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Medidas Cautelares

Caso I

António provocou ferimentos graves no pescoço de Bento, com uma faca, a fim de lhe subtrair a carteira.
Particulares que viram o sucedido chamaram imediatamente um carro patrulha (132) que estava nas
imediações e os agentes da PN conduziram o António para a Esquadra de Achada de Santo António,
enquanto aqueles levaram Bento para o hospital, salvando-lhe assim da morte. O Ministério Público decidiu
abrir um processo-crime contra António e promoveu junto do tribunal a aplicação ao mesmo da obrigação
de apresentação periódica.

1. Poderia o tribunal impor ao arguido a prisão preventiva?

2. Supondo que a prisão preventiva foi mesmo decretada e que António está preso preventivamente
há sete meses sem ter havido acusação, que pode ele fazer?

Caso II

Durante a instrução de um processo que tem por objecto a investigação do homicídio de Berta, são
descobertas provas que indiciam que o mesmo terá sido cometido por Dário. O Ministério Público emite um
mandado de detenção de Dário, para que este seja presente ao juiz, a fim de lhe ser aplicada uma medida de
coacção. No interrogatório o juiz apenas formula às arguidas perguntas gerais e abstractas, sem
concretização das circunstâncias de tempo, modo e lugar em que ocorreram os factos que integram a prática
do crime objecto da instrução. Por outro lado, não dá a conhecer ao arguido os elementos de prova que
sustentam aquela imputação, sem proceder a uma apreciação, em concreto, da existência de inconveniente
grave naquela concretização e na comunicação dos específicos elementos probatórios em causa. Terminado
o interrogatório, o juiz profere o seguinte despacho:

«Tendo em conta a gravidade do crime imputado ao arguido, deve presumir-se a existência, em concreto, de
perigo de fuga, pelo que determino que o arguido aguarde os termos subsequentes do processo em prisão
preventiva».

1. Foram cumpridas neste interrogatório as formalidades previstas na lei?

2. Concorda com este despacho? O que pode fazer o arguido para o impugnar?

3. Se o M.P. requerer que o arguido preste uma caução, pode o juiz determinar que o arguido fique em
prisão preventiva?

4. Suponha agora que o crime imputado ao arguido é um crime de homicídio negligente. As suas
respostas seriam as mesmas?

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Caso III

Considere a seguinte hipótese:

Uma patrulha da PN, enquanto circulava na localidade de Palmarejo, foi informada, via rádio, de que
acabava de ser cometido um crime de furto em Achada Santo António, no valor de 100 mil escudos,
perpetrado por um suspeito, do sexo masculino, com uma camisola cor de azul, cabo-verdiano, com
idade aproximada de 30 anos e que, após subtrair aquele valor a uma senhora, Júlia, fugira numa
viatura “Toyota”, cor preta, em direcção a Cidade Velha.

De imediato, os agentes da PN dirigiram-se para a rotunda de Palmarejo e montaram uma operação


Stop. Vendo passar um veículo “Toyota”, de cor preta, conduzido por um homem, com uma
camisola de cor de azul, mandaram-no parar, acabando por detê-lo.

Os agentes pediram a identificação do condutor, que, nervoso, se identificou como sendo António.
Instado a apresentar o seu bilhete de identidade, António abriu o porta-luvas do carro e os agentes
aperceberam-se de que havia várias notas na carteira e no porta-luvas da viatura.

Os agentes de imediato procederam à apreensão da carteira de António e das notas dentro do


porta-luvas, e após conferência do seu conteúdo, viram que estas perfaziam o valor de 100 mil
escudos.

Convencidos de terem apanhado o autor do crime de furto, inquiriram-no sobre a proveniência do


dinheiro, ao que António respondeu que o dinheiro era seu.

Levado à esquadra, António foi constituído arguido pelos mesmos agentes da PN e indiciado da
prática do crime de furto (artigo 194º CP).

Na mesma altura, os agentes aplicaram-lhe o termo de identidade e residência (TIR) e mandaram-no


em liberdade, dando de imediato conhecimento dos factos descritos e do procedimento por eles
seguido ao Ministério Público (M.P.) da comarca do Praia.

