista para qualquer manifestação defensiva em razão do
princípio da duração razoável do processo, recebeu a denúncia determinando a citação de Letícia
Alminha, o que efetivamente vem a ocorrer no dia 08 de junho de 2021 (terça-feira). Com base
nas informações expostas, responda, como advogado(a) contratado por Letícia Alminha, aos itens
a seguir.

a) Qual a peça cabível, a sua fundamentação legal e o último dia do prazo para sua interposição,
bem como qual é a tese de direito de direito processual com o intuito de desconstituir a decisão
que recebeu a denúncia (0,65)?

b) Qual o argumento de direito material a ser apresentado pela defesa para questionar a
capitulação delitiva constante da denúncia (0,60)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não
confere pontuação.
A) A peça cabível é o oferecimento de resposta à acusação com base nos artigos 396 e
396-A do CPP e o último dia do prazo é o dia 18 de junho de 2021 (sexta-feira). O argumento
de direito processual para fins de desconstituir a decisão de recebimento da denúncia é o
de que houve nulidade em razão da ausência de notificação do réu para apresentação de
defesa prévia, desrespeitando-se o Art. 514 do CPP. Por se tratar de crime praticado por
funcionário público deveria o magistrado observar o procedimento especial previsto nos
artigos 513 ao 518 do CPP. Diante disso, antes mesmo do recebimento da denúncia,
caberia notificação dos réus para apresentação de defesa, o que não foi determinado pelo
magistrado, que recebeu a denúncia sem qualquer manifestação das partes. Mister
ressaltar que não se aplica a Súmula 330 do STJ, porque a ação penal não foi instruída por
prévio inquérito policial e sim por procedimento administrativo disciplinar. Diante do
desrespeito à previsão do Art. 514 do CPP, caberia reconhecimento de que houve violação
ao princípio da ampla defesa ou do devido processo legal (art. 5, incisos LV ou LIV), bem
como houve omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato (art. 564,
inciso IV do CPP).

B) O argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva constante da


denúncia é o de que não há adequação típica da conduta de Letícia Alminha ao crime de
corrupção passiva previsto no artigo 317 do CP, uma vez que ela não solicitou vantagem
indevida, nem recebeu ou aceitou promessa de tal vantagem. A conduta de Letícia se
enquadra no crime de condenscendência criminosa do artigo 320 do CP, uma vez que, por
indulgência, deixou de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do
cargo.
2) Questão 2 – Arnaldo Quaresma
No dia 13 de janeiro de 2021, Caio e seu comparsa Tício, os quais residem em Santa Cruz do Sul-
RS, anunciaram em uma famosa rede social que estavam vendendo um veículo Toyota Corolla
2020 pelo preço de 100 mil reais. Pedro, empresário e dono de uma concessionária de carros
usados no município de Santa Maria-RS, ao ver o referido anúncio e vislumbrar uma grande
oportunidade de negócio, já que o preço do veículo em questão estava abaixo da tabela FIPE,
inicia tratativas com Caio (responsável direto pelo anúncio) e resolve se deslocar de Santa Maria
para Santa Cruz com o intuito de perfectibilizar a compra do automóvel em questão. Ocorre que
ao chegar no local combinado para fechar o negócio descobre que o anúncio era falso, não
existindo carro nenhum, descobrindo que o anúncio era uma verdadeira fachada para um golpe
financeiro. Ademais, Pedro restou rendido pelos meliantes Caio e Tício, os quais utilizando-se de
arma de fogo obrigam Pedro a transferir, via PIX, o fator de 100 mil reais para a conta de um
terceiro comparsa. Ocorre que a transferência não restou perfectibilizada uma vez que o aplicativo
do banco de Pedro não reconheceu a chave informada. Diante de inúmeras tentativas frustradas,
Caio informa o CPF de sua esposa Marilda para Pedro efetuar a transferência do valor combinado,
o que efetivamente vem a ocorrer. Após a transferência dos valores, Caio liga para a sua esposa
informando que cometeu um “roubo” e que o dinheiro que estava em sua conta era proveniente
de tal empreitada delituosa. Ademais, Caio pede para a sua esposa sacar os 100 mil reais
transferidos e lhe entregar os valores em uma praça do centro da cidade, o que de fato vem a
ocorrer horas depois da ação delituosa de Caio e Tício. Cumpre ressaltar que Marilda só tomou
conhecimento dos fatos após ter sido contatada por seu marido Caio. Após intensa investigação
da Polícia Civil, inclusive com interceptação telefônica, Caio, Tício e Marilda são indiciados pelo
crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, parágrafo 2A, inciso I CP) e
pelo concurso de pessoas (art. 157, parágrafo 2, II CP). Com base somente nas informações
acima, responda:

a) Qual é o argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva efetuada pela
Polícia Civil em desfavor de Caio e Tício (0,60)?

b) Qual o argumento de direito material a ser adotado em favor de Marilda para fins de diminuir a
sua responsabilização penal (0,65)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não
confere pontuação.
A) O argumento de direito material para questionar a capitulação delitiva em desfavor de
Caio e Tìcio é o de que a conduta praticada por eles não se enquadra no crime de roubo,
uma vez que o comportamento da vítima é imprescindível para conseguirem a vantagem
econômica almejada. Desta feita, Caio e Tício constrangeram a vítima mediante grave
ameaça com o intuito de obter uma vantagem econômica indevida, razão pela qual há o
crime de extorsão e não o de roubo como consta do indiciamento elaborado pela Polícia
Civil. Assim sendo, deve a defesa alegar que o crime por eles praticado é o de extorsão (art
158 CP) com a causa de aumento de pena prevista no parágrafo 1 tendo em vista o
concurso de pessoas e o emprego de arma.

