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Contratos de transporte

O contrato de transporte é um conceito fundamental no direito civil e


comercial que estabelece uma relação jurídica entre uma pessoa ou empresa
que se compromete a transportar bens ou pessoas de um local para outro, e
outra pessoa ou empresa que contrata este serviço. O contrato de transporte é
regulado por legislações específicas em cada país e envolve direitos, deveres e
responsabilidades para ambas as partes envolvidas.
O objetivo principal do contrato de transporte é permitir a transferência
segura e eficiente de mercadorias ou passageiros de um lugar para outro,
mediante pagamento de uma remuneração acordada. Essa remuneração pode
ser fixada antecipadamente ou calculada com base em critérios como a
distância percorrida, o peso das mercadorias ou outros elementos relevantes.
Uma característica essencial do contrato de transporte é a obrigação do
transportador de entregar os bens ou passageiros ao destino acordado, dentro
do prazo estipulado e em condições adequadas de segurança. O transportador
é responsável pela guarda, cuidado e integridade das mercadorias ou
passageiros durante todo o trajeto, a menos que ocorram circunstâncias
excepcionais e imprevisíveis que estejam fora de seu controle, como desastres
naturais ou eventos de força maior.
O contrato de transporte pode ser realizado de diversas formas, como
por meio de contratos individuais entre o transportador e o contratante, ou por
meio de contratos de adesão, nos quais são estabelecidas condições gerais
aplicáveis a múltiplos contratos de transporte. Além disso, o contrato de
transporte pode abranger diferentes modos de transporte, como terrestre,
marítimo, aéreo ou ferroviário, e pode envolver empresas especializadas em
cada um desses modos ou operadores multimodais que combinam vários
modos de transporte em uma única operação.
No contrato de transporte, o transportador assume uma série de
obrigações, tais como: transportar os bens ou passageiros de forma segura e
eficiente, seguindo as normas e regulamentos aplicáveis, cuidar
adequadamente dos bens ou passageiros durante todo o trajeto, entregar os
bens ou passageiros ao destino acordado dentro do prazo estipulado, e emitir
documentos de transporte, como conhecimento de embarque ou bilhetes,
quando aplicável, além de indenizar o contratante por eventuais danos ou
perdas decorrentes do transporte, exceto nos casos de força maior ou
circunstâncias imprevisíveis.
Por sua vez, o contratante também possui obrigações, como o
pagamento da remuneração acordada, o fornecimento de informações precisas
e corretas sobre as mercadorias a serem transportadas, e a observância de
eventuais obrigações relacionadas ao embalamento ou acondicionamento
adequado dos bens.
Caso ocorram violações ou descumprimentos das obrigações previstas
no contrato de transporte, as partes envolvidas possuem meios legais para
buscar reparação. Isso pode incluir ações judiciais para exigir o cumprimento
do contrato, indenizações por danos causados, ou outras medidas previstas na
legislação aplicável

Natureza jurídica do contrato de transporte


O código civil é o responsável por regular o contrato de transporte no
direito brasileiro, entre os art. 730 ao 756. No novo código civil, o capítulo XIV
está destinado ao Transporte. Dividido em “Disposições Gerais”, “Transporte
de Coisas” e “Transporte de Pessoas”. Essas normas estabelecem as
obrigações e os direitos das partes, como as responsabilidades do
transportador em relação à segurança e integridade dos bens ou das pessoas
transportadas, bem como as obrigações do contratante em relação ao
pagamento e à prestação de informações necessárias para a realização do
transporte.
É disposto no art. 731, que em se tratando de transporte exercido por
meio da autorização, concessão ou permissão, os mesmos serão regidos pelas
normas regulamentares e pelo que for estabelecido naqueles atos.

