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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CIDADE DE MATINHOS/PR

Proc. nº. 0006667-89.2021.8.16.0116


Autor: VILMAR PESSOA
Ré: OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

VILMAR PESSOA, já qualificado na peça vestibular, não se


conformando, venia permissa maxima, com a sentença meritória exarada,
comparece, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, para,
tempestivamente (LJE, art. 42), no prazo legal de 10 dias úteis, interpor o
presente

RECURSO INOMINADO

o que faz com fulcro no art. 41 e segs. da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº.
9.099/95), em virtude dos argumentos fáticos e de direito expostas nas RAZÕES
ora acostadas.
Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência declare os
efeitos com que recebe o recurso evidenciado, determinando, de logo, que o
Recorrido se manifeste acerca do presente e, depois de cumpridas as
formalidades legais, seja ordenada a remessa destes autos, com as Razões do
recurso, à Egrégia Turma Recursal do Estado do Paraná.
Requer também o deferimento dos benefícios da justiça gratuita,
pois, o recorrente não dispõe de recursos financeiros para fazer frente às despesas
do recurso pelo que, DECLARA desde já a pobreza nos termos da lei, não
dispondo de condições para arcar com o pagamento das custas processuais,
depósito recursal, sem comprometer seu sustento e dos seus, sob
responsabilidade civil e criminal e perda dos benefícios da Assistência Judiciária
Gratuita (art. 98, CPC), sendo por esta razão deixa de juntar as guias de
recolhimento

Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba, 04 de setembro de 2023.

LINDALVA LOPES DA MAIA


OAB/PR 55.128
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

Proc. nº. 0006667-89.2021.8.16.0116


Autor: VILMAR PESSOA
Ré: OI S.A. - EM RECUPERACAO JUDICIAL

EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO ESTADO

Em que pese a reconhecida cultura do eminente Juízo de Origem, a


proficiência com que o mesmo se desincumbe do mister judicante, há de ser
reformada parcialmente a decisão ora recorrida, devendo o valor fixado a título
de indenização por dano moral ser majorado, conforme se passa a expor.

a) Tempestividade
O recurso ora agitado deve ser considerado como tempestivo,
porquanto o Recorrente fora intimado da sentença recorrida por meio do Diário
da Justiça, o qual circulou no dia 21/08/2023.
Portanto, à luz do que rege o art. 42 da Lei dos Juizados Especiais,
plenamente tempestivo este Recurso Inominado, quando interposto nesta data,
dentro do decêndio legal.

b) Justiça Gratuita
A parte Recorrente não possui condições para custear o processo,
pois, não tem condições de arcar com custas processuais, sem prejuízo de sua
manutenção.
Desta forma, desde já, requer-se o benefício da justiça gratuita,
conforme estabelece do art. 98 do CPC, por ser a parte Recorrente pobre nos
termos da Lei e, como prova do alegado junta os documentos anexos.
c) Considerações iniciais
O Recorrente ajuizou ação de reparação de danos morais, sob o
fundamento de inserção indevida do nome do mesmo junto aos órgãos de
restrições, em virtude de contratação nunca realizada com a ora recorrida.
Sobreveio sentença do juízo monocrático de origem, o qual
determinou o pagamento de indenização pela Recorrida no montante de R$
5.000,00 (cinco mil reais).
O Recorrente, todavia, entende que a decisão combatida condenou
a Recorrida em montante ínfimo, escapando, assim, do caráter reparatório e
pedagógico almejado com a querela.
Não há, assim, obediência aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, maiormente em razão, como dito, do diminuto valor condenatório
imposto à parte Ré.
Com efeito, essa é a razão que leva o Recorrente a interpor o
presente recurso, qual seja majorar o valor da quantia fixada a título de reparação
de danos morais.

d) Razões do recurso – Da necessidade de majoração do valor arbitrado a


título de dano moral
A responsabilidade civil almejada diz respeito a dano de ordem
moral. Assim, há de ser considerado o direito à incolumidade moral, pertence à
classe dos direitos absolutos, esses positivados pela conjugação de preceitos
constitucionais elencados no rol dos direitos e garantias individuais da Carta
Magna (CF/88, art. 5º, inv. V e X).
A moral individual está relacionada à honra, ao nome, à boa-fama,
à autoestima e ao apreço, bem assim resulta como um ato ilícito que atinge o
patrimônio do indivíduo, ferindo sua honra, decoro, crenças políticas e religiosas,
paz interior, bom nome e liberdade, originando sofrimento psíquico, físico ou
moral.
Por dano moral há de se entender a lesão sofrida pela pessoa em seu
patrimônio ideal, compreendendo-se por tal o conjunto de valores e sentimentos
que, pela sua natureza imaterial, é insuscetível de valoração econômica, não se
confundindo com o dano material. Enquanto este possibilita a reposição do
“status quo ante” ou sua substituição, aquele apenas dá ensejo a uma satisfação
moral ou compensação dos dissabores experimentados pela vítima, ao mesmo
tempo em que oportuniza, ao responsável pela ofensa, sanção e desestímulo à
repetição do ato ilícito.
Oportuna a menção da seguinte lição jurisprudencial:

“O dano moral, de natureza extrapatrimonial, se caracteriza, também pela


agressão à auto-estima e a valores subjetivos, independentemente da
repercussão negativa do fato perante o meio social do indivíduo. -
Indenização. Condenação mantida”. (TRF 5ª R. – AC 323206 –
(2001.83.00.016740-3) – PE – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Ridalvo Costa – DJU
05.03.2004).

A conduta do réu em questão não é daquelas que causa mero


aborrecimento, e sim dano moral a merecer indenização, sendo certo que a
própria Constituição Federal, consoante se percebe do art. 5º, incisos V e X, bem
como o Código Civil em seus arts. 186 e 927 prevê a existência da obrigação de
indenizar o dano imaterial.
O abalo sofrido pelo Recorrente, em razão dos indevidos
apontamentos nos órgãos de restrições é evidente e inarredável.
A angústia, a preocupação e o incômodo são inevitáveis e
inegáveis. Ademais, o fato de ser negativado injustamente trouxe à mesma uma
sensação de impotência e alteração de ânimo que devem ser consideradas para
efeitos de estipulação do valor indenizatório.
É presumível e bastante verossímil o alegado desconforto e abalo
sofrido pelo Recorrente, ao perceber que seu nome estava inserto no rol de
inadimplentes, quando originário de contratos que jamais contratou.
É certo que o problema da quantificação do valor econômico a ser
reposto ao ofendido tem motivado intermináveis polêmicas, debates, até agora
não havendo pacificação a respeito. De qualquer forma, doutrina e jurisprudência
são pacíficas no sentido de que a fixação deve se dá com prudente arbítrio, para
que não haja enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, mas também
para que o valor não seja irrisório, dentro dos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.
A indenização deve ser aplicada de forma casuística, sopesando-se
a proporcionalidade entre a conduta lesiva e o prejuízo enfrentado pelo ofendido,
de forma que, em consonância com o princípio neminem laedere, não ocorra o
locupletamento da vítima quanto a cominação de pena tão desarrazoada que não
coíba o infrator de novos atos.
Como bem observa José Aguiar Dias:

“A condição da impossibilidade matematicamente exata da avaliação só


pode ser tomada em benefício da vítima e não em seu prejuízo. Não é razão
suficiente para não indenizar, e assim beneficiar o responsável, o fato de
não ser possível estabelecer equivalente estado porque, em matéria de dano
moral, o arbitrário é até da natureza das coisas”. (‘apud’ Clayton Reis, Dano
Moral, Editora Forense, 4ª edição, 1995, p. 95)

Nessa esteira, o posicionamento de Caio Mário da Silva Pereira:

"A vítima de uma lesão a algum daqueles direitos sem cunho patrimonial
efetivo, mas ofendida em um bem jurídico que em certos casos pode ser
mesmo mais valioso do que os integrantes de seu patrimônio, deve receber
uma soma que lhe compense a dor ou o sofrimento, a ser arbitrada pelo
juiz, atendendo às circunstâncias de cada caso, e tendo em vista as posses
do ofensor e a situação pessoal do ofendido. Nem tão grande que se
converta em fonte de enriquecimento, nem tão pequena que se torne
inexpressiva." (Responsabilidade civil. 2.ª ed. Rio de Janeiro : Forense, 1990,
p. 67).

De outro plano, o Código Civil estabeleceu no art. 944 (A


indenização mede-se pela extensão do dano) regra clara de que aquele que for
condenado a reparar um dano deverá fazê-lo de sorte que a situação patrimonial e
pessoal do lesado seja recomposta ao estado anterior. Assim, o montante da
indenização não pode ser inferior ao prejuízo. Há de ser integral, portanto.
Nesse sentido:
RECURSO INOMINADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. CESSÃO DE CRÉDITO. DÉBITO INEXIGÍVEL. INSURGÊNCIA RECURSAL
RESTRITA À PRETENSÃO PELA MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
POR DANO MORAL FIXADO PELO JUÍZO SINGULAR (R$ 5.000,00). ACOLHIMENTO.
ELEVAÇÃO PARA R$ 12.000,00 (DOZE MIL REAIS), COM RESSALVA DO RELATOR.
MELHOR OBSERVÂNCIA DESSE MONTANTE AOS PARÂMETROS DE
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE, EM ESPECIAL O VOLUME DO DÉBITO
INSCRITO E O PORTE ECONÔMICO DO INFRATOR, MORMENTE PARA SURTIR O
EFEITO PEDAGÓGICO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. (TJPR - 3ª Turma Recursal - 0003354-98.2022.8.16.0112 - Marechal
Cândido Rondon - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUÍZADOS
ESPECIAIS JUAN DANIEL PEREIRA SOBREIRO - J. 13/03/2023). (grifei).