B) O argumento de direito material em favor de Marilda para fins de diminuir a sua


responsabilização penal é o de que Marilda não concorreu para o crime principal praticado
por Caio e Tício, uma vez que a sua contribuição se deu após a consumação do delito OU
de que não há liame subjetivo prévio ou concomitante de sua parte não devendo ser
considerado, em relação a ela, o concurso de pessoas. A conduta de Maria constitui o crime
autônomo de favorecimento real previsto no artigo 349 do CP, uma vez que auxiliou autor
de crime anterior a tornar seguro o proveito deste crime ao sacar o dinheiro transferido de
sua conta e entregar aos agentes.
3) Questão 3 – Arnaldo Quaresma
No dia 07 de março de 2018, Tício, motivado pela ganância, para não dividir o valor de 100 mil
reais (produto de roubo anterior), resolve matar o seu comparsa Caio. O Ministério Público
ofereceu denúncia em face de TÍCIO, imputando-lhe a prática do crime previsto no artigo 121, §
2º, incisos I e V, do Código Penal, uma vez que o Ministério Público entendeu que o motivo era
torpe em razão da ganância, bem como Tício visou assegurar a vantagem de outro crime. Durante
a instrução da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, todos os fatos são confirmados,
pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida, os autos são
encaminhados ao advogado de Tício para manifestação, tendo sido a defesa intimada no dia 05
de dezembro de 2018 (quarta-feira). Considerando apenas as informações narradas, responda
aos itens a seguir.

a) Qual a peça defensiva deverá ser apresentada, a sua fundamentação legal, bem como o último
dia do prazo (0,60)?

b) Qual o argumento de direito material para diminuir a responsabilização penal do acusado


(0,65)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) A peça cabível seria a apresentação de memoriais ou alegações finais na forma de
memoriais no procedimento do Tribunal do Júri com fundamento no artigo 403, parágrafo 3
do CPP (combinado com o artigo 394, parágrafo 5 do CPP). O último dia do prazo é o dia
10 de dezembro de 2018 (segunda-feira).

B) O argumento de direito material para fins de diminuir a responsabilização penal do


acusado é o fato de que foram imputadas a ele duas qualificadoras de natureza subjetiva:
o motivo torpe (art. 121, parágrafo 2, inciso I) e para assegurar a vantagem de outro crime
(art. 121, parágrafo 2, inciso V), o que não é admitido pela doutrina e jurisprudência
majoritárias. Desta feita, deve a defesa pugnar pelo afastamento de uma delas diante do
nítido bis in idem, uma vez que a motivação do crime foi considerada duas vezes em
prejuízo ao acusado.
4) Questão 4 – Arnaldo Quaresma
Considere que Semprônio tenha sido condenado definitivamente pelo crime de latrocínio a uma
pena de 20 anos de reclusão em regime inicial fechado, sendo expedido o competente mandado
de prisão no intuito de executar a pena fixada. Imagine que Semprônio ciente que a condenação
transitou em julgado não se apresentou à Polícia Judiciária passando a condição de foragido do
sistema prisional. Não querendo ser preso, Semprônio procura a ajuda de seu pai que, após saber
que o filho estava foragido e um pouco contrariado, resolve ceder e deixar o filho se esconder em
sua casa, a qual fica localizada no interior de Santa Cruz do Sul. Após o decurso de quase um
ano, a Polícia Civil descobre o paradeiro de Semprônio, vindo a cumprir o mandado de prisão,
bem como, posteriormente, a autoridade policial responsável pelo caso resolve indiciar o pai de
Semprônio pelo crime de favorecimento real previsto no artigo 349 caput do CP. Considerando a
narrativa apresentada, responda:

a) Qual o argumento de direito material para fins de questionar a capitulação delitiva efetuada pelo
Delegado de Polícia (0,65)?

b) Qual o argumento de direito material e o fundamento legal para evitar a responsabilização penal
do pai de Semprônio (0,60)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) O argumento de direito material para fins de questionar a capitulação delitiva efetuada
pelo Delegado de Polícia é o que não há adequação típica da conduta do pai de Semprônio
ao crime de favorecimento real do artigo 349 CP, uma vez que ele não auxiliou autor de
crime anterior a tornar seguro o proveito de crime anterior. Desta feita, considerando que o
agente auxiliou Semprônio a se subtrair da ação da autoridade pública permanecendo
foragido pelo período de um ano há o crime de favorecimento pessoal previsto no artigo
348 CP.

