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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES II: Práticas

Prof.ª Irene Seiça Girão

Aula dia 04 de março de 2019

(continuação das fontes das obrigações)

RESPONSABILIDADE CIVIL

É uma fonte legal das obrigações e é fonte dos obrigações porque é da responsabilidade civil
que surge a obrigação de indemnizar, ou seja, de reparar o dano. Assim, a obrigação que dá lugar
a responsabilidade civil é a obrigação de indemnizar ou de reparar os danos (de tornar o lesado
indemne), ou seja, de recolocá-lo, tanto quanto possível, na situação em que ele estaria se não
tivesse ocorrido a lesão. Posto isto, o principal objetivo da responsabilidade civil é precisamente
dar origem, quando estejam verificados todos os pressupostos de ela que depende, à obrigação
de indemnizar.

Em regra, quando alguém sofre um determinado dano, esse dano fica a seu cargo, ou seja, é
ele que o deve suportar - vigora o princípio da casum sensit dominus, significa que o dano ou
prejuízo se fica com o seu dono, com quem o sofre.
Exemplo: Alguém tropeça no pátio da universidade e parte o pé. Este acidente causou uma lesão e
prejuízos ao lesado, tanto de natureza patrimonial, como de natureza não patrimonial e, neste caso, quem
tem de suportar esses danos é o lesado.
Só não será assim se se verificarem determinadas circunstâncias especiais de que a lei faz
depender a transferência do dano de quem o sofreu para outra pessoa. É só nestes casos em
que a lei transfere o dano de quem o sofreu para outrem é que se fala no nascimento de uma
obrigação de indemnização. Mas qual é a justificação de alguém ter de suportar um dano que
outro sofreu?
• RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: São os casos em que a responsabilidade depende
da culpa. A culpa é principal fundamento da imputação, o que significa que o que
justifica a transferência do dano de uma pessoa para outra é a censurabilidade do
comportamento de quem causou o dano. A culpa é um juízo de censura dirigido ao
comportamento do agente e atua-se com culpa quando se devia e podia ter atuado de
maneira diferente. Alguém atuou de certa maneira e causou a outrem um dano, se se
chegar à conclusão que, nas circunstâncias daquele caso, ele podia e devia ter atuado
de maneira diferente e se atua-se de maneira diferente teria evitado o dano, isto é um
dos requisitos que justifica que não seja o lesado que suporte os prejuízos, mas que ele
seja transferido para aquele cujo comportamento censurável provocou aquele dano.
Exemplo: Estão a ocorrer umas escavações no pátio da universidade que não estão devidamente
fechadas e identificadas e alguém caí num buraco e parte o pé. O evento lesivo, que causou os
mesmos danos que o exemplo anterior, tem de ser suportado pelo lesado ou deve ser suportado
por outrem? Temos de identificar os fundamentos que nos permitem transferir os prejuízos para
outrem.
➡ Responsabilidade subjetiva agravada: Trata-se de responsabilidade subjectiva,
que se fundamenta na culpa, mas é agravada com uma presunção de culpa.
Quem tem de fazer prova da culpa, em regra, é o lesado - artigo 487º/1 do CC -
o que já resulta das regras gerais, ou seja, quem alega determinado direito tem
de provar todos os factos constitutivos desse mesmo direito. Se o lesado invoca
o seu direito a ser indemnizado dos prejuízos, tem de fazer prova de todos os

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pressupostos, tal como é culpa, da responsabilidade do lesante, salvo havendo


presunção legal de culpa. Esta presunção é de natureza relativa ou iuris tantum e
tem a consequência a inversão do ónus da prova. Assim, quando se presume a
culpa do lesante tem de ser o lesante a afastar essa presunção.
✓ Artigo 491º do CC;
✓ Artigo 492º do CC;
✓ Artigo 493º do CC;
✓ Artigo 503º/3 do CC.
• RESPONSABILIDADE OBJETIVA: São os casos em que a responsabilidade é
independente de culpa.
A maior parte dos casos de responsabilidade objetiva são de responsabilidade pelo risco,
mas nem toda a responsabilidade objetiva é responsabilidade pelo risco - o conceito de
responsabilidade objetiva é mais amplo.
A responsabilidade objectiva nasceu para fazer face às situações em que o
desenvolvimento de determinadas atividades traziam ou propiciam um conjunto de risco
acrescidos para terceiros e, muitas vezes, nem sequer havia intervenção daquele que
dirigia essas atividades. De qualquer modo, há um conjunto de riscos que aumentam a
probabilidade de vir a causar danos para terceiros.
Exemplo: Acidentes de trabalho. Se o trabalhador, no âmbito da sua atividade, sofrer um
determinado dano, quem deve suportá-lo? Ele que o sofreu ou quem deve controlar a fonte de
risco? Não se pode dizer que o comportamento de quem controla a fonte de risco (o dono da
fábrica) é um comportamento censurável, portanto não é a culpa que fundamenta a
responsabilidade, o que fundamenta é a criação de risco e a manutenção na sua esfera de
controlo de uma determinada fonte de risco e mais que isso o aproveitamento dessa mesma fonte
de risco.
Há outros casos de responsabilidade objetiva que não se podem dizer que sejam
responsabilidade pelo risco. É o caso da responsabilidade por factos ou atuações lícitas,
em que o que está aqui em causa é a permissão/autorização, por parte da lei, de
determinado comportamento ou atuação. No entanto, a lei dispõem que em caso de esse
comportamento causar danos a outrem, esses danos devem ser indemnizados. Não está
aqui em causa nem uma conduta censurável, nem uma conduta com culpa, nem tão
pouco uma conduta ilícita, porque é um comportamento autorizado pela lei.
Exemplo: Estado de necessidade (causa de exclusão da ilicitude). Quem atua em estado de
necessidade atua de forma permitida pela lei, quando preenchidas todas as condições do estado
de necessidade. O comportamento não é ilícito, é justificado por aquelas circunstâncias. No
entanto, causando danos a outrem aquele que atua em estado de necessidade é obrigado a
reparar esses mesmos danos.

A regra é a responsabilidade subjetiva, ou seja, em princípio, a culpa está entre os


pressupostos da responsabilidade civil que tem de ter verificação cumulativa. Portanto, em
princípio, não há responsabilidade objetiva. Só há responsabilidade independente de culpa nos
casos expressamente previstos na lei: artigos 500º e ss., 503º e ss., 509º-510º do CC (está
sujeita ao princípio do numerus clausus) - artigo 483º/2 do CC.

Regra: responsabilidade subjetiva; Exceção: responsabilidade objetiva.

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— MODALIDADES DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Responsabilidade civil contratual Responsabilidade civil extracontratual


Artigos 798º e ss. Artigos 483º e ss.

Há normas comuns: artigos 562º e ss.

- Subjetiva (é a regra) - Subjetiva (é a regra)


- Objetiva (é a exceção) - Objetiva (é a exceção)

Como se diferencia estas duas grandes modalidades de responsabilidade?


I. O facto ilícito, ou seja, o facto gerador da responsabilidade civil
- Na responsabilidade contratual entre lesante e o lesado já existe uma relação prévia
de natureza especial, ou seja, há existe uma relação obrigacional e é do não
cumprimento ou do cumprimento defeituoso de deveres que decorrem dessa
mesma relação obrigacional que nasce a responsabilidade civil, estando
preenchidos os pressupostos dessa mesma responsabilidade. O que está aqui em
causa é a violação de uma obrigação em sentido técnico (do direito de crédito do
respetivo credor) - p. ex., violação do direito de crédito na compra e venda.
Coloca-se em causa esta denominação de responsabilidade contratual porque o
contrato não é a única fonte das obrigações, pode ter origem num negócio jurídico
unilateral ou na lei.
- Na responsabilidade extracontratual/aquiliana/delitual entre o lesante e o lesado
não existe, antes da lesão, qualquer relação de natureza especial. Essa relação só
começa a existir a partir do momento do facto lesivo, em que, havendo obrigação
de indemnizar, um passa a ser credor do outro. O que não significa que a
responsabilidade extracontratual não nasça da violação de um dever, ela nasce, só
que é um dever geral, que é o dever geral de abstenção.
Quando a lei, no artigo 483º do CC, diz que há responsabilidade quando há
violação de um direito de outrem, ou seja, só abrange a violação de direitos
absolutos de outrem (p. ex., direitos reais, direitos de personalidade, direitos sobre bens
imateriais).

