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Rui Francisco Naite

CONTRATOS DE VIAGEM E A DISCIPLINA JURÍDICA DAS AGÊNCIAS DE


VIAGEM

Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Rui Francisco Naite

CONTRATOS DE VIAGEM E A DISCIPLINA JURÍDICA DAS AGÊNCIAS DE VIAGEM

Trabalho de caracter avaliativo inscrito na


cadeira de Direito do Turismo, a ser submetido
no departamento de Direito, sob orientação da
docente:

Dr. Milagre Banze

Universidade Rovuma

Nampula

2023
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Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 3
CONTRATOS DE VIAGEM E A DISCIPLINA JURÍDICA DAS AGÊNCIAS DE VIAGEM .... 4
Agência de turismo .......................................................................................................................... 4
Definição de Contratos de Viagem .................................................................................................. 4
Contratos de transporte .................................................................................................................... 4
Natureza jurídica.............................................................................................................................. 6
Responsabilidades das Partes .......................................................................................................... 7
Disciplina Jurídica das Agências de Viagem ................................................................................... 7
Seguro de Responsabilidade Civil ................................................................................................... 7
O transporte de coisas ...................................................................................................................... 8
Responsabilidade civil das agências de viagens .............................................................................. 9
Conclusão ...................................................................................................................................... 10
Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 11
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Introdução
As agências de viagens são entidades que asseguram a deslocação de clientes de um ponto para
outro, e cuja as mesmas devem estar em conformidade com os aspectos legais para o seu exercício,
contudo, para presente trabalho, abordaremos os contratos de viagem como acordos legais entre
consumidores e prestadores de serviços de viagem, explorando questões como responsabilidades,
políticas de cancelamento e proteção ao consumidor. Além disso, analisaremos a regulamentação
das agências de viagem, com foco nos requisitos de licenciamento, seguros, leis de proteção ao
consumidor e resolução de disputas.

Objectivo geral

 Examinar os aspectos legais dos contratos de viagem e as regulamentações que afetam as


agências de viagem.

Objectivos específicos

 Definir os contratos de viagem sob ponto de vista jurídico;


 Corelacionar as agências de viagens com os seus consumidores.
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CONTRATOS DE VIAGEM E A DISCIPLINA JURÍDICA DAS AGÊNCIAS DE VIAGEM

Agência de turismo
Segundo Da SILVA (2006, p. 9), as agências de turismo são empresas comerciais com a finalidade
de realizar viagens. Caracterizam-se como prestadoras de serviços que: informam, organizam e
tomam medidas necessárias, em nome de uma ou mais pessoas que desejam viajar; oferecem
serviços relativos a transportes, hospedagens e manifestações turísticas de todos os tipos;
organizam viagens individuais ou colectivas a um preço determinado, podendo ser por meio de
programas estabelecidos por elas mesmas ou por livre escolha do cliente.

Por sua vez, a agência de viagens, pela sua organização, pessoal especializado e informações
disponíveis, proporciona ao cliente todos os elementos para a realização de viagens seguras e bem
organizadas.

De acordo com o autor acima citado, podemos considerar como sendo as agências de viagens,
entidades cuja função e de prestar serviços de viagens ao cliente ou consumidor assegurando deste
modo todo o sistema de segurança e o destino escolhido pelo consumidor. Por sua vez, estas
agências de viagem devem estar em conformidade pelos pressupostos legais para o seu exercício
respeitando deste modo os direitos civis. Por sua vez, estas agências de viagem desempenham um
papel de extrema importância para o desenvolvimento das agencias turísticas em um determinado
ponto.

Definição de Contratos de Viagem

De acordo com Ribeiro (2019, p. 17), o contrato de viagem organizada, paralelamente ao contrato
de transporte aéreo, surge acompanhando a evolução das condições econômicas da sociedade. De
fato, se recuarmos umas décadas verificámos que o turismo não estava ao alcance da generalidade
da população. Todavia, na atualidade, devido à melhoria das condições econômicas e à redução
dos custos, a procura do turismo aumentou. Consequência daquele aumento do turismo foi o
surgimento de cada vez mais agências de viagens e turismo como forma de facilitar o mercado de
viagens. Tornou-se, pois, necessário regulamentar a atividade das mesmas, com a finalidade de
proteger o consumidor/viajante que se encontra em situação de desigualdade perante tais
prestadores de serviços.

