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AO JUIZADO ESPECIAL DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE AÇUCENA/MG

MARIA DA CONCEIÇAO SILVA, brasileira, casada, portadora


do RG n° MG-3.975.868, inscrita no CPF sob o n.º 031.758.116-39, residente e
domiciliada na Fazenda Espirradeira, S/N, Zona Rural, Belo Oriente/MG, CEP:
35195-000, por intermédio de seu procurador infra-assinado (procuraçãoem anexo,
Valdir Hermógenes de Carvalho, brasileiro, casado, inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil sob o número 76.607, e-mail drvaldir@adv.oabmg.org.br,
instrumento procuratório anexado, com endereço profissional sito na Rua das
Flores, 084 no centro de Belo Oriente, Minas Gerais, CEP.35195-000, local
onde receberá intimações e demais comunicações processuais que se fizerem
necessárias, vem muito respeitosamente perante Vossa Excelência para propor

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA C/C DANOS MORAIS

Em face de OTICA PESSOA E DIAS LTDA-ME, empresa comercial de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº11.018.284/0001-60, com sede na
Rua Belo Horizonte, 288, sala 1, bairro Centro, CEP: 35160-034, Ipatinga - MG,
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Por não possuir a Autora, condições de arcar com as despesas e custas


processuais, bem como com honorários advocatícios, por não possuir renda
sequer para proceder com declaração do imposto pertinente, necessita da
concessão da gratuidade judiciária para defesa de seus direitos, a teor da
Súmula 481 do Superior Tribunal de Justiça.

DOS FATOS

A Requerente possuía uma dívida no valor de R$753,32 (setecentos e


cinquenta e três reais e trinta e dois centavos) junto a PARTE DEMANDADA,
que foi devidamente quitada no dia 28 de maio de 2021.

Ocorre que mesmo a dívida estando paga, o nome da autora


continuou nos sistemas de proteção ao crédito, conforme documento em
anexo, ou seja, SPC, SERASA, SCPC, o que culminou numa série de
aborrecimentos e abalos tanto de ordem moral e material, tendo em vista que a
autora tentou sem sucesso que a requerida excluísse o seu nome dos
cadastros de inadimplentes, mas não obteve sucesso.

Como o nome da autora continuou incluso nessa lista de maus


pagadores, resta impossibilitado de se utilizar de seu cartão de crédito, adquirir
crédito junto a empresas, tais como as instituições bancárias, bem como
crediário de lojas de bens duráveis como eletrodomésticos, e ainda teve que
pedir auxílio de seus familiares, o que o abalou consideravelmente.

Tal inércia provocada pela demandada gerou negativa de crédito


imotivada, já que a autora nada mais devia junto a essa empresa.

Esta situação constrange moralmente a autora perante lojistas, familiares


e amigos, uma vez que sempre manteve em dia com suas obrigações e,
também, tal fato constitui-se em uma mácula para a sua atividade pessoal e
profissional, onde a imagem e o bom nome são requisitos indispensáveis.

CONTUDO A REQUERENTE SOFREU COM O DANO CAUSADO, O


SOFRIMENTO INJUSTO, O CONSTRANGIMENTO, O DESCOMPASSO
EMOCIONAL E FÍSICO VIVENCIADOS, CUJA DOR NÃO PODE SER
REPARADA, SENÃO PELA PRESENTE AÇÃO, DE MODO A CONFORTAR O
ESPÍRITO MALFERIDO PELA INJUSTIÇA SOFRIDA.

Ora MM. Juiz, o usuário não pode ser penalizado pela conduta ilícita da
ré, pois não poderia ter tido seu crédito negado, devendo ser ressarcido dos
danos morais vivenciados em face desse ilícito praticado.

O comportamento ignóbil praticado pela demandada, que gerou indevido


bloqueio ou negativa de crédito indevida, e omissão culposamente das
providências cabíveis para evitar tais fatos, configurando-se o dano moral
indenizável, sujeitando-se, desta forma, a reclamada pelo Princípio da
Responsabilidade Objetiva à indenização pelo mesmo.