B) A tese de direito material para fins de evitar a responsabilização penal do pai de


Semprônio é a ocorrência de escusa absolutória, nos termos do artigo 348, parágrafo 2.
Segundo o referido dispositivo legal, considerando que o agente é pai de Semprônio deverá
ser isento de pena.
5) Questão 5 – Arnaldo Quaresma
Maurão e seu comparsa Guilherme, ladrões de carro conhecidos na cidade de Santa Cruz do Sul,
mediante o emprego de chave falsa, subtraem um veículo CAMARO 2017 que se encontrava
estacionado em via pública. Após a referida subtração procuram Nidal, conhecido receptador, para
vender as peças do carro subtraído, sendo que Nidal se recusa, uma vez que tomou conhecimento
de que a Polícia já estaria atrás dos dois ladrões de carro pois o fato foi amplamente noticiado
pelos jornais locais. Ao tomar conhecimento que Maurão e Guilherme estariam em apuros e com
grande risco de serem descobertos e presos, Arnaldo resolve ajudar e oferece a garagem para
que Maurão e Guilherme escondam o carro subtraído, entretanto Arnaldo, pelo risco da ajuda,
solicita a multimídia e as rodas do carro em troca do favor aos criminosos. Uma semana após
esconder o carro em sua garagem Arnaldo é preso em flagrante e acaba denunciando todo o
plano perpetrado por Maurão e Guilherme às autoridades. Cumpre ressaltar que durante a
tramitação do inquérito policial Arnaldo confessa os fatos, bem como aponta a participação de
Maurão e Guilherme, informando que resolveu ajudar os criminosos após terem subtraído o
veículo em questão. Posteriormente, o MP, com base no inquérito policial instaurado em desfavor
de Maurão, Guilherme e Arnaldo, oferece denúncia em desfavor do trio pelo crime de furto
qualificado pelo concurso de pessoas e pelo emprego de chave falsa (art. 155, parágrafo 4, incisos
III e IV). Com base nas informações expostas, responda aos itens a seguir.

a) Qual argumento de direito material para fins de questionar a capitulação delitiva feita pelo MP
em desfavor de Arnaldo (0,65)?

b) Qual o crime efetivamente praticado por Arnaldo. Justifique (0,60)?

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) O argumento de direito material em favor de Arnaldo é o de que não concorreu para o
crime de furto, uma vez que a sua contribuição se deu após a subtração efetuada por
Guilherme e Maurão não perfazendo os requisitos do concurso de pessoas OU de que não
há liame subjetivo prévio ou concomitante de Arnaldo com a conduta praticada por Maurão
e Guilherme. Assim sendo, Arnaldo não deveria responder pelo crime de furto qualificado.

B) O crime efetivamente praticado por Arnaldo é o de receptação previsto no artigo 180 do


CP, uma vez que ocultou coisa que sabe ser produto de crime anterior em proveito próprio
já que solicitou as rodas e a multimídia do carro para esconder o veículo subtraído.
6) Questão 1 – Letícia Neves
Carmelo está cumprindo pena pela prática de roubo simples (art. 157, caput, do Código Penal),
praticado em fevereiro de 2020, condenado à pena de 5 anos. Em razão da reincidência
reconhecida pela prática de um delito de furto, o regime inicial determinado foi o fechado. Iniciou
o cumprimento da pena em março de 2021. Atualmente, Carmelo desempenha função laborativa
no sistema prisional, apresentando bom comportamento carcerário, atestado pelo Diretor, e já
cumpriu um pouco mais de 25% da pena aplicada. Você foi contratado pela família de Carmelo
para pleitear a progressão para o regime semiaberto. O magistrado, ouvindo o Ministério Público,
indeferiu o pedido de progressão, nos seguintes termos: “Trata-se de apenado que cumpre pena
por delito praticado com violência e ostenta a condição de reincidente, portanto, deverá cumprir
ao menos 30% de sua pena, motivo pelo qual resta indeferido o pedido.” Você foi intimado da
decisão, na condição de advogado de Carmelo, responda de forma fundamentada:

a) Para combater a decisão do magistrado, qual o recurso cabível? Indique o prazo para
interposição. (Valor: 0,60)

b) Existe argumento para questionar o conteúdo da decisão judicial? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) O recurso cabível para combater a decisão do magistrado é o Agravo em Execução, nos
termos do artigo 197 da Lei n. 7210/1984 e o prazo para interposição é de 5 dias, conforme
a súmula 700 do STF.

B) Sim, no caso em questão o magistrado não poderia exigir a aplicação do percentual de


30% ao apenado, visto que não há enquadramento no artigo 112, IV, da Lei n. 7210/1984,
que é destinado aos apenados que executam pena por crime comum praticado com
violência e são reincidentes em crimes com violência ou grave ameaça. O apenado é
reincidente, porém por crime de furto, o que caracteriza uma omissão legislativa, ou seja,
não há previsão específica no artigo 112 para esta situação, portanto deverá ser aplicado
25%, dando o mesmo tratamento que uma pessoa que executa pena por crime comum com
violência, porém é primária. Interpretação diferente resultaria em analogia in malam partem,
pois não se pode equiparar o apenado a uma condição mais gravosa.

Gabarito comentado
7) Questão 2 – Letícia Neves
Cristoffer está executando pena de 9 anos e 6 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela
prática do delito de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/06). No dia 12 de junho, Dia
dos Namorados, sábado destinado ao recebimento de visita, sua esposa Nádia resolve fazer uma
surpresa, presenteá-lo com um celular, para que ficassem mais próximos. Na ocasião, foi
surpreendida no ato da revista com o aparelho telefônico, tentando ingressar no interior do
estabelecimento prisional, o que gerou o registro da ocorrência pela prática da conduta descrita
no artigo 349-A do Código Penal. O fato foi comunicado ao Juiz da Vara de Execução Penal, que
após ouvir a manifestação do Ministério Público e da Defesa, bem como ouvir a versão do apenado
que sustentou que não tinha nenhum conhecimento ou envolvimento com o fato, decidiu por
reconhecer a prática de falta grave, pois a visita era exclusiva para o apenado, com isso
determinou a interrupção da contagem do tempo para progressão de regime. Você foi intimado da
decisão no dia 15 de agosto, na condição de advogado de Cristoffer, responda de forma
fundamentada:

A) Para combater a decisão do magistrado, qual o recurso cabível? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Existe argumento para questionar o conteúdo da decisão judicial? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) O recurso cabível para combater a decisão do magistrado é o Agravo em Execução, nos
termos do artigo 197 da Lei de Execução Penal.