Aula dia 11 de março de 2019

II. Capacidade
- Na responsabilidade civil extracontratual são inimputáveis (não têm capacidade de
querer e entender; não podem ser objeto de um juízo de censura e não podem ser
responsabilizados) os menores de 7 anos e interditos por anomalia psíquica -
presunção do artigo 488/2º CC.
- Na responsabilidade civil contratual são inimputáveis, em princípio, os menores de
18 anos - dado que esta responsabilidade decorre do não cumprimento de uma
obrigação em sentido técnico e só se pode assumir obrigações depois da
maioridade.

III. Prazo de prescrição: O prazo ordinário de prescrição é de 20 anos - artigo 309º do CC -


e sempre que a lei não estabeleça um prazo distinto será este prazo ordinário que vale.

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- No plano contratual quanto à prescrição do direito à indemnização, não tendo a lei


nenhuma norma específica, aplica-se a norma geral do artigo 309º do CC.
- No plano extracontratual há um prazo especial para a prescrição do direito à
indemnização - artigo 498º do CC: 3 anos a contar da data em que o lesado teve
conhecimento do direito que lhe assiste, ou seja, conhecimento do seu direito à
indemnização, pode não ter conhecimento de quem é o lesante.

IV. Pluralidade passiva: Existe pluralidade passiva quando existe mais do que um devedor,
no caso, quando exista mais do que um responsável pelo pagamento da indemnização.
No Direito Civil, quando existe pluralidade passiva, a regra é o regime da conjugação -
artigo 513º do CC -, à qual se opõe o regime da solidariedade (só existe quando a lei o
estabeleça expressamente ou quando as partes o convencionem).
No regime da conjunção o credor apenas pode exigir de cada um dos devedores a sua
parcela na dívida. No regime da solidariedade o credor pode dirigir-se a qualquer um
dos devedores e exigir a totalidade e o que for interpelado para a pagar, se o fizer,
satisfaz o crédito e libera todos os restantes devedores perante o credor comum, muito
embora, depois nasçam, nas relações entre os vários devedores, direitos de regresso - o
devedor que pagou tem direito de regresso sobre os restantes, na medida das
respetivas responsabilidades.
- Na responsabilidade civil extracontratual é o regime da solidariedade - artigo 497º
e 507º do CC.
- Na responsabilidade civil contratual, não havendo normas deste tipo, aplica-se a
regra geral do regime da conjunção.

V. Prova da culpa: Em qualquer das responsabilidades a regra é da responsabilidade


subjetiva, o que significa que a responsabilidade objetiva é excecional (só existe nos
casos expressamente previstos na lei).
Em todo o caso, quando estamos perante responsabilidade objetiva a quem cabe a
prova dessa culpa?
- No âmbito extracontratual, em regra, cabe ao lesado a prova da culpa do autor da
lesão - artigo 487º do CC -, salvo se houver presunção de culpa, onde se inverte o
ónus da prova, passando a ser o lesante a ter de afastar a sua culpa. Trata-se da
aplicação de uma regra genérica: quem alega um determinado direito tem de fazer
prova de todos os factos constitutivos desse direito. Portanto, o lesado que alega
ter um direito a uma indemnização tem de provar os factos constitutivos do seu
direito e um deles é a culpa. Posto isto, há uma presunção de culpa, mas apenas
em casos especiais (491º, 492º, 493º e 503º/3) - fala-se da responsabilidade
subjetiva agravada.
- Na âmbito contratual a presunção de culpa existe e é genérica, ou seja, de forma
geral é ao devedor lesante que cabe provar que o incumprimento não decorre de
culpa sua - artigo 799º do CC.

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Há determinadas normas estabelecidas no domínio da responsabilidade extracontratual, mas


a doutrina questiona se se aplicam apenas à responsabilidade extracontratual ou serão também
de aplicar no âmbito contratual. Falamos do:
• Artigo 494º do CC que disciplina determinadas hipóteses em que, pela circunstância da
culpa do lesante ser leve, a lei prevê a possibilidade de uma redução da indemnização, ou
seja, da indemnização ser inferior ao valor dos danos; e do
• Artigo 496º do CC que diz respeito à indemnizabilidade dos danos não patrimoniais.

Essas normas serão ou não, uma vez que se inserem no núcleo sistemático da
responsabilidade extracontratual, aplicadas apenas a este domínio ou também à
responsabilidade contratual? A questão é duvidosa.
➡ A doutrina tradicional afirma que se o legislador estabeleceu as regras relativamente à
obrigação de indemnizar num núcleo comum a ambos os tipos de responsabilidade e se
aqui estas normas, que também dizem respeito a obrigação de indemnizar, estão
incluídas na responsabilidade extracontratual é porque o legislador quis a sua aplicação
exclusiva ao âmbito da responsabilidade extracontratual. Até porque se ele quisesse que
fossem normas comuns à responsabilidade contratual e à extracontratual teria
disciplinado estas matérias nos artigos 562º e ss. - argumento sistemático.
➡ O que nós temos é de averiguar é se a razão de ser destes preceitos impede ou não a
respetiva aplicação ao âmbito da responsabilidade contratual:
• Quanto ao artigo 494º do CC (Quando a responsabilidade se fundar em mera culpa, poderá a
indemnização ser fixada, equitativamente, em montante inferior ao que corresponderia os danos
causados, desde que o grau de culpabilidade do agente, a situação económica deste e do lesado e as
demais circunstâncias do caso o justifiquem):
Temos aqui uma situação especial. A
finalidade da responsabilidade civil é a reparação de danos, portanto, por regra, o
valor da indemnização será o valor dos danos. Contudo, a lei aqui vem permitir que
a indemnização seja inferior ao valor dos danos, quando esteja em causa uma culpa
leve do agente e atendendo à situação económica do lesante e do lesado. E, tendo
em conta estas circunstâncias, o tribunal pode fixar equitativamente a indemnização
num valor inferior aos respetivos danos.
No âmbito da responsabilidade contratual podemos fazer este tipo de raciocínio?
Neste âmbito, antes da lesão, já existe numa relação especial entre as partes que se
traduz na possibilidade de exigência de uma prestação por parte do credor, ou seja,
o credor tem direito a uma prestação. Quando o devedor não cumpre a respetiva
prestação e causa prejuízos, o credor tem direito ao sucedâneo, a uma
indemnização por equivalente pecuniário, quando não é possível a restauração
natural. Se se permitisse que neste âmbito houvesse uma redução da indemnização
estávamos a destruir as legítimas expectativas do credor nascidas de uma relação
especial entre as partes. Por isso é que a maior parte da doutrina vai no sentido de
entender que as situações não se assemelham, porque no domínio contratual existe
já uma relação especial entre as partes que justifica aquela pretensão do credor.
Não faz sentido, assim, aplicar no âmbito contratual o artigo 494º, sendo este artigo
de aplicação exclusiva à responsabilidade extracontratual - tendo em conta o
argumento sistemático e o argumento da sua razão de ser (racio legis).
• Quanto ao artigo 496º do CC (indemnizabilidade dos danos não patrimoniais): Os danos não
patrimoniais são aqueles prejuízos que não têm possibilidade de serem avaliados
num quantum em dinheiro/pecuniário. O argumento sistemático é o mesmo.