Deve-se observar, ínclito julgador, que o constrangimento experimentado


pela Autora foi causado, única e exclusivamente, pela irresponsabilidade
e negligência da Ré, já demonstrados anteriormente, que mesmo com o
pagamento da dívida, não diligenciaram no sentido de prestar o serviço a que se
comprometeu com o mínimo de eficácia, o que permitiu a Postulante, utilizadora
de seus serviços, sofresse incomensurável abalo moral, afetando o seu nome, a
sua honra e o seu crédito na praça.

Outrossim, por serem, as Instituições Financeiras, mandatários


remunerados do público em geral, é justo que deles se exija a mais alta
qualidade de serviços e a máxima diligência que só as grandes organizações
financeiras e tecnologicamente estruturadas podem oferecer.

DO DANO MORAL E SUA REPARABILIDADE

O conceito jurídico de bem é o mais amplo possível e encontra-se em


constante evolução. A noção compreende, como é sabido, as coisas materiais e
as coisas imateriais. Assim, Agostinho Alvim, em obra clássica no direito
brasileiro, dizia que não são bens jurídicos apenas ‘’os haveres, o patrimônio,
mas a honra, a saúde, a vida, bens esses aos quais os povos civilizados
dispensam proteção.’’ (‘’Da inexecução das Obrigações e suas
Consequências’’, 4ª ed., São Paulo, Saraiva, 1972, p. 155). Wilson Melo da Silva,
Professor. Da Fac. de Direito da UFMG, a invocar Von Ihering, ensina que a
pessoa ‘’ tanto pode ser lesada no que tem como no que é ‘’, definindo nessa
frase lapidar tanto o dano material, como o dano moral, pois, segundo
complementa, ninguém pode contestar ‘’ que se tenha um direito a
sentimentos afetivos, a ninguém se recusa o direito à vida, à honra, à
dignidade, a tudo isso, enfim que, sem possuir valor de troca da economia
política , nem por isso deixa de constituir em bem valioso para a
humanidade inteira. São direitos que decorrem da própria personalidade
humana ‘’. (‘’O Dano Moral e sua reparação’’, 3ªed., Rio, Forense, pag. 235).

Os danos aos bens imateriais, ou seja, os danos morais, na definição de


outro renomeado civilista e Juiz do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de Estado
de São Paulo, o Professor Carlos Alberto Bittar, são ‘’ lesões sofridas pelas
pessoas, físicas ou jurídicas, em certos aspectos de sua personalidade. Em
razão de investidas injustas de outrem. São aquelas que atingem a
moralidade e a afetividade da pessoa, causando-lhe constrangimentos,
vexames, dores, enfim, sentimentos e sensações negativas.’’ (‘’Reparação
Civil por Danos Morais’’, artigo publicado na Revista do Advogado/AASP. nº 44,
1994, p. 24).

Foi exatamente esse bem jurídico imaterial, composto de sentimento, de


caráter, de dignidade e de honradez, que veio a ser injustamente agravado e
ofendido pela Ré, que foi negligente ao não limpar o seu nome junto a tais órgãos
de proteção ao crédito, conforme documentos em apenso, negando o crédito do
requerente diante de terceiros, que lhe feriram em sua imagem, fato notório e um
tanto constrangedor para quem nunca deixou de cumprir com as suas
obrigações.

Sobre a violação desses bens que ornam a personalidade da Autora,


desnecessária é qualquer prova da repercussão do gravame. Basta o ato em si.
É caso de presunção absoluta, como registra Carlos Alberto Bittar, em voto
proferido no julgamento da Ap.nº 551,620 – 1 – Santos (acórdão publicado no
Boletim AASP n º 1935, de 24 a 30.01.96, p. 30), do qual se reproduz este trecho:

“Com efeito, nessa temática é pacífica a diretriz de que os danos derivam


do próprio fato da violação ‘damun in ipsa’ (RT 659/78, 648/72, 534/92, dentre
outras decisões). Não se pode, pois, falar em prova, consoante, aliás, decidiu,
entre nós, o próprio Supremo Tribunal Federal (RT 562/82; acórdão em RE nº
99.501 – 3 e 95.872-0).