B) A imposição de falta grave em razão de uma conduta pratica por terceiro, sem que haja
qualquer comprovação de autoria ou conhecimento do apenado, viola o princípio
constitucional da intranscendência, previsto no artigo 5º, XLV, da Constituição Federal.
(e/ou) Inclusive, o apenado não praticou falta grave, pois ele não chegou a praticar qualquer
conduta do artigo 50, VII, da Lei 7.210/1984.

Gabarito comentado
8) Questão 3 – Letícia Neves
No dia 10/03/2018, Elísio iniciou o cumprimento de pena condenado pela prática do delito de
homicídio qualificado por motivo fútil, praticado em 04/02/2017. Iniciou em regime fechado,
atualmente, encontra-se no regime semiaberto e possui mais de 2/3 de pena cumprida. A família
de Elísio contrata você como advogado para pleitear livramento condicional. Realizado o pedido,
o Juiz da Vara de Execução Penal, ouvindo o promotor, indeferiu o livramento condicional nos
seguintes termos: “Considerando a nova previsão contida no artigo 112, VI, a, do CP, introduzida
na legislação pela Lei 13.964/2019, com vigência a partir do dia 23/01/2020, passou a ser vedado
o livramento condicional para condenado primário que tenha praticado crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, por tal razão, apesar de preenchidos os demais requisitos
referentes ao comportamento, resta indeferido o pedido da defesa”. Diante do teor da decisão do
juiz da Vara de Execução Penal, responda de forma fundamentada:

A) O Juiz da Vara de Execução, diante da interposição do recurso correto para combater a sua
decisão, poderá se retratar? Justifique e indique o fundamento legal. (0,60)

B) Existe argumento para questionar o conteúdo da decisão do Juiz da Vara de Execução?


Justifique. (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Sim, o Recurso de Agravo em Execução permite o juízo de retratação, nos termos do
artigo 589 do CPP, visto que este recurso segue o mesmo processamento do Recurso em
Sentido Estrito.

B) Trata-se de alteração legislativa que trouxe um tratamento pior para condenados


primários que tenham praticado crime hediondo ou equiparado com resultado morte, pois
passou a vedar a concessão de livramento condicional, portanto, como o delito foi praticado
em 04/02/2017, a nova legislação não poderá retroagir para prejudicá-lo, nos termos do
artigo 5º, XL, da CF, eis que a norma produz efeito sobre o direito de liberdade do
condenado. Assim, a nova lei somente poderá ser aplicada para os apenados primários
que praticarem crimes nesses moldes a partir da sua vigência.
9) Questão 4 – Letícia Neves
Elenise, primária, pequena empresária, foi condenada à pena de 6 anos e 6 meses de reclusão
pela prática do delito de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006) e à pena de 2 anos
pelo delito de apropriação indébita previdenciária (art. 168, A, do CP), somando-se as penas foi
determinado o cumprimento inicial em regime fechado. Sabe-se que é mãe de duas crianças, Elis
(3 anos) e Félix (5 anos), os quais são visitantes frequentes da prisão desde o momento em que
Elenise iniciou a cumprir pena. Atualmente, Elenise está recolhida na Penitenciária Feminina
Estadual há quase 3 anos e sempre apresentou bom comportamento carcerário, informado pela
Direção. Você foi procurado pela família de Elenise, na condição de advogado responda:

A) É possível elaborar algum pedido em favor de Elenise para amenizar a execução de sua pena?
A quem deverá ser endereçado? Justifique. (0,65)

B) Quais são os requisitos que Elenise deverá demonstrar para alcançar uma forma mais branda
de execução de sua pena? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) O pedido que poderá ser formulado é de progressão para o regime semiaberto, nos
termos do artigo 112 da Lei 7.210/1984, endereçado ao Juiz da Vara de Execução Penal,
com base no artigo 66, III, b, da Lei 7.210/1984.

B) Elenise deverá preencher de forma cumulativa os requisitos do artigo 112, § 3º, da Lei
7.210/1984, quais sejam: ter cumprido ao menos, 1/8 da pena, o que se encontra
preenchido, ter bom comportamento e ser primária, não ter integrado organização criminosa
e o crime não ter sido pratico com violência ou grave ameaça a pessoa ou ainda não ter
como vítima filho ou dependente. Fará jus portanto a progressão especial destinada às
mulheres mães de crianças.
10) Questão 5 – Letícia Neves
Cross Full, primário, responde a processo pela prática de roubo com emprego de arma de fogo e
em concurso de pessoas, durante o processo criminal ficou preso preventivamente, pelo período
de 1 ano e 6 meses. Após a regular instrução, recebidos os memoriais da acusação e da defesa,
o magistrado condenou Cross Full à pena de 8 anos e 2 meses, em regime inicial fechado, em
atenção ao artigo 33, §2º, a, do CP, informando que apesar das circunstâncias judiciais serem
favoráveis, a quantidade de pena determina o regime mais severo. Por ocasião da sentença penal
condenatória o magistrado deixou de reconhecer o período de prisão preventiva. Considerando
as informações apresentadas, na condição de advogado (a) de Cross Full, tendo sido intimado na
data de hoje da sentença penal condenatória, responda aos itens a seguir.