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Exemplo: Alguém foi atropelado e fraturou a perna. A fratura da perna é um dano real. Dessa
circunstâncias decorrem vários prejuízos:
‣ Tanto patrimoniais (p. ex., transporte pelo INEM, tratamentos médicos, medicamentos, baixa e deixou
de poder trabalhar): São prejuízos que têm possibilidade de avaliação em dinheiro. São a
projeção do dano real no património do lesado.
‣ Danos emergentes: Os prejuízos causados a bens já existentes (tratamentos
médicos e medicamentos);
‣ Lucros cessantes: Tudo aquilo que deixou de auferir em virtude da lesão
(salários).
‣ Como morais ou não patrimoniais: São prejuízos em bens não são suscetíveis de
avaliação pecuniária (p. ex., as dores sofridas pelo paciente, a vergonha).
1) Posição de que os danos não patrimoniais não são indemnizáveis: Entendia-se
que indemnizar os danos não patrimoniais era ter uma visão económica da vida
e do mundo, ou seja, era converter a vida numa espécie de mercado e, por isso,
era moralmente pouco aceitável.
2) Posição de que os danos patrimoniais são indemnizáveis: Se é imoral que se
atribua valor à vida, à integridade física ou à honra, p. ex., mais imoral ainda do
que isso seria deixar os prejuízos sem reparação. A reparação desses prejuízos
não é uma verdadeira reparação, é antes uma mera compensação. A
circunstância de receber uma determinada quantia em dinheiro não torna o
lesado indemne, no entanto a ideia é de o compensar - existe uma amenização
da dor com o prazer que o lesado pode retirar do valor que se recebe a título de
indemnização ou compensação.
Posto isto, o legislador decidiu indemnizar de modo geral os danos não patrimoniais
no artigo 496º do CC - que consagra o princípio da reparabilidade dos danos não
patrimoniais graves - e não só os danos da morte e da integridade física do artigo
495º. Mas será o artigo 496º do CC também aplicável ao domínio contratual? Ou
seja, se o incumprimento causar danos não patrimoniais ao credor também poderá
haver indemnização por esses danos?
- A doutrina tradicional ia no sentido de negar a extensão da indemnização por
danos não patrimoniais ao âmbito contratual, não só pelo argumento
sistemático, mas também pela razão de que se for possível, no âmbito
contratual, indemnizar danos não patrimoniais, isso levaria a um crescimento
das ações de responsabilidade civil, porque os credores, por qualquer razão,
viriam alegar no incumprimento também a violação de determinados bens
não suscetíveis de avaliação pecuniária.
- A doutrina mais recente não concorda com a posição da doutrina tradicional,
concordando antes pela aplicação analógica do artigo 496º do CC ao
domínio contratual. Esta doutrina rebate o argumento do aumento do número
de ações de responsabilidade civil com a ideia de que isso seria assim se a lei
permitisse a indemnizabilidade de qualquer dano não patrimonial e isso não
acontece. Não são quaisquer danos não patrimoniais que são indemnizáveis,
mas antes aqueles que pela sua gravidade careçam da tutela do direito.
Assim, desde que o incumprimento leve à ocorrência de danos não
patrimoniais não há nenhuma razão para excluir a indemnizabilidade dos
danos não patrimoniais na responsabilidade contratual.
Exemplo: Os noivos preparam a sua festa de casamento e no dia em que recebem os
convidados a empresa que deveria servir as refeições não cumpre. Do incumprimento
deste contrato decorrem danos não patrimoniais mais graves (p. ex., vergonha) do

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que os danos patrimoniais. Não há nenhuma razão para não indemnizar estes danos
sérios.
A doutrina atual admite de facto a indemnizabilidade dos danos não patrimoniais
também no âmbito contratual, só difere a forma de fundamentação desses mesmos
danos.

Muitas vezes o mesmo facto lesivo é gerador de ambos os tipos de responsabilidade:


contratual e extracontratual.
Exemplo: Contrato de transporte entre taxista e cliente. No caminho o taxista passa um sinal vermelho,
tem de fazer uma travagem brusca, bate num poste e magoa o cliente. O mesmo facto do taxista é gerador
de responsabilidade civil extracontratual - violação da integridade física -, mas há também cumprimento
defeituoso ou incumprimento de um contrato.
Nestas hipóteses, é permitido o concurso ou o cumulo das responsabilidades ou temos de
optar por uma elas? Estão em confronto duas posições:
1) Doutrina francesa (Almeida Costa): Não admite o cumulo ou concurso de ambas as
responsabilidades com base no fundamento de que o legislador, nessas hipóteses,
estabeleceu a existência de responsabilidade civil contratual, com normas próprias,
atendendo à relação especial que existia entre as partes antes da violação deve ser
esse o regime que deve aplicado.
2) Doutrina alemã (posição do CC): Não é porque o legislador estabeleceu um regime de
responsabilidade, quando existem relações entre as partes, que isso é a prova de que o
quis como exclusivo. Portanto, a solução será de, uma vez que o mesmo facto
preenche os pressupostos de ambos os tipos de responsabilidade, admitir o concurso
ou cumulo de ambas as responsabilidades. Este cumulo ou concurso não pode ser
entendido como um concurso de pretensões. Admite-se uma única ação que
corresponde, no plano material, a um único direito, que é o direito a ver os danos
reparados, mas essa ação e pretensão podem ser fundamentadas em normas distintas
da responsabilidade civil contratual ou extracontratual. Assim, trata-se de um concurso
de normas e não de pretensões.
O cliente do taxista não pode pedir uma indemnização com base na responsabilidade civil
contratual e outra indemnização com base na responsabilidade civil contratual. Ele proporia uma
ação de responsabilidade civil onde exigiria a reparação dos danos, mas poderia fundamentar
essa sua pretensão nos regimes da responsabilidade civil contratual ou extracontratual.

Acidentes na autoestrada quando causados por animais que se introduziram ou foram


introduzidos na via.
São hipóteses de responsabilidade contratual ou extracontratual? Trata-se de averiguar a
responsabilidade da concessionária perante o utilizar da autoestrada que sofreu o dano.
A pretensão indemnizatória do lesado deve ser fundamenta pela responsabilidade no âmbito
da responsabilidade contratual ou extracontratual? Isso depende de saber se entre o cliente da
autoestrada e a concessionária existe ou não um contrato.
- Posição tradicional: Não existe um contrato entre a concessionária e o utilizador.
Configurava-se o pagamento por parte do utilizador da autoestrada como sendo uma
taxa (preço coativo)
- Atualmente: Existe um contrato bilateral inominado entre a concessionária e o utilizador.
Há um conjunto de prestações: do lado do utilizador, o pagamento de uma determinada

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quantia em dinheiro que consiste numa retribuição pela prestação da concessionária; do


lado da concessionário, é permitir a utilização da via em condições de comodidade e
segurança. Esta relação complexa contém elementos de vários tipos contratuais (p. ex.,
elementos locativos). Entende-se que existe um contrato a favor de terceiro: são partes
no contrato o Estado (promissário) e a concessionária (promitente); e o utilizador
(beneficiário), não faz parte da relação contratual, mas tem direito a exigir a prestação.
Posto isto, pode-se aplicar o regime da contratual e, sobretudo, o artigo 799º do CC e a
presunção de culpa no nº 1.
No caso, se utilizarmos a presunção do artigo 799º/1, é a concessionária que tem de fazer
prova de que a introdução do animal não resulta de culpa sua, nem da violação de nenhum dever
que lhe competisse.
Poderia-se chegar ao mesmo resultado pela via extracontratual, porque está em causa a
presunção de culpa do artigo 493º do CC, ou seja, tem-se considerado que a auto-estrada é um
coisa imóvel sujeita a vigilância. A concessionária responde por um facto próprio que é por
omissão dos deveres de vigilância, cuja culpa se presume.
Poderia haver responsabilidade (solidária) do próprio detentor do animal ou do próprio
vigilante perante o lesado.

Porque se considera que a autoestrada é uma coisa imóvel sujeita a vigilância (artigo 493º do
CC) e não se faz esse raciocínio para as restantes vias? Haverá um efetivo controlo sobre a coisa
e em que medida é que ele pode ser exercido? A auto-estrada e as pontes, p. ex., dada a sua
limitação fáctica, são consideradas coisas imóveis sobre vigilância sobre quem as tem a seu
cargo. Nas restantes vias, não há um efetivo poder de controlo sobre a coisa que não é de
limitação fácil. P. ex., numa estrada municipal onde caíram, por força de um temporal, semáforos e há
buracos na estrada e continuam lá meses e não são reparados, aí invoca-se um dever de vigilância por
parte da autarquia e funda-se uma presunção de culpa. Mas no caso de haver um temporal e ter água nas
estradas já não será a mesma situação.

Aula dia 25 de março de 2019

— PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

O nascimento da obrigação de indemnizar está dependente de um conjunto de (5)


pressupostos de verificação cumulativa e que são comuns à responsabilidade contratual e
extracontratual (embora haja diferenças na aplicação de cada um deles): facto voluntário,
ilicitude, culpa, dano e nexo de causalidade entre o facto e o dano.

