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DIREITO CIVIL

Diferenças dos Regimes e Efeitos da Responsabilidade Negocial e Extranegocial


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DIFERENÇAS DOS REGIMES E EFEITOS DA RESPONSABILIDADE


NEGOCIAL E EXTRANEGOCIAL

DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS – RESPONSABILIDADE NEGOCIAL E


EXTRANEGOCIAL

• Gradação da culpa e diferença com dolo

O nosso sistema, principalmente no âmbito da responsabilidade civil subjetiva, não dis-


socia dolo e culpa, como acontece no direito penal. Em regra, dolo e culpa são analisados
de forma associada, ou seja, se o sujeito violou um dever preexistente propositalmente (con-
duta voluntária e resultado voluntário) ou por imprudência, negligência e imperícia (conduta
voluntária e resultado involuntário), não tem importância para o Direito Civil. A gradação da
culpa e a diferença de dolo e culpa, em regra, não interessam para a responsabilidade civil.
Todavia, no âmbito da responsabilidade civil negocial, embora também como regra não
haja interesse em diferenciar culpa e dolo, excepcionalmente, é possível separar culpa e dolo.
Regra – não tem relevância;
Exceção – responsabilidade negocial – a gradação da culpa poderá ter relevância (artigo
392, contratos benéficos ou gratuitos).

A associação entre dolo e culpa é absoluta?


Inadimplemento de contratos benéficos – artigo 392.

Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. nos contratos onerosos, responde cada uma
das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
5m

Portanto, em contratos gratuitos, é relevante saber a diferença entre culpa e dolo, pois isso
interfere na responsabilidade civil. Aquele que tem vantagem responde por culpa latu sensu,
é regra geral; aquele que suporta sacrifícios só responde por dolo. Nos onerosos, regra geral.
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Mora do credor – artigo 400


A mora possui efeitos diferentes para o credor e para o devedor. A mora solvendi, que
é a mora do devedor, gera os efeitos dos artigos 395 e 399. A mora accipiendi (ou mora do
credor) tem os efeitos no artigo 400 do Código Civil.

Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação
da coisa (...).

Evicção e responsabilidade em caso de deterioração dolosa – artigos 450 e 451

A evicção é a perda de uma coisa para um terceiro, porque esse terceiro possui um direito
de propriedade melhor do que o direito de propriedade daquele sujeito que entregou a coisa.
Portanto, evicção é a perda da coisa para um terceiro, perde-se a coisa porque havia um
vício no título. Aquele que perdeu tem direito a uma indenização, ainda que a coisa estivesse
deteriorada. No entanto, se a deterioração decorreu de ato doloso, não é preciso indenizar.
10m

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada,
exceto havendo dolo do adquirente

• estado de conservação não interfere na garantia.

Descoberta – artigo 1.235

A descoberta é um instituto jurídico em que se impõe um dever de restituição para quem


encontra uma coisa perdida. Quem acha uma coisa perdida é denominado de descobridor. O
descobridor deve restituir a coisa ao legítimo possuidor ou a uma autoridade competente. No
entanto, o descobridor tem direito a uma indenização, conhecida como recompensa.
Se a coisa se deteriora com o descobridor, ele deve indenizar o proprietário? Somente se
tiver agido por dolo.

Art. 1.235. O descobridor (aquele que acha coisa alheia perdida) responde pelos prejuízos causa-
dos ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo.
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Transporte – artigo 736

Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade
ou cortesia.

• Só há responsabilidade civil do transportador no caso de dolo ou culpa grave.

2. EXTENSÃO DA REPARAÇÃO E GRAU DE CULPA PARA FINS DE REDUÇÃO

ATENÇÃO
O artigo 944, a seguir, é um dos mais importantes para a prova. Ele aborda o princípio da
restituição integral.
15m

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

• princípio da restituição integral – teoria alemã da diferença – situação hipotética atual


e situação real.

 Obs.: na responsabilidade civil extranegocial, submete-se ao princípio da restitutio in inte-


grum, pois, como não há relação jurídica entre o autor da violação e a vítima, não
seria possível eles terem pré-limitado essa indenização. Na responsabilidade civil
negocial, o princípio da restitutio in integrum pode ser flexibilizado e, dependendo da
relação jurídica, até mesmo afastado.
20m

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá
o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

OBS.: no parágrafo único, haveria uma exceção ao princípio da restituição integral basea-
da em outras valores. Com nesse parágrafo, seria possível essa exceção tanto na
responsabilidade civil negocial quanto extranegocial? A tendência da doutrina é jus-
tamente defender essa tese, de que a redução no caso de desproporção manifesta
entre a culpa e o dano poderia levar a uma redução da indenização tanto na respon-
sabilidade negocial quanto extranegocial. Embora esse artigo se destine a resolver
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danos materiais, a doutrina vem defendo a tese de que essa redução, embora seja
relativa, é compatível com os danos morais.

