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CONTRATOS EM ESPÉCIE

Caso: Contratos contemporâneos - os dilemas civilistas do contrato de transporte


seja ou não por meio de aplicativos.

1. Introdução:

Neste artigo será abordado, de forma ampla e profunda, a visão jurídica sobre os
‘contratos contemporâneos - os dilemas civilistas do contrato de transporte seja ou não
por meio de aplicativos.’ O mesmo será embasado em um caso hipotético, contudo
corriqueiro na sociedade brasileira, de uma batida envolvendo terceiros (caminhão da
prefeitura) e um meio de transporte oriundo de aplicativos, no qual apura-se a
responsabilidade civil de todas as partes sobre o tratamento e a perda de uma chance.

Dessa forma, torna-se importante ressaltar o ordenamento jurídico brasileiro, onde


será baseado todo o estudo do presente trabalho, mais especificamente na Lei 10.406, de
10 de janeiro de 2002, conhecida como Código Civil.

2. O conceito de contrato de transporte:

De modo a proporcionar o debate sobre responsabilidade civil dos envolvidos no


caso em questão, deve ser destacado e considerado o contrato de transporte. Ele é definido
como todo contrato que tem como objetivo obrigar alguém a transportar, mediante
retribuição, de um lugar para o outro, pessoas ou coisas.

O contrato de transporte, em sua maioria, são contratos de adesão, e encontram-se


presentes nos transportes provenientes de aplicativos, objetos do caso em questão. Neste
tipo de contrato as partes envolvidas não negociam de forma aprofundada as condições
dispostas no mesmo, as cláusulas são previamente estipuladas por uma das partes, às quais
a outra simplesmente adere. Nele, destaca-se que a responsabilidade civil do
transportador pode ser quanto aos passageiros ou em relação aos terceiros.

3. Características do contrato de transporte:

O contrato de transporte, acima definido, pode ser caracterizado como:


I. Bilateral: Gera obrigações mútuas, tanto para o transportador quanto ao
passageiro.

II. Consensual: É gerado através do consentimento recíproco das partes.

III. Oneroso: Há a obrigação de pagamento.

IV. Comutativo: Existem obrigações e vantagens que cada parte adquire e desfruta.

V. Não solene: Para a sua execução não há a obrigatoriedade de formalidade.

VI. Duração: A execução do contrato se dá de forma prolongada e continuada.

VII. Adesão: As cláusulas são previamente estipuladas por uma das partes, às quais a
outra simplesmente adere.

4. A responsabilidade do transportador (Uber contratado) nos casos de


tratamento e perda de uma chance:

Para melhor entendimento do caso em questão aplica-se o disposto no Artigo 389 e


seguintes do Código Civil. Os artigos destacados contemplam, entre diversas espécies de
contratos, o contrato de adesão, usado para o transporte de passageiros. Nesses tipos de
contrato, conforme exposto anteriormente, a responsabilidade do transportador pode ser
quanto aos passageiros ou em relação aos terceiros.

Vale destacar, portanto, que a responsabilidade do transportador é objetiva. Neste


tipo de responsabilidade, diferentemente da responsabilidade subjetiva, todo dano torna-
se indenizável, e deve ser reparado, desde que o agente se ligue ao resultado por um nexo
de causalidade.

Existem no Código Civil previsões que excluem a responsabilidade de agente


causador do dano, quais são:
I. Fato de terceiro:
Em algumas situações, a ato causador do dano pode não ser provocado pelo agente,
mas sim por terceiro. Neste caso, o fato de terceiro deve ser efetivamente provado pelo
causador aparente do dano, ligando a conduta de terceiro ao evento danoso.

II. Caso fortuito interno e externo:

O caso fortuito interno se caracteriza por toda situação causada pela


imprevisibilidade, gerada através de uma forma interna, como: perda do freio, estouro do
pneu, falha do motor.

O caso de fortuito externo, ainda é proveniente de ato imprevisível, porém, são


entendidos como acontecimentos naturais, como chuvas fortes, inundação etc.

Ressalta-se que apenas o fortuito externo afasta a responsabilidade de indenização


da perda de uma chance, o que demonstra a alta responsabilidade do transportador.

III. Fato exclusivo do passageiro:

Havendo culpa exclusiva do passageiro, esta exonera o transportador de arcar com


eventuais indenizações decorrentes de responsabilidade civil. Isto porque quem dá causa
ao evento é o próprio passageiro, e não o transportador.

Sendo estas as formas de exclusão da responsabilidade civil, torna-se evidente que


no caso em concreto o motorista do Uber terá direito a não indenizar o passageiro pelo
tratamento e perda de uma chance. A batida foi gerada por um fato de terceiro, que
efetivamente provada a culpa do terceiro (caminhão da prefeitura) pelo dano, o motorista
não poderá ser responsabilizado.

5. A responsabilidade da Prefeitura:

A responsabilidade subjetiva tem como um de suas principais características a


culpa do agente. Para sua caracterização é fundamental que a culpa seja demonstrada
por meio de provas ou através de presunção.

No caso em questão, o caminhão da prefeitura deve ser responsabilizado pelos


danos causados visto que o mesmo possui culpa ao gerar o fato, dirigindo de modo
imprudente. Destaca-se que imprudência do motorista eliminou as possibilidades de
emprego do passageiro e ainda o causou ferimentos graves.

Portanto, por ter sido um ato ocasionado por fato de terceiro, exclui-se a
responsabilidade de indenização do motorista do Uber. Mas sim, inclui-se a
possibilidade de indenização pelo motorista do caminhão gerada pela culpa no acidente
em questão.

6. Conclusão:

Diante do exposto, é evidente a importância da discussão jurídico-civilista sobre a


responsabilidade civil nos contratos de transporte. Em nosso cotidiano temos situações
diárias de batidas, acidentes, que devem ser responsabilizadas e indenizadas, de acordo
com o real causador do fato.

Por isso, o caso em questão vai além do significado propriamente acadêmico, mas
sim, nos possibilitar a entender e proteger todos que estão envolvidos em um contrato de
transporte.

7. Referências bibliográficas:

Nexo causal e excludentes da responsabilidade extracontratual do Estado - Disponível


em:http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&ar
tigo d=2635. - Acesso em: 24/05/2019.

A responsabilidade civil no direito brasileiro - Disponível em:


https://thiagoloures.jusbrasil.com.br/artigos/252980985/responsabilidade-civil-
ambiental-da-mineradora-samarco-pelo-rompimento-das-barragens-em-minas-gerais -
Acesso em: 24/05/2019.

Responsabilidade civil: origem e pressupostos gerais – Disponível em:


http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11875 - Acesso em:
24/05/2019.

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