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Actividades de boa Fé
Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Actividades de boa Fé
Ernesto Nahoque
Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 3
Conclusão ...................................................................................................................................... 10
Introdução
O direito do consumidor é uma área do direito que visa proteger os interesses e direitos dos
consumidores nas relações de consumo. Dentro desse contexto, as atividades de boa-fé
desempenham um papel fundamental, promovendo a equidade e a confiança entre consumidores e
fornecedores. Este trabalho abordará a importância das atividades de boa-fé no direito do
consumidor, destacando seus princípios, impactos e desafios.
Objectivo Geral
Objectivos específicos
Em termos metodológicos, o trabalho esta organizado, partindo da introdução onde demos uma
breve contextualização do que acerca do tema onde ilustramos algumas características e princípios
das actividades de boa Fé e finalmente seguiu se da conclusão.
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Actividade de boa Fé
Fala-se, sim, em boa-fé como sendo a conduta ideal, adequada para cada relação de consumo. É a
regra de comportamento que deve orientar toda e qualquer relação. Não é específica e inerente a
cada pessoa, como o é no Código Civil. É regra geral e abrange todas as situações que envolvam
relação de consumo.
A boa-fé é uma cláusula geral cujo conteúdo é estabelecido em concordância com os princípios
gerais do sistema jurídico (liberdade, justiça e solidariedade, conforme está na Constituição da
República, (AGUIAR JÚNIOR, 1995, p. 9).
A boa-fé se constitui numa fonte autônoma de deveres, independente da vontade, e por isso a
extensão e o conteúdo da “relação obrigacional já não se mede somente nela (vontade), e, sim,
pelas circunstâncias ou fatos referentes ao contrato, permitindo-se construir objetivamente o
regramento do negócio jurídico, com a admissão de um dinamismo que escapa ao controle das
partes”13. A boa-fé significa a aceitação da interferência de elementos externos na intimidade da
relação obrigacional, com poder limitador da autonomia contratual, pois através dela pode ser
regulada a extensão e o exercício do direito subjetivo.
Boa Fé subjectiva
A noção de boa-fé subjetiva, que está relacionada ao pensamento do sujeito da relação jurídica de
estar agindo da maneira determinada pelo ordenamento, vem a ser substituída pela boa-fé objetiva,
da qual não se afasta totalmente, vindo a complementá-la.
Segundo CALDEIRA (s/a, p. 194), a boa-fé subjetiva diz respeito à ignorância de uma pessoa
acerca de um fato modificador ou impeditivo de seu direito. É, pois, uma falsa crença acerca de
uma situação; alguém acredita ser legítimo detentor de um certo direito, porque desconhece a
verdadeira situação impeditiva desse direito.
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Boa Fé objectiva
Já a boa-fé objetiva, pode ser definida, grosso modo, como sendo uma regra de conduta, um dever
das partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e lealdade, a fim de se estabelecer o
equilíbrio nas relações de consumo, (CALDEIRA, s/a, p. 194).
A boa-fé objetiva é um modelo ético de conduta que deve ser observado indistintamente pelos
sujeitos da relação jurídica. A conduta relativa à boa-fé objetiva é o comportamento de retidão, de
lealdade.
Como visto, a boa-fé figura entre os princípios sociais do contrato, norma que determina a conduta
dos contratantes até mesmo antes da celebração e após a extinção do pacto.
Trata-se de consenso entre juristas a impossibilidade de conceituação da boa-fé, embora haja certa
concordância quanto ao seu conteúdo e as suas manifestações.
A boa-fé objetiva, a despeito de ser qualificada como princípio jurídico com fundamento na
dignidade da pessoa humana, foi inserida no Código de Defesa do Consumidor e no atual Código
Civil através da técnica de cláusulas gerais.
