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EXCELENTISSÍMO JUÍZO DE DIREITO DO JUÍZADO ESPECIAL CIVEL DA

COMARCA DE SETE LAGOAS NO ESTADO DE MINAS GERAIS

THALLES EDUARDO CORDEIRO MACHADO, brasileiro, solteiro,


autônomo, portadora do documento de identidade nº MG – 13.493.108, inscrito no
CPF sob o nº 083.325.386-70, residente e domiciliada na Rua Araçaí, nº83, Bairro
Bernardo Valadares, Sete Lagoas/MG, CEP: 35.702-7366 Tel.: (31) 9 99595-8909,
vem perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra-assinado,
propor a seguinte

AÇÃO DE DANO MORAL POR USO INDEVIDO DE IMAGEM E MATERIAL

Em face de JOICY SILVA ARAÚJO, nome fantasia (CRP CURSOS E


TREINAMENTOS) pessoa jurídica de direito privado, CNPJ: 47.429.704/0001-48,
com sede situada na Rua Vasconcelos, nº 15 Bairro Santo Amaro de Campos,
Campos dos Goytacazes/RJ – CEP: 28143-000.

DOS FATOS
Chegou ao conhecimento do requerente, por meio de diversas mensagens de
e-mail e em sua rede social Instagram que a empresa requerida está utilizando sua
imagem por meio de videoaulas, sem seu o consentimento. Tais cobranças como a
de uma aluna de Lavras da Mangabeira – CE, solicitando materiais de apoio,
exercícios e solicitando esclarecimento de algumas dúvidas.

É oportuno ressaltar que o requerente trabalhou com uma empresa de


treinamentos profissionalizantes de Suzano – SP denominada POLUX
EDUCACIONAL, de forma remota (EAD), contrato esse que foi extinto por falta de
pagamento ao trabalhador e encontra-se em fase de judicialização na Justiça do
Trabalho.
O requerente não possui nenhum vínculo com a empresa requerida sendo a
utilização da sua imagem pela mesma indevida.

Diante das cobranças e das reclamações presenciadas e direcionadas a


pessoa do professor pela imagem atrelada a escola, causou desgaste emocional e
psíquico no requerente.

A empresa requerida vem utilizando da imagem do professor para obter


proveito econômico, sem anuência e do mesmo. Sem se falar nas falhas de
prestação do serviço, que consequentemente estão atreladas a imagem do
professor, uma vez que os telefones disponíveis nos sites não funcionam, as
reclamações foram direcionadas ao direct do Instagram do requerente tais práticas
caracterizaram ofensa e violação a honra e privacidade do requerente.

Anexado abaixo print de uma das aulas disponível na plataforma conforme


enviado print de tela da aluna do curso de Administração, Luiza Lima de Lavras
da Mangabeira – CE de telefone 88 9 9367-2431.
É importante também trazer a conhecimento deste juízo que ao acessar o
site da empresa requerida, é possível verificar resquícios de aulas e materiais
produzidos pela empresa POLUX EDUCACIONAL, indícios de tentativas de fraude.
CRP CURSOS:

acesso pelo link:

https://escolaavancada.com/crp/loja_virtual/aulademocadastro.php

POLUX:

Link de acesso site Polux: https://nipcursos.com.br/polux/


Diante de todo desgastes e da utilização da imagem do requerente sem seu
consentimento, o requerente não vê outro meio se não a judicialização da lide para
resolução do mérito.

DOS FUNDAMENTOS

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A Requerente faz jus à concessão da gratuidade de Justiça isto pois, não
possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio
ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa sob égide do
Novo Código de Processo Civil, art. 98 e seguintes e pelo artigo 5º, inc. LXXIV da
Constituição Federal.
Salienta-se que a Requerente está sobe os poderes de advogado particular,
dado que o mesmo só obterá algum benefício caso a ação seja julgada procedente.
O § 4º do art. 99 do NCPC assim prevê:
“à assistência da Requerente por advogado particular não impede a
concessão de gratuidade de justiça”.
Diante disso, requer o deferimento da gratuidade da justiça pelas razões acima
expostas.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Dado o patente desequilíbrio entre as partes desta relação, nada mais justo
do que a aplicação do art. 6º, Inc. VII do diploma legal em tela, que ´possibilita a
inversão do “ônus probandi” em favor da parte inferiorizada, qual seja, o
consumidor. Tem-se portanto:
VIII: A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências. (g.n).
Faz- se pertinente transcrever o seguinte Enunciado das Turmas Recursais
dos Juizados Especiais, no que diz respeito à inversão do ônus da prova:
Enunciado 17
“É cabível a inversão do ônus da prova, com base no princípio
da equidade e nas regras de experiência comum, a critério do
Magistrado, convencido este a respeito da verossimilhança da
alegação ou dificuldade da produção da prova pelo reclamante”
(g.n).
Diante do exposto, requer o deferimento da inversão do ônus da prova.

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


Não se pode olvidar que a moral é reconhecida como bem jurídico,
recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive
amparada pelo art. 5º, inc. V, da Carta Magna/1988:
“art. 5° (omissis):
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem;”
Outrossim, o art. 186 e o art. 927 do Código Civil de 2002 assim
estabelecem:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão, voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
(g.n).
“Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. (g.n).