— FACTO VOLUNTÁRIO: Para que haja a obrigação de indemnizar exige-se que o dano seja
provocado por um facto.
• Esse facto terá de se traduzir numa conduta humana, porque só relativamente a
elas faz sentido falar em ilicitude e em culpa. Assim, todos os danos que decorram
de outros fenómenos que não de uma conduta humana, no âmbito da
responsabilidade civil delitual, não são geradores da obrigação de indemnizar.
• Esse facto tem de ser controlável objetivamente pela vontade, ou seja, tem de ser
levado a cabo em estado de consciência. Assim, todos os factos que resultam de
movimentos meramente reflexos ou que são levados a cabo em estados de

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inconsciência não podem ser geradores de responsabilidade civil. P. ex., atos levados
a cabo por coação física.
• Esse facto, que pode ser um facto gerador de responsabilidade civil, pode ser um
facto:
- Positivo (por ação): No âmbito da responsabilidade extracontratual; ou
- Negativo (omissão): Quando é que as omissões (não fazer) podem dar lugar a
responsabilidade civil? De acordo com o artigo 486º do CC, a omissão é
ilícita e, portanto, geradora de responsabilidade civil, quando o lesante tinha o
dever de praticar o ato omitido e pela circunstância de o não praticar gera um
dano - o dano ou prejuízo é consequência dessa omissão. Ou seja, há
violação do dever de agir ou fazer, tenha ele fonte legal ou convencional.
Fora dos casos em que lei expressamente prevê a existência de um dever de
agir, a doutrina tem isolado outras situações:
• Deveres de segurança do trafego: A ideia genérica é quem abrir um
determinado caminho ou trafego deve prover esse caminho ou trafego
dos meios necessários para que os perigos que ele representa não se
transformem em danos. Exemplo: quem construir umas escadas que estejam
acessíveis deve colocar guardas. O fundamento do nascimento do dever é
uma anterior ação. Se com a ação alguém gera um certo perigo ou risco
para terceiro, tem o dever de agir no sentido de eliminar esse perigo ou
risco ou de tudo fazer para esse perigo ou risco não se transformem em
dano.
• Deveres de prevenção de perigo: Existem relativamente aos:
✦ Perigos da detenção de coisas especialmente perigosas;
✦ Perigos que se relacionam com certas atividades que representam
perigo para terceiros.
Estes deveres têm o sentido de quem criar ou mantiver na sua esfera de
controlo um perigo ou um risco, deve tudo fazer para evitar que esse
perigo ou risco se concretize num dano para terceiro.
Estes deveres de prevenção podem cumprem-se:
1. De forma direta (deveres diretos): É a maneira mais evidente de
se cumprir este dever de agir. Trata-se de eliminar o foco de
perigo ou perigo. Exemplo: Uma casa em ruínas. A forma de cumprir
o dever de evitar que a coisa venha a produzir danos a terceiros é a sua
demolição ou a vedação do seu acesso.
2. De forma indireta (deveres indiretos): Por vezes, não é possível
eliminar o foco de risco ou perigo e quando assim for cumprem-
se estes deveres de forma indireta, o que se traduzem em
deveres de aviso ou de instrução. Ou seja, a forma de eliminar o
perigo é avisar acerca da sua existência de maneira a que os
terceiros possam lidar de forma responsável com esse risco ou
com esse perigo. Exemplo: Uma cada em ruínas. Se não é possível
proceder à sua demolição eliminando o foco, há de pelo menos avisar
que é um fonte de risco ou perigo. Estes deveres de aviso ou
instrução são mais intensos em determinadas atividades onde
não faz sentido sequer pensar na eliminação do riscos. Exemplo:
Produtos farmacêuticos. Quando o produtor de medicamentos os
coloca no mercado, a sua colocação em circulação traduz-se num

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aumento de risco de se virem a produzir certos danos. Contudo, a


forma de diminuir a produção dos danos é não só avisar para os
perigos, como também instruir a cerca da utilização dos produtos.
Esta ideia de deveres de prevenção do perigo tem afloramento no facto
de haver deveres que decorrem da circunstância de se criar ou manter
um perigo na esfera jurídica (p. ex., artigo 493º do CC - danos causados por
coisas, animais ou atividades).
Há outras hipóteses de omissão a que dizem respeito às situações em que há
proximidade quer de parentesco, quer de comunhão de vida que dão lugar a
certos deveres de uns relativamente aos outros (p. ex., do marido em relação à
mulher, dos pais relativamente aos filhos).
Há ainda situações de comunidade de risco (p. ex., um grupo de montanhistas
não pode deixar algum deles perdido na montanha).

— ILICITUDE: O facto gerador da responsabilidade tem de ser um facto ilícito, ou seja, tem
de haver uma reprovabilidade objetiva do direito para com esse facto.

Quanto à ilicitude na responsabilidade civil delitual temos 3 modalidades: Verificadas


qualquer uma destas variantes, o comportamento do lesante será um comportamento
contrário ao direito e, por isso, ilícito.

• VIOLAÇÃO DE UM DIREITO DE OUTREM (artigo 483º/1 do CC) - 1ª variante: Tem uma


concretização distinta na responsabilidade civil contratual e na extracontratual,
mesmo que ambas decorram da afetação ou violação de um direito, pois:
- Na responsabilidade civil contratual só existe responsabilidade quando o
devedor omite um dever que é o dever de prestar. A ilicitude do
comportamento do devedor decorre da violação de um direito de crédito do
credor. É a violação do direito de crédito, em virtude do não cumprimento ou
cumprimento defeituoso, que gera a responsabilidade civil do devedor, ou
seja, a obrigação de indemnizar os danos que resultaram desse não
cumprimento, estando cumpridos os restantes pressupostos.
- Na responsabilidade civil extracontratual só existe responsabilidade civil por
violação de direitos absolutos.
Entende-se que na cláusula do artigo 483º/1 do CC quando fala em direito de
outrem cabem apenas a violação de direitos absolutos. O que significa, desde logo,
que no âmbito delitual não se dá garantia aos danos puramente patrimoniais ou
danos patrimoniais primários, que são aqueles em que há lesão do património sem
que isso corresponde a uma lesão do direito absoluto; se não houver lesão de um
direito absoluto esses danos que ocorrem no património não são indemnizáveis.

• VIOLAÇÃO DE UMA NORMA LEGAL DE PROTEÇÃO OU NORMA LEGAL DESTINADA A PROTEGER


INTERESSES ALHEIOS (artigo 483º/1 do CC) - 2ª variante: A verificação da ilicitude por
esta modalidade pressupõe alguns parâmetros/requisitos/patamares:
1. Temos de verificar se estamos perante uma verdadeira norma de proteção.
Normas de proteção são, em regra, normas de direito público que proíbem
ou impõem determinados comportamentos, mas temos de verificar se essas
normas impositivas ou proibitivas de direito público visam proteger
interesses individuais ou privados ou visam a proteção do interesse público.

Filipa Ribeiro Gonçalves 10


DIREITO DAS OBRIGAÇÕES II: Práticas
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Não estamos perante uma norma de proteção quando a única e exclusiva


intenção da norma é proteger interesses coletivos e o interesse privado só
reflexamente é protegido. Para que se esteja perante um norma de proteção
é necessário que ela vise também a proteção de interesses privados, não
basta interesse púbicos ou coletivos, a proteção de interesses privados tem
de ser intencionada e não meramente reflexa.
2. A violação integre o chamado âmbito pessoal e material de proteção da
norma.
- Âmbito pessoal significa que o titular do interesse lesado tem de ser um
dos titulares do interesse que se visa proteger com a norma, ou seja, a
norma visa a proteção de um círculo determinado de pessoas e o
lesado tem de caber entre os visados.
- Âmbito material temos de nos perguntar:
A. Que bens jurídicos/valores/interesses é que a norma visa
proteger que interesses;
B. Se o dano resultou ou não de uma concretização do perigo que a
norma tipifica.

Esta segunda variante deixou de ter relevo desde que se entendeu que no artigo 70º
do CC está consagrado um direito geral de personalidade, o que diminui muito o
âmbito de atuação desta segunda variante da ilicitude. Se nós entendêssemos que
não existe um direito geral de personalidade e que só estão protegidas as vertentes
da personalidade consagradas na lei através de direitos especiais, então é o
conjunto de todas as dimensões da personalidade que não estão protegidos
especificamente pela atribuição de um específico direito de personalidade, ou seja,
é o conjunto desses interesses que devem ser protegidos através normas de
proteção. Contudo, como se entende que a tutela do artigo 70º do CC integra todas
as dimensões da personalidade, o âmbito do aplicação da 2ª variante reduz-se
significativamente, passando só a abranger os casos em que existam os tais danos
puramente patrimoniais ou danos patrimoniais primários, ou seja, aquelas hipóteses
em que não havendo violação de direitos absolutos ainda assim há causação de um
dano no património, mas concomitantemente há a violação de uma norma de
proteção, ou seja, uma norma que visava evitar aquele mesmo dano.

Quando existe ao mesmo tempo violação de uma norma de proteção e violação de


um direito absoluto, a doutrina vem dizer que há interesse em provar a violação da
norma, porque nas hipóteses em que há uma lesão de um bem jurídico
independentemente do resultado, os chamados crimes de perigo abstrato, é
necessário apenas fazer prova da culpa relativamente à violação da norma e não
relativamente ao resultado que venha obter. O interesse de se fazer prova de
violação da norma é não só para fazer prova da culpa, mas também porque a culpa
só se tem de provar relativamente à própria violação da norma e não ao resultado.
Isto pressupõe, desde logo, a existência de dois elementos: saber se previu ou não
o resultado da sua conduta e se prevendo esse resultado teve a liberdade de
determinar em função da avaliação que feita.