De acordo com CRUZ (2018, p. 231), a vantagem das cláusulas gerais – embora seja assente a
opinião quanto à impossibilidade de construção de todo o sistema jurídico sobre elas – consiste em
criar aberturas do direito legislado à dinamicidade da vida social38 ao permitir a mobilidade do
sistema e o ingresso nele de elementos extrajurídicos através da decisão judicial. Por outro lado,
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tem a desvantagem de tornar a aplicação do direito mais insegurança. Essas duas faces das cláusulas
gerais decorrem, inicialmente, da imprecisão de seus termos, cuja principal consequência é a
incompatibilidade com a técnica da subsunção.
A aplicação e concretização da norma inserida nas cláusulas gerais dependerão da avaliação do juiz
no caso concreto; em outras palavras, a hipótese e a consequência não são definidas a priori pelo
direito, mas dependem de um processo hermenêutico complexo de valoração dos fatos e
circunstâncias envolvidas. A fluidez conceitual da boa-fé objetiva importa o reconhecimento de
que sua veiculação só se compatibiliza com a técnica das cláusulas, (CRUZ, 2018, p. 231).
A boa-fé tem função integradora da obrigação, atuando como fonte de direitos e obrigações
ao lado do acordo de vontades, além de servir para a interpretação das cláusulas
convencionadas. Para aplicação da cláusula da boa-fé, o juiz parte do princípio de que toda
a inter-relação humana deve pautar-se por um padrão ético de confiança e lealdade,
indispensável para o próprio desenvolvimento normal da convivência social. A expectativa
de um comportamento adequado por parte do outro é um componente indissociável da vida
de relação, sem o qual ela mesma seria inviável. Isso significa que as pessoas devem adotar
um comportamento leal em toda a fase prévia à constituição de tais relações, e que devem
também comportar-se lealmente no desenvolvimento das relações jurídicas já constituídas
entre eles. Este dever de comportar-se segundo a boa-fé se projeta a sua vez nas direções
em que se diversificam todas as relações jurídicas: direitos e deveres. Os direitos devem
exercitar-se de boa-fé. As obrigações têm de cumprir-se de boa-fé.
Princípios de boa Fé
A boa-fé tem função integradora da obrigação, atuando como fonte de direitos e obrigações ao lado
do acordo de vontades, além de servir para a interpretação das cláusulas convencionadas. Os
voluntaristas querem reduzir sua intervenção apenas para a integração do contrato de acordo com
aquilo que fora pressuposto pelas partes; mas não é assim: a utilização da cláusula de boa-fé implica
a criação de uma norma para o caso de acordo com os dados objetivos que ele mesmo apresenta,
atendendo à realidade social e econômica em que o contrato opera, ainda que isso o leve para fora
do círculo da vontade.
Para aplicação da cláusula da boa-fé, o juiz parte do princípio de que toda “a inter-relação
humana deve pautar-se por um padrão ético de confiança e lealdade, indispensável para o
próprio desenvolvimento normal da convivência social. A expectativa de um
comportamento adequado por parte do outro é um componente indissociável da vida de
relação, sem o qual ela mesma seria inviável. Isso significa que as pessoas devem adotar um
comportamento leal em toda a fase prévia à constituição de tais relações (diligência in
contrahendo); e que devem também comportar-se lealmente no desenvolvimento das
relações jurídicas já constituídas entre eles. Este dever de comportar-se segundo a boa-fé se
projeta a sua vez nas direções em que se diversificam todas as relações jurídicas: direitos e
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Ao tratar da boa-fé na relação de consumo é importante advertir desde logo que o Código
do Consumidor foi a primeira lei brasileira a tratar da boa-fé objetiva (tirante a referência
do art. 131, nº 1, do CCM., que passou despercebida), e que não se limitou a introduzir o
princípio (art. 4º) e a cláusula geral para controle da abusividade contratual (art. 51), pois
também tipificou várias hipóteses legais de deveres que, não fora tal, normalmente se
incluiriam no âmbito da boa-fé. Isso significa que, nas relações de consumo, muitos dos
deveres que no Direito dos Contratos, têm sua fonte na boa-fé, já encontram aqui previsão
legal específica, a remeter a fundamentação da sentença diretamente à lei.