A) Existe alguma tese que possa assegurar a fixação de um regime menos gravoso a Cross Fox?
Justifique. (0,65)

B) O que poderá ser feito pelo defensor técnico de Cross Fox, excetuando o recurso de apelação,
para pleitear ao Juiz Criminal, que proferiu a sentença, a fixação de um regime mais brando? Qual
o prazo? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Para assegurar a fixação de um regime prisional mais brando, no caso em tela é possível
alegar a necessidade de reconhecimento na sentença condenatória do período de prisão
preventiva para fins de detração penal, artigo 42 do Código Penal, o que está assegurado
no artigo 382, §2º, do CPP, o que possibilitaria a fixação do regime semiaberto.

B) Tendo em vista que o Juiz Criminal no momento da sentença condenatória, não se


manifestou sobre o computo do período de prisão preventiva para fins de determinação do
regime prisional, em face da omissão, poderão ser opostos embargos declaratórios da
sentença penal dirigidos ao Juiz Criminal, a fim de assegurar o regime mais brando, nos
termos do artigo 382 do CPP. O prazo dos embargos declaratórios é de dois dias.
11) Questão 1 – Mauro Stürmer
Pedro, ao participar de uma palestra sobre investimento, foi chamado por Carlos de burro e mal-
informado. Assistia a palestra, na qualidade de interessado no assunto, o Delegado Ricardo,
amigo de Pedro. Ao presenciar aquela situação Ricardo, que era titular da delegacia cuja área
territorial estava sendo realizada a palestra, vai até a sede da delegacia, sem ao menos ter falado
com Pedro, e lá baixa portaria instaurando inquérito para apurar possível crime de injúria contra
seu amigo. Finalizado o inquérito o Ministério Público oferece denúncia contra Carlos como
incurso no Art. 140 do CP. O Juiz responsável pelo caso determina a citação de Carlos e marca a
data para oitiva das testemunhas arroladas pelo MP. Carlos lhe procura na qualidade de advogado
para esclarecimento e questiona:

a) A abertura do inquérito foi correta, bem como se o Ministério Público poderia ter lhe atribuído
tal delito? (0,60)

b) Qual a tese de direito processual pode ser alegada pela defesa de Carlos? (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Não foi correta a abertura do inquérito, pois tratando-se de crime de ação penal privada,
para abertura do inquérito policial, seria necessária a manifestação dos ofendidos. Também
não foi correta a Legitimidade do Ministério Público, pois o delito é de ação penal privada.

B) Nesse caso, a tese processual a ser alegada pela defesa de Carlos é de que houve
desrespeito ao rito da audiência preliminar, conforme prevê o art. 520 do Código de
Processo Penal.
12) Questão 2 – Mauro Stürmer
Antônio e Maria são casados há 5 anos. Antônio sempre teve um sonho de ser pai. Tal sonho era
compartilhado, inicialmente, por Maria. Ocorre que Maria começa uma brilhante carreira
profissional e não mais deseja, ao menos naquele momento, ter filho. Antônio, inconformado com
essa situação, proíbe Maria de fazer uso de métodos contraceptivos. Maria insiste e é agredida
por Antônio. No Exame de Corpo de Delito resta comprovado que Maria foi vítima de lesão corporal
leve. Ao final do Inquérito policial Antônio é denunciado pelo Ministério Público pelo crime previsto
no art. 129 do CP. Antônio, na qualidade de advogado, para esclarecimento lhe questiona:

A) No caso de condenação, e sendo a pena de Antônio menor que 4 anos, é possível a substituição
da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direito? Justifique (Valor: 0,60)

B) Há argumento de cunho processual para que o Ministério Público não pudesse denunciar
Antônio pelo crime de lesão corporal leve? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Não é possível a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de
direito, pois a Súmula 588 do STJ veda a substituição em casos de crime ou contravenção
penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico.

B) Não, pois embora o crime de lesão corporal leve, como regra, conforme o art. 88 da Lei
9.099/95 seja de ação pena pública condicionada a representação, no caso de violência
doméstica, forte na súmula 542 do STJ, a ação penal é pública incondicionada. Assim,
legítimo o Ministério Público para oferecer tal denúncia.
13) Questão 3 – Mauro Stürmer
João foi preso na parte internacional do Aeroporto de Porto Alegre, minutos antes de entrar no
voo com destino a Buenos Aires. Na ocasião restou apreendida a quantia de 5 kg de um pó branco
inicialmente reconhecido, pelo laudo de mera constatação, como cocaína. João confessou a posse
da substância e afirmou ser cocaína e que o destino da droga era mesmo a capital Argentina. O
Inquérito, sem qualquer outra atuação da perícia, foi encaminhado ao Poder Judiciário. João foi
denunciado e está sendo processado pelo crime de tráfico internacional de drogas com causa de
aumento de pena previsto no art. 33 combinado com o art. 40, I da Lei 11.343/06. Diante do
exposto, responda:

A) Existe argumento de direito material para auxiliar a defesa de João? Justifique. (0,60)

B) É possível a condenação de João no crime de tráfico internacional, mesmo que a droga nunca
tenha saído do território nacional? Justifique. (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Sim, existe tese de direito material, pois não é possível a condenação exclusivamente
com base no laudo de mera constatação. No caso, não foi realizado o exame definitivo de
constatação de substância entorpecente e, sem o laudo definitivo, não se tem comprovada
a materialidade do delito.