É que se atingem direitos personalíssimos, mostrando-se detectáveis à


luz da própria experiência da vida os danos em tela. Trata-se, aliás, de
presunção absoluta.”

Ínclito Julgador, é bem sabido que, no aspecto do dano, também


consoante a jurisprudência, sequer há a necessidade da prova do ato lesivo:

“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio não há


como ser provado. Ele existe tão somente pela ofensa, e dela é presumido,
sendo bastante para justificar a indenização. (TJPR – 4 Câm. – Ap. Rel. Wilson
Reback – j. 12.12.90 – RT 681/163)”

Como princípio geral de direito, que manda respeitar a pessoa e os seus


bens, a imposição de pena pecuniária para o efeito reparacional é a orientação
passada pelo jurisconsulto CLÓVIS BEVILÁQUA.

Está presente nesta ação o legítimo interesse da Autora, pois segundo o


determina o Código Civil; para propor-se uma ação faz-se necessário o legítimo
interesse econômico ou moral. O interesse moral autoriza a ação, quando toca
diretamente a autora ou à sua família. Ao tratar dos atos ilícitos como geradores
de obrigações, o Diploma Civil fixa a obrigação de reparar o dano por aquele
que, em razão de ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência,
viola direito, ou causa prejuízo a outrem;
Por oportuno, CLÓVIS BEVILÁQUA, tecendo comentários sobre o tema,
mencionado no item anterior, nos dá com sua costumeira clareza, uma bela lição:
“Se o interesse moral justifica a ação para defendê-lo ou restaurá-lo, é claro
que tal interesse é indenizável, ainda que o bem moral se não exprima em
dinheiro. É por necessidade dos nossos meios humanos, sempre
insuficientes, e, não raro, grosseiros, que o direito se vê forçado a aceitar
que se computem em dinheiro o interesse de afeição e os outros interesses
morais.”

Como frisou o mestre CLAYTON REIS: “PORTANTO, RECONHEÇAMOS


QUE TODAS AS OFENSAS CONTRA A VIDA E INTEGRIDADE PESSOAL,
CONTRA O BOM NOME E REPUTAÇÃO, CONTRA A LIBERDADE NO
EXERCÍCIO DAS FACULDADES FÍSICAS E INTELECTUAIS, PODEM
CAUSAR UM FORTE DANO MORAL À PESSOA OFENDIDA E AOS
PARENTES, POR ISSO MESMO ESTE TÊM O DIREITO DE EXIGIR UMA
INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA QUE TERÁ FUNÇÃO SATISFATÓRIA” (O
DANO MORAL E SUA REPARAÇÃO, Forense, 1983, p. 331).

A ausência de prejuízo material, nesses casos, não constitui exceção,


sabido que o dano se reflete muito mais uma situação de dor moral do que física,
tornando, realmente, difícil o arbitramento de indenização, sabido que a moral, a
honra, a dignidade não podem ter um preço correspondente a mera avaliação
material. E, muitas vezes, a reparação maior do dano moral não se reflete no
preço indenizatório.

E, bem, por isso, não se encontra disposição legal expressa que possa
estabelecer parâmetros ou dados específicos para o arbitramento,
pois, sobretudo, nesses casos, não se pode deixar de considerar a situação
econômica, financeira, cultural e social das partes envolvidas.

Longe de tomar-se a situação como forfait de meras ocorrências


patrimoniais, pois a situação em destrame evoca a mais profunda revolta pelo
desrespeito como foi praticado, pela incredulidade de familiares e pessoas
próximas a autora.

DA FIXAÇÃO DO VALOR DE IDENIZAÇAO POR DANO MORAL

A indenização por danos morais possui duas faces, uma primeira relativa
à reparação do sofrimento vivenciado pelo autor, e uma segunda, possuindo
caráter pedagógico, que visa desestimular os agentes a praticar novos atos
abusivos.

O quantum da indenização obtida não fará com que seja restaurada a


honra ou a moral da autora, mas permitirá na medida do possível, que haja uma
compensação em face da situação vexatória vivenciada.

