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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS


FACULDADE DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

DOUTO JUÍZO DA 5º VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA


DE DOURADOS-MS

LINDOLFO AMANCIO, brasileiro, casado, portador da cédula de


identidade nº 3.476.542, inscrito no CPF nº 073.967.509-25, pintor, endereço
eletrônico lindolfoamancio@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Eliê
Vidal, nº 2113, Jardim Eldorado, Dourados-MS, por intermédio de seu
advogado que subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil,
ajuizar AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS COM
PEDIDO DE ANTEIPAÇÃO DE TUTELA em face de ARCO-IRIS TINTAS E
ACESSÓRIOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, com sede no
município de São Paulo-SP, CNPJ nº 01.234.567/0001-23, pelos fatos e
fundamentos a seguir delineados.

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Considerando que o requerente é profissional autônomo e, atualmente,


encontra-se impossibilitado de exercer suas atividades laborais, firmando
declaração de hipossuficiência anexa, requer, na forma do artigo 5º LXXIV, da
Constituição Federal, bem como do artigo 98 e seguintes, do Código de
Processo Civil, os benefícios da gratuidade da justiça.

II – DOS FATOS

No dia 01 de agosto de 2020, Lindolfo Amancio, ora requerente, logrou


adquirir materiais para pintura junto à empresa Arco-iris Tintas e Acessórios
LTDA, ora requerida, estabelecida no município de São Paulo-SP, no valor de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), dividido em 05 (cinco) parcelas de R$ 1.000,00
(mil reais).
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Sendo assim, as parcelas foram devidamente quitadas por Lindolfo, de


acordo com os comprovantes anexos, sendo que, uma das parcelas fora
adimplida diretamente à empresa via transferência bancária, como
demonstrado no extrato bancário também anexo.

No entanto, decorrido alguns meses, a referida empresa remeteu


Lindolfo Amancio ao Cartório de Protestos de Dourados, cobrando-o, dessa
forma, pela parcela que havia feito o pagamento via transferência bancária, por
ocasional engano ou má-fé.

Destarte, a tentativa de intimação de Lindolfo deu-se por intermédio de


jornal de circulação local, que, por sua vez, não obteve êxito em alcançá-lo,
motivando, assim, o protesto do título, inserindo seu nome no rol de
inadimplentes.

Neste diapasão, o requerente veio a tomar ciência de tal protesto


apenas após alguns meses, ao ter o crédito negado em uma tentativa frustrada
de compra parcelada.

Por fim, diante do exposto, Lindolfo fora demasiadamente atingido por


tal ato, quer seja na esfera econômica, uma vez que deixou de realizar
transações comerciais, cerceando, desta forma, sua atividade profissional, quer
seja na esfera moral, ao passo que lhe acarretou uma série de
constrangimentos decorrentes da negativação de seu nome frente ao Cartório
de Protesto local.

III - DA FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO

As provas carreadas aos autos já são suficientes para um juízo


inequívoco de convencimento na esfera cível, tendo em vista o ato ilícito
gerado a partir da ação ilegitima da parte requerida, bem como seu dever de
repará-lo. Neste sentido, dispõe os artigos 187 e 927, do Diploma Civil
Brasileiro, respectivamente, ora invocados:
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“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito


que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


[...]
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos e difusos;”

IV – DOS DANOS MATERIAIS

Como exposto acima, o requerente fora demasiadamente prejudicado


financeiramente pela ação perpetrada pela empresa Arco-iris Tintas e
Acessórios LTDA, ao passo que a negativação lhe impediu de adquirir novos
materiais fundamentais à realização de seus serviços, colocando-o, assim, na
condição de hipossuficiente.

Deste modo, Lindolfo deixou de prover o sustento de sua família em


virtude do montante que deixou de faturar em decorrência da negativação
supracitada. Neste segmento, o artigo 402, do Código Civil:

“Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em


lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do
que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou
de lucrar.”
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Sendo assim, não restam dúvidas acerca do dano material gerado a


partir do ato praticado pela parte requerida, devendo ser responsabilizada
civilmente sobre a conduta, conforme dispõe o artigo 927, do Código Civil, sem
prejuízo de outros preceitos legais aplicáveis com a finalidade de reparar os
danos causado.

V – DOS DANOS MORAIS

Ademais, vislumbra-se, que, para além dos danos materiais, tal


conduta passou a gerar, concomitantemente, danos morais a Lindolfo Amancio,
ao passo que lhe submeteu à inúmeras situações vexatórias.

Como é vediço, Lindolfo Amancio ostenta reputação ilibada,


carregando consigo o histórico de bom pagador, bem como orgulha-se de
jamais ter deixado de cumprir com suas obrigações financeiras.