RECURSO INOMINADO. MATÉRIA RESIDUAL. AÇÃO DE DECLARAÇÃO DE


INEXIGIBILIDADE DE DÍVIDA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO
INDEVIDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM E HIGIDEZ DO DÉBITO
QUE PROVOCOU A NEGATIVAÇÃO DO NOME DO AUTOR. DANO MORAL IN RE
IPSA CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM R$ 4.000,00
(QUATRO MIL REAIS) QUE COMPORTA MAJORAÇÃO PARA R$ 12.000,00 (DOZE
MIL REAIS). SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. (TJPR - 3ª Turma Recursal - 0002351-76.2021.8.16.0134 - Pinhão - Rel.:
JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FERNANDO
SWAIN GANEM - J. 19.09.2022) (grifei).

RECURSO INOMINADO. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO


CRÉDITO. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO CONTRATUAL PRÉVIA. SENTENÇA QUE
JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL, CONDENANDO A DEMANDADA AO
PAGAMENTO DE R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS), A TÍTULO DE DANOS MORAIS.
INSURGÊNCIA RECURSAL. RECORRENTE QUE PLEITEIA A IMPROCEDÊNCIA DA
AÇÃO, REQUERENDO SUBSIDIARIAMENTE A MINORAÇÃO DO QUANTUM
INDENIZATÓRIO ARBITRADO. RECORRENTE QUE NÃO LOGROU ÊXITO EM
COMPROVAR FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU EXTINTIVOS DO
DIREITO DA AUTORA, NÃO SE DESINCUMBINDO DE SEU ÔNUS PROBATÓRIO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 373, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
CONTRATAÇÃO NÃO COMPROVADA. DEMANDADA QUE RECONHECEU A
INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DÉBITO DEVIDO PELA PARTE AUTORA.
ENUNCIADO Nº 4.6 DA 3ª TURMA RECURSAL DO PARANÁ: É PRESUMIDA A
EXISTÊNCIA DE DANO MORAL, NOS CASOS DE INSCRIÇÃO E/OU MANUTENÇÃO
EM ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO, QUANDO INDEVIDA. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO DE ACORDO COM OS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO OBSERVADAS. QUANTUM QUE NÃO
COMPORTA MINORAÇÃO. MONTANTE MANTIDO EM R$ 10.000,00 (DEZ MIL
REAIS). RAZÕES RECURSAIS QUE NÃO SÃO CAPAZES DE INFIRMAR O
JULGADO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS, NOS
TERMOS DO ART. 46 DA LEI Nº 9.099/95. CONDENAÇÃO DA RECORRENTE EM
CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, FIXADOS EM 10% (DEZ
POR CENTO) SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. RECURSO INOMINADO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJPR - 3ª Turma Recursal - 0000729-
19.2021.8.16.0018 - Maringá - Rel.: JUÍZA DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS
JUÍZADOS ESPECIAIS DENISE HAMMERSCHMIDT - J. 11.07.2022) (grifei).
O valor, pois, definido na sentença recorrida é ínfimo e merece a
revisão. Por isso, necessário se faz dar provimento ao presente recurso de sorte a
majorar o valor da condenação para R$ 12.000,00 (doze mil reais).

e) Conclusão
Ante o exposto requer-se primeiramente que seja concedida a
assistência judiciária gratuita, haja vista, que a parte Recorrente não tem
condições de arcar com custas processuais, sem prejuízo ao seu sustento e de sua
família, nos termos do art. 98 do CPC.
Requer também, o conhecimento e provimento do presente
recurso, para que seja parcialmente reformada a r. sentença para MAJORAÇÃO
DOS DANOS MORAIS FIXADOS EM SENTENÇA, em importe não inferior a
R$12.000,00 (doze mil reais).
Posto que, a reforma da r. decisão recorrida restabelecerá o direito
do consumidor e, inclusive, encontra-se fundamentada nos pilares
constitucionais, fazendo surgir a mais DIGNA JUSTIÇA.

Termos em que pede deferimento.

Curitiba, 04 de setembro de 2023.

LINDALVA LOPES DA MAIA


OAB/PR 55.128

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