B) Sim, é possível a condenação de João no crime de tráfico internacional, pois a súmula


607 do STJ prevê que a incidência do art. 40, I da Lei 11.343/06 ocorre mesmo que a droga
não ultrapasse as fronteiras do País quando foi incontroverso que seu destino era o exterior.
14) Questão 4 – Mauro Stürmer
Alessandro, domiciliado em Santa Maria, praticou um crime de furto de um aparelho celular
durante o trajeto de um ônibus entre Santa Maria e Porto Alegre. Durante as investigações não se
pode apurar o local do crime. O MP de porto alegre denunciou Alessandro com incurso no art. 155
do CP e fundamentou a competência da Justiça Estadual de Porto Alegre, pois lá foi constada a
falta do aparelho, embora ficasse comprovado pelo circuito interno do ônibus que a subtração
ocorreu em algum lugar durante a trajeto percorrido. Alessandro, arrependido, devolve o bem
subtraído assim que a denúncia é recebida pelo magistrado processante. Alessandro o procura
como advogado para esclarecimento. Diante desses fatos responda:

A) A ação de restituir a coisa subtraída por parte de Alessandro pode ser considerado
arrependimento posterior? Justifique. (0,65)

B) Existe tese de direito processual para alegar a incompetência do juiz de Porto Alegre?
Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Não, pois segundo o art. 16 do Código Penal, o arrependimento posterior exige que a
devolução ocorra até o recebimento da denúncia pelo magistrado. No caso, Alessandro
devolveu o bem após o recebimento da denúncia, impossibilitando a aplicação do instituto
do arrependimento posterior.

B) Sim, pois segundo o artigo 72 do Código de Processo Penal, nos casos em que for
desconhecido o lugar do crime, a competência deve ser definida pelo locar de residência
do agente. Nesse caso, a competência seria da Justiça Estadual de Santa Maria – RS.
15) Questão 5 – Mauro Stürmer
Augusto foi surpreendido em sua residência por policiais civis que cumpriam mandado de busca
e apreensão. O referido mandado foi expedido pelo juiz competente. Na ocasião foram
encontradas três armas de uso permitido. Durante o processamento do Inquérito Policial, foram
realizados teste de aptidão das armas e ficou constatada que apenas uma delas tinha capacidade
de efetuar disparos. O MPM denunciou Augusto por três vezes incurso no art. 14 da Lei 10.826/03.
Augusto o procura como advogado e questiona:

A) Se há tese para afastar a incidência do art. 14 do Estatuto do Desarmamento? Justifique. (0,65)

B) Há tese de direito material afastar a tipificação legal no caso das duas armas que não possuíam
condições de efetuar disparos? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Há tese para afastar a incidência do art. 14 do Estatuto do Desarmamento, pois a
tipificação correta é no art. 12 da Lei 10.826/03. No caso, se trata de posse e não de porte
de arma de fogo, uma vez que o armamento foi encontrado no interior da residência de
Augusto.

B) Sim, em relação as duas armas que a perícia constatou serem incapazes de realizar
disparos, é atípica a conduta, pois se trata de crime impossível, previsto no artigo 17 do
CP.
16) Questão 1 – Nidal Ahmad
No dia 20 de março de 2020, Tício, com 21 anos de idade e dotado de pleno discernimento, decide
dar cabo à sua vida. Para tanto, dirige-se até local ermo a fim de viabilizar o propósito
preconcebido. Contudo, no trajeto, e antes de cometer o ato, encontra Caio, verbalizando a sua
intenção. Caio, então, verificando naquele momento derradeiro, ínfima hesitação de Tício, instiga
e reforça o propósito inicial já existente, alcançando-lhe, inclusive, uma corda destinada a auxiliar
no ato originariamente pretendido. Caio, embora nas circunstâncias pudesse demover Tício da
ideia preconcebida, não faz qualquer esforço nesse sentido, máxime porque, ambos, tinham um
pequeno comércio de eletrodomésticos na localidade, sendo concorrentes e rivais (a morte de
Tício, inclusive, acarretará vantagem financeira em favor dele Caio). Em decorrência, Tício,
utilizando-se, inclusive, da corda recebida, acabou praticando o ato para eliminar sua própria vida,
sem, no entanto, alcançar o seu intento, já que a corda se rompeu, restando-lhe lesões corporais
leves. O Ministério Público imputou a Caio o crime de tentativa de homicídio qualificado pelo
motivo torpe, nos termos do artigo 121, § 2º, inciso I, c/c artigo 14, inciso II, ambos do Código
Penal. Ao final da regular instrução, o Magistrado proferiu decisão de pronúncia nos termos da
denúncia oferecida pelo Ministério Público. A defesa foi intimada no dia 15 de março de 2021
(segunda-feira). Com base nas informações expostas, responda, como advogado(a) contratado
por Caio, aos itens a seguir:

a) Qual a peça cabível e qual o último dia do prazo para sua interposição? (0,60)

b) Qual o argumento a ser apresentado em favor de Caio para questionar a capitulação atribuída
pelo Ministério Público? (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) A peça cabível seria Recurso em Sentido Estrito, com base no artigo 581, inciso IV, do
Código de Processo Penal. Último dia do prazo: 22 de março de 2021 (segunda-feira).

