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EMENTA CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃ O CIVIL PÚ BLICA.

COMERCIALIZAÇÃ O DE
Á LCOOL HIDRATADO ADULTERADO. FISCALIZAÇÃ O DA ANP EM POSTO DE
COMBUSTÍVEIS. RESPONSABILIDADE DA DISTRIBUIDORA AFASTADA. DANOS
DIFUSOS. NÃ O DEMONSTRAÇÃ O. DANOS INDIVIDUAIS HOMOGÊ NEOS,
SUPOSTAMENTE CAUSADOS PELA EMPRESA REVENDEDORA. AUSÊ NCIA DE
ELEMENTOS MÍNIMOS. RESPONSABILIDADE DO POSTO DE COMBUSTÍVEIS
AFASTADA. DEMANDA IMPROCEDENTE. 1. Apelaçõ es interpostas pelo Ministério
Pú blico Federal e pela ANP em face de sentença que julgou improcedente a
presente açã o civil pú blica, na qual se discute a conduta da parte ré (distribuidora
de combustíveis P.D. e revendedora varejista S.C.D.P.) de comercializaçã o de AEHC
(á lcool etílico hidratado) adulterado, sem observar normas de qualidade quanto ao
teor alcoó lico e à massa específica. 2. No que toca à responsabilidade da P.D., na
qualidade de distribuidora do á lcool, extrai-se dos autos que, no Processo
Administrativo ANP nº 48611.000309/2001-27, a sociedade foi autuada em razã o
de infraçã o consistente na distribuiçã o de á lcool etílico hidratado adulterado
(combustível automotivo), encontrado nos tanques de armazenamento no posto
revendedor. Empó s, a ANP reconheceu que a conduta, seja porque nã o foram
efetuadas as aná lises previstas, seja porque ocorreu contaminaçã o posterior ao
descarregamento, constitui responsabilidade do revendedor; nesse cená rio, julgou
insubsistente o auto de infraçã o e extinguiu o processo administrativo. 3. Os
fundamentos utilizados na esfera administrativa para excluir a responsabilizaçã o
da distribuidora P.D. demonstram a impossibilidade de ser comprovada a sua
participaçã o na cadeia de consumo do combustível adulterado, especialmente o
nexo causal entre a conduta e o dano decorrente. Afinal, como nã o há
demonstraçã o de que foi realizada inspeçã o na "amostra-testemunha" no
momento de descarregamento do produto no posto revendedor onde fora
realizada a fiscalizaçã o da ANP (obrigaçã o do revendedor varejista, nos termos da
Portaria ANP nº 248/2010), nã o há como afirmar a participaçã o da distribuidora
na comercializaçã o do produto fora das especificaçõ es. 4. Afastada a
responsabilidade solidá ria do distribuidor de combustíveis por ilícitos
administrativos e civis na relaçã o de consumo por eventuais danos causados ao
consumidor pela aquisiçã o do produto irregular (art. 18 da Lei nº 8.078/90). 5. O
julgamento, pela ANP, de insubsistência do auto de infraçã o, lavrado unicamente
em desfavor da sociedade P.D., nã o implica necessariamente o afastamento da
responsabilidade do posto revendedor, face à independência entre as instâ ncias
administrativa e judicial, inclusive porque, na hipó tese, nã o houve reconhecimento
da inexistência da conduta ilícita na seara administrativa. 6. Quanto aos danos
difusos, nã o estã o demonstrados nos autos, porque nã o se tem notícias acerca da
gravidade da conduta, sua repercussã o na tranquilidade social ou na ordem
extrapatrimonial coletiva, ou mesmo sobre a existência de riscos à saú de ou a
segurança dos consumidores, coletivamente considerados. Se houve prejuízo, nã o
extrapola o interesse meramente singular, no â mbito dos direitos individuais
homogêneos. 7. Em relaçã o aos danos individuais homogêneos que podem ter sido
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suportados pelos consumidores finais, em se tratando de demanda coletiva, há que
se demonstrar, genericamente, a existência do dano, ficando a condenaçã o
individual postergada para a liquidaçã o da sentença. 8. Na hipó tese, a parte autora
nã o trouxe aos autos informaçã o mínima acerca da quantidade de á lcool
adulterado, se tal combustível foi vendido aos consumidores antes da autuaçã o
(depois, o material foi apreendido), de que modo a adulteraçã o pode ter causado
prejuízo aos consumidores e como teria sido a participaçã o da revendedora na
adulteraçã o, de forma culposa ou dolosa. Ademais, considerando que a autuaçã o
ocorreu há mais de vinte anos, "é impossível a realizaçã o de perícia e a aferiçã o da
ocorrência de dano decorrente da má qualidade do combustível. Nã o se sabe
sequer se os automó veis ainda existem e, se existirem, é bem prová vel que nã o
estejam na posse dos mesmos proprietá rios" (excerto da sentença). 9. Nã o
comprovado, extremes de dú vidas, ainda que genericamente, o dano dos
consumidores finais e o modo de atuaçã o do revendedor no ilícito, deve ser
mantida a sentença que afastou a responsabilidade da empresa S.C.D.P., com
consequente afastamento das condenaçõ es pretendidas pela parte autora. 10.
Apelaçõ es improvidas. (TRF-5 - Ap: 00026147320054058100, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL FREDERICO WILDSON DA SILVA DANTAS
(CONVOCADO), Data de Julgamento: 27/07/2021, 4ª TURMA)