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES II: Práticas
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Aula dia 01 de abril de 2019

• ABUSO DO DIREITO (artigo 334º do CC) - 3ª variante: Apesar de não referido no artigo
483º do CC como as restantes variaentes, não deixa de haver, no artigo 334º do
CC, uma cláusula delitual com base no exercício abusivo de um direito ou de uma
liberdade, que pode fundamentar a responsabilidade civil extracontratual. Em que
casos e como? O artigo 334º do CC vem dizer que é abusivo o exercício de um
direto ou de uma liberdade quando há violação da boa fé, quando violação do fim
económico e social do direito ou quando violação dos bons costumes.
- O abuso do direito com base na violação da boa fé tem escassa importância,
porque se fala na responsabilidade delitual onde entre o lesante o lesado não
existe uma anterior relação de natureza especial, existe uma relação genérica
que opõe todos os titulares de direito subjetivo aos restantes elementos da
comunidade jurídica. A relação entre o lesante e o lesado só surge com a
lesão e com surgimento da obrigação de indemnizar, ou seja, não há uma
relação especial que fundamente o agir de acordo com a boa fé (agir de
acordo com um comportamento correto, honesto e leal).
- O abuso de direito com base na violação o fim económico e social do direito
tem igualmente pouca importância, porque os direitos subjetivos, como regra,
não se encontram funcionalizados (exceção: relações parentais - poderes-
deveres).
- É no abuso do direito com base na violação bons costumes que assenta
sobretudo esta cláusula. Tem-se entendido para que o exercício do direito ou
da liberdade seja deste ponto de vista abusivo é necessário:
1. Que o comportamento do lesante seja particularmente censurável do
ponto de vista desses bons costumes (correspondem a uma espécie de
moral individual e coletiva - regras de convivência social e económica).
2. A consciência e a intenção de causar o prejuízo, ou seja, é necessário
dolo.
É uma espécie de válvula de escape, porque acaba por funcionar (se funcionar)
quando as outras modalidades não funcionam.

Casos especiais de ilicitude:

• ARTIGO 484º DO CC (OFENSA DO CRÉDITO OU DO BOM NOME): Este artigo não é


necessário, porque já se conseguiria a proteção do crédito e do bom nome pela via
do artigo 483º, até porque este, na 1ª variante, protege direitos absolutos e ao
entender-se que o artigo 70º do CC consagra uma cláusula geral de proteção da
personalidade, o que se designa por um direito geral de personalidade, obviamente
que o crédito e o bom nome estão incluídos nessas manifestações da
personalidade que são protegidas pelo artigo 70º. Para além do artigo 484º ser
desnecessário, ele não é auto-suficiente, ou seja, não protege de forma eficaz a
honra, o crédito ou o bom nome, porque a lei é clara quando responsabiliza quem
afirma ou difunde um facto capaz de prejudicar outrem, por isso protegendo apenas
o crédito e o bom nome contra a afirmação de factos e não contra juízos de valor.
Mas será que quando se emitam determinados juízos de valor que possam ser
lesivos da honra e do crédito não se pode configurar um ataque a esse direito capaz
de gerar a obrigação de indemnizar? Pela via do 484º não, porque o legislador foi

Filipa Ribeiro Gonçalves 12


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claro e apenas afirmou a proteção contra as declarações que contivessem


afirmações de facto. Estas, em relação aos juízos de valor, têm um potencial lesivo
superior porque há relativamente a elas uma certa presunção de verdade. Assim,
quanto à emissão de factos estão protegidos no artigo 484º, já quanto aos juízos de
valor, em regra, estes cabem na liberdade de expressão de cada um, mas
obviamente que se pede que, na emissão desses juízos de valor, exista alguma
proporcionalidade, tendo em conta o seu potencial lesivo. Será com fundamento no
artigo 483º (na 1ª vertente) e não no 484º que poderá surgir a obrigação de
indemnizar, pois aquele pretende evitar a emissão de juízos de valor, ou seja, a
instrumentalização da crítica para a lesão do bom nome, honra e crédito. Exige-se o
princípio da proporcionalidade na sua tríplice vertente, desde logo, quando se emite
juízos de valor, deve-se atender à forma como são emitidas, nomeadamente ao
meio que os difunde, e à sua repercussão na honra e crédito do lesado. O
importante é perguntar pela necessidade da sua emissão e difusão e que interesses
são servidos com elas, porque se há interesses nomeadamente de interesse público
ou de quem os difunde esses interesses podem justificar alguma lesão no bom
nome e do crédito. É preciso ainda compará-lo com o seu potencial lesivo, ou seja,
com as lesões que terá no visado. Neste confronto é que se chega à conclusão de
que determinados juízos de valor são ou não proporcionais e se justificam ou não.
A propósito do artigo 484º discute-se ainda a questão da exceptio veritatis, ou seja,
se a afirmação de factos verdadeiros acerca do visado pode ou não gerar a
obrigação de indemnizar. O artigo 484º não distingue entre factos verdadeiros ou
falsos. A afirmação de factos falsos contém, desde logo, um potencial lesivo maior
do que os factos verdadeiros, mas isso não significa que a afirmação de factos
verdadeiros não possa gerar a obrigação de indemnizar, pois, tendo em conta a
ideia de proporcionalidade, tudo depende de haver ou não a proteção de algum
interesse em afirmar determinado facto acerca de determinada pessoa ainda que
esse facto corresponda à verdade:
- Se houver interesse digno de tutela, parece estar justificada a necessidade da
sua emissão ou da sua afirmação.
- Se não há nenhum interesse digno de tutela, essa emissão ou afirmação serve
apenas para denegrir a imagem do lesado, o que excede a proporcionalidade
necessária, podendo, por isso, gerar a obrigação de indemnização, mesmo que
o facto em causa seja verdadeiro.
Exemplo: Alguém afirma, com verdade, que A tem com B uma relação extraconjugal. Pode
até corresponder à verdade, mas havia alguma necessidade em afirmar este facto? Poderia
haver se, p. ex., a pessoa que o afirma fosse a pessoa traída. Já não haveria necessidade
se fosse um terceiro, caso em que poderia constituir um ataque à vida privada das pessoas
e poderia ser lesivo do seu bom nome e da imagem perante a coletividade.
Posto isto, a lei não impõe que os factos difundidos sejam falsos, por isso nem
sempre leva em conta a exceptio veritatis, ou seja, o lesante não pode defender-se
invocando a veracidade dos factos.

• A RTIGO 485º DO CC ( RESPONSABILIDADE POR CONSELHOS , INFORMAÇÕES E


RECOMENDAÇÕES): Este artigo prevê alguns casos de responsabilidade por
conselhos, informações e recomendações, mas, desde logo, ele não nos dá os
critérios normativos capazes de proteger em qualquer situação o informado
relativamente aos prejuízos causados por esses conselhos, informações e