Verifica-se, também, que, como já não bastasse ter sido protestado


erroneamente, o requerente teve, ainda, seu nome veículado nas páginas de
um jornal local, vindo a ser conhecido regionalmente como inadimplente.

VI - DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Elucida-se, ainda, que, a presente demanda requer a antecipação de


tutela, haja vista a existência dos requisitos que a justifique, como: fumus boni
iuris (fumaça do bom direito) e periculum in mora (perigo na demora). Como
bem sabido, tais requisitos são essenciais para o provimento de tutela
provisória, uma vez que recai sobre o autor da ação o ônus de demonstrar a
existência de um direito, bem como o prejuízo para tal na demora inerente ao
curso ordinário do processo de cognição, justificando, portanto, a necessidade
da antecipação do que outrora apenas se materializaria com a senteça.

Destarte, neste sentido, dispõe o artigo 300, caput, §1º, 2º e 3º, do


Código de Processo Penal, ora invocado:
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“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,
conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea
para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer,
podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente
ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão.”

Nessa perspectiva, argumenta Flávio Tartuce(2020;p.74):

“Em um intenso diálogo entre as fontes, é preciso relacionar


as ações possessórias à classificação da posse quanto ao
tempo. Isso porque, se no caso concreto, a ameaça, a
turbação e o esbulho forem novos, ou seja, tiverem menos
de um ano e um dia, caberá a ação de força nova: o
respectivo interdito possessório seguirá o procedimento
especial, cabendo liminar nessa ação. Por outra via, se a
ameaça, a turbação e o esbulho forem velhos, com pelo
menos um ano e um dia, caberá ação de força velha, que
segue o procedimento comum do CPC/2015 (rito ordinário,
no CPC/1973), não cabendo a respectiva liminar.”

Também nesta perspectiva, Carlos Roberto Gonçalves, leciona


(2021,p.65):

“[...] ao determinar a aplicação ao interdito proibitório do


disposto na Seção II, concernente às ações de manutenção
e de reintegração de posse, o estatuto processual de 2015
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(art. 568) permitiu, também, que se concedesse liminar em


interdito proibitório.”

Deste modo, destaca-se, que, o fumus boni iuris restou comprovado a


partir do fato de que o suposto débito, objeto que originou a presente ação,
resta quitado, de acordo com o extrato bancário anexo;

O periculum in mora, por sua vez, resta arrazoado em virtude de que


neste período do curso ordinário do processo de cognição, Lindolfo não só verá
seus direitos frustrados, como também enveredar-se-á à vulnerabilidade, ao
passo que há cada dia seu drama pecuniário se agrava em virtude da
impossibilidade de exercer sua atividade laboral.

VII – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência:

A) O deferrimento dos benefícios da gratuidade da justiça, nos termos


do artigo 98 e seguintes, do Código de Processo Civil;
B) A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do
artigo 319, VII, do Código de Processo Civil;
C) o deferimento da tutela de urgência, com supedâneo no artigo 300 e
seguintes, do Código de Processo Civil;
D) A procedência da presente ação, com o intuito de condenar o réu ao
pagamento de indenização por danos materiais no montante de R$ 5.000,00
(cinco mil reais) e R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), a título de
indenização por danos morais; e
E) Seja o réu condenado ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios.

Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos,


em especial pelos documentos acostados à inicial, testemunhas a serem
arroladas em momento oportuno, bem como novos documentos que se
mostrarem necessários no decorrer da demanda.
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Dá-se à causa o valor de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais).

Pede deferimento.

Dourados-MS, 27 de abril de 2021.

Guilherme Barbosa Lima


OAB/MS nº 67.072

RESPOSTAS

1 – Ação declaratória de inexistência de débito com pedido de tutela provisória;


2 – Processo de conhecimento;
3 – Procedimento comum;
4 – No domicílio do hipossuficiente (Relativa);
5 – Declaratória, condenatória e constitutiva;
6 – Sim. Cautelar. Sim;
7 – Decisão Interlocutória;
8 – Periculum in mora e fumus boni iuris;
9 – É necessário haver a expectativa de declaração de um direito;
10 – Sim. Pedido de declaração de inxistência de débito e pedido de
indenização por danos morais;
11 – A soma dos pedidos;
12 – Não é necessário, tampouco recomendável nesse tipo de ação;
13 – Sim. Em relação à audiência de conciliação, esta é realizada após o
recebimento da inicial, ainda antes da contestação. A audiência de Instrução e
Julgamento, por sua vez, ocorrerá no curso do processo, posterior à fase de
saneamento;
14 – 15 (quinze) dias úteis. (não contando finais de semanas e feriados);
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15 – Sim.

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