Ainda, para a graduação da indenização, deve-se levar em conta as


situações financeiras, sociais e culturais tanto dos ofendidos, quanto dos
ofensores, bem como outros aspectos específicos de cada caso.

Isto posto, mesmo sendo fato público e notório, é de bom alvitre salientar
que a requerida é uma grande empresa, detentora de um vasto poderio
econômico e financeiro, de tal sorte que uma eventual condenação deva ser
suficiente para que a instituição efetivamente compreenda que não pode, a seu
bel prazer, agir abusivamente, ferindo profundamente a legislação pátria,
afetando de forma negativa a vida das pessoas humildes, pois são estas as que
mais precisam da proteção legal.

Logo, para a fixação do valor da indenização, que será arbitrada pelo


Juízo, os vários elementos apontados devem ser levados em conta, consoante
se observa dos entendimentos jurisprudenciais que seguem:

“O dano moral é indenizável por si mesmo, desvinculado do dano material, visto


ser considerado por muitos, como causador de maiores males que o dano
material. O valor para sua reparação é calculado levando em consideração a
repercussão da noticia, a gravidade da ofensa, a situação financeira, social e
cultural do ofendido e do ofensor. À indenização o dano moral confere-se
caráter punitivo, age como uma punição ao responsável pela escrita
ofensiva. (TJ-PB AC. 94.001074-0 – 2ª Câmara Cível – Rel. Des. Geral Ferreira
Leite – DJ 12.09.94)”

“RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MORAL – CUMPRIMENTO DA


OBRIGAÇAO – MANUTENÇAO INDEVIDA DA INSCRIÇAO DO NOME DO
CLIENTE NA LISTA DO SPC – NEGLIGENCIA DA EMPRESA-CREDORA –
RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SOBRE O CONTROLE DOS
PAGAMENTOS – EXPOSIÇAO DA BOA REPUTAÇAO DO CONSUMIDOR –
PROCEDÊNCIA – IMPUGNAÇÃO – AUMENTO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO
– DECISAO CONFIRMADA EM PARTE – 1. A inscrição indevida do nome no
SPC causa dano injusto ao ofendido, o que deixa induvidoso o dano moral. 2. É
negligencia da empresa a não comunicação ao SERASA do cumprimento da
obrigação (pagamento da dívida), gerando, com isto, a indevida manutenção do
nome do antigo devedor na lista dos maus pagadores, o que implica na injusta
exposição da boa reputação do cliente o que, por si só, já atenta contra a sua
dignidade pessoal, ensejando lesão a honra subjetiva (dano extrapatrimonial
puro), que merece a devida compensação; 3. Na fixação do quantum o juiz
deve leva em consideração a situação sócio-econômica da vítima e do
ofensor, assim como, a repercussão do fato e, considerar a indenização
um desestimulo a reincidência. (TJPR – Ap.Civ 0120635-1 – (19) – Londrina
– 7 C. Cível – Rel. Des. Accácio Cambi – DJPR 08.04.2002)”

Assim, pode-se afirmar que a mensuração da indenização deve satisfazer


o dano moral vivenciado pela requerente, bem como desencorajar a arrogância
impetuosa da requerida, cabendo tal fixação ao prudente arbítrio do Juízo.

DA JURISPRUDÊNCIA SOBRE O RESSARCIMENTO DOS DANOS MORAIS

A jurisprudência pátria é torrencial na afirmação de que a Autora tem justo


direito a indenização que reclama, in verbis:
DANO MORAL. SPC. SERASA. DEMORA NA BAIXA DO LANÇAMENTO
NEGATIVO PELA EMPRESA QUE COMANDOU A INSCRIÇÃO.
INDENIZAÇÃO. MONTANTE. CRITÉRIOS SUBJETIVOS DE FIXAÇÃO. 1 – É
obrigação da empresa que comanda a inscrição negativa perante órgãos de
controle de crédito a referida baixa, nas relações de consumo e crédito pessoal,
quando efetuado o pagamento das parcelas em aberto. A diligência deverá ser
realizada em tempo razoável. A manutenção que excede esse tempo, já colorida
de indevida, eis que presente a quitação do débito, traduz a figura do ato ilícito
e dá azo à indenização pelo dano moral. 2 – Valor da indenização. Montante
indenizatório fixado na sentença que se apresenta consentâneo com a realidade
dos fatos traduzidos no feito. Recurso da ré improvido. Apelo da autora
parcialmente acolhido. (Apelação Cível Nº 70006021745, Décima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Antônio Kretzmann, Julgado em
30/10/2003)