Ainda em relação ao código civil, o art. 732 determina que os contratos


são cabíveis desde que não entrem em conflito com as disposições prevista no
CC ou nos preceitos constantes da legislação especial e de tratados e
convenções internacionais.
Art. 732. Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis, quando couber, desde
que não contrariem as disposições deste Código, os preceitos constantes da
legislação especial e de tratados e convenções internacionais.
No art. 733, é abordada a hipótese do contrato de transporte cumulativo.
Nesse caso, existe a contribuição de mais de um transportador para um
mesmo objeto ou pessoa.
Art. 733. Nos contratos de transporte cumulativo, cada transportador se obriga a
cumprir o contrato relativamente ao respectivo percurso, respondendo pelos danos
nele causados a pessoas e coisas.
A Súmula 161 do STF diz:
“Em contrato de transporte, é inoperante a cláusula de não indenizar.”
Ou seja, é estabelecido que em casos que haja uma cláusula contratual que
estabeleça a exclusão da responsabilidade por danos causados durante o
transporte, essa cláusula não terá validade jurídica. Essa súmula foi editada
pelo STF para garantir a proteção dos direitos dos consumidores.

Responsabilidade Civil e o transporte de pessoas

No transporte de pessoas, a responsabilidade civil do transportador é


regulamentada pelo Código Civil Brasileiro e pelo Código de Defesa do
Consumidor. O transportador é responsável pela segurança e integridade física
dos passageiros durante todo o trajeto do transporte, desde o embarque até o
desembarque.
Caso ocorra algum acidente ou incidente que cause danos aos
passageiros, o transportador pode ser responsabilizado civilmente e ter que
arcar com os prejuízos decorrentes. É importante que o contrato de transporte
de pessoas estabeleça cláusulas que determinem a responsabilidade do
transportador em caso de acidentes ou incidentes, bem como as condições de
indenização dos passageiros em caso de danos.
Os artigos mais importantes sobre a responsabilidade civil dos contratos
de transporte são os artigos 734 a 756 do Código Civil brasileiro.
Art. 734: "O transportador responde pelos danos causados às pessoas
transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer
cláusula excludente da responsabilidade".
Esse artigo estabelece a responsabilidade objetiva do transportador
pelos danos causados aos passageiros e suas bagagens durante o transporte.
Além disso, proíbe cláusulas contratuais que excluam essa responsabilidade.
Art. 738: "A responsabilidade do transportador abrange os danos decorrentes
de atraso no transporte de pessoas ou coisas, salvo motivo de força maior".
Esse artigo estabelece que o transportador também é responsável pelos
danos decorrentes de atrasos no transporte, a menos que haja motivo de força
maior.
Art. 746: "O transportador não é responsável pelos danos causados às
mercadorias transportadas quando provada a sua culpa exclusiva de terceiro, de
quem não seja preposto seu".
Esse artigo estabelece uma exceção à responsabilidade objetiva do
transportador, pois ele não será responsável pelos danos causados às
mercadorias transportadas quando ficar comprovado que a culpa foi exclusiva
de terceiro, que não seja seu preposto.
Art. 755: "O transportador é obrigado a provar que fez o transporte em
condições de segurança".
Esse artigo inverte o ônus da prova, ou seja, cabe ao transportador
provar que cumpriu com as condições de segurança exigidas para o transporte,
em vez de o passageiro ou o proprietário da carga terem que provar a
negligência ou culpa do transportador.
Esses são apenas alguns exemplos dos artigos mais importantes sobre
a responsabilidade civil dos contratos de transporte. Eles visam proteger os
direitos dos passageiros e proprietários de cargas em caso de danos ou
prejuízos causados durante o transporte contratado.

Transporte de Coisas e responsabilidade civil

A responsabilidade civil nos contratos de transporte se aplica tanto no


transporte de coisas quanto no transporte de pessoas. é uma atividade
essencial para o funcionamento da sociedade moderna. Ele desempenha um
papel fundamental na economia, permitindo o deslocamento de bens e
indivíduos de forma eficiente e segura. No âmbito do Direito Civil, há diversas
disposições legais que regulamentam essa atividade, visando proteger os
direitos e interesses das partes. No transporte de coisas, a responsabilidade
civil do transportador é estabelecida pela legislação específica de cada
modalidade de transporte (terrestre, marítimo, aéreo, entre outros).

