Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CASO I
Antó nio foi acusado por um crime de furto simples (art. 194º do Código Penal).
1. Poderá Antó nio ser condenado, com base nos mesmos factos, por um crime de
burla (art. 210º). Em que termos?
Trata-se de alteração da qualificação jurídica, porque se diz “com base nos mesmos
factos”. O objecto do processo não foi alterado, manteve-se o mesmo.
Artigo 396.º n.º 3 - manda aplicar o seu nº 1 aos casos em que o tribunal altera a
qualificação jurídica dos factos descritos na acusação ou na pronúncia.
4. Algumas testemunhas, vizinhos de Antó nio, afirmam que este, para além do furto
do objecto que lhe foi imputado na acusaçã o, duas horas depois, quando estava a
chegar a casa e depois de ter ido almoçar com uns amigos, se apropriou de um
telemóvel de Duarte, que estava no interior da sua viatura. Pode o tribunal dar como
provado este facto e, em consequência, condenar Antó nio por furto qualificado
(art.196.º, n.º 1, al. l)), para além do furto simples? Em qualquer caso, o que deve
fazer o juiz?
Á lvaro, no Bar do Hotel Baía Verde, sito no Tarrafal, agrediu Berta, sua namorada, com um
violento soco.
Cinco meses depois, Berta resolveu apresentar queixa. O Ministério Pú blico deu
imediatamente início à instruçã o e tendo concluído que estavam reunidos elementos
suficientes para tal, deduziu acusaçã o pelo crime de ofensa à integridade física simples
(artigo128.º CP).
Sim.
324.º b).
Trata-se de um facto novo, que altera a valoração social do crime. Mas como
não agrava o limite máximo da pena e nem constitui a imputação de um crime
diverso ao arguido, deve-se concluir que se trata de uma alteração não
substancial, pelo que se deve aplicar o regime determinado no artigo 396.º.
CASO III
1. Supondo que o processo seguia para a forma comum e que o MP acusava António
pelo crime de furo qualificado, p. e p. pelo artigo 196. e) do CP, podia Júlia,
requerer a abertura da Audiência Contraditó ria Preliminar para acrescentar o
facto de António ter introduzido na sua habitaçã o para retirar a quantia furtada,
imputando-lhe assim a circunstâ ncia prevista na alínea l) do n.º 1 do mesmo
artigo?
Nos termos determinados no artigo 324.º do CPP, deduzida acusaçã o pelo MP,
o assistente pode requerer ACP relativamente a factos pelos quais o MP não
tiver deduzido acusação e que consubstanciam crime diverso ou
agravação dos limites máximos da pena – Alteraçã o Substancial dos Factos.
Por sua vez, determina o n.º 2 do artigo 320.º, que, deduzida acusaçã o pelo MP,
o assistente pode deduzir acusaçã o particular pelos factos acusados pelo MP,
por parte deles ou por outros, desde que não tenham como efeito a
imputação ao arguido de um crime diverso ou a agravação dos limites
máximos da pena- Alteraçã o nã o substancial dos factos. (a designada
acusaçã o subordinada)
No caso concreto , é necessá rio averiguar se o assistente pretende acrescentar
um facto novo que constituiu uma alteraçã o substancial dos factos, caso em
que podia requerer a realizaçã o da ACP(artigo 324.º do CPP), ou uma alteraçã o
nã o substancial, caso em que nã o podia requerer ACP, mas antes deduzir
acusaçã o subordinada(n.º 2 do artigo 320.º).
O assistente pretende adicionar um facto novo – que o arguido introduziu na
sua habitaçã o para retirara a quantia furtada. O novo facto constitui uma
alteraçã o de factos.
A alteraçã o será substancial se o facto novo agravar a pena má xima
abstratamente aplicá vel, o que nã o é o caso porque o arguido já era acusado de
furto qualificado, ou constituir uma imputaçã o de crime diverso, que também
nã o é o caso.
Deve-se concluir que estamos perante uma alteraçã o nã o substancial, pelo que
o requerimento de ACP deveria ser rejeitado por inadmissibilidade da ACP. O
assistente deve deduzir uma acusaçã o subordinada.
2. Admitindo que António tinha sido pronunciado pelo crime furto qualificado, p.p.
no artigo 196.º, n.º 1, e) do Código Penal e que no final da audiência de
julgamento o Tribunal nã o deu como provado a subtraçã o, podia absolvê-lo do
crime de furto e condená -lo pelo crime de abuso de confiança (p. e p. no artigo
203 n.º 1 do CP)?