Nesse sentido, impede trazer a lume o entendimento do Egrégio Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, em caso semelhante ao da Autora, a saber:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. RESTRIÇÃO CADASTRAL INTERNA. DÍVIDA
INEXISTENTE. DANO MORAL. INCORRÊNCIA. SERVIÇO DE
TELEFONIA. RECUSA DE CONTRATAR. AUSÊNCIA DE
JUSTIFICATIVA. ATO ILÍCITO. DANO MORAL. QUANTUM.
RAZOABILIDADE. APELO PROVIDO. –A noção de dano moral há
muito se distanciou da ideia de dor emocional para incidir nas
situações em que há lesão aos direitos da personalidade, caso do
bom nome e respeitabilidade.
-A simples inclusão em cadastro interno de inadimplentes, de forma
não vexatória não tem o condão de ocasionar dano moral, mormente
em se considerando que não houve inclusão nos cadastros públicos
restritivos de crédito.
- A liberdade de contratar é princípio basilar da teoria dos
contratos. Como todo imperativo, comportar mitigações à luz da
função social do contrato e de casos em que o dever de fornecer um
produto ou serviço sobreleva em relação à autonomia do fornecedor.
- O Código de Defesa do Consumidor prevê hipóteses em haverá
efetiva obrigação de o fornecedor celebrar contrato, a exemplo do
princípio da vinculação da oferta (art. 30 e 35, I, do CDC), bem
assim da vedação de recusa de atendimento à demanda do
consumidor, conforme disponibilidade de estoque e em
conformidade com usos e costumes (art. 39, II, CDC).
- Assim, a liberdade de contratar encontra limite em casos em que a
própria lei dispõe ser obrigatório o fornecimento do bem ou do
serviço. Embora o fornecedor possa negar-se a celebrar contrato de
prestação de serviços de telefonia, a negativa deve ser proporcional
e devidamente justificada ao consumidor, pena de configurar ilícito
indenizável.
- Configura ato ilícito indenizável a negativa de contratação de
serviço de telefonia fundada em informações internas e falsas,
relacionadas à suposta inadimplência do consumidor.
- A indenização deve ser fixada com observância da natureza e
intensidade do dano, da repercussão no meio social, da conduta do
ofensor, bem como da capacidade econômica das partes envolvidas.
Evitando-se enriquecimento sem causa da parte autora. (TJMG –
APELAÇÃO CPÍVEL 1.0498.17.002530-4/001, Relator(a): Des.(a)
José Marcos Vieira, 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
24/10/2018, público da súmula em 05/11/2018).

O dano moral é instituto assegurado pela própria Constituição, quando no


seu art. 5º, inc. X dispõe que:

X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.

Na mesma linha, o Código Civil prevê a incidência do dano moral nas


seguintes hipóteses:

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito


da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de
outras sanções previstas em lei.

Na análise do caso sub examine a lição de JOSÉ EDUARDO CALLEGARI, se


encaixa como luvas:

“Ora, o homem constrói a reputação no curso de sua vida, através


de esforço, regular comportamento respeitoso aos outros e à própria
comunidade. A propriedade do cidadão no passar do tempo angaria
a ele créditos sociais de difícil apreciação econômica, mas que
constitui um verdadeiro tesouro. É certo que a honorabilidade da
pessoa lhe propicia felicidade e permite a ela evoluir no comércio, na
ciência, na política e em carreiras múltiplas. Uma única
maledicência, porém, pode, com maior ou menor força, dependendo,
às vezes, da contribuição dos meios de comunicação, produzir ao
homem desconforto ínfimo, diminuir o seu avanço vocacional ou até
acabar com ele” (RT 702/263).

Isto posto, salienta-se destacar que em face dos prejuízos sofridos pela
Requerente, restou caracterizada a ocorrência de dano moral e o direito à
percepção de indenização.

O respeito ao consumidor no tocante ao atendimento também é primordial,


não apenas um “plus” de marketing, mas sim uma obrigação, prevista no Código
de Defesa do Consumidor.

Assim, a empresa fornecedora de produtos e serviços que não cumprir com


tais obrigações está agindo de forma ilegal, o que gera DEVER DE INDENIZAR
SEUS CLIENTES.

Ademais, não havia nenhum motivo que justificasse a negativação interna


do nome da Autora.

Ante o exposto, requer a condenação da Ré à compensação por danos


morais em valor a ser fixado por Vossa Excelência.

DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTO:

Diante do exporto e do mais que dos autos consta, requer:


a) A citação da Ré, a ser expedida no endereço fornecido no preâmbulo para
que, querendo, compareça em audiência de conciliação, a ser designada por
este Douto Juízo, sob pena de presumirem verdadeiros os fatos alegados na
inicial;
b) Caso as partes não logrem êxito na conciliação, que conceda a Ré a
possibilidade da apresentação de suas contestações, devendo ser as mesmas
apresentadas na mesma Audiência, em virtude dos princípios regidos por
este Juizado Especial, qual seja, oralidade, simplicidade, informalidade,
economia processual e celeridade;
c) Que julgue totalmente procedente a presente ação declarando inexistente o
débito e condenando a Requerida ao pagamento de uma indenização, o valor
de cunho indenizatório a ser fixado no montante de R$8000,00 (oito mil
reais), o qual sirva de desestímulo à Requerida, para que a mesma não
cometa o mesmo erro com outros clientes;
d) Por ser a Autora Hipossuficiente, requer a inversão do ônus da prova;
e) Que seja deferida a assistência Judiciária Gratuita, tendo em vista ser A
Autora pobre no sentido jurídico da palavra, não podendo arcar com as
custas e encargos processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua
família, de acordo com o art. 98 e adiantes do NCPC.
Requer provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em Direito.

Atribui-se a causa o valor de R$8.000,00 (oito mil reais).

Sete Lagoas/MG, 15 de março de 2023


Dalvan Freitas Dias de Abreu – OAB/MG 170183

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