No transporte de coisas há de se convir que existem três sujeitos. O


primeiro sujeito é o remetente, aquele que irá entregar a coisa ao segundo
sujeito e demandará o local a ser entregue. O segundo sujeito é o
transportador, sujeito que irá receber do remetente a coisa e promoverá o
transporte até o terceiro sujeito. O terceiro e último sujeito é o destinatário,
também chamado de consignatário, é o sujeito que irá receber a coisa das
mãos do transportador, podendo existir casos em que o destinatário seja o
mesmo sujeito do remetente.

Cabe ressaltar que a coisa que será transportada é todo e qualquer tipo
de carga, incluindo a carga viva e excluindo as pessoas.

Remetente:

Ao remetente recaem alguns deveres e direitos.

Deveres

 Dever de caracterizar a coisa entregue ao transportador pela sua


natureza, valor, peso e quantidade.
 Dever de indicar o destinatário pelo menos com o nome e endereço.
 Dever de acondicionar a coisa em condições satisfatórias.

Direitos

 Direito assegurado ao remetente de alterar o local de entrega da coisa


por local adverso do estipulado primeiramente, desde que a mesma
ainda não tenha sido entregue ao destinatário.
 Direito assegurado de ser indenizado no caso de furto, perda, ou
qualquer avaria que venha acontecer com a coisa. Desde que sua causa
não seja por força maior ou um caso fortuito, motivos de culpa exclusiva
da vítima ou ainda o fato de terceiro, devendo ser provado por parte do
transportador que os prejuízos são oriundos desse fato, sem a sua
culpa.

Há de se destacar que o remetente também possui responsabilidade civil


sobre a coisa transportada. O remetente será responsabilizado civilmente
quando a coisa entregue vir a ocasionar algum prejuízo ao transportador como
pode ocorrer em caso de carga viva (animais), devendo ele provar que a coisa
é causa deste prejuízo. Em casos assim, o remetente é responsável civilmente
por danos causados pelos animais, devendo o transportador provar que o
causador do dano material foi a coisa.

Transportador

Assim como o remetente, o transportador possui deveres, direitos e


responsabilidade civil no transporte da coisa.

Deveres:

 Dever de recusar a coisa cujo transporte ou comercialização não sejam


permitidos, ou que venha desacompanhada dos documentos exigidos
por lei ou regulamento.
 Dever de efetuar a devolução da coisa ou a mudança de destino a
requerimento do remetente até o momento que precede a entrega da
coisa ao destinatário.
 Dever de conduzir a coisa até o destino estipulado pelo remetente,
tomando todos os cuidados necessários a fim de manter a mercadoria
em bom estado e entregá-la no prazo ajustado ou previsto.
 Dever de expedição de conhecimento.

Direitos:
 É assegurado ao transportador reter a coisa transportada, a título de
pagamento de frete.
 Reajustar o valor do frete nos casos que ocorrer o direito de variação de
consignação por parte do remetente.
 Efetuar o transporte cumulativo, ou seja, direito de efetuar a chamada
terceirização do serviço em determinados trechos.
 É assegurado ao transportador o direito de aceitar ou não a coisa a ser
transportada, cabendo a ele próprio avaliar os riscos do transporte.
 Depositar a coisa em juízo quando não encontrado o destinatário por
diversas vezes e não lhe for possível obter instruções sobre o mesmo
com o remetente.
 Se em virtude de demora puder ocasionar a deterioração da coisa, pode
o transportador vendê-la e efetuar o depósito do valor em juízo.