Filipa Ribeiro Gonçalves 13


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recomendações. Repara-se que este artigo começa, no seu nº 1, por afirmar que os
simples conselhos, informações e recomendações não vinculam aquele que os dá,
nem obriga quem os recebe, portanto o mau conselho, recomendação ou
informação dada nestes termos não gera, em princípio, responsabilidade civil, tal só
acontece nos casos do nº 2: a obrigação de indemnizar existe, porém, quando tenha
assumido a responsabilidade pelos danos, quando havia o dever jurídico de dar o conselho,
recomendação ou informação e se tenha procedido com negligência ou intenção de
prejudicar, ou quando o procedimento do agente constitua facto punível. Nestas hipóteses,
que não são taxativas, haveria, ao contrário do que acontece no nº 1, a obrigação
de indemnizar por conselhos, recomendações ou informações. Neste nº 2 o
legislador acaba por convocar responsabilidade que é sobretudo responsabilidade
de natureza contratual. Quando exista um negócio jurídico celebrado
especificamente para obter o conselho, recomendação ou informação, mas mesmo
nos negócios jurídicos que não sejam celebrados para obter conselhos,
recomendações ou informações, mas onde existe o dever de aconselhar,
recomendar ou informar, em qualquer dos casos, se houver a violação do dever de
aconselhar, recomendar ou informar corretamente, então nós estamos perante
responsabilidade do tipo contratual e não extracontratual. Assim, poderia-se aqui
criticar o enquadramento deste nº 2.
Além disso, deixa-se de fora outras situações que a doutrina entende como sendo
geradoras de responsabilidade civil por conselhos, recomendações e informações e
que não obtém cobertura no artigo 485º. Este artigo remete-nos necessariamente
para o artigo 483º, desde logo determinando em que medida é que os conselhos,
recomendações ou informações podem gerar responsabilidade para quem os dá.
Em regra, já se viu que, nos termos do artigo 483º, para haver responsabilidade
delitual é necessário que exista a violação de um direito absoluto, chegando-se à
conclusão que a lei não protege, em termos delituais, os danos puramente
patrimoniais, que é o acontece no caso de haver um mau conselho, recomendação
ou informação. Quem, ainda que de forma negligente, presta um determinado
conselho, recomendação ou informação está a transmitir ao outro dados com os
quais ele irá lidar para tomar decisões, mas o ato do lesado que gera prejuízos
patrimoniais depende sempre dele próprio no exercício da sua liberdade. Neste
sentido, o que está aqui em causa não é a afetação de um direito absoluto, mas da
existência de um certo desnível no seu património. Por via da 1ª variante da
ilicitude, sabe-se que os danos puramente patrimoniais não são indemnizáveis, só
não será assim se houver uma norma destinada a proteger interesses alheios (2ª
variante) ou se existir abuso do direito (3ª variante), mas tem-se entendido que só o
conselho, recomendação ou informação propositadamente dado para prejudicar ou
dado de uma forma leviana, ou seja, com dolo ou negligência grosseira,
respetivamente, é que podem gerar abuso de direito. O artigo 483º também não
consegue dar cobertura às situações de informações negligentes que não
correspondem à violação de um direito absoluto, por isso a doutrina tem chamado à
coação algumas figuras como a x de negócios e o contrato com eficácia de
proteção para terceiros.
Posto isto, o artigo 485º não nos fornece critérios para a proteção do lesado contra
todas as informações, conselhos e informações, nomeadamente ao nível, p. ex, das
informações negligentes, nem o 483º, em regra, nos ajuda, mas a obrigação de
indemnizar pode ser fundamentada com base no x de negócios e no contrato com
eficácia para terceiros.

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• ARTIGO 486º DO CC (OMISSÕES): Uma omissão é ilícita quando aquele que omite o
ato cuja omissão é causa do dano estava obrigado a agir, seja por força da lei, por
força do contrato ou por força de outras situações (deveres de segurança de trafego
e deveres de prevenção de perigo).

Causas de justificação da ilicitude

— CULPA: Nexo de imputação do facto ao agente, imputabilidade do agente e juízo de


culpa.

Em primeiro plano, temos de verificar o nexo de imputação do facto ao agente e a sua


imputabilidade, que é uma condição prévia para depois fazer o juízo de censurabilidade
relativamente à conduta do agente.
Em primeiro lugar, para que um facto possa ser subjetivamente imputado ao agente, é
necessário que o agente seja imputável. Quanto à imputabilidade diz o artigo 488º/1 do
CC: Não responde pelas consequências do facto danoso quem, no momento em que o
facto ocorreu, estava, por qualquer causa, incapacitado de entender ou querer, salvo se o
agente se colocou culposamente nesse estado, sendo este transitório. Posto isto, a lei
diz que é inimputável quem tem incapacidade para entender ou querer.
O juízo de culpa pressupõe ainda o nexo de imputação do facto ao agente, sendo
necessário que o agente tenha:
1. Consciência do caráter ilícito do ato e capacidade para entender as
consequências danosas e ilícitas dele - elemento intelectual.
2. Capacidade para determinar a sua conduta em função da avaliação feita -
elemento volitivo.
Numas situações há determinados agentes que pela idade ou por doenças mentais não
conseguem percepcionar as consequências danosas dos seus atos e não conseguem
ter noção da ilicitude da respetiva conduta. Noutras situações há determinados agentes
que têm noção das consequências dos atos, mas noção conseguem determinar o seu
comportamento em função dessa avaliação feita. Exemplo: Os cleptomaníacos. Eles têm a
noção de que a conduta de furtar é proibida e ilícita, mas não se conseguem determinar de
acordo com a avaliação feita, pois eles têm um impulso para furtar. Isto significa que eles têm a
consciência da ilicitude, mas não conseguem resistir.
O artigo 488º/2 presume a inimputabilidade dos menores de 7 anos e dos interditos por
anomalia psíquica - trata-se de uma presunção de natureza relativa, ou seja, que pode
ser ilidida. Isto significa que relativamente a todos os outros que no momento da prática
do facto possam eventualmente não conseguir perceber a ilicitude do seu ato ou
determinar o seu comportamento de acordo com a avaliação feita, como a lei não
presume inimputabilidade, o lesante tem de fazer prova dessa inimputabilidade.
A outra questão que se coloca no artigo 488º do CC relativamente à inimputabilidade
tem a ver com a inimputabilidade transitória, ou seja, pode acontecer que a
incapacidade para entender e querer não seja permanente, mas meramente transitória. A
lei diz que mesmo sendo transitória o incapaz não responde, só não é assim se se
colocou culposamente nesse estado de incapacidade (p. ex., estado de embriaguez ou
drogado).
Posto isto, sendo a culpa um pressuposto da responsabilidade civil e só sendo
suscetível de um juízo de culpa ou de censura quem for imputável ou capaz, então os

Filipa Ribeiro Gonçalves 15


DIREITO DAS OBRIGAÇÕES II: Práticas
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inimputáveis, em princípio, não respondem. Isso não significa que os danos causados
pelo incapaz não sejam indemnizados, podem ser, desde logo, se o incapaz estiver sob
vigilância de alguém, o vigilante responde se não cumpriu o dever de vigilância e
responde por facto próprio (por ter omitido o dever de vigilância) e não pelo facto do
incapaz, mas fica assegura a indemnização pelos danos causados pelo incapaz - artigo
491º do CC. Todavia, excecionalmente pode o próprio incapaz ser responsabilizado,
nos termos do artigo 489º/1 do CC: Se o acto causador dos danos tiver sido praticado
por pessoa não imputável, pode esta, por motivo de equidade, ser condenada a repará-
los, total ou parcialmente, desde que não seja possível obter a devida reparação das
pessoas a quem incumbe a sua vigilância. Nesta hipótese, a lei permite que, com
fundamento na equidade, possa responsabilizar-se o próprio inimputável pelos danos
causados ao lesado. Quando se fala aqui em equidade isto significa que o fundamento
da responsabilidade não é a culpa, ou seja, a censurabilidade do seu comportamento
(até porque ele não é suscetível do juízo de culpa ou censura, porque não é capaz de
querer e de entender). Por isso, pode por-se aqui a hipótese de esta responsabilidade
ser um caso de responsabilidade objetiva, pois o fundamento de imputação é outro que
não a culpa, é a equidade, portanto o incapaz responderia independentemente de culpa.
A Drª Irene Girão tem dúvidas neste entendimento, porque, em rigor, para o apuramento
da responsabilidade do incapaz, sendo certo que não é fundada na culpa, não é de todo
indiferente um juízo de culpa. Quer se dizer que o incapaz responde com fundamento na
equidade, mas se nós não avaliarmos o comportamento do incapaz ao nível da
censurabilidade do respetivo comportamento corremos o risco de tratar de forma mais
desfavorável o incapaz do que trataríamos uma pessoa com capacidade colocada
naquela situação. Exemplo: A (incapaz) destrói o computador de B, porque tropeçou nele ao
fugir de um perigo iminente. Se é completamente estranho à responsabilidade do inimputável um
juízo de censurabilidade acerca da sua conduta independentemente da circunstância que
determinou a destruição do computador, desde que verificados os pressupostos, ou seja, desde
que segundo a equidade ele devesse responder ele responderia. Agora se A fosse uma pessoa
capaz de entender e querer, como o seu comportamento não é censurável ele não responderia.
Assim, o incapaz responderia e o capaz não responderia porque não tinha culpa. Por isso é que
no artigo 489º do CC se deve recorrer a uma espécie de ficção, ou seja, deve-se colocar
o incapaz na situação de um capaz e perguntar se aquele ato fosse praticado por uma
pessoa com capacidade se seria ou não um ato culposo e gerador de responsabilidade,
porque se o não for não faz sentido responsabilizar o incapaz numa situação em que não
responsabilizaria-se uma pessoa com capacidade. Assim sendo, diz-se que o incapaz
responde, mas responde pelos factos que se praticados por uma pessoa com
capacidade gerariam responsabilidade civil. Por isso é que é arriscado dizer que
estamos perante um caso de responsabilidade independente de culpa. No fundo o
fundamento de imputação não é a culpa, é a equidade, no entanto o juízo de culpa não é
completamente estranho a esta hipótese do artigo 489º, porque o incapaz responde
quando o facto se praticado por um capaz naquelas circunstâncias gera-se
responsabilidade.
Quando a lei fala em responsabilizar o incapaz segundo a equidade é de destacar que
podem estar em causa situações em que eventualmente o lesado tem uma situação
económica frágil e fica colocado numa situação económica ainda mais frágil em virtude
da lesão e o incapaz até tem alguma capacidade económica. Nestes casos, parece que
fazer o lesado suportar a totalidade de lesão porque aquele que praticou o facto não era
objeto de um juízo de censura acaba por ser uma solução injusta. Por isso é que a lei,

Filipa Ribeiro Gonçalves 16


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nessas situações, diz que a equidade pode exigir que pelo menos parcialmente os danos
sejam reparados pela pessoa incapaz. No artigo 489º/2 do CC, o legislador diz que a
indemnização paga por pessoa inimputável nunca pode prejudicar os alimentos
conforme o seu estado e condição, nem os meios indispensáveis para cumprir os seus
deveres legais de alimentos. Portanto, diga-se que o pagamento não pode por em causa
a própria situação económica e de sobrevivência do incapaz.

