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eUNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

TEORIA E PRÁTICA DO PROCESSO DE CONHECIMENTO


Prof. Carlos Alberto Cruz – Grau B – peso 5,0 EXERCÍCIOS ...........................................

ATIVIDADE EXTRA ............................

PROVA .....................................................

Aluno(a): GUILHERME ALLGAYER GRAU B: ......................................

Após atenta leitura da peça escolhida do processo eletrônico (inicial de Renan;


contestação de Timm; ou contestação do Estado do Rio Grande do Sul), levando
em consideração os conteúdos estudados na disciplina, responde as seguintes
questões (respostas com, no mínimo, 15 linhas; incluir no conjunto das três respostas,
pelo menos, uma referência doutrinária (0,5) e uma jurisprudencial (0,5)):

PEÇA ESCOLHIDA – ( X ) PETIÇÃO INICIAL DE RENAN


( ) CONTESTAÇÃO DE TIMM
( ) CONTESTAÇÃO ESTADO DO RS

1. Quais os fundamentos de fato e de direito utilizados pela Parte


na formulação da petição examinada (inicial / ou contestação)?
Explica! (1,0) (observação: sem copia e cola! Demonstrar
capacidade de fazer a síntese adequada!)

Consoante relatado, o Autor, enquanto dirigia na via preferencial,


teve a lateral de seu carro abalroada por um motociclista que estava em
perseguição policial, resultado em danos ao veículo. Em função do
acidente, o requerente teve o automóvel guinchado e ambas as partes
foram levadas à Delegacia de Polícia, onde foi feito o B.O.

O Autor foi informado de que poderia retirar seu veículo


gratuitamente, por figurar tão somente como vítima do ocorrido.
Posteriormente, dirigiu-se à sede da primeira Ré para resgatar seu
veículo. Todavia, fora-lhe requisitado um documento da Polícia Civil
para realizar a liberação.

Assim, o Autor deslocou-se à Delegacia de Polícia de São


Leopoldo, retirou o documento e retornou à sede da primeira Ré, que
por sua vez, solicitou-lhe outro documento, da Brigada Militar.
Por conseguinte, o Autor se dirigiu à Brigada Militar de São
Leopoldo, onde foi encaminhado à de Brigada de Sapucaia do Sul e,
após muita dificuldade, conseguiu retirar o documento.

Com o documento da Brigada de Sapucaia do Sul em mãos, dois


dias depois, o Demandante compareceu à sede da primeira Ré, portando
todos os documentos suscitados, para então efetuar a retirada de seu
veículo.

Já no local, recebeu a informação de que seria necessária uma


liberação do DETRAN e, após aguardar por 1 (uma) hora sem retorno,
contatou a Brigada Militar, para ser informado de que no Boletim de
Ocorrência havia sido identificado como testemunha, ao invés de
vítima do acidente.

Em função disso, teve de arcar com R$ 370,38 reais no DETRAN


e R$ 80,00 reais no estabelecimento, além de ficar responsável pelo
reparo do seu veículo, bem como dos danos morais decorrentes do fato.

Conforme o exposto supra, resta claro que o dano causado ao


Autor foi resultante da perseguição policial. Deste modo, segundo a
Teoria do Risco Administrativo, responde, também, o Estado, pelos
danos causados por seus agentes ao Demandante. Para melhor elucidar,
segue o excerto jurisprudencial:

“(...) 2.3. Emergindo a pretensão ressarcitória de sinistro que


teria sido causado culposamente por policial civil, a
responsabilidade do Estado, no caso o Distrito Federal, é de
natureza objetiva.

(...) 2.5. A responsabilidade civil do Estado, no presente caso,


está fundada na teoria do risco administrativo, aplicável à
administração pública direta, indireta e aos prestadores de
serviço público. O risco administrativo, do qual origina a
responsabilidade civil objetiva exige que o ato ou a omissão
seja lesivo ou injusto e que tenha sido praticado por agente
público.
2.6. Jurisprudência: ‘(...) A responsabilidade civil do Estado
pelos danos causados por seus agentes é objetiva, bastando,
para sua caracterização, a ocorrência do dano, a ação ou a
omissão administrativa e o nexo de causalidade entre ambos,
não se perquirindo se o agente público praticou o ato lesivo
motivado por dolo ou com culpa e só podendo ser elidida por
culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito.’
(20140110891803APC, Mario-Zam Belmiro, 8ª Turma Cível,
DJE: 28/02/2018). (grifei)

No tocante à responsabilização em casos de perseguição policial,


a justiça brasileira entende que, com base no princípio da solidariedade,
a parte Ré deve indenizar, vez que não é aceitável exigir que o
administrado seja lesado em prol da coletividade. O entendimento
doutrinário vai ao encontro do evidenciado anteriormente, tendo em
vista que, ainda que a ação não tenha sido realizada por agente do
Estado, é ele quem a produz.