No que diz respeito à responsabilidade civil do transportador de coisas, esta


se limita ao valor declarado da mercadoria pelo remetente, começando no
momento da entrega dela ao transportador ou seu preposto e encerrando-se no
momento de entrega ao destinatário ou no momento do deposito em juízo, nos
casos em que o destinatário não for encontrado. Nos casos de transporte
cumulativo, respondem todos os transportadores de forma solidária por
qualquer dano, perda ou extravio, até que seja feita uma apuração e
encontrado o verdadeiro responsável para que seja responsabilizado de forma
integral. O transportador é responsável por qualquer fato que incida sobre a
coisa dentre estes, a perda, o dano, o extravio e outros, respondendo de
maneira objetiva. É importante ressaltar que o transporte de coisas pode ser
realizado por via aérea, ferroviária, marítima ou rodoviária.

Destinatário

Da mesma forma que o remetente e o transportador, o destinatário possui


deveres, direitos e responsabilidade civil sobre a coisa. Sendo estes os
deveres:
 Retirar a coisa no local de desembarque quando não acertado o local da
entrega, não possuindo o direito de ser avisado quando da chegada da
coisa.
 Conferir a coisa entregue e apresentar reclamações, sob pena de
decadência dos direitos.

Em relação aos direitos do destinatário, temos:

Direitos

 Receber a coisa no estado que foi entregue pelo remetente ao


transportador.
 Demandar ação nos casos de perda parcial ou de avaria não perceptível
à primeira vista, desde que denuncie o dano em um prazo de 10 (dez)
dias, a contar da data de entrega da coisa.

A responsabilidade civil do destinatário, passa a ser do mesmo no


momento em que este recebe a coisa do transportador ou nos casos em
que o destinatário for retirar a coisa.

O transporte de pessoas e coisas é uma atividade regulamentada pelo


Direito Civil, que estabelece os direitos e deveres dos envolvidos nessa relação
jurídica. Os dispositivos legais demonstram a importância da responsabilidade
civil do transportador, do cumprimento das obrigações contratuais, do respeito
aos deveres do transportador e da obrigação de indenizar eventuais danos
causados durante o transporte. Essas disposições têm como objetivo proteger
os direitos e interesses das partes envolvidas, assegurando a segurança e a
adequada prestação do serviço de transporte.

É fundamental que tanto os transportadores quanto os usuários estejam


cientes dos direitos e deveres estabelecidos pela legislação civil, a fim de
garantir relações justas e equilibradas. Os transportadores devem cumprir com
os prazos, lugares e formas acordados, além de zelar pela segurança das
pessoas e bens transportados. Em casos de danos, o transportador deve
assumir a responsabilidade e indenizar os prejudicados, salvo se configurada
uma situação de força maior que o exima dessa responsabilidade.

Por sua vez, os usuários do transporte devem estar atentos aos termos
contratuais e buscar informações claras e precisas antes de contratar o serviço.
Em caso de danos causados durante o transporte, é importante documentar as
ocorrências, reunir evidências e buscar a reparação adequada pelos prejuízos
sofridos.

É válido ressaltar que a temática do transporte de pessoas e coisas é


ampla e complexa, abrangendo diferentes modalidades e regulamentações
específicas para cada uma delas. Além do Código Civil, há também normas e
legislações setoriais que regem o transporte terrestre, aéreo, marítimo, entre
outros.

Portanto, é imprescindível que os envolvidos nessas relações jurídicas


estejam familiarizados não apenas com as disposições gerais do Direito Civil,
mas também com as regulamentações específicas de cada modalidade de
transporte. Dessa forma, poderão exercer seus direitos e cumprir com suas
obrigações de forma consciente e segura.