B) O Ministério Público imputou a Caio o crime de tentativa de homicídio qualificado pelo


motivo torpe, nos termos do artigo 121, § 2º, inciso I, c/c artigo 14, inciso II, ambos do
Código Penal. Todavia, o réu deveria ter sido pronunciado pelo crime de instigação e auxílio
ao suicídio simples, com pena majorada pelo motivo egoístico e torpe, nos termos do artigo
122, “caput”, e § 3º, inciso I, do Código Penal, já que a própria vítima praticou atos
executórios para eliminar sua vida, resultando lesões corporais leves.
17) Questão 2 – Nidal Ahmad
Wilson, primário, foi denunciado como incurso no crime de roubo qualificado mediante lesões
corporais graves, capitulado pelo Ministério Público no artigo 157, §3º, inciso I, do Código Penal.
Ao final da instrução, o Magistrado reconheceu que Wilson efetivamente praticou lesões graves
na vítima, já que ficou com debilidade permanente da função mastigatória, lesão descrita na
denúncia, mas entendeu que não houve subtração ou tentativa de subtração do patrimônio da
vítima, conforme mencionou o Ministério Público na peça acusatória, razão pela qual condenou o
réu como incurso nas sanções do artigo 129, § 1º, inciso III, do Código Penal. Diante do fato
hipotético, considerando apenas as informações narradas, responda:

A) A hipótese retratada caracteriza "emendatio libelli" ou "mutatio libelli"? Justifique (Valor: 0,60)

B) Poderia o Magistrado proferir sentença condenatória pela prática do crime previsto no artigo
129, § 1º, III, do Código Penal, sem adotar qualquer outra providência antes? Justifique. (Valor:
0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Trata-se de “emendatio libelli”, previsto no artigo 383 do Código de Processo Penal, pois
a hipótese não importou qualquer circunstância ou fato novo não descrito na denúncia.
Logo, o juiz, observando o princípio da correlação e do contraditório e ampla defesa, deu
definição jurídica diversa da que constava na denúncia, considerando que o crime se
tratava, na verdade, de lesão corporal grave, previsto no artigo 129, § 1º, inciso III, do
Código Penal.

B) Não poderia o juiz proferir sentença condenatória, uma vez que a pena mínima cominada
ao delito de lesão corporal grave não é superior a 1 (um) ano, sendo cabível, portanto,
suspensão condicional do processo, nos termos do artigo 89 da Lei 9.099/95. Logo,
conforme o artigo 383, § 1º, do Código de Processo Penal, e Súmula 337 do Superior
Tribunal de Justiça, deveria o Magistrado proceder conforme a lei, concedendo vista dos
autos ao Ministério Público, para fins de proposta de suspensão condicional do processo.
18) Questão 3 – Nidal Ahmad
Wilson se encantou intensamente por Matilde, sua colega de trabalho. Após tomar coragem,
Wilson declarou seu amor à Matilde, que, de imediato, rechaçou qualquer possibilidade de
relacionamento afetivo. Frustrado com a rejeição, Wilson decidiu que teria Matilde mesmo que
seja contra sua vontade. Revelou sua intenção à Ricardo, contando os detalhes da negativa de
Matilde, manifestando, ainda, seu desejo de manter com ela conjunção carnal, ainda que seja com
violência ou grave ameaça. Na sequência, Wilson pediu para que Ricardo lhe desse carona até a
casa de Matilde, a fim de saciar seu desejo sexual. Ricardo levou Wilson até a casa de Matilde e
foi embora. Wilson ingressou na residência de Matilde e, após breve conversa, constrangeu-a,
mediante violência, a praticar conjunção carnal. Instaurado inquérito policial, constatou-se a
contribuição de Ricardo, no sentido de que deu carona ao amigo ciente de que ele forçaria a
conjunção carnal, bem como a ação de Wilson, sendo, após, ambos denunciados pela prática do
crime de estupro (Art. 213 do CP). Wilson possuía uma condenação anterior definitiva pela prática
da contravenção de vias de fato, prevista no Art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688/41. Após regular
processamento, o juiz profere sentença condenando Wilson e Ricardo pela prática do crime de
estupro, reconhecendo, em relação à Wilson, a agravante da reincidência, aplicando-lhe a pena
de 07 (sete) anos de reclusão. Em relação a Ricardo, o Magistrado aplicou a pena de 06 (seis)
anos. Considerando apenas o narrado, responda aos questionamentos a seguir:

A) Diante da pena imposta a Wilson, existe argumento a ser apresentado, em sede de recurso,
em busca da aplicação de pena mais branda? Justifique (0,60)

B) Diante da pena imposta a Ricardo, existe argumento de direito material a ser apresentado, em
sede de recurso, em busca da aplicação de pena mais branda? Justifique (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Wilson foi condenado pela prática do crime de estupro, previsto no artigo 213 do Código
Penal, sendo reconhecida a agravante da reincidência. Todavia, a agravante da
reincidência deve ser afastada, já que não se enquadra em nenhuma hipótese prevista em
lei. Isso porque, no caso, somente seria possível a reincidência se Wilson tivesse praticado
novo crime depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória por crime
anterior. Como se trata de sentença condenatória definitiva por contravenção penal anterior,
não incide a reincidência, pois não se enquadra na hipótese do artigo 7º do Decreto-Lei
3688/41 e do artigo 63 do Código Penal.