CADASTRAMENTO NEGATIVO. DESOBEDIENCIA OU


DESCONHECIMENTO, PELO BANCO, DE LIMINAR OBSTATIVA DE
REGISTRO NA SERASA. DEMORA NO ATENDIMENT (MAIS DE DOIS
ANOS), CUMPRIDA APENAS QUANDO AJUIZADA A PRESENTE ACAO.
EVIDENTE DANO MORAL, POR RESTRICAO CREITICIA. DANOS MATERIAIS
NAO NAO COMPROVADOS. PROVER, EM PARTE, O APELO DO REU,
IMPROVENDO-SE O DO AUTOR. (Apelação Cível Nº 599293347, Décima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Ary Vessini de Lima,
Julgado em 28/10/1999)

No Colendo Superior Tribunal de Justiça inúmeras são as decisões


favoráveis às vítimas de ofensas da natureza da presente. Segue abaixo uma
das ementas:

CONSUMIDOR – DEMORA EM PROVIDENCIAR A EMPRESA CREDORA O


CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO JUNTO AO SERASA, DEPOIS DE
REGULARIZADA A SITUAÇÃO DO CONSUMIDOR INADIMPLENTE –
INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 43, § 3º, DO CDC.I – A melhor interpretação do
preceito contido no parágrafo 3º do artigo 43 do Código de Defesa do
Consumidor constitui a de que, uma vez regularizada a situação de
inadimplência do consumidor, deverão ser imediatamente corrigidos os dados
constantes nos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de ofensa à própria
finalidade destas instituições, já que não se prestam a fornecer informações
inverídicas a quem delas necessite.II – Recurso Especial parcialmente
conhecido e, nesta parte, provido.(REsp 255.269/PR, Rel. Ministro WALDEMAR
ZVEITER, TERCEIRA TURMA, julgado em 19.02.2001, DJ 16.04.2001 p. 108)

SPC. Indenização devida pelo banco em razão da negligência em obter o


cancelamento do registro. RECURSO ESPECIAL. Inexistência de seus
pressupostos. Recurso não conhecido. (REsp 443.415/ES, Rel. Ministro RUY
ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 06.03.2003, DJ
07.04.2003 p. 293)

DOUTRINA

” O interesse em restabelecer o equilíbrio moral e patrimonial violado pelo


dano é a fonte geradora da responsabilidade civil. Na responsabilidade civil
são a perda ou a diminuição verificadas no patrimônio do lesado e o dano
moral que geram a reação legal, movida pela ilicitude da ação do autor da
lesão ou pelo risco”. ( MARIA HELENA DINIZ, apud, INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL. ob. cit).

” …A responsabilidade civil cinge-se, portanto, à reparação do dano moral


ou patrimonial causado, garantindo o direito do lesado à segurança,
mediante o pleno ressarcimento do prejuízo, restabelecendo-se na medida
do possível do statu quo ante. Na atualidade, o princípio que domina a
responsabilidade civil é o da restitutio in integrum, ou seja, da completa
reposição da vítima à situação anterior à lesão”. (idem)

“Quando a vítima ou o lesado indireto reclama reparação pecuniária em


virtude do dano moral que recai, por exemplo, sobre a honra, imagem, ou
nome profissional não está pedindo um preço para a dor sentida, mas a
penas que lhe outorgue um meio de atenuar em parte as conseqüências do
prejuízo, melhorando o seu futuro, superando o déficit acarretado pelo
dano, abrandando a dor ao propiciar alguma sensação de bem estar, pois,
injusto e imoral seria deixar impune o ofensor ante as graves
conseqüências provocadas pela sua falta. Na reparação do dano moral, o
dinheiro não desempenha função de equivalência, como no dano
patrimonial, porque não se pode avaliar economicamente valores dessa
natureza, por isso, tem,, concomitantemente, a função satisfatória e a de
pena”. ( obra acima citada).

“Quando falamos de dano não patrimonial, entendemos referir-se de dano


que não lesa o patrimônio da pessoa. O conteúdo deste dano não é o
dinheiro nem de uma coisa comercialmente reduzível em dinheiro, na il
dolore, o sofrimento, a emoção, o defeito físico ou moral, em geral uma
dolorosa sensação sentida pela pessoa, atribuindo-se à palavra dor o mais
amplo sentido.” Apud (Augusto Zenun, dano moral e sua reparação, ed.
Forense, p.76).

“Mas não há quem possa negar que a dor, o sofrimento e o sentimento


deixam seqüelas, trazem sulcos profundos, abatendo a vítima, que se torna
inerte, apática, indiferente a tudo e a todos, causando-lhe sérios danos
morais e o desprazer de viver…“.Destaque nosso (obra supracitada).

Arnoldo Marmitt sustenta que:

“Os atributos do ser humano, as virtudes que o adornam e o dignificam são


seus valores espirituais, os valores da honradez, do bom nome, de
personalidade, dos sentimentos de afeição, em fim, todo patrimônio moral
e espiritual de valia inestimável”. ( Arnoldo Marmitt, Perdas e Danos, AIDE
EDITORA, p.134).

Já, Sérgio Severo, de forma lapidar assim se posiciona:


“De fato, a noção de tempo como elemento caracterizador do dano é
descabido. A dor, ainda que fugida, vai se esconder em algum lugar dos
sentimentos de uma pessoa, para voltar na hora mais inoportuna. Imoral é
a inércia da ordem jurídica, como a vida, a liberdade e a honra, postulados
superiores da justiça, e o que viria um estímulo a justiça pessoal, tal
omissão ofenderia frontalmente o ideal da justiça.” (apud, OS DANOS
EXTRAPATRIMONIAIS, pp57 e 58).

Diante do relato da infeliz experiência vivida pela Autora, ainda ocorrendo,


pelo abuso cometido pela Ré na violação de bens morais que compõem sua
personalidade, da comprovação documental de todos os fatos narrados, da
responsabilidade da demandada pelos atos praticados, dos riscos que devem
assumir em razão da rentabilíssima atividade que elas exploram, do corretivo
que estão a merecer para não molestarem mais as pessoas com práticas desse
jaez, é direito da Autora o ressarcimento do dano moral sofrido.

DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS

Demonstrado a excelência do direito em que está solidamente amparada, a


autora vem – perante Vossa Excelência, REQUERER e PEDIR que:

a) Seja citada a ré no endereço, para contestar, querendo, o presente pedido,


cientificada que em caso de silêncio serão aceitas como verdadeiras as
alegações;

b) Seja condenada a ré ao pagamento de uma indenização a título de danos


morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou em um valor superior a
ser fixado por esse douto Juízo, bem como em custas processuais e
honorários advocatícios de acordo com os termos da lei;

c) Seja a Ré obrigada, LIMINARMENTE, a excluir o nome da autora do SPC,


SERASA e SCPC no prazo de 24 horas, sob pena de multa diária no valor
de R$1.000,00 (um mil reais);
d) Seja deferida a inversão do ônus da prova de acordo com o artigo 6º, VIII do
CDC e a assistência judiciária gratuita.

Protesta e requer todos os meios de prova, inclusive da oitiva do representante


legal da reclamada, dando-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
para efeitos meramente fiscais.

Nestes Termos,

Pede e Espera Deferimento.

Belo Oriente/MG, 11 de julho de 2023.

Valdir Hermógenes de Carvalho

OABMG 76.607.

Gabriella Viana de Meireles

OAB/MG 215.041.

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