Você está na página 1de 6

AO DOUTOR JUIZ DO XXXX JUIZADO ESPECIAL CIVIL DA COMARCA DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ

ALAIN VIDEIRA, brasileiro, casado, auxiliar de produção, inscrito no CPF sob o nº


999.111.333-77, portador do RG nº 11.119.112-1, residente e domiciliado na cidade do Rio de
Janeiro, vem à Vossa Excelência, por meio de seu advogado, infra assinado, instrumento de
mandato em anexo, na forma do art. 103 do CPC, com escritório à XXXXX, onde recebe
intimações, com fulcro no art. 319 e seguintes do CPC, propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA C/C


PEDIDO DE DANOS MORAIS.

em face do BANCO XYZ2, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ nº XXXXX,
com sede no Rio de Janeiro, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.

1) DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Com base no art. 300, do CPC, cabe antecipação da tutela, visto que o Autor nunca celebrou
nenhum contrato de empréstimo com a parte Ré e mesmo assim teve seu nome negativado.

“art. 300, do CPC – a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”.

2) DOS FATOS
O Autor ao tentar comprar um eletrodoméstico, foi informado pelo vendedor no ato do
pagamento que não seria possível aceitar pagamento financiado, em virtude de uma
negativação em seu nome junto ao cadastro restritivo de crédito com a parte Ré.
Muito surpreso com tal fato ocorrido, Alain garante nunca ter firmado nenhum contrato com o
tal banco e diante do fato exposto, o mesmo vai em busca de informações e verifica que a
dívida é referente a um contrato de empréstimo no valor de R$10.000,00 (dez mil reais),
sendo assim, fruto de uma fraude em seu nome.

O Autor dirigiu-se até o banco, solicitando e retirada imediata de seu nome do cadastro
restritivo, e tal solicitação foi negado pelo mesmo.

3) DOS FUNDAMENTOS

3.1) DA EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO DE CONSUMO

É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes apresentando-se a


empresa Ré como prestadora de serviços e, portanto, fornecedora nos termos do art. 3º do
CDC, e o Autor como consumidor, de acordo com o conceito previsto no art. 17 do mesmo
diploma. Assim descrevem os artigos acima mencionados.

“Art. 3º, do CDC - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”.

“Art. 17, do CDC – Para os efeitos dessa Seção equiparam-se aos consumidores todas as
vítimas do evento”.

O art. 17 amplia o conceito de consumidor equiparando a este todas as vítimas de evento. Isso
significa que gozará de status de consumidor um terceiro que não tenha adquirido ou utilizado
um determinado produto ou serviço, mas que tenha sofrido as consequências de um acidente
de consumo.

3.2) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há possibilidade claras de inversão do ônus da prova ante a


verossimilhança das alegações, conforme disposto no art. 6º do CDC.
“Art. 6º CDC – São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, seguindo as
regras ordinárias de experiências”.

Desse modo, cabe ao requerido demonstrar provas em contrário ao que foi exposto pelo autor.
Assim, as provas que se acharem necessárias para resolução da lide, deverão ser observadas o
exposto na citação acima, pois se trata de princípios básicos do consumo.

3.3) DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Dessa forma, quando estamos diante de uma relação de consumo, a responsabilidade objetiva
passa a ser regra, de modo que não se exige a comparação de culpa do fornecedor que,
independente desta responderá pelos danos ocorridos, conforme previsto no art. 14 do CDC.

“Art. 14, do CDC – O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequados sobre sua fruição e
riscos.

3.4) DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Apesar do autor ter pedido a imediata exclusão de seu nome do cadastro restritivo de crédito,
e o pedido foi negado pela ré. Dessa forma se faz imperiosa a tutela do estado para que
obrigue a parte ré a realizar a retirada imediata de seu nome.

3.5) DO DANO MORAL

Como já mencionado anteriormente, o autor nunca contraiu a dívida apontada, sendo certo
que tal fato não pode ser enquadrado no que a doutrina classifica como mero aborrecimento,
uma vez que ocasionou danos ao autor que devem ser reparados.
A ida ao banco, a não comprovação da celebração do contrato de empréstimo, a frustração de
não convencer o requerido a retirar o seu nome do cadastro restritivo de crédito, configura,
certamente, dano moral.

Lamentavelmente o autor da ação sofreu grande desgosto, humilhação, sentiu-se


desamparado, foi extremamente prejudicado, conforme já demonstrado. Nesse sentido, é
merecedor de indenização por danos morais. Maria Helena Diniz explica que dano moral “é a
dor, angustia, o desgosto, a aflição espiritual, a humilhação, o complexo que sofre a vítima de
evento danoso, pois estes estados de espírito constituem o conteúdo, ou melhor a
consequência do dano”.

“Com base no art. 6º - São direitos básicos do consumidor: VI – a efetiva prevenção a


reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;”

A Jurisprudência fornece elucidativos precedentes sobre à utilização dos citados critérios de


mensuração do valor reparatório:

A indenização do dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a
reparação venha a constitui-se em enriquecimento sem causa, com manifestos abusos e
exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de
culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelo critérios sugeridos pela
doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência, e do bom-
senso, atendo à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve ela
contribuir para desestimular o ofensor a repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica.

E ainda mais:

EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR, CIVIL E PROCESSUAL


CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -
INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA AUTORA EM CADASTRO DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - DANO
MORAL - OCORRÊNCIA - QUANTUM - NÃO
MODIFICAÇÃO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO
PROVIDO. EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR, CIVIL E
PROCESSUAL CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO - INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA AUTORA
EM CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - DANO
MORAL - OCORRÊNCIA - QUANTUM - NÃO
MODIFICAÇÃO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO
EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR, CIVIL E PROCESSUAL
CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -
INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA AUTORA EM CADASTRO DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - DANO
MORAL - OCORRÊNCIA - QUANTUM - NÃO
MODIFICAÇÃO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO
PROVIDO. EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR, CIVIL E
PROCESSUAL CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO -- INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DA AUTORA
EM CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO - DANO
MORAL - OCORRÊNCIA - QUANTUM - NÃO
MODIFICAÇÃO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO NÃO
PROVIDO - A inscrição indevida do nome do devedor em cadastro
restritivo de crédito, por si, caracteriza dano moral passível de reparação
pecuniária - A indenização por dano moral deve ser fixada em observância
aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, segundo as
peculiaridades do caso, levando-se em conta a extensão do dano.

4) DOS PEDIDOS

Diante do exposto acima requer:

a) Deferimento do pedido de titela de urgência nos termos do art. 300, do CPC;

b) Reconhecimento da relação de consumo e inversão do ônus da prova, nos termos art. 6º,
VIII, do CDC;

c) A responsabilidade objetiva conforme previsto no art. 14, do CDC;

d) A condenação da parte Ré ao pagamento de danos morais no montante justo de


R$20.000,00 (vinte mil reais), conforme previsto no art. 6º, VI do CDC;
e) A fixação dos honorários advocatícios conforme previsto no art. 85, §2º do CPC.

5) DAS PROVAS

Com base no art. 32 da Lei 9.099/95 – todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda
que não especificados em lei, são hábeis para provar a veracidade dos fatos alegados pelas
partes.

6) DO VALOR DA CAUSA

Dar-se-á a causa o valor de R$30.000,00 (trinta mil reais).

Termos em que,

Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, ______ de _______ de __________.

Advogado
OAB/RJ nº XXXXX.

Você também pode gostar