Além das disposições do Código Civil, existem normas e legislações


setoriais que regulam o transporte de pessoas e coisas nas diferentes
modalidades. A seguir, apresento algumas das principais legislações aplicáveis
a cada modalidade de transporte:

Transporte Terrestre:
 Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997): Regula o
trânsito de veículos terrestres no Brasil, incluindo normas de
segurança e responsabilidade civil.
 Lei nº 11.442/2007: Regulamenta o transporte rodoviário de
cargas realizado por conta própria ou por terceiros.
 Resolução ANTT nº 4.799/2015: Estabelece as normas gerais
para a contratação do transporte rodoviário de cargas no Brasil.
 Norma Regulamentadora Nº 11: trata de procedimentos de
segurança em atividades que envolvam transporte,
armazenamento, manuseio e movimentação de produtos e
materiais em território nacional.

Transporte Aéreo:
 Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei nº 7.565/1986): Regula a
aviação civil no Brasil, incluindo normas sobre responsabilidade
civil, contratos de transporte aéreo e direitos dos passageiros.
 Resolução ANAC nº 400/2016: Dispõe sobre os direitos e deveres
dos passageiros no transporte aéreo, bem como as regras para a
prestação desse serviço pelas companhias aéreas.
Transporte Marítimo:
 Código Comercial Brasileiro (Lei nº 556/1850): Estabelece as
normas gerais do comércio marítimo, incluindo regras sobre
contratos de transporte marítimo e responsabilidade dos
envolvidos.
 Lei nº 9.432/1997: Dispõe sobre a ordenação do transporte
aquaviário no Brasil e estabelece as normas para a exploração
desse tipo de transporte.
 Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
(UNCLOS): Trata de diversos aspectos do transporte marítimo,
como direitos e obrigações dos Estados, navegação em águas
internacionais e responsabilidade por danos causados por navios.

Essas são apenas algumas das legislações mais relevantes em cada


modalidade de transporte. Cabe ressaltar que existem outras normas
específicas, como regulamentos e portarias emitidos por agências reguladoras,
que também são aplicáveis em cada setor.

O transporte de pessoas e coisas é um tema relevante no âmbito do


Direito Civil, com diversas disposições legais que visam garantir a segurança, a
responsabilidade e a justiça nas relações entre transportadores e usuários.
Conhecer e respeitar essas normas é fundamental para que essa atividade
essencial seja realizada de forma adequada e em conformidade com os
princípios do ordenamento jurídico.

Os Regimes de Transporte Cumulativo e Sucessivo, são tipificação


especificadas no Código Civil

O transporte cumulativo significa que vários transportadores estão


envolvidos na movimentação de algo de um ponto a outro. Nesse caso, o
caráter cumulativo decorre da responsabilidade compartilhada entre essas
transportadoras pode-se dizer que no transporte cumulativo, existe um contrato
que rege todas as relações independentemente de haver ou não múltiplos
transportadores. Embora haja uma sucessão de transportadores, não há um
único contrato de transporte neste caso. Em vez disso, há uma cadeia de
contratos independentes. No entanto, deve-se notar que os efeitos jurídicos
dos contratos cumulativos e sucessivos de transporte ainda são matéria de
debate dentro da lei. Apesar das opiniões, vale a pena notar o que o Código
Civil traz com o tráfego cumulativo.

Como consta no Art. 733 – Nos contratos de transporte cumulativo, cada


transportador se obriga a cumprir o contrato relativamente ao respectivo percurso,
respondendo pelos danos nele causados a pessoas e coisas.

§1º – O dano, resultante do atraso ou da interrupção da viagem, será determinado em


razão da totalidade do percurso.

§2º – Se houver substituição de algum dos transportadores no decorrer do percurso, a


responsabilidade solidária estender-se-á ao substituto.

O Art. 756, dispõem sobre a responsabilidade solidária em caso de dano, nos


seguintes termos:

Art. 756. No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores


respondem solidariamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a
apuração final da responsabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia,
por inteiro, ou proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver
ocorrido o dano.
Como fazer um Contrato de Transporte?