A boa-fé como pauta de interpretação exerce valioso papel para a exata compreensão das cláusulas
do contrato e das normas legais incidentes. Tem, porém, função inferior à da boa-fé — fonte de
deveres e de limites, pois esta pode determinar deveres além da vontade das partes, enquanto aquela
fica ligada à vontade manifestada no contrato ou à ordem legal.
De acordo com AGUIAR JÚNIOR (1995, p. 12), todas as normas acima referidas, determinantes
de deveres, devem ser interpretadas segundo os ditames da boa-fé. Mas não é a boa fé, e sim a lei
a fonte desses deveres normatizados.
A boa-fé, no seu ângulo objetivo, está como regra de conduta, um dever de agir de acordo com
determinados padrões socialmente recomendados, de correção, lisura e honestidade, para não
frustrar a confiança legítima da outra parte.
No que se refere à boa-fé objetiva, a confiança ganha importância na medida em que vai sendo
materializada, concretizada pela boa-fé. Vale dizer, diante de situações concretas deverse-á indagar
sobre a atuação esperada, de acordo com a boafé, para que não haja o rompimento da confiança.
A boa-fé, como fonte autônoma de deveres, nesses casos, cede o passo à lei, restando-lhe apenas a
função de critério de interpretação. Como pauta de interpretação exerce valioso papel para a exata
compreensão das cláusulas do contrato e das normas legais incidentes. Tem, porém, função inferior
à da boa-fé fonte de deveres e de limites, pois esta pode determinar deveres além da vontade das
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partes, enquanto aquela fica ligada à vontade manifestada no contrato ou à ordem legal. A recepção
do princípio da boa-fé objetiva e a previsão legislativa de tantos deveres incluídos no âmbito da
boa-fé constitui o maior avanço do sistema de Direito Civil legislado e vai influir de modo decisivo
em todos os setores do nosso direito obrigacional, apesar de estarem tais normas inseridas num
microssistema.
No direito do consumidor a boa-fé assume fulcral importância. Foi no respectivo Código que ela foi
normatizada no direito brasileiro, permeando todo o texto legal e figurando como princípio e também
fundamento para a harmonização dos interesses das partes nas relações jurídicas de consumo e para
a compatibilização da própria proteção do consumidor com aspectos do mercado que devem
viabilizar os demais princípios sobre os quais se funda a ordem econômica (art. 4°, III). A boa-fé
também é encontrada no inciso IV do artigo 51, que versa sobre as cláusulas contratuais abusivas,
como norma de calibragem da própria compatibilidade das estipulações contratuais entre
fornecedores e consumidores, (ANDRADE, s/d, p. 15).
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Conclusão
As atividades de boa-fé no direito do consumidor desempenham um papel crucial na promoção de
relações justas e equitativas entre consumidores e fornecedores. Este trabalho destacou a
importância dessas atividades, explorando seus princípios, impactos positivos e desafios
associados. É imperativo que tanto legisladores quanto profissionais do direito continuem a
aprimorar e adaptar as leis de proteção do consumidor para refletir as dinâmicas em constante
evolução do mercado e das relações comerciais. A busca contínua por um equilíbrio justo e
transparente nas relações de consumo é fundamental para garantir a confiança e a proteção dos
direitos do consumidor.
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Referencias bibliográficas
AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. A Boa-fé na relação de consumo. Revista de Direito do
Consumidor, n. 14, p. 20 a 27, abr./jun. 1995.
PALUDO, Daniela Maria; Princípios adotados pelo código de defesa do consumidor; Acadêmica
formanda A/2005, do Curso de Direito da Univates, Lajeado/RS. Publicação ago/05