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃ O CVIL PÚ BLICA – Tutela antecipada – Cobrança


dita vexató ria – Pequeno grupo de consumidores – Direitos plenamente
identificá veis e quantificá veis, passíveis de serem solucionados através de açõ es
individuais dos clientes do Banco agravado – Inexistência de interesse individual
indisponível ou disponível de relevâ ncia social, nos termos da sú mula 7 do
Conselho Superior do MP/SP – Ilegitimidade do Ministério Pú blico configurada –
Questã o conhecível de ofício (art. 485, VI e § 3º, CPC)– Açã o extinta, prejudicado o
recurso.(TJ-SP - AI: 21869436220218260000 SP 2186943-62.2021.8.26.0000,
Relator: Vicentini Barroso, Data de Julgamento: 01/10/2021, 15ª Câ mara de
Direito Privado, Data de Publicaçã o: 01/10/2021)

REEXAME NECESSÁ RIO DE SENTENÇA – AÇÃ O CIVIL PÚ BLICA – SUPOSTO ATO


CONTRÁ RIO AO CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – RECONHECIMENTO DA
PRESCRIÇÃ O – REMESSA NECESSÁ RIA NÃ O CONHECIDA. 1. Conforme pacificado
no â mbito da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a aplicaçã o
subsidiá ria do art. 496 do Có digo de Ritos ou a aplicaçã o analó gica do art. 19 da lei
de açã o popular (Lei nº 4717/65), somente é possível quando a açã o civil pú blica
for julgada improcedente nos atos de improbidade administrativa. 2. No caso em
tela, o reexame necessá rio nã o deve ser conhecido por dois motivos. Em primeiro
lugar, o que ensejou a propositura da presenta açã o civil pú blica nã o foi um ato de

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improbidade administrativa, mas sim um suposto ato contrá rio à lei consumerista,
qual seja, venda de combustível (ó leo diesel), fora da especificaçõ es exigidas pela
Agência Nacional do Petró leo (ANP). 3. Em segundo lugar, a aplicaçã o analó gica do
art. 19 da Lei da Açã o Popular (Lei nº 4717/65), em sede de açã o civil pú blica, é
devida quando a açã o é julgada improcedente, ou seja, é analisada a matéria de
fundo posta sob a apreciaçã o do julgador. No caso em apreço, o juízo a quo nã o
analisou a matéria de fundo, ante ao reconhecimento da prescriçã o. 4. Reexame
Necessá rio de Sentença nã o conhecido.
(TJ-MT 00009852920138110099 MT, Relator: MARIA EROTIDES KNEIP
BARANJAK, Data de Julgamento: 19/04/2021, Primeira Câ mara de Direito Pú blico
e Coletivo, Data de Publicaçã o: 24/05/2021)

APELAÇÃ O. AÇÃ O CIVIL PÚ BLICA. DIREITOS DO CONSUMIDOR. Dano moral


coletivo pela prá tica de induçã o dos funcioná rios de "call center" a informar aos
consumidores que o cancelamento dos serviços fora efetivado, quando, na verdade,
nã o eram. Inexistência. Ausência de prova cabal da prá tica de atos ilícitos
narrados. Depoimentos de ex-funcioná rios das Rés, no â mbito de demanda
trabalhista e, depois, em inquérito civil que nã o consubstanciam prova certa da
efetiva prá tica de atos ilícitos, mas apenas indícios de que era sugerida tal prá tica
aos funcioná rios. RECURSO DO AUTOR NÃ O PROVIDO.
(TJ-SP - AC: 10040166620208260361 SP 1004016-66.2020.8.26.0361, Relator:
Berenice Marcondes Cesar, Data de Julgamento: 05/10/2021, 28ª Câ mara de
Direito Privado, Data de Publicaçã o: 06/10/2021)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. AÇÃ O CIVIL PÚ BLICA. ILEGITIMIDADE AD


CAUSAM. MINISTÉ RIO PÚ BLICO. ASSOCIAÇÃ O DE MORADORES. COBRANÇA DE
TAXA. DIREITO INDIVIDUAL HOMOGÊ NEO DISPONÍVEL. RELEVÂ NCIA SOCIAL.
AUSÊ NCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. O Ministério Pú blico possui legitimidade
para promover a tutela coletiva de direitos individuais homogêneos, mesmo que de
natureza disponível, desde que o interesse jurídico tutelado possua relevante
natureza social. Precedentes. 2. No caso dos autos, nã o há relevâ ncia social na açã o
civil pú blica, tendo em vista que a controvérsia a respeito da cobrança de taxa por
associaçã o de moradores nã o transcende a esfera de interesse privado, devendo,
portanto, ser mantida a extinçã o do processo por ilegitimidade ad causam da
promotoria pú blica. 3. Recurso especial a que se nega provimento.
(STJ - REsp: 1585794 MG 2016/0042862-1, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, Data de Julgamento: 28/09/2021, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicaçã o: DJe 01/10/2021)

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EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O CIVIL PÚ BLICA - DANO MORAL COLETIVO -
NÃ O CONFIGURAÇÃ O - MANUTENÇÃ O DA SENTENÇA. - Embora prescindível a
demonstraçã o de prejuízos concretos ou de efetivo abalo moral, para a
configuraçã o do dano moral coletivo é necessá ria ocorrência de lesã o significativa
e intolerá vel aos valores e interesses coletivos fundamentais, nã o bastando a mera
infringência à lei ou ao contrato - Recurso desprovido.

(TJ-MG - AC: 10000205679178001 MG, Relator: Fausto Bawden de Castro Silva (JD
Convocado), Data de Julgamento: 11/05/2021, Câ maras Cíveis / 9ª CÂ MARA
CÍVEL, Data de Publicaçã o: 18/05/2021)

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