Os contratos de transporte são muito diversos, é necessário que o


departamento jurídico esteja atento às peculiaridades de cada tipo de contrato
na sua elaboração, bem como aos objetivos e interesses específicos da
empresa, independentemente do tipo de contrato de transporte, algumas
informações essenciais não podem faltar como:

● identificar as partes, detalhar os serviços que são alvo do contrato de


transporte, especificar quais veículos e modais serão usados no
transporte (Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT), os modais podem ser classificados em: rodoviário; ferroviário;
dutoviário; aquaviário; aéreo;
● elencar as condições mínimas de armazenamento da carga ou de
transporte do passageiro;
● estabelecer o preço a ser pago em moeda local;
● descrever os procedimentos para casos de roubo, extravio ou
devoluções;
● definir tempo de contrato e duração da execução dos serviços (quantas
horas serão percorridas em média a cada itinerário? Em qual prazo deve
a mercadoria chegar ao destino final? Qual o horário de partida do
transportador? Em matéria de tempo e duração, essas são algumas das
perguntas a serem feitas na elaboração do contrato e cabe ainda
especificar nos contratos de transporte em que condições e a que tempo
se dará a renovação deste contrato – quando houver, claro, necessidade
de renovação.)
● especificar qual o foro elegido para judicialização

Gestão de Contratos de Transporte

Embora o processamento de contratos de remessa seja uma instância


crucial do processo de remessa, não se pode presumir que o trabalho esteja
concluído, especialmente para pessoas jurídicas - como empresas de logística
e transportadoras - a gestão de contratos de transporte é necessária, mas
também um assunto complexo e caro.
Padronizar as minutas, controlar prazos de renegociação, monitorar
cláusulas sensíveis e gerir judicialização relacionada ao transporte de cargas e
passageiros são apenas alguns dos desafios dos departamentos jurídicos que
trabalham com contratos de transporte. Dando celeridade e aumentar o
controle sobre todos esses processos essenciais ao negócio, felizmente, já há
soluções de tecnologia disponíveis no mercado.

Jurisprudência

TST-RECURSO DE REVISTA: RR

XXXXX20165090654 AGRAVO.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/17. CONTRATO DE TRANSPORTE.

RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO CONTRATANTE.

Constatando-se que a matéria em debate envolve contrato de transporte


e não terceirização, afasta-se o óbice referido em decisão monocrática para
reconhecer a transcendência política do recurso e viabilizar o julgamento
colegiado do Agravo de Instrumento. Agravo conhecido e provido. AGRAVO
DE INSTRUMENTO. CONTRATO DE TRANSPORTE. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA DO CONTRATANTE. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
Comprovada divergência jurisprudencial válida a respeito do tema "contrato de
transporte-responsabilidade subsidiária do contratante", dá-se provimento ao
agravo de instrumento. Agravo de instrumento conhecido e provido.

RECURSO DE REVISTA. CONTRATO DE TRANSPORTE DE


PRODUTOS. FORMALIZAÇÃO COM EMPRESA TRANSPORTADORA. LEI
N.°11.422/2007.

TERCEIRIZAÇÃO NÃO CARACTERIZADA INAPLICABILIDADE DA


SÚMULA 331, IV, DO TST. 1. O contrato de transporte é regido pela Lei n.º
11.422/2007 e não se concretiza por meio de terceirização ou intermediação de
mão-de- obra, pois o objeto do contrato é o transporte da mercadoria, sem que
se faça presente o requisito da pessoalidade, na medida em que ao contratante
interessa apenas o resultado. 2. Essa situação fica muito bem delineada
quando se percebe que a empresa contratada (empregadora do autor) é
transportadora e não fornecedora de mão-de-obra. 3. A situação fática,
portanto, não está inserida no contexto da Súmula 331 do TST, especialmente
o seu item IV. 4. Impõe-se, pois, o provimento do apelo para afastar a
responsabilidade subsidiária da recorrente. Precedentes de todas as Turmas
do TST. Recurso de revista conhecido e provido.

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