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Dr. Irandy Garcia da Silva – OAB/MA 5.208-A Dr. Francisco Jânio Rolim – OAB/MA 11.

414-A
Dr. Jurandir Garcia da Silva – OAB/MA 7.388 Dr. Danilson Ferreira Veloso – OAB/MA 10.872
Dr. Errico Ezequiel Finizola Caetano – OAB/MA 9.403-A Dra. Érika P. de A. Normandes – OABMA 11.475
Dr. Iramy Garcia da Silva – Estagiário Dr. Edilson Bonifácio da Costa Júnior– Estagiário

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA


CÍVEL DA COMARCA DE PINDARÉ-MIRIM/MA

SIMONE LINDOSO SILVA, brasileira, casada,


enfermeira, portadora do RG de n° 1134056998 - SSP/MA, e CPF de
n° 943.010.003-30, residente e domiciliada à Rua 13 de maio, n°
08, Bairro da Palmeira, Pindaré-Mirim, estado do Maranhão, vem,
por seu procurador, infra-assinado, mandato incluso, propor a
presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C


TUTELA ANTECIPADA E DANO MORAL, em face de:

BANCO DA AMAZONIA S/A, inscrito no CNPJ


04.902.979/0061-85, localizado na Avenida Senador Alexandre
Costa, n° 888 - Centro, Santa Inês/MA, CEP: 65300-000, e
MUNICIPIO DE PINDARÉ-MIRIM, pessoa jurídica de direito público,
CNPJ nº 06.189.3444/0001-77, com sede na Avenida Elias Haickel,
nº 11, Centro, Pindaré-Mirim, Estado do Maranhão, 65370-000, em
razão dos fatos e dos fundamentos jurídicos a seguir expendidos
articuladamente:

PRELIMINARMENTE

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A autora afirma sob as penas da lei, e nos exatos


termos do disposto no artigo 4° e seu parágrafo 1° da lei 1.060/50, com
a redação introduzida pela lei 7.510/86, que não possui condições
financeiras de arcar com o pagamento das custas processuais e

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honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família, pelo que faz jus à GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

1. DOS FATOS

A Requerente contratou com o Banco demandado


empréstimo consignado.

O referido Banco possuía convênio junto ao Município


de Pindaré-Mirim/MA, ora requerida, para desconto em folha de
pagamento dos servidores municipais, dos contratos de empréstimo.

A suplicante, servidora público municipal, utilizou-se


do expediente do desconto em folha por ser mais vantajoso e prático
para adimplir com sua obrigação.

Ocorre, Nobre Julgador, que o Órgão Municipal,


inobstante descontar direto do contracheque da Autora o valor referente
à parcela do contrato de empréstimo não repassou ao Banco conveniado
o valor que lhe era devido (doc. anexo).

Desse modo, a Demandante passou a ser notificada


pelo órgão de proteção ao crédito acerca da inclusão de seu nome no
banco dos negativados, no entanto os descontos ocorreram
normalmente junto ao seu holerite até a parcela final do contrato,
conforme se extraí dos contracheques juntado aos autos.

Destarte, Excelência, como se pode verificar, a culpa


dos Suplicados está demonstrada de forma muita clara, em face da
permanência irregular do nome da Requerente no banco de dados do
SPC - Serviço de Proteção do Crédito e SERASA, uma vez que o contrato
de empréstimo foi totalmente adimplido, sendo de responsabilidade dos
réus a resolução do imbróglio, uma vez que a Autora cumpriu com sua
obrigação.

Por fim, é necessário informar que além do nome


negativado, A autora teve seus benefícios bancários suspensos, tais
quais: cheque especial, cartão de crédito, empréstimo pessoal,
financiamentos, tudo em razão do ocorrido.

Desnecessário mencionar o vexame e o


constrangimento a que se submeteu a Requerente, que teve seu nome
inserido no cadastro de serviço de proteção ao crédito sem ter dado azo
à situação.

2. DO DIREITO
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DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO E DANO SOFRIDO

Verifica-se in casu a negligência dos réus perante a


Requerente, vez que, ocasionou um enorme abalo em seu cotidiano,
pois agora a mesmo vê-se compelida a ingressar com ação judicial
visando assegurar a inexistência de débito em seu nome, tendo em vista
a integral quitação do contrato, bem como visando à reparação de dano
sofrido.

O Código Civil assim determina:

"“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causas dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”;

“Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186


e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repara-lo”.

Como se pode observar, é notória a responsabilidade


OBJETIVA dos requeridos, uma vez que, ocorreu uma falha na inserção
de nome do requerido no rol de negativados, sendo passível de
reparação.