Neste sentido, a fim de melhor elucidar, cristalina é a doutrina de


Yussef Said Cahali:

Os novos rumos da responsabilidade civil automobilística


informam particularmente a responsabilidade civil do Estado pelos
danos causados aos particulares, quando da utilização dos veículos
da Administração Pública, fazendo gerar daí, pelo menos, uma
culpa presumida do servidor-motorista, suficiente para determinar
a obrigação de reparar o prejuízo. Impõe-se, assim, uma maior
largueza no exame da responsabilidade do Estado pelos danos
resultantes do risco criado com a utilização de veículos, com a
inversão do ônus probatório da excludente de culpa na causação do
evento.

Outrossim, com relação à retenção indevida por parte da Ré


transportes TIMM 2001 Ltda., o art. 270 § 1º do Código de Trânsito
Brasileiro estabelece que, “caso a irregularidade possa ser sanada na
hora e local, o veículo deve ser liberado ao ser regularizada a
situação”.

Assim sendo, a retenção do veículo foi evidentemente descabida,


ainda mais que, durante toda a sua permanência no depósito, não foi
realizada sequer uma perícia, sendo que este foi o motivo de ser
encaminhado à referida sede.

Além disso, O CTB preceitua, em seu artigo 271, parágrafo 13,


que: caso seja comprovado o recolhimento indevido do veículo ou
abuso na retenção, o valor pago será devolvido.

Finalmente, no tocante ao dano moral, a obrigação de indenizar


encontra respaldo nos artigos 186, 927 e 944, do Código Civil; e no
artigo 5º, incisos V e X, da Magna Carta de 1988.

2. Aponta duas fortalezas (aspectos positivos) e duas fragilidades


(aspectos negativos) identificados na argumentação do direito
material e/ou na construção da peça processual escolhida para
análise. Explica! (2,0)

Pois bem, um dos aspectos negativos que fica evidenciado é a


densidade da peça. O autor foi prolixo e, por conter muitas informações
e detalhes em demasia, acaba ficando maçante de ler. A peça poderia
ser mais enxuta neste sentido.

Todavia, este nível de detalhamento quando da narração dos fatos


e fundamentos também pode ser apontado como positivo, afinal, não
deixa margem para interpretações diversas do pretendido pelo autor.

Além disso, deve-se reconhecer como ponto positivo a boa


aplicação das jurisprudências e doutrinas contidas na peça, pois o autor
demonstra com êxito a relação entre o conteúdo destas com os fatos do
caso concreto.

Não obstante, outra ressalva que deve ser salientada é a


incoerência do autor no que toca a fixação da monta a título de dano
moral, vez que, no curso da narrativa dos fatos, fala em R$ 3.000,00,
porém, na seção dos pedidos, requer indenização de R$ 5.000,00;
equívoco este que pode implicar na inépcia da inicial quanto a este
trecho.
3. A partir da compreensão do visual law (conteúdo indicado na
aula anterior e disponibilizado no arquivo do moodle), refere uma
técnica que você incorporaria à peça escolhida. Explica e
exemplifica como ficaria a petição com a melhoria proposta! (1,0)

Primeiramente, faz-se pertinente elucidar e conceituar a respeito


do termo Visual Law, que consiste em uma espécie de “simplificador”
d das peças processuais, compreendendo a aplicação de técnicas que
conectam a linguagem escrita com a linguagem visual ou audiovisual,
a fim de tornar as informações mais objetivas, diretas, compreensíveis
e acessíveis, de forma comedida, claro.

No material da cadeira disponível no moodle, constam elencadas


diversas ferramentas atinentes ao Visual Law, que podem ser utilizadas
para clarificar a (por vezes) complexa e maçante linguagem técnica
jurídica, bem como os densos textos contidos nas peças legais. Dentre
os principais pontos, destacam-se o melhor emprego de fonte,
espaçamento, numerações, cores e títulos e trechos em destaque.

Na petição inicial do caso em tela, denota-se, por exemplo, nos


pedidos, ausência de destaque e falta de espaçamento, o que resulta em
pouca clareza, em uma parte de suma importância na exordial, afinal, é
o momento em que deve ser salientado o que se deseja obter na lide.

Inicialmente, poderia adotar-se a padronização da formatação do


texto, com a aplicação de espaçamento 1,5, uma fonte agradável aos
olhos e a melhor alocação dos termos, ao passo em que se destaca e
demarca trechos considerados imprescindíveis da petição, bem como
títulos, fazendo uso de negrito, itálico ou sublinhado.
Para melhor ilustrar, segue exemplo da aplicação da Visual Law
na petição inicial in casu:

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

A. a concessão da gratuidade de justiça;

B. a concessão de prazo em dobro para todos os atos processuais, nos termos


do artigo 186, § 3º, do Código de Processo Civil;

C. a citação dos Réus, nos termos do artigo 246, inciso I, por carta AR, no
endereço mencionado acima, para, querendo contestar a presente ação no
prazo legal, sob pena de confissão e revelia;

Para fins comparativos, segue o trecho no formato original:

Por fim, conforme se depreende do fragmento extraído e do trecho


refeito, uma breve adaptação já é o suficiente para facilitar a
compreensão do que se pretende, bem como torna mais clara e simples
a leitura da passagem.

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