B) Ricardo foi condenado, juntamente com Wilson, pela prática do crime de estupro,
previsto no artigo 213 do Código Penal. Todavia, a contribuição de Ricardo se restringiu a
dar carona a Wilson até o local onde praticaria a conjunção carnal forçada com Matilde.
Logo, trata-se de participação de menor importância, autorizando a causa de diminuição da
pena prevista no artigo 29, § 1º, do Código Penal. Assim, deveria o Magistrado diminuir a
pena de um 1/6 a 1/3, nos termos do artigo 29, § 1º, do Código Penal.
19) Questão 4 – Nidal Ahmad
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava
seu automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal
começa a discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao
automóvel. Muito assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do
veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto,
respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer possibilidade de perder
o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade
empreendida, acaba se desgovernando, vindo a se chocar com outro automóvel, causando a
morte do seu condutor. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e
ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio
foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio simples, na modalidade
de dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, inciso I, 2ª parte, do CP). Após regular instrução, o
Magistrado proferiu decisão de pronúncia nos exatos termos da denúncia, sendo a defesa
intimada no dia 06 de agosto de 2015 (quinta-feira). Com base somente nas informações acima,
responda, apontando a base legal.

A) Qual é o recurso cabível contra essa decisão e qual o último dia do prazo para sua interposição?
Justifique. (0,65)

B) O recurso tem efeito regressivo? Justifique. (0,60)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) Cabe recurso em sentido estrito, com base no artigo 581, inciso IV, do Código de
Processo Penal. Último dia do prazo para interposição será o dia 11/08/2015.

B) Sim, há efeito regressivo, já que, segundo o artigo 589 do Código de Processo Penal, o
juiz poderá reformar a sua decisão.
20) Questão 5 – Nidal Ahmad
Ao final das comemorações de final de ano com colegas da empresa, Wilson, quando deixava o
local, acabou por levar consigo o presente do seu colega Pedro, acreditando ser o seu, tendo em
vista que as caixas dos presentes eram idênticas. Após perceber o sumiço do seu presente e
acreditando ter sido vítima de crime patrimonial, Pedro compareceu à Delegacia para registrar o
ocorrido, ocasião em que foram ouvidas testemunhas presenciais, que afirmaram ter visto Wilson
sair com aquele objeto. Wilson, ao tomar conhecimento da investigação, preocupado com a
situação, já que nunca se envolveu em qualquer atividade criminosa, compareceu em sede policial
e indicou onde o objeto estava, sendo o bem apreendido no dia seguinte em sua residência. Não
obstante isso, Wilson foi indiciado e denunciado pela prática do crime de furto simples, previsto
no artigo 155 do Código Penal, sem que o Ministério Público tenha proposto qualquer benefício.
Ao final da instrução e oferecidos os respectivos memoriais, o Magistrado proferiu sentença
condenatória, fixando a pena definitiva em 01 ano de reclusão, em regime aberto. Ao final,
substituiu a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Diante do fato hipotético,
responda, na condição de advogado(a) de Wilson, fundamentadamente, aos itens a seguir.

A) Em sede de apelação, qual argumento de direito processual pode ser invocado para
desconstituir a sentença condenatória? Justifique (0,65)

B) Em sede de apelação, qual argumento de direito material pode ser invocado em busca da
absolvição de Wilson? Justifique (0,65)

Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do
dispositivo legal não confere pontuação.
A) A tese de direito processual seria a nulidade do processo, por não ter sido proposta a
suspensão condicional do processo. Wilson foi denunciado pela prática do crime de furto
simples, previsto no artigo 155 do Código Penal, sem que tivesse sido oferecido qualquer
benefício. Todavia, o crime de furto simples prevê pena mínima de 01 ano. Wilson é
primário, nunca se envolveu em qualquer atividade criminosa, preenchendo, pois, os
requisitos para a proposta de suspensão condicional do processo, previstos no artigo 89 da
Lei nº 9.099/95. Logo, com a suspensão condicional do processo, sequer deveria haver
sentença, devendo ser anulado o processo.

B) Em sede de apelação, a tese de direito material seria a absolvição, pelo reconhecimento


do erro de tipo essencial, previsto no artigo 20, “caput”, do Código Penal. Wilson foi
denunciado pela prática do crime de furto simples, previsto no artigo 155 do Código Penal,
acusado de ter subtraído um pacote de presente que pertencia ao seu colega Pedro.
Todavia, Wilson levou consigo o presente do colega, porque acreditava ser o seu, já que
os pacotes eram idênticos. Wilson não sabia que estava se apossando de coisa alheia. Não
tinha o dolo de subtrair o presente do colega. Trata-se, pois, de erro de tipo essencial
invencível, no qual há exclusão do dolo e da culpa, sendo o fato atípico. Ainda que se
admita ser erro de tipo essencial vencível, como não há crime de furto na modalidade
culposa, o fato ainda assim seria atípico. Logo, Wilson deve ser absolvido, com base no
artigo 386, inciso III, do Código de Processo Pena.

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