Regra: aplica-se o referido dispositivo à responsabilidade civil negocial e extranegocial.


Exceção: na negocial, autonomia privada, admite cláusula que limita a responsabilidade
(cláusula de não indenizar) – depende do contrato.
A cláusula de não indenizar não é compatível com qualquer relação jurídica individua-
lizada. Primeiro, nos contratos por adesão, ela pode ser considerada nula. No contrato de
transporte, a cláusula de não indenizar é considerada não escrita, pois, no contrato de trans-
porte, existe um contrato de resultado e existe a cláusula de incolumidade, que é incompa-
tível com cláusula de não indenizar. Portanto, embora o princípio da restitutio in integrum
possa ser afastado, mitigado, flexibilizado na responsabilidade civil negocial, é preciso anali-
sar concretamente a compatibilidade dele com a relação jurídica.
Problema do princípio em relação ao dano moral (os artigos 944 e 945 tem incidência
para aplicação do dano moral).

RELEVÂNCIA DESTE DISPOSITIVO

Enunciado 46 do parágrafo único: interpretação deve ser restrita, porque é exceção ao


princípio da reparação integral – aplica-se a responsabilidade subjetiva e objetiva (teoria do
risco concorrente – art. 945). A redução equitativa da indenização em caso de responsabili-
dade objetiva é admitida pelo artigo 738, parágrafo único (se o prejuízo sofrido pela pessoa
transportada for atribuível à transgressão de normas e instruções regulamentares, o juiz
reduzirá equitativamente a indenização, na medida em que a vítima houver concorrido para
a ocorrência do dano).

Enunciado 379: o artigo 944 não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou
pedagógica da responsabilidade civil.
25m Enunciado 456: a expressão “dano” abrange não apenas os danos individuais, materiais ou ima-
teriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem recla-
mados pelos legitimados para propor ação coletiva.
Enunciado 457: a redução equitativa da indenização tem caráter excepcional e somente será
realizada quando a amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta
do agente.
Enunciado 458: o grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional, deve ser leva-
do em conta pelo juiz para a quantificação do dano moral.
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3. AUTONOMIA PRIVADA

Negocial – cláusula penal e arras (pré-fixação das perdas e danos materiais).


Não há como falar em cláusula penal e arras na responsabilidade civil extranegocial,
porque não havia relação jurídica prévia entre autor e vítima e arras e cláusula penal exigem
que haja uma convenção, um pacto.
Extranegocial – os danos materiais serão apurados em juízo.
Danos emergentes e lucros cessantes (dano patrimonial/material e o moral?) – artigo 402
– salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor
abrangem, além do que efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Danos morais (arbitramento judicial).

4. CAPACIDADE - RELEVANTE PARA A RESPONSABILIDADE NEGOCIAL


(MÚTUO, MANDATO, FIANÇA, ETC.)

Na responsabilidade extracontratual, o incapaz responde, de forma subsidiária e mitigada.

ATENÇÃO
O artigo 928, a seguir, é muito importante.
30m

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

OBS.: responsabilidade subsidiária. Não se aplica ao incapaz o princípio da restituição inte-


gral. Esse caso é mais uma exceção ao princípio da restituição integral.

Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem (teoria do patrimônio mínimo)
– Enunciado 39 – dever de indenização equitativa também se aplica aos pais, tutores e curadores
– dignidade da pessoa humana
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5. REGIME DA MORA

Artigo 397 (negocial) e 398 (extranegocial).

Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito
em mora o devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extra-
judicial.
Artigo 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde
que o praticou

6. PROVA NA RESPONSABILIDADE NEGOCIAL E EXTRANEGOCIAL

7. PRESCRIÇÃO (STJ – RESPONSABILIDADE CIVIL NEGOCIAL – 10 ANOS;


RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRANEGOCIAL – 3 ANOS)

A Corte Especial, no julgamento dos EREsp n. 1.281.594/SP, concluiu que, nas pretensões
relacionadas à responsabilidade contratual, aplica-se a regra geral (art. 205 do CC/2002),
que prevê dez anos de prazo prescricional e, nas demandas que versem sobre responsa-
bilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do mesmo diploma, com
prazo prescricional de três anos

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Daniel Eduardo Branco Carnacchioni.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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