Chegando-se à conclusão que o lesante tinha capacidade de entender e querer, o


segundo plano é de avaliar a respetiva culpa.
Quando se fala em culpa fala-se num juízo de censura. Pode dizer-se que alguém atuou
com culpa ou que o seu comportamento é censurável quando o agente podia e devia ter
agido de outro maneira e com isso teria evitado a produção do dano, portanto diz-se
que o dano lhe é imputável subjetivamente, ou seja, o dano resulta de culpa sua.
Como se avalia a culpa? Antes de mais, a culpa pode ser:
- Culpa intencional (dolo): O dolo forma mais grave de culpa. Há uma ligação entre a
vontade do agente e o respetivo ato que praticou (designado ato lesivo).
• Dolo direto: Há uma ligação direta entre a vontade do agente e o dano que se
produziu. O agente tinha consciência e previu a possibilidade de ocorrência de
um determinado facto danoso (elemento intelectual) e quis praticá-lo, ou seja,
quis que o resultado se produzisse.
Exemplo: Alguém quer matar outra pessoa, pega numa pistola e disfere um tiro.
• Dolo necessário: A ligação é de mera necessidade e não direta. O agente
previu com o seu ato a ocorrência de determinado dano (elemento intelectual),
dano esse que é uma consequência necessária do alcance do resultado
pretendido pelo agente.
Exemplo: Alguém destruir uma habitação incendiando-a e sabe que uma pessoa que
se encontra na habitação morrerá porque não tem forma de fugir. Então, relativamente
ao crime de dano há um dolo direto e relativamente ao homicídio há um dolo
necessário.
• Dolo eventual: Há uma ligação eventual entre o vontade do agente e o dano.
O agente prevê a possibilidade de ocorrência de um determinado resultado
danoso (elemento intelectual) e o agente prevendo a eventualidade dessa
ocorrência age com indiferença, ou seja, não se preocupa se o resultado que
prevê como meramente eventual ocorrerá ou não.
➡ É diferente da negligência consciente. Nesta o agente não quis a produção
do resultado danoso, ele resulta da falta de cuidado ou de diligência
devida; enquanto no dolo o resultado se liga à vontade do agente. Na
negligência consciente o agente também prevê a possibilidade de
ocorrência de um determinado resultado, só que por negligência só atua
porque acredita que o resultado não se produzirá, por isso não chega a
haver uma adesão da vontade ao resultado danoso. No dolo eventual
recorre-se à doutrina da dupla negativa do Dr. Eduardo Correia: o agente
também prevê a possibilidade de ocorrência de um dano e atua não
acreditando que o resultado se não produzirá, por isso há uma ligação da
vontade ao resultado porque há uma indiferença.
Exemplo: Alguém conduz às 4h da manhã e aproxima-se de um cruzamento com
uma via de prioridade. Se for distraído e nem sequer se recorda do cruzamento
com via de prioridade, não prevê sequer a possibilidade de um resultado danoso,

Filipa Ribeiro Gonçalves 17


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então é negligência inconsciente. Se prevê essa possibilidade, mas não acredita


que o resultado se produzirá, então é negligência consciência. Se prevê a
possibilidade e não quer saber, então é dolo eventual.
- Culpa não intencional (negligência ou mera culpa): A negligência ou mera culpa é a
forma mais leve e corresponde à omissão do cuidado exigível ou à omissão
diligência exigível, ou seja, uma atuação descuidada ou pouco cuidadosa do
agente.
• Negligência consciente: Página 17.
• Negligência inconsciente: O agente não prevê o resultado danoso, por
inobservância dos cuidados ou diligências exigíveis.
O artigo 494º do CC permite que haja uma redução da indemnização em montante
inferior aos danos quanto tenha havido mera culpa. Se é assim, se o grau de culpa
tem influência no cálculo da indemnização, será que a função da responsabilidade
civil também não é sancionatória - os chamados danos punitivos -, ou seja, parte
do valor da indemnização não consistiria em reprovar e sancionar o comportamento
do lesante? A norma do artigo 494º em nada nos ajuda quanto à consagração
dessa punibilidade ou ressarcibilidade. Diria-se que haveria ressarcibilidade ou
obrigação de indemnizar se existisse alguma norma que permitisse calcular uma
indemnização de valor superior aos danos, o que não é o que sucede no artigo
494º do CC.
Em todo o caso, ou seja, apesar da responsabilidade civil não ter natureza punitiva,
o juízo grau de culpa pode ter interesse na aplicação de várias normas como, p.
ex., o artigo 497º e o artigo 570º do CC.

Aula dia 08 de abril de 2019

Posto isto, como é que nós avaliamos a culpa? Deve ser feita uma avaliação concreta
ou abstrata? Quando se fala de culpa diz-se que é um juízo de censura dirigido ao
comportamento do agente e age com culpa quem podia e devia ter agido de outra
maneira. Por isso, temos de fazer uma comparação entre a forma como o agente atuou
ao praticar o facto ilícito e a forma como ele deveria ter atuado, para sabermos o seu
comportamento se enquadra ou afasta do padrão de comportamento e consoante ele
encaixe ou afaste desse padrão se diz que ele atuou sem culpa ou com culpa. Ora bem,
esse padrão de comportamento é diferente consoante se avalie a culpa em abstrato ou
em concreto:
• Na avaliação em concreto compara-se a conduta do agente no momento da
prática do facto ilícito com a conduta normal que o agente tem, ou seja, compara-
se o grau de diligência que ele usou no momento da prática do facto com o seu
normal grau de diligência. Assim, o padrão de comportamento que se utiliza para
comparar o comportamento do agente no momento da prática do facto é o seu
próprio padrão normal de comportamento. Logo:
- Ele age com culpa: quando ele se afasta da forma como normalmente atua;
- Ele age sem culpa: quando ele atuou de forma mais descuidada do que
normalmente costuma atuar.
• Na avaliação da culpa em abstrato compara-se a conduta do agente no momento
da prática do facto ilícito com o comportamento que, naquelas circunstâncias,
deveria ter tido um homem medianamente diligente e prudente. Assim, o padrão de

Filipa Ribeiro Gonçalves 18


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comportamento é o comportamento normal de um homem medianamente diligente