No dia seguinte, o M.P. requereu ao Juiz a aplicação da Medida de coacção - obrigação de


apresentação periódica. Porém, o Juiz decidiu-se, por despacho, pela aplicação da medida de
coacção prevista no artigo 283.º do CPP, no valor 200.000 escudos.

Depois de notificado, o arguido pediu a substituição da medida de coacção, alegando dificuldades


financeiras para o seu cumprimento. Por despacho, o Juiz deferiu o requerimento, e aplicou-lhe a
medida de coacção - Prisão Preventiva.

Responda fundamentadamente às seguintes questões:

1. Os agentes da PN podiam validamente deter António?

2. Aprecie o procedimento dos agentes da Polícia Nacional e das autoridades judiciárias desde a
detenção do arguido até ao despacho que lhe aplicou a caução como medida de coacção
pessoal.

3. Aprecie o despacho do Juiz que defere o requerimento do arguido e lhe aplica a prisão
preventiva. Como é que o arguido poderia reagir

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Caso IV

Durante a instrução que corre contra Marcelo, arguido, brasileiro, o MP obtém fortes indícios de este ter
praticado um furto simples (Artigo 195.º do CP) em concurso real com os crimes de abuso de confiança
(203.º do CP) e de ofensa qualificada à integridade física (129.º do CP).

O MP requereu a aplicação de uma caução no valor de 500.000$.

1. Poderia ser aplicada a medida de coação mencionada? Quais seriam as consequências jurídico-
processuais se Adilson fugisse para o Brasil e não comparecesse a acto processual para o qual foi
notificado?

2. E se, prevendo um iminente perigo de fuga, o Juiz deferisse o requerimento do MP, mas aumentasse
o valor da caução e a cumulasse com a medida de apresentação diária na esquadra da polícia.
Poderia fazê-lo?

3. Imagine que o Juiz da instrução aplicava a prisão preventiva. Que providência poderia tomar o
defensor do arguido?

4. Qual será a sua resposta à pergunta anterior se, além dos crimes mencionados no caso, recaíssem
ainda, fortes indícios sobre Marcelo de ter praticado também o crime de lenocínio nos termos do
artigo 148.º do CP?

Caso V

Ângela apresentou queixa-crime contra Bernardo, seu patrão, por este a ter violado no seu local de
trabalho. O Ministério Público requereu imediatamente ao juiz a aplicação cumulativa ao arguido da
obrigação de apresentação periódica e de caução carcerária no valor de 600.000$00.

1. Poderia o juiz aplicar cumulativamente aquelas medidas de coacção?

2. Poderia o juiz recusá-las e aplicar a prisão preventiva?

3. E se do requerimento do Ministério Público constasse a aplicação cumulativa da proibição de


contactos e a obrigação de permanência em habitação? Poderia o juiz aplicá-las cumulativamente?

4. Como Poderia Bernardo reagir às medidas de coação mencionadas nas perguntas anteriores?

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Caso VI

Durante a instrução pelo crime de actos sexuais com adolescentes praticado por Asdrúbal contra Benedita,
de 15 anos de idade, o Ministério Público requereu ao juiz a aplicação cumulativa ao arguido de caução
carcerária no valor de 200.000$00 e de caução económica no valor de 500.000$00.

1. Poderia o Juiz aplicar cumulativamente aquelas duas medidas?

2. Poderia o Ministério Público requerer o arresto de bens pertencentes a Asdrúbal, suficientes para
garantir a quantia de 700.000$00.

3. Imagine agora que, sem o saber, Asdrúbal transmitira o vírus da SIDA a Benedita. Poderia o juiz de
instrução, a requerimento do Ministério Publico, aplicar-lhe a prisão preventiva?

Caso VII

Xavier é arguido num processo que se encontra na fase de instrução. Tendo sido denunciado pelo crime de
contrafacção de moeda, suspeita-se que Xavier pertence a uma organização internacional, altamente
organizada, de falsificadores.

A requerimento do Ministério Público, o juiz decreta a aplicação de caução cumulada com a obrigação de
não se ausentar da freguesia do seu domicílio e com a caução económica.

1. Seria admissível a aplicação cumulativa daquelas medidas?

2. Qual o prazo máximo de duração das mesmas.

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