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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ESTANCIA/SE.

CONRADO GONCALVES LIMA FILHO, brasileiro, aposentado, residente na Rua Jandyra

de Barros Meirelles, 68, bairro BOTEQUIM, Estância/SE, CPF: 042.481.635-00, .


através de seu advogado legalmente habilitado que esta subscreve (procuração em
anexo), com endereço profissional infracitado, vem respeitosamente perante V. Exa.
ajuizar a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CONSTANTE NO CADASTRO


DE PROTEÇÃO AO CREDITO
C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

em face da OI S.A , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 76.535.764/0001-43, com
sede profissional à R. Lagarto, 1176 - Centro, Aracaju - SE, 49010-000;, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

1. DOS FATOS

Ocorre que durante certo tempo teve difuculdades financeiras e sua conta telefónica foi

bloqueada no processo nº0000008236269793 e no valor de R$ 102,00 reais, sendo tal

depois do bloqueio o requerente pagou a sua divida assim deu satisfação do credito que

tinha com os requeridos neste feito.

Acontece que por conta de o bem imovel ser ainda alienada ao requerido, o mesmo

tambem figurou como interessado, e após ao pagamento todos os credores tiveram suas
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respectivas dividas quitadas, inclusive a OI, que em despacho final recebeu ordem de retirada

de alienação para finalização das satisfações dos credores.

Contudo excelencia, mesmo apos ser devidamente ressarcida a OI continua a manter

o CPF do requerente de inadimplente, vejamos:

Vale aqui juntar demonstrativo de debito juntado no dia 08/12/2015 no processo

nº0000008236269793 pela empresa , onde fala o valor da divida e informa o numero do

contrato:

Vale salientar excelencia que a caixa ja fora ressarcida do valor referente a operação

e mesmo assim persiste em manter com restrição o CPF do requerente, utilizando-se de

pratica totalmente abusiva, vez que a muito tempo o debito foi pago.

O requerente excelencia é aposentando e precisa de credito para manter as suas

despesas.

Conrado já recorreu a caixa inúmeras vezes para que fosse retirado a divida do seu

CPF, e devido a essa restrição o mesmo não esta conseguido manter as contas de casa visto

que não possuía credito em lugar algum por conta da negativação atuamente indevida.

Arrasado, o requerente não teve outra opção e procurou este causídico para que a

justiça seja feita perante tanta dor de cabeça e humilhação.

Por fim excelência, esse causídico vem informar que o intuito dessa ação é para

reparação por dano moral quanto a inclusão indevida no cadastro de maus pagadores,
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sendo que existe ja quitação do debito e ordem expressa de outro juízo intimando a OI

S.A da sua satisfação no credito.

Por isso o pedido é de apenas exclusão do cpf do cadastro do spc/serasa

culminado com pedido de dano moral.

Da tutela de urgência

Nobre julgador, esta defesa vem pedir a vossa excelência tutela de urgência para que

seja retirado imediatamente do SPC/SERASA, vez que o valor INDEVIDO ja foi pago por

meio do pagamento da parcela e até agora não retirado o cpf das restrições.

É evidente a negativação indevida, bem como a tutela é necessário pois a requerente

esta sem poder comprar nada em cartões e esta com seu nome sujo na “praça”.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo

3. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

3.1 Da Aplicabilidade do CDC e Inversão do Ônus da Prova

Superada é a discussão sobre o emprego do Código de Defesa do Consumidor às instituições


financeiras, sendo matéria já pacificada na Corte Superior, nos termos da Súmula nº 297/STJ.
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Assim, por força da dinâmica probatória, e até por imposição do art. 6º, VIII, CDC, cabe ao banco
o ônus de comprovar a relação firmada com a demandante.

3.2 Da Inexistência do Débito – Negativa de Relação Contratual – Ônus da Prova pelo


Réu – Art. 373, CPC-15

Extrai-se dos fatos que a autora foi negativada por solicitação do CAIXA ECONOMICA
FEDERAL conforme extrato de ocorrência em anexo.

Nessa circunstância, cumpre anotar que nos termos do art. 373, incisos I e II, do CPC-15, o
ônus da prova incumbe: ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; e, ao réu, quanto à
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

Nos ensinamentos de Ernani Fidélis dos Santos:

“O princípio mais abrangente e mais lógico, agora, é quem alega a constituição, impedimento,
extinção ou modificação do direito, fazer a respectiva comprovação, sem preocupação com as
questões negativas ou posição das partes no processo. Daí é que, se paira incerteza sobre a servidão
entre prédios e o proprietário do que seria serviente pretende a declaração de sua inexistência,
mesmo sendo autor – ao réu incumbe o ônus da prova em contrário, isto é, provar a servidão, já que
ela se refere ao fato constitutivo de direito a favorecê-lo. Na ação onde se pleiteia a declaração
negativa de dívida, o autor nada deve provar. O fato constitutivo é o crédito e o ônus da prova,
nesse caso, reverte-se para o credor, que é réu”. (Manual de Direito Processual Civil: Volume I:

processo de conhecimento – 10 ed. rev. Atual. - São Paulo: Saraiva, 2003, pág. 444).

3.3 Do Dano Moral

É evidente o dano moral provocado pelo banco réu. O indevido cadastramento entre os maus
pagadores, por si só, é induvidosamente ofensivo. A surpresa da negativação expôs o Autor a uma
situação constrangedora e vergonhosa, além da demorada ansiedade e sensação de impotência,

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dado que nada podia fazer para reverter a situação e conseguir seguir com sua vida, vez que teve
todo seu credito cessado.

E a obrigatoriedade de reparar o dano está consagrada na Constituição Federal, cujo art. 5º


incisos V e X assegura a todo cidadão indenização por dano moral decorrente da violação à
intimidade, vida privada, honra e imagem.

A inscrição indevida do nome do Autor no SPC caracteriza ato ilícito, resultando no dever de
reparar o dano por força dos arts. 186 c/c 927 do Código Civil, in verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Não há dúvidas acerca dos danos sofridos pelo Autor. Trata-se, aliás, de dano presumido (in
re ipsa), ou seja, basta o indevido cadastramento para que esteja caracterizado o dano moral. Acerca
desse tema, inclusive, o STJ em 01/07/2012 definiu em quais situações o dano moral pode ser
presumido, dentre ela consta o cadastro de inadimplentes, confira-se a notícia a seguir:

“STJ – O Tribunal da Cidadania


Diz a doutrina – e confirma a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – que a
responsabilização civil exige a existência do dano. O dever de indenizar existe na medida da
extensão do dano, que deve ser certo (possível, real, aferível). Mas até que ponto a
jurisprudência afasta esse requisito de certeza e admite a possibilidade de reparação do dano
meramente presumido?
O dano moral é aquele que afeta a personalidade e, de alguma forma, ofende a moral e a
dignidade da pessoa. Doutrinadores têm defendido que o prejuízo moral que alguém diz ter
sofrido é provado in re ipsa (pela força dos próprios fatos). Pela dimensão do fato, é impossível
deixar de imaginar em determinados casos que o prejuízo aconteceu – por exemplo, quando se
perde um filho.
No entanto, a jurisprudência não tem mais considerado este um caráter absoluto. Em 2008, ao
decidir sobre a responsabilidade do estado por suposto dano moral a uma pessoa denunciada
por um crime e posteriormente inocentada, a Primeira Turma entendeu que, para que “se
viabilize pedido de reparação, é necessário que o dano moral seja comprovado mediante
demonstração cabal de que a instauração do procedimento se deu de forma injusta,
despropositada, e de má-fé” (REsp 969.097).
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Em outro caso, julgado em 2003, a Terceira Turma entendeu que, para que se viabilize pedido
de reparação fundado na abertura de inquérito policial, é necessário que o dano moral seja
comprovado.
A prova, de acordo com o relator, ministro Castro Filho, surgiria da “demonstração cabal de que
a instauração do procedimento, posteriormente arquivado, se deu de forma injusta e
despropositada, refletindo na vida pessoal do autor, acarretando-lhe, além dos aborrecimentos
naturais, dano concreto, seja em face de suas relações profissionais e sociais, seja em face de
suas relações familiares” (REsp 494.867).

Cadastro de inadimplentes
No caso do dano in re ipsa, não é necessária a apresentação de provas que demonstrem a
ofensa moral da pessoa. O próprio fato já configura o dano. Uma das hipóteses é o dano
provocado pela inserção de nome de forma indevida em cadastro de inadimplentes.
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Cadastro de Inadimplência (Cadin) e Serasa, por
exemplo, são bancos de dados que armazenam informações sobre dívidas vencidas e não
pagas, além de registros como protesto de título, ações judiciais e cheques sem fundos. Os
cadastros dificultam a concessão do crédito, já que, por não terem realizado o pagamento de
dívidas, as pessoas recebem tratamento mais cuidadoso das instituições financeiras.
Uma pessoa que tem seu nome sujo, ou seja, inserido nesses cadastros, terá restrições
financeiras. Os nomes podem ficar inscritos nos cadastros por um período máximo de cinco
anos, desde que a pessoa não deixe de pagar outras dívidas no período.
No STJ, é consolidado o entendimento de que “a própria inclusão ou manutenção
equivocada configura o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria
existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos” (Ag 1.379.761).
Esse foi também o entendimento da Terceira Turma, em 2008, ao julgar um recurso especial
envolvendo a Companhia Ultragaz S/A e uma microempresa (REsp 1.059.663). No julgamento,
ficou decidido que a inscrição indevida em cadastros de inadimplentes caracteriza o dano moral
como presumido e, dessa forma, dispensa a comprovação mesmo que a prejudicada seja
pessoa jurídica”.

Acerca da quantificação desses danos morais deve-se levar em consideração as reais e


presumíveis circunstâncias do caso, mormente as condições pessoais da vítima (angústia, vexame,
falta de boa aceitação na sociedade, abalo à reputação e até mau julgamento de si mesmo) e o
descaso do requerido, cuja responsabilidade é de índole objetiva.
Requer desde já a condenação do requerido ao ressarcimento pelos danos morais
sofridos pela Autora, em valor a ser arbitrado por este juízo, respeitado, todavia, os parâmetros
do Tribunal Regional Federal, fixando-se, assim, quantia não inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil
reais).

4. DOS PEDIDOS

De forma preliminar, informa que possui interesse na audiência prévia de


conciliação/mediação.
Em face de tudo acima exposto, requer a Autora:

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a) A citação da empresa réu, mediante carta com aviso de recebimento, para, querendo,
responder na quinzena legal, sob pena dos efeitos da revelia;
b) Seja concedida tutela de urgência para que o CPF da requerente seja retirado
imediatamente do cadastro dos maus pagadores. (spc/serasa)
c) A procedência dos pedidos autorais, a fim de declarar inexistente o débito relacionado
ao contrato 0000008236269793 NO CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CREDITO
(SPC/SERASA), bem como compelir a OI a promover a exclusão da negativação, sob
pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais); assim como a condenação do réu
à indenização por dano moral, em valor a ser arbitrado por este douto juízo, desde que
não inferior a VINTE mil reais;
d) Para facilitação da defesa dos direitos da Autora requer a inversão do ônus da prova,
pela verossimilhança de suas alegações e por sua condição de hipossuficiente;
e) POR FIM requer a condenação no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) a título de dano
moral.
Por fim, protesta provar o alegado através de todos os meios de prova admitidos em direito,
especialmente documental.
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para efeitos meramente fiscais.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Aracaju, 25 de 10 de 2022
Vinicius Chaves Dantas Mendonça
OAB/SE 11.107

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