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Ao Douto Juízo da Vara dos Juizados Especiais Cíveis da Comarca de

Comarca/estado.

Processo:xxxxxxxxxxxxx
Autor(as): xxxxxxxx
Requerido(a)/Ré(u): xxxxxxxx

XXXXXXXXXX, pessoa jurídica de direito privado, já devidamente qualificada nos autos,


por seus Procuradores (m. j), vem respeitosamente apresentar CONTESTAÇÃO em
Açã o INDENIZATÓ RIA POR DANOS MORAIS proposta por xxxxxxxxx també m já
qualificado nos autos.

SÍNTESE DAS ALEGAÇÕES AUTORAIS

Relatar os fatos brevemente

Preliminares Ilegitimidade passiva

Ilegitimidade passiva; cumprimento contratual;


cumprimento legal; Plataformas Digitais e
Resumo da
Mérito responsabilidade condicionada ao nível de
defesa intervençã o e controle exercidos; falta de
elementos para caracterizaçã o de dano moral.
Provas
Todas admitidas.
requeridas

PRELIMINARMENTE

Verificar se há preliminar de mé rito a argumentar

ilegitimidade passiva;

inépcia da inicial…

2. MÉRITO
Das regras da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
A ANTT é o ó rgã o responsá vel pela regulaçã o e fiscalizaçã o dos transportes terrestres
no Brasil. Deste modo é imperativo que as empresas de ô nibus sigam as suas
regulamentaçõ es e determinaçõ es.
Assim, temos, por exemplo, a Resoluçã o 4282 que traz determinaçõ es, como por
exemplo, dos critérios de reembolso quando do cancelamento por parte dos
passageiros.
Ainda, o motivo do pedido de cancelamento, foi para atender ao pedido da ANTT.
Sendo assim, se a ANTT emitiu uma determinaçã o ou regulamentaçã o que afeta as
operaçõ es da empresa, o cancelamento é uma medida necessá ria para cumprir as
normas e regulamentos estabelecidos pela agência. As empresas de transporte
terrestre sã o obrigadas a seguir as diretrizes estabelecidas pelas autoridades
competentes.
Deste modo, o cancelamento e o oferecimento de reembolso estã o previstos em lei,
garante o atendido tanto pela ANTT quanto pelo Có digo de Defesa do Consumidor.

Plataformas Digitais e responsabilidade condicionada ao nível de


intervenção e controle exercidos

É patente que a presente relaçã o jurídica entre plataformas digitais e consumidores


nã o está completamente coberta pelo Có digo de Defesa do Consumidor, portanto, é
necessá rio levar em consideraçã o o Marco Civil da Internet e entendimento
jurisprudencial acerca do debate e aná lise de cada caso para atribuiçã o de
responsabilidade de acordo com o modelo de operaçã o de cada plataforma.
A responsabilidade civil dependerá do nível de intervenção da plataforma na
relação de consumo.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece a responsabilidade do


fornecedor de serviços de acordo com sua atuação. RECURSO ESPECIAL Nº
1.836.349 - SP (2019/0134622-6) fornece embasamento só lido para a compreensã o
de que a responsabilidade da plataforma está condicionada ao nível de
intervenção e controle exercido sobre a relação de consumo:

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. AÇÃ O DE RESTITUIÇÃ O DE QUANTIA PAGA


C.C. REPARAÇÃ O POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. COMPRA E VENDA DE
VEÍCULO NA PLATAFORMA "OLX". FRAUDE COMETIDA PELO SUPOSTO
FORNECEDOR. SOCIEDADE EMPRESARIAL QUE ATUOU COMO MERO SITE
DE CLASSIFICADOS, DISPONIBILIZANDO A BUSCA DE MERCADORIAS E
SERVIÇOS NA INTERNET, SEM QUALQUER INTERMEDIAÇÃ O NOS
NEGÓ CIOS JURÍDICOS CELEBRADOS. AUSÊ NCIA DE RESPONSABILIDADE.
CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA E DE TERCEIROS CARACTERIZADA.
ACÓ RDÃ O RECORRIDO MANTIDO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
(RECURSO ESPECIAL Nº 1.836.349 - SP (2019/0134622-6), SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA; RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉ LIO BELLIZZE;
Julgado em: 21/06/2022)

O julgado supracitado é um marco importante na definiçã o dos parâ metros para


responsabilizaçã o das plataformas de marketplace; e prevê a importâ ncia de aná lise
contextual e detalhada de cada caso, considerando o controle exercido pela
plataforma, a fim de harmonizar os interesses das partes e proteger a
vulnerabilidade dos consumidores.

É adequado afirmar que a Requerida atendeu aquilo que é exigido pelo Có digo de
Defesa do Consumidor (art. 6°, III) e a ofertou informaçã o adequada e clara sobre
os diferentes serviços, com especificaçã o correta de quantidade, características,
composiçã o, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentam.