e prudente - recorre-se ao bonus pater familias.
A lei optou, no artigo 487º/2 do CC, pela avaliação da culpa em abstrato: a culpa é
apreciada, na falta de outro critério legal, pela diligência de um bom pai de família, em
face das circunstâncias de cada caso. Este critério é também utilizado, no âmbito da
responsabilidade contratual, por remissão do artigo 799º/2 do CC: A culpa é apreciada
nos termos aplicáveis à responsabilidade civil, ou seja, nos termos do artigo 487º/2.
O legislador optou pela avaliação da culpa em abstrato corretamente e há vários
argumentos a favor desta opção:
1. A injustiça relativa que resultaria da avaliação em concreto. Uma pessoa que seja,
em regra, descuidada se continua-se a ser descuidada diria-se sempre que atuou
segundo o seu padrão de conduta, portanto o seu comportamento nunca seria
censurável. Já alguém muito diligente bastaria afastar-se um bocado do seu
comportamento normal para que se censurasse o seu comportamento.
2. É um critério mais educativo, porque leva a que os indivíduos se tendam a
aproximar à diligência média, precisamente para evitar a censurabilidade da sua
conduta e para evitar que os seus atos gerem uma obrigação de indemnizar.
3. Protege um dos valores essenciais da ordem jurídica que é a confiança. Note-se
que nós não conhecemos todas as pessoas com quem nos cruzamos, não
sabemos se são cuidadosas ou diligentes, mas para que possamos viver em
sociedade temos de poder confiar que o comportamento delas andará pelo
cuidado médio exigível.
Se o padrão de comportamento é o padrão do homem mediamente diligente ou
prudente como é que densifica esse padrão? Basta que esse homem seja
medianamente diligente ou é necessário mais? É necessário exigir as capacidades
médias e o bom senso médio? Porque aqui está a diferença da culpa como deficiência
da vontade e a culpa como deficiência da conduta:
• Na culpa como deficiência da vontade basta, para excluir culpa, ou seja, a
censurabilidade da conduta do agente, que o agente se esforce para cumprir.
• Na culpa como deficiência da conduta isso não chega, é necessário que o agente
se dote das capacidades necessárias para levar a cabo determinadas condutas ou
que faça uma auto-avaliação e se em definitivo não está capacitado para as levar a
cabo as omita, ou seja, se exima de levar a cabo tais condutas.
Exemplo: Um surdo pega num automóvel e conduz. Ele não consegue ouvir um conjunto de
sinais sonoros que podem ser importantes na atividade de condução de veículos e, em virtude de
não conseguir ouvir, atropela uma pessoa. Mesmo que ele tenha colocado todo o seu esforço e
dedicação na atividade que vai levar a cabo e, portanto, tenha feito o tal esforço de vontade para
cumprir, isso não basta. É necessário que ele tenha as capacidades para levar a cabo tal
atividade, mas se é surdo e não pode dar mais, ele deve, então, abster-se de levar a cabo
condutas para as quais não está preparado.
Aqui o legislador não toma partido, mas o segundo critério (culpa como deficiência da
conduta) é o que mais se adequa com o critério abstrato de avaliação da culpa (é um
critério mais educativo e é o que mais protege o valor da confiança).

Outro problema ao nível da culpa é o ónus da prova da culpa: No plano da


responsabilidade civil extracontratual (artigo 487º do CC) compete ao lesado fazer prova
da culpa do autor lesão, salvo existindo presunção legal de culpa. Esta presunção legal

Filipa Ribeiro Gonçalves 19


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de culpa existe genericamente na responsabilidade civil contratual (artigo 799º do CC).


Posto isto, no âmbito da responsabilidade contratual, a lei presume a culpa do devedor,
portanto é este que tem de provar que o incumprimento não resulta de culpa sua. Não é
assim no âmbito da responsabilidade extracontratual em que a regra é de que ao lesado
compete fazer prova da lesão, mas nalguns casos a lei vem estabelecer algumas
presunções de culpa: artigos 491º, 492º, 493º e 503º/3 do CC - fala-se, nestes casos,
de responsabilidade subjetiva agravada, ou seja, qualquer um dos lesantes, nessas
hipóteses, responde com fundamento na culpa, mas a culpa não tem de ser provada
pelo lesado, ela presume-se e isso significa que há uma inversão do ónus da prova: o
lesado que tem a seu favor a presunção de determinados factos não tem de fazer prova
deles, quem tem de afastar esses factos é o próprio lesante, no caso, quanto à culpa.
Tratam-se de presunções relativas, ou seja, são ilidíveis, portanto afastáveis mediante
prova em contrário.
➡ Artigo 491º do CC (responsabilidade das pessoas obrigadas à vigilância de
outrem): As pessoas que, por lei ou negócio jurídico, forem obrigadas a vigiar
outras, por virtude da incapacidade natural destas, são responsáveis pelos danos
que elas causem a terceiro, salvo se mostrarem que cumpriram o seu dever de
vigilância ou que os danos se teriam produzido ainda que o tivesse cumprido.
Temos aqui uma presunção de culpa que onera o vigilante de alguém com
incapacidade natural. Assim, é necessário que a pessoa vigiada tenha uma
incapacidade natural, até porque pode acontecer que se tenha um dever de
vigilância para com pessoas com capacidade, mas aí não se pode recorrer ao 491º.
Exemplo: Um comandante de um pelotão de soldados. Se um dos soldados cometer um
facto ilícito não se pode aplica o 491º para responsabilizar o comandante pelos danos
causados pelo soldado, porque a lei faz depender esse artigo de uma incapacidade natural.
O legislador não fala de inimputabilidade, nós podemos ter alguém que não é
inimputável e que tenha um incapacidade natural, o que significa que em muitas
hipóteses podem responder ambos: o vigilante e o incapaz natural (aquele que
pratica efetivamente o dano) e quando responderem ambos o regime é o da
responsabilidade solidária, portanto ambos respondem solidariamente para com o
respetivo lesado. Note-se que o vigilante não responde por facto do próprio do
incapaz, ele responde por um facto próprio, ou seja, pela omissão do dever de
vigilância.
Como pode o vigilante afastar a sua responsabilidade?
- Ilidindo a presunção de culpa, ou seja, provando que cumpriu o dever de
vigilância - coloca-se no plano da culpa, porque se ilide a presunção de
culpa, afastando-a.
- Ainda que tenha culpa (ou seja, ainda que não tenha cumprido o dever de
vigilância) ou quando não consiga provar que cumpriu o dever, pode provar
que os danos se teriam produzido ainda que tivesse cumprido o dever de
vigilância - coloca-se no plano da causalidade, aqui o vigilante vem provar
que existe uma causa virtual que teria conduzido ao dano se ele não tivesse
sido causado pela causa real e a lei estabelece aqui a relevância negativa da
causa virtual. A causa virtual é a causa que teria conduzido ao dano se ele
não tivesse sido provocado pela causa real. Exemplo: Alguém disfere um tiro e
mata outra pessoa (causa real), no entanto essa pessoa já tinha bebido veneno e,
portanto, se não tivesse morrido do tiro, ela teria morrido do envenenamento (causa

Filipa Ribeiro Gonçalves 20


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virtual). A causa virtual é relevante? Quando se pergunta-se acerca da


relevância distingue-se a relevância positiva e relevância negativa:
• A causa virtual releva positivamente quando ela possa conduzir à
responsabilização do autor da causa virtual.
• A causa virtual releva negativamente quando ela possa excluir a
responsabilidade do autor da causa real (se permitisse excluir a
responsabilidade do autor da causa virtual seria irrelevância, porque a causa
virtual não é relevante).
➡ Artigo 492º do CC (danos causados por edifícios ou outras obras): O proprietário
ou possuidor de edifício ou outra obra que ruir, no todo ou em parte, por vício de
construção ou defeito de conservação, responde pelos danos causados, salvo se
provar que não houve culpa da sua parte (possibilidade de ilidir a presunção de
culpa) ou que, mesmo com a diligência devida, se não teriam evitado os danos
(relevância negativa da causa virtual).
Como pode o proprietário ou o possuidor de edifício ou outra obra pode afastar
a responsabilidade?
- Ilidindo a presunção de culpa, ou seja, provando que cumpriu o dever de
conservar o edifício ou a obra;
- Provando que os danos se teriam ocorrido ainda que o tivesse cumprido o
dever de conservação. O proprietário ou possuidor tem de provar a existência
de uma causa virtual que teria conduzido ao respetivo dano - relevância
negativa da causa virtual.
O responsável, nos termos do artigo 492º, é o proprietário ou possuidor do edifício
ou obra ou alguém que tenha o dever de conservar o edifício ou obra - o nº 2 tem
isso em conta porque diz que a pessoa obrigada, por lei ou negócio jurídico, a
conservar o edifício ou obra responde, em lugar do proprietário ou possuidor,
quando os danos forem devidos exclusivamente a defeito de conservação.
Há aqui duas possibilidades de ser responsável:
- Ou responde por vícios de construção e aí responde em solidariedade com o
construtor e com os técnicos (engenheiros, arquitetos, etc.);
- Ou responde por defeito de conservação.
O artigo 492º do CC impõe uma responsabilidade de tipo subjetiva, ou seja,
fundamenta-se na culpa, embora uma culpa presumida que pode ser afastada. Ao
contrário do que sucede com algumas obras, como é o caso das escavações
(artigo 1348º/2 do CC). Este artigo estabelece um caso de responsabilidade
objetiva: o proprietário que faça escavações no seu prédio, se causar danos aos
prédios vizinhos, responde independente de culpa, ou seja, responde mesmo que
prove que levou a cabo as diligências necessárias para evitar esses mesmos
danos.
➡ Artigo 493º do CC (danos causados por coisas, animais ou atividades): Nº 1:
Quem tiver em seu poder coisa móvel ou imóvel, com o dever de a vigiar, e bem
assim quem tiver assumido o encargo da vigilância de quaisquer animais, responde
pelos danos que a coisa ou os animais causarem, salvo se provar que nenhuma
culpa houve da sua parte (possibilidade de ilