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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CIVIL DA COMARCA DA


CAPITAL- RJ

ELIANA ROCHA DUTRA, brasileira, casada, autônoma,


portadora de cédula de identidade nº 09154866-9, expedida pelo IFP RJ, inscrita no CPF, sob o
nº 012.023.577-33 domiciliada na Rua Curuzu, nº 25, ap: 301, São Cristóvão, Rio de Janeiro –
RJ, CEP: 20.920-440, vem perante V. Exa., propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


C/C DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE COBRANÇA
C/C COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face da CLARO S/A, empresa de direito privado, CNPJ nº 40.432.544/0001-47 com sede à
Rua Mena Barreto, nº 42, Botafogo, Rio de Janeiro - RJ, CEP: 22271-100 , pelos seguintes
fatos e fundamentos:

I- DOS FATOS

A Autora comprou um Aparelho de Telefone Celular LG GB 230 no dia 08/07/2011


no qual veio um chip de funcionamento do tipo pré-pago da CLARO S/A com o número de linha
(21) 7317-4240, que foi imediatamente ativado para fins de cumprimento de norma da empresa,
com argumento de bonificação. Vale ressaltar que a Autora nunca fez uso do serviço da
empresa ré, tendo guardado o chip mencionado.

Em dezembro de 2011 a Autora foi surpreendida com uma cobrança da Claro em


seu endereço antigo na Pça. Pinto Peixoto, nº 29, ap: 101, São Cristóvão, Rio de Janeiro – RJ,
cujo a mesma não reside há mais de 10 anos. Nos moldes da cobrança recebida datada de
27 de Dezembro, constava uma informação de que havia pagamento pendente no valor de R$
35,00.

A Autora entrou em contato com a Ré no dia 03/01/2012, sob o protocolo:


20122056326, indagando o motivo da cobrança indevida, visto que o chip que diz respeito a
linha citada foi ativada na modalidade pré-pago, ou seja, onde não cabem cobranças mensais.
Foi solicitado o cancelamento das cobranças tendo sido informada a Autora que as dividas
seriam retiradas do sistema, cessando consequentemente as cobranças, o que não aconteceu.

As cobranças permaneceram e a cada mês subsequente (janeiro, fevereiro, março,


abril), foram recebidas faturas com valores acumulados e com ocorrência de juros. Cabe
salientar que todas as cobranças têm sido recebidas no endereço antigo da autora, levando-a

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ao constrangimento de atuais moradores da localidade observarem cartas sucessivas da Claro
nos moldes de cobrança.

Por fim foi tentado um último contato com a Empresa Ré sob o protocolo nº
2012119047365, no dia 12/04/2012, visto que a mais de 4 meses o problema não foi
solucionado, persistindo os débitos. No entanto não houve sucesso, mas apenas a promessa
de análise.

Diante da negligência da empresa ré, não resta à autora outro caminho a não ser o
da justiça para a solução da sua lide.

II- DOS FUNDAMENTOS

De plano, cabe dissertar sobre a figura do consumidor e do fornecedor, sabiamente


elencados e conceituados nos Art. 2º e 3º da Lei Consumerista. Inconteste a relação de
consumo, visto a contratação por parte da consumidora de um serviço junto à fornecedora.

O Art. 4º da mesma Lei, em seu bojo traz a politica nacional brasileira das relações
de consumo, que tem como escopo a defesa dos interesses econômicos e financeiros do
consumidor, além da dignidade, transparência nas relações, harmonia no relacionamento e bem
estar do consumidor.

Trata ainda o artigo acima citado, do principio da vulnerabilidade do consumidor,


integrante na relação de consumo do pólo mais fraco, (inciso I).

Na mesma linha, o inciso II, letra C, traz à luz a presença do Estado em defesa do
cidadão, e ainda, o inciso III, consagra o contexto do Art. 51, IV, da CRFB, que trata com
célebre entendimento o principio da boa-fé e o equilíbrio nas relações de consumo entre o
consumidor e o fornecedor.
O Art. 6º do CDC, traz em seu bojo o rol dos direitos do Consumidor, que protegem a
incolumidade física e psíquica do consumidor, a efetiva compensação e reparação por danos
materiais e morais.

O CDC em seu Art. 14, transborda sua proteção ao consumidor, imputando ao


fornecedor a responsabilidade objetiva de responder pelo fato do serviço, independentemente
de culpa, agasalhando o principio da segurança.

Cabe ressaltar que a autora experimenta um acidente de consumo grave, um fato do


serviço. Vive uma situação vexatória ao ser cobrada por um débito inexistente, além do que,
com muito esforço e boa intenção, quitado antecipadamente.

Assim, o conjunto normativo acima mencionado, determina que toda lesão aos
direitos do consumidor devem ser reparadas, conforme o art. 6º, VI.

Concernente ao DANO MORAL, citamos a obra de Sérgio Cavalieri Filho, in


Programa de Responsabilidade Civil, 3ª ed., pág. 85, verbis:

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“O dano moral é aquele que atinge os bens da personalidade, tais como a
honra, a liberdade, a saúde, a integridade psicológica, causando dor,
sofrimento, tristeza, vexame e humilhação à vítima (...).Também se incluem
nos novos direitos das personalidade os aspectos de sua vida privada, entre
eles a sua situação econômica, financeira (...)”.

E acerca da PROVA DO DANO MORAL, trazemos a colação mais uma lição do


mestre Sérgio Cavallieri Filho que aborda claramente o entendimento dominante da doutrina, na
obra citada , p. 91:

“ Nesse ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que o dano
moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Se a
ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a concessão de uma
satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral
existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo
que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de
uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das
regras de experiência comum.

Na fixação do valor da compensação pelos danos morais, deve-se levar em


consideração a necessidade de que o ofensor não reincida na falta, e para a tal, segundo
precisa lição do saudoso Desembargador Walter Moraes, recomendável uma estimação
prudencial, que não dispensa sensibilidade para as coisas da dor e da alegria, para os estados
da alma humana” (R.T. 650/66), devem ser considerados o grau de culpa, que foi grande, a
intensidade do sofrimento e funda sensação de angustia que certamente experimentou a
Autora.

III- DOS PEDIDOS

Diante de todo exposto a autora requer:

1 - A citação da empresa Ré para comparecer à audiência de conciliação, que poderá ser


imediatamente convolada em AIJ, caso não cheguem a um acordo ou não compareça, sob
pena de revelia ;

2 - Seja deferida a inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6º, inciso VIII, da Lei nº.
8.078/90;

3 - Seja julgado procedente o pedido autoral para declarar a inexigibilidade do débito imputado
a autora, uma vez que nunca existiu, conforme se observa dos documentos anexos;

4- Seja julgado procedente o pedido autoral para condenar a empresa ré a cancelar quaisquer
contratos existentes vinculados aos dados pessoais da autora referente a planos pós-pagos;

5 - Seja julgado procedente o pedido autoral para condenar a empresa ré a compensar a autora
pelos danos morais sofridos no montante de R$ 12.440,00

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IV - PROVAS

Requer a produção de provas na amplitude do art. 32 da Lei 9.099/95, em especial


testemunhal e documental, bem como por meio de depoimento pessoal do representante legal
da empresa ré.

Valor da causa R$12.440,00

Nestes termos,
P. Deferimento.

Rio de Janeiro, 17 de Abril de 2012.

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ELIANA ROCHA DUTRA

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