Da não configuração de Dano moral


Para que o dano moral seja configurado, mister que estejam presentes os elementos:
ato considerado ilícito; dano e nexo de causalidade, o que sob a ó tica do caso nã o sã o
encontrados.
A jurisprudência destacada, referente à responsabilidade proporcional à
atuação da plataforma, respalda a posição de que não exerce controle direto
sobre os eventos que culminaram no cancelamento da passagem, portanto, a sua
responsabilidade pelos danos morais supostamente sofridos não se aplicam.
Segundo o ilustre Carlos Roberto Gonçalves, “dano moral é o que atinge o ofendido
como pessoa, nã o lesando seu patrimô nio. É lesã o de bem que integra os direitos da
personalidade, como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem (...) e que acarreta
ao lesado (...) tristeza, vexame e humilhaçã o.”
Nã o há qualquer indício que em decorrê ncia do caso narrado tenha havido por parte
da empresa qualquer ataque aos seus direitos pessoais. Fato que, por si só , já
descartaria o pedido de dano moral, pois inexiste dano à intimidade, honra ou imagem.
É o que se entende como fundamental para configuraçã o do dano:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃ O ESPECIFICADO. AÇÃ O DE
REPARAÇÃ O DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. DANO MORAL. AUSÊ NCIA DE
DANO INDENIZÁ VEL. O reconhecimento à compensaçã o por dano moral exige a
prova de ato ilícito, a demonstração do nexo causal e o dano indenizável que
se caracteriza por gravame ao direito personalíssimo, situação vexatória ou
abalo psíquico duradouro que não se justifica diante de meros transtornos
ou dissabores na relação social, civil ou comercial. - Circunstâ ncia dos autos
em que nã o se justifica a reparaçã o por danos morais. RECURSO DESPROVIDO.
(Apelação Cível, Nº 70079371845, Décima Oitava Câ mara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Joã o Moreno Pomar, Julgado em: 25-10-2018)

Ainda, segundo jurisprudência temos que:


AÇÃ O DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS –
CONSUMIDOR QUE NÃ O NEGA RELAÇÃ O JURIDICA – ALEGA AUSÊ NCIA DE
AUTORIZAÇÃ O PARA DÉ BITO EM CONTA DE CARTÃ O DE CRÉ DITO – FALTA DE
PROVA DA ALEGAÇÃ O – EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO DO CREDOR – PEDIDO
QUE DEVE SER REJEITADO – DANO MORAL – INOCORRÊ NCIA – SENTENÇA
MANTIDA POR SEUS PRÓ PRIOS FUNDAMENTOS – RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.Sem a prova mínima indiciá ria da ocorrência dos fatos elencados na
inicial, nã o pode ser reconhecido o prejuízo moral indenizá vel, de acordo com o
estabelecido no inciso I do art. 373 do Có digo de Processo Civil.A Norma de
Proteção ao Consumidor, no tocante à inversão do ônus da prova, não
dispensa o consumidor da produção de prova indiciária mínima quanto aos
fatos alegados, consoante o estabelecido no art. 6º, inc. VIII, da Lei nº
8.078/1990 - Código de Defesa do Consumidor. (N.U 1000226-
72.2023.8.11.0010, TURMA RECURSAL CÍVEL, SEBASTIAO DE ARRUDA ALMEIDA,
Primeira Turma Recursal, Julgado em 16/10/2023, Publicado no DJE 20/10/2023)

Desta forma, conclui-se que nã o estando presentes elementos que caracterizam a


configuraçã o de dano moral, inexiste também a obrigaçã o de indenizaçã o.
Ainda, de acordo com os fatos, agiu a Requerida de boa-fé , nã o só disponibilizando
diversos canais de atendimento, orientando e procedendo dentro dos limites de sua
atuaçã o. Ainda, nã o é responsá vel pela gestã o de viagens, frotas ou mesmo de
itinerá rios.
Noutro tanto, na esteira de PRECEDENTES DO STJ, a falha na prestaçã o de serviços por
si só , nã o é capaz de gerar o dever de indenizar, isso porque, desacompanhada de
qualquer circunstâ ncia excepcional, nã o configura graves constrangimentos ou intenso
sofrimento passível de reparaçã o pecuniá ria (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2ª.
TURMA, AgInt no REsp 1584123/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. em
20/08/2019)

PEDIDOS
Requer entã o:

1. seja a presente açã o julgada EXTINTA em preliminar de mérito pela


ilegitimidade de parte passiva
2. IMPROCEDENTE no mérito conforme exposiçã o e fundamentos jurídicos
3. Seja julgado IMPROCEDENTE o pedido de danos morais ante a ausência dos
pressupostos para a sua configuraçã o;

PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sem
exceçã o de nenhuma.

Termos em que pede deferimento.


Cidade, dia de mês de ano

Nome do advogado
oab/estado

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