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ANÁLISE DA MEDIDA PROVISÓRIA 1153/2022 de 29/12/2022

Artigo 13º São de contratação exclusiva dos transportadores, pessoas físicas ou


jurídicas, prestadores do serviço de transporte rodoviário de cargas:

I - seguro obrigatório de responsabilidade civil do transportador rodoviário de cargas,


para cobertura de perdas ou danos causados à carga transportada em decorrência de
acidentes rodoviários;

II - seguro facultativo de responsabilidade civil do transportador rodoviário de cargas,


para cobertura de roubo da carga, quando estabelecido no contrato ou conhecimento de
transporte; e

III - seguro facultativo de responsabilidade civil por veículos e danos materiais e danos
corporais, para cobertura de danos causados a terceiros pelo veículo automotor utilizado no
transporte rodoviário de cargas.

§ 1º Cabe exclusivamente ao transportador a escolha da seguradora, vedada a


estipulação das condições e características da apólice por parte do contratante do serviço de
transporte.

§ 2º O seguro de que trata o inciso I do caput poderá ser contratado pelo contratante do
serviço quando for realizada a contratação direta do TAC, hipótese em que o contratante do
serviço ficará responsável por eventuais perdas, sem qualquer ônus ao transportador
autônomo.

§ 3º Ao adquirir coberturas de seguro adicionais contra riscos já cobertos pelas apólices


do transportador, o contratante do serviço de transporte não poderá vincular o transportador ao
cumprimento de obrigações operacionais associadas à prestação de serviços de transporte,
inclusive as previstas nos Planos de Gerenciamento de Riscos - PGR.

§ 4º O seguro de que trata o inciso II do caput não exclui e nem impossibilita a


contratação de outros seguros facultativos para cobertura de furto simples e qualificado,
apropriação indébita, estelionato, extorsão simples ou mediante sequestro, ou quaisquer outros
sinistros, perdas ou danos causados à carga transportada.

§ 5º O seguro de que trata o inciso III do caput poderá ser feito em apólice globalizada,
que envolva toda a frota, sem a necessidade de listagem individual dos veículos.” (NR)

Em analise a Medida Provisória 1153/2022, e 29 de dezembro de 2022, a princípio cabe


salientar que não afeta os contratos em vigor, apenas para novos contratos, inclusive as
renovações por analogia ser uma extensão de contrato, poderá seguir sem mudanças.

Para melhor interpretação justa e legalista, o direito adquirido veio com advento da
promulgação da Constituição Federal de 1988, a doutrina e a jurisprudência vem entendendo
que este conceito é referente a fato licito consumado no mundo jurídico e estabelece a
irretroatividade da lei e a própria segurança jurídica, ou seja, uma norma ou uma lei não pode
vir e mudar aquele que já foi pactuado, em especial para prejudicar direitos e deveres, existem
exceções, mas nenhuma delas estão inseridas na Medida Provisória em epigrafe.
As apólices de RCTR-C não poderão ser contratadas por terceiros, apenas e pelo
interessado, (transportador), ou seja, os embarcadores que têm por habito essa prática, não
poderão mais contratar, com exceção quando for motorista – transportador autônomo.

A medida provisória tentou coibir a pratica do “ad valorem” (frete valor) que é fortemente
praticado no dia a dia, mas procurou proteger aquele motorista autônomo -TAC, pequeno
empresário que possui seu único veículo transportador, extensivo e por analogia, aquela
empresa de transporte de u único caminhão, sem frota terceirizada, ou seja, visou a proteção
do menos favorecido, que, em tese, não teria capacidade e condições de contratar um seguro
para seguir com sua profissão.

Esse ponto da Medida Provisória que abarca e exclusão da contratação do seguro de


RCTR-C por meio do embarcador, certamente é menos complexa e o mercado vai se adaptar a
realidade. As apólices em vigor permanecem sem alterações, já que me face ao preceito
constitucional de direito adquiro e o preceito do direito civil que a liberdade contratual deve ser
respeitados, não se pode mudar a regra do jogo de determinado contrato em vigor.

No que tange a parte que considero mais sensível que é a DDR – Direito de Dispensa de
Regresso, concedida nos seguros contratados pelos embarcadores aos seus transportadores,
não houve tacitamente sua extinção, mas apenas uma mudança que deve ser adaptada
facilmente a realidade do nosso mercado. Atualmente a DDR pode ser desconsiderada,
quando há culpa grave do transportador e não cumprimento do PGR – Plano de
Gerenciamento de Risco, nestes dois fatos não haverá mudanças. O que efetivamente muda
será a aceitação ou não do transportador nas condições do PGR estabelecidas pelo
embarcador e seu segurador, porque a Medida provisória é clara e cristalino no que se refere
que o PGR deve ser validada pelo transportador. Simples, se o transportador não aceitar as
condições do embarcador e seu segurador não será concedida a DDR, ficando extremamente
exposta a situação do transportador que por sua vez será alvo de inúmeras ações de regresso.

Neste diapasão a questão do DDR vai melhorar a parte comercial das corretoras e
haverá um aumento significativo de apólices de seguro pleiteadas pelos transportadores,
porque muitos seguradores não vão aceitar as condições de PGR impostas pelo transportador,
haja vista, que a MP traz esse benefício a eles. Isso de fato fará que os transportadores
contratem além das apólices de RCTR-C, passem a contratar suas próprias apólices de RCF-
DC, o que certamente trará um aumento significativo de prêmios na área de transporte, ou seja,
o que a princípio se vê com medo e receio, passará a ser um bom negócio pelo menos para o
mercado de seguros.

O transportador terá que ser orientado de forma clara e expressa, porque uma vez que
não haja adesão as condições de PGR, não haverá direito a DDR, ou seja, havendo roubo da
mercadoria deverá arcar com o prejuízo, já que a atividade do transportador é de resultado e
não de fim, ,isto é, o transportador tem obrigação por força de lei receber e entregar a
mercadoria ou for determinado na mesma forma que a recebeu, não ocorrendo é responsável
em indenizar seu proprietário ou quem suas vezes fizer (segurador).

Não havendo a concessão da carta de DDR o transportador será responsável totalmente


pela mercadoria, o que poderá afetar muito sua saúde financeira, haja vista que serão
inúmeras

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