DOS DANOS MORAIS SOFRIDOS

O dano moral constitui lesão que integra os direitos da


personalidade, como a vida, a liberdade, a intimidade, a privacidade, a
honra, a imagem, a identificação pessoal, a integridade física e psíquica,
o bom nome; enfim, a dignidade da pessoa humana, um dos
fundamentos da República Federativa do Brasil, apontado,
expressamente, na Constituição Federal (art. 1º, III).

Para AUGUSTINHO ALVIM, dano, em sentido amplo, é


a lesão a qualquer bem jurídico e aí se inclui o dano moral; em sentido
estrito, é a lesão ao patrimônio, e patrimônio é o conjunto de relações
jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro.

Portanto, a definição de dano moral tem que ser dada


sempre em contraposição ao dano material, sendo este o que lesa bens,
apreciáveis pecuniariamente e aquele, ao contrário, o prejuízo a bens ou
valores que não tem conteúdo econômico.

Nesta modalidade de reparação, Culto Magistrado, não


se trata de pagar o transtorno e a angústia causada à Autora, mas

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sim de dar ao lesado os meios derivativos, com que se aplacam ou
afugentem esses males, através de compensação em dinheiro, o
quantum satis, a fim de se afastar os sofrimentos ou esquecê-los, ainda
que não seja no todo, mas, ao menos, em grande parte.

O dano moral está intimamente ligado à pessoa que


sofreu uma lesão em seus sentimentos. Assim, a reparação do dano, é,
na realidade, uma compensação, que deverá ser suficiente para que
atenue os danos sofridos, assim, consequentemente, deve o Estado-Juiz
quantificar o dano de tal forma que: 1) compense a dor e o medo, que
passa a ser permanente; 2) apresente um caráter pedagógico.

In casu, os requeridos agiram negligentemente,


negativando o nome do Autor por débito já adimplido. Nessa senda,
nossos Tribunais já decidiram pela desnecessidade de demonstração do
dano, bastando tão somente a negativação, senão vejamos:

"Responsabilidade civil. Banco. SPC. Dano


moral e dano material. Prova. - O banco que
promove a indevida inscrição de devedor no
SPC e em outros bancos de dados responde
pela reparação do dano moral que decorre
dessa inscrição. A exigência de prova de
dano moral (extrapatrimonial) se satisfaz
com a demonstração da existência da
inscrição irregular. - Já a indenização pelo
dano material depende de prova de sua
existência, a ser produzida ainda no processo
de conhecimento. Recurso conhecido e
provido em parte." - (STJ – Resp. no
51158/ES; DJU 29/05/2005 PG: 15520; Rel.
Min. Ruy Rosado de Aguiar).

Assim, demonstrado o dano e o nexo de causalidade,


que consiste na relação de causa e efeito entre a conduta praticada
pelos Suplicados e o dano suportado pelo Postulante, deve os
Requeridos serem condenados a indenizar o Autor pelos danos morais
sofridos, conforme preceitua o art. 186 do Código Civil.

VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO “ NON BIS IN IDEM”

O que se busca evitar, nesse tipo de circunstância,


onde mais de uma “punição” é imposta ao consumidor, é a ocorrência
do bis in idem. De fato, o non bis in idem é um princípio geral de
direito, com aplicação especialmente no âmbito consumerista, que veda
a dupla punição.

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“O non bis in idem”, ao contrario, tem outra e especial
serventia enquanto princípio geral do Direito: a de proibir reiterado
sancionamento pela mesma circunstância – vale dizer, afastar a
possibilidade de múltipla e reiterada manifestação sancionadora por
parte daquele que se sente prejudicado.

Em outra palavras: Não poderia a instituição financeira


ré penalizar o consumidor da forma que procedeu, posto que, já havia
inserido seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, portanto excedeu
no seu direito, quando além da negativação, cortou todos os benefícios
de correntista que gozava a Autora, junto ao banco réu.

DA SOLIDARIEDADE

Preliminarmente, esclarecemos que as obrigações


solidárias são obrigações complexas, pois apresentam mais de um
sujeito no pólo ativo e/ou no pólo passiva da relação obrigacional. Em
razão dessa complexidade, algumas características apresentam-se
diferenciadas se compararmos a solidariedade às obrigações simples
(com apenas um sujeito no pólo ativo e no pólo passivo e, ainda, com a
presença de um objeto).

O Código Civil, em linhas gerais, delimita alguns traços


marcantes das obrigações solidárias a partir do artigo 264,
denominando essas delimitações de “disposições gerais”.

Segundo o artigo 264, a solidariedade ocorre quando a


obrigação se encontra enfeixada num todo, podendo cada um dos vários
credores exigir a totalidade da prestação, ou devendo cada um dos
vários devedores pagar a dívida integral.

No caso em apreço a solidariedade é contratual


(convênio), ou seja, o gestor (município) é que era incumbida de realizar
os descontos nos contracheques dos funcionários (prova anexa), e
realizar o repasse para o banco credor (banco da Amazônia). Por sua
vez, o banco é co-responsável na medida em que deixou de notificar os
devedores da ausência de repasse pelo município, como também, pela
restrição e suspensão dos benefícios bancários da Requerente. Sendo
assim, ambos foram negligentes, e prejudicaram incomensuravelmente
a Demandante.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Outrossim, considerando-se as provas inequívocas


trazidas aos autos capazes de convencer pela verossimilhança das
alegações descritas pela Requerente à fumaça do bom direito, REQUER-
SE os benefícios instituídos pela Tutela Antecipatória, prevista no art.
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273, II do Código de Processo Civil, antecipando parcialmente os efeitos
da tutela final.

Com efeito, o dispositivo processual mencionado


sugere que o pedido da tutela antecipada seja conjugado à "prova
inequívoca" conducente à "verossimilhança da alegação" bem como com
o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação e, como tal,
constituem fundamentos suficientes para embasar a decisão pleiteada
de antecipação de tutela.

A sua concessão, portanto, tem a finalidade precípua


de evitar o abuso de defesa do réu (mediante o emprego dos
instrumentos de garantia previstos no procedimento ordinário do
processo de conhecimento), que, também, produziria dano irreparável à
Demandante derivado de inerente duração da causa.

Também, fica demonstrado o fundado receio de dano


irreparável ou de difícil reparação uma vez que o nome do Requerente
caso permaneça inserido no órgão de proteção ao crédito priva-o de
efetivar qualquer financiamento.

Por todo o exposto, Requer seja concedida a Tutela


Antecipada para determinar que banco demandado retirar o nome da
Requerente junto ao Cadastro de Devedores Inadimplentes do SPC e
SERASA, sob pena de multa diária no valor arbitrado por esse douto
juízo em caso de desobediência à ordem judicial.

3. DO PEDIDO

Diante do exposto, o Autor requer a Vossa Excelência:

a) A concessão da gratuidade de justiça, nos termos da Lei nº


1.060/1950;

b) Citação dos Réus, VIA CORREIO, nos seus respectivos


endereços que constam do preâmbulo desta peça, para,
querendo, apresentar defesa, no prazo legal, sob pena de revelia.

c) Quando do despacho da inicial, seja determinada a inversão do


ônus da prova em favor da REQUERENTE, consoante disposição
do art. 6.º, inc. VIII, do Código de Defesa do Consumidor, devendo
constar tal decisão no mandado de citação;

d) A concessão da medida tutelar antecipatória, nos termos do


art. 273, da Lei Adjetiva Civil, a fim de retirar, imediatamente, o
nome da Requerente junto ao Cadastro de Devedores
Inadimplentes do SPC e SERASA, arbitrando multa diária à
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Requerida no valor arbitrado por esse douto juízo em caso de
desobediência de ordem judicial;

e) Requer a apresentação do convênio realizado entre o Município de


Pindaré-Mirim e o Banco da Amazônia, e ainda, que seja
reconhecida a responsabilidade solidária da rés;

f) Julgar TOTALMENTE PROCEDENTE a presente AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA
COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL;

g) Fixação de indenização por dano moral, tudo devidamente


corrigido monetariamente, acrescendo aos valores apurados os
juros compensatórios à taxa de 1% ao mês, contados desde a
data do inadimplemento do contrato,

h) Fixação dos honorários de sucumbências em 20% sobre o valor


total da condenação e reembolso de custas e despesas
processuais;

A Autora pretende provar o alegado pela produção de


provas em direito admitidas, especialmente documental,
testemunhal e depoimento pessoal dos Réus.

Espera, finalmente, considerados os argumentos e


provas dos autos, se digne Vossa Excelência de decretar a procedência
do pedido condenando as Rés no pagamento das indenizações retro
pleiteadas, e demais cominações de direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 788,00 (setecentos e oitenta e


oito reais).

Nestes termos,

Pedem deferimento.

Santa Inês, 01 de março de 2015.

Danilson Ferreira Veloso – Advogado


OAB/MA 10.872

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