Contratos de transporte
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De acordo com a definição de Pontes de Miranda Apud Jus.com.br (2015) “contrato de transporte
é o contrato pelo qual alguém se vincula, mediante retribuição, a transferir de um lugar para a outra
pessoa ou bens”.

O contrato de transporte se compõe de três elementos: o transportador, o passageiro e a


transladação. O passageiro pode ser o que adquiriu a passagem ou o que a recebeu deste.

Este tipo de contrato apresenta-se como típico, distinto das figuras clássicas do direito contratual.
O que o caracteriza principalmente é atividade desenvolvida pelo transportador, de deslocamento
físico de pessoas e coisas de um local para outro, sob sua total responsabilidade.

Não basta, todavia, efetuar o deslocamento de pessoas e coisas de um lugar para o outro. É essencial
que o objeto da avença seja especificamente o deslocamento, pois a relação de transporte pode
apresentar-se como acessória de outro negócio jurídico.

O contrato de transporte gera, para o transportador, obrigação de resultado, qual seja, a de


transportar o passageiro são e salvo, e a mercadoria, sem avarias, ao seu destino. Denomina-
se cláusula de incolumidade a obrigação tacitamente assumida pelo transportador de conduzir o
passageiro incólume ao local do destino.

Embora tenha características próprias, o contrato de transporte “rege-se, no que couber, pelas
disposições relativas a depósito”, quando a coisa traslada é “depositada ou guardada nos armazéns
do transportador”.

Nos dizeres de Da SILVA (2006, p. 14), assim, o contrato de transporte aéreo de passageiros é o
contrato pelo qual uma das partes se obriga perante a outra, a deslocar de um ponto geográfico para
outro, passageiros ou mercadorias, através de uma aeronave.

Os sujeitos neste tipo de contrato são habitualmente um transportador, isto é, uma empresa que se
dedica ao transporte de passageiros, e o passageiro (pessoa singular) ou terceiro que realiza o
contrato em nome de outro, nomeadamente, as agências de viagens. O objeto do contrato de
transporte aéreo será uma prestação de serviço de condução de um indivíduo e sua bagagem de um
ponto geográfico a outro, tendo que especificar o meio usado nessa deslocação. A obrigação de
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especificar o meio de transporte advém da necessidade de que quem usufrui da prestação do serviço
de transporte saber em que condições o fará e os tempos decorrentes da viagem.

Natureza jurídica

Inicialmente muito se divergia sua natureza, ela era confundida com locação de serviços,
empreitada, depósitos, misto de locação e depósito, todas essas são comparações equivocadas,
embora a semelhança e a congruência de alguns dos princípios entre tais institutos, não se
incorrelata pois, a afinidade com o depósito que é palpável, tanto que o art. 751 do Código Civil
estabelece que a coisa depositada ou guardada nos armazéns do transportador, em virtude de
contrato de transporte, reger-se-á, no que couber, pelas disposições relativas ao depósito.

O contrato de transporte constitui típico contrato de adesão, em que as cláusulas são previamente
estipuladas por uma das partes, às quais a outra simplesmente adere.

Há também um regulamento previamente estabelecido pelo transportador, com base em normas


legais, ao qual o passageiro adere ou não. Ao tomar um ônibus, por exemplo, com o pagamento da
passagem, o transportado adere ao regulamento da empresa. Esta assume a obrigação de conduzi-
lo ao seu destino, são e salvo.

Além de ser contrato de adesão, o contrato de transporte é também bilateral ou sinalagmático,


porque gera obrigações recíprocas. Os contratos bilaterais em geral exigem equivalência das
prestações. Essa equivalência, entretanto, tem características próprias no contrato de transporte
coletivo, pois o preço da passagem pago pelo passageiro é inferior ao benefício que recebe.

O código de defesa do consumidor (CDC) foi publicado em 1990, devendo ser aplicado toda vez
que se estiver diante de uma relação de consumo, ou seja, devendo ser aplicado toda vez que se
estiver diante de uma relação de consumo, ou seja, entre consumidor e fornecedor, que e o tipo de
relação que envolve agencias de turismos e turistas. Esta e uma lei de ordem publica, ou seja, há a
obrigatoriedade do seu comprimento, no sentido de limitar a vontade das partes, não podendo haver
a escolha da lei a ser utilizada (Da SILVA, 2006, p. 32).
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Para Carvalho Neto (2002 apud FEUZ, 2003, p. 124) citado por Da SILVA (2006, p. 26), a lei de
ordem publica e aquela cuja obediência e obrigatória e sus dispositivos não podem ser desatendidos
ou relevados. Com esta, CDC, entre outros, estabelece:

 Os conceitos de consumidor e fornecedor;


 A política nacional de relações de consumo;
 Os direitos básicos do consumidor;
 Os padrões de qualidade de productos e serviços e da perenção e da reparação dos danos.
 As práticas comerciais que envolvem as relações de consumo;
 A proteção contractual;
 As sanções administrativas e sistema de defesa do consumidor.

Responsabilidades das Partes


No que concerne as responsabilidades das partes, e importante fazer menção dos contratos, que em
linhas gerais, e um acordo onde as pessoas assumem obrigações entre si. De acordo com o Código
de defesa do Consumidor, não são permitidas clausulas que diminuam a responsabilidade do
fornecedor no caso de dano ao consumidor ou possibilitem ao fornecedor modificar qualquer
contrato sem a autorização do consumidor, (Da SILVA, 2006, p. 28).

A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva e um dos direitos básicos do consumidor. Neste
tipo de situações tem se por enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de
caracter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade,
quantidade, propriedade, origem, preço e quaisquer outros dados sobre productos e serviços.

Disciplina Jurídica das Agências de Viagem

Seguro de Responsabilidade Civil


O transportador não pode, com efeito, transportar coisa cuja a natureza, espécie ou qualidade
desconhece. Deve ser corretamente informado do conteúdo da embalagem não só para que possa
tomar as providências necessárias e especiais em alguns casos, como também para que possa
exercer o direito de recusar a transportá-la, seja por se tratar de coisa cujo transporte ou
comercialização não sejam permitidos, seja por vir desacompanhada dos documentos exigidos por
lei ou regulamento, seja mesmo por inadequação da própria embalagem, suscetível de ensejar risco
à saúde das pessoas e a danificar o veículo e outros bens (CC, arts. 746 e 747).
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O recibo da entrega ou conhecimento de transporte é também denominado conhecimento de frete


ou de carga. Consiste em documento emitido pelo transportador para comprovação da conclusão
do contrato, do recebimento da mercadoria e das condições do transporte. Constitui título de
crédito, embora impróprio, gozando dos princípios da literalidade, cartularidade e autonomia. Pode
ser transferido por simples endosso. A responsabilidade do transportador é “limitada ao valor
constante do conhecimento” (CC, art. 750).

Essa responsabilidade começa no momento em que, diretamente ou por seus prepostos, recebe a
coisa; e “termina quando é entregue ao destinatário, ou depositada em juízo, se aquele não for
encontrado” (art. 750) ou se houver dúvida sobre “quem seja o destinatário” (art. 755). Até a
entrega da coisa, “pode o remetente desistir do transporte”, pedindo-a de volta ou ordenando seja
entregue a outro destinatário, “pagando, em ambos os casos, os acréscimos de despesa decorrentes
da contra-ordem, mais perdas e danos, que houver” (art. 748).

No caso de “perda parcial ou de avaria não perceptível à primeira vista” o destinatário conserva a
sua “ação contra o transportador, desde que denuncie o dano em dez dias a contar o transportador
a contar da entrega (art. 754, § único). O dispositivo em apreço ressalva as hipóteses em que não
se torna possível perceber o dano ou avaria à primeira vista. Esse dispositivo é especifico para o
contrato de transporte e ao meio a que se destina e afasta, em principio, a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, em matéria de prazos decadenciais.

Se a coisa estiver depositada nos armazéns do próprio transportador, permanecerá ele como
depositário (CC, art. 751), responsável por sua guarda e conservação, sendo lhe devida, porém,
uma remuneração pela custódia, a qual poderá ser contratualmente ajustada ou se conformará aos
usos adotados em cada sistema de transporte (art. 753, § 4°).

O transporte de coisas
Neste tipo de contrato participam, em regra, três personagens: a) o expedidor ou remetente; b) o
transportador, sendo este o que recebe a coisa com a obrigação de transportá-la; c) o destinatário
ou consignatário, pessoa a quem a coisa é destinada.

É importante que a coisa transportada seja descrita ou especificada de modo a não se confundir
com outra. Por essa razão, ao ser entregue ao transportador, “deve estar caracterizada pela sua
natureza, valor, peso e quantidade”, devendo ele, ao recebê-la, emitir conhecimento, “com a
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menção dos dados que a identifiquem, obedecido o disposto em lei especial” (CC, arts. 743 e 744).
Se vier a sofrer prejuízo em virtude de “informação inexata ou falsa descrição” da coisa
transportada, será o transportador indenizado”, devendo a ação ser ajuizada no prazo decadencial
de cento e vinte dias.

Responsabilidade civil das agências de viagens


As agências de viagens e turismo são responsáveis perante os seus clientes pela execução dos
serviços de viagem incluídos no contrato de viagem” ainda que os serviços devam ser executados
por terceiros. Assim, encontra-se legalmente prevista a responsabilidade das agências de viagens e
turismo por danos resultantes do incumprimento ou cumprimento defeituoso do contrato
(responsabilidade subjetiva). Tendo em consideração que, o contrato celebrado entre a agência de
viagens e o viajante é um contrato de adesão, para que este seja eficaz entre as partes contratantes,
é necessário que seja entregue ao viajante o documento de reserva, o programa, bem como as
respetivas informações normalizadas, após a verificação do pagamento (ainda que parcial) da
viagem (Ribeiro, 2019, p. 43).

O Decreto-Lei n.º 17/2018 estipula várias obrigações da agência de viagens para com o viajante
consumidor, das quais aqui se destacam, a obrigação de informação e a obrigação de entrega aos
clientes dos documentos necessários para a obtenção do serviço vendido.

Contudo, as agências de viagens não estão isentas de medidas que podem variar de multas, ate
mesmo a suspensão das actividades de acordo com a transgressão cometida que por sua vez são
chamadas a respeitar os direitos dos consumidores.
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Conclusão
Em guia conclusiva, e de realçar que as agências de viagem desempenham um papel de extrema
importância no diz respeito as actividades turísticas, que por sua vez deem estar em conformidades
com os aspectos legais para o seu exercício.

No que se refere a sua natureza jurídica, os contratos de viagens são feitos de com base em
fundamentos contractuais que regem o sistema de transporte de pessoas e bens bem como das
clausulas estipuladas pelas partes envolvidas no contrato, isto é, o consumidor e a agência de
viagem.
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Referências Bibliográficas
BENI, Mário Carlos; analise estrutural do turismo, 8ª ed, São Paulo, SENAC, 2023.

Da SILVA, Andreia M., M., Relações jurídicas entre agências de turismo e turistas consumidores:
Problemas e conflitos em porto Alegre/RS. Universidade de Caxias do Sul – Mestrado Académico
em Turismo. Caxias do Sul. 2006.

FIGUEIRA, Laura Fernandes & RIGOBELLE (2015), Semile Maria da Silva ; Contrato de
transporte o que é? Acessado em https://jus.com.br/artigos/37584/contrato-de-transporte-o-que.

RIBEIRO, André C. M., A Responsabilidade Civil das Agências de Viagens e Turismo, em especial
no âmbito das transportadoras aéreas; Escola Superior De Tecnologia E Gestão Politécnico Do
Porto; Porto; 2019.

-Código Civil Anotado. 4.ª Ed. Coimbra : Coimbra Editora, 2011. Vol. Volume II. ISBN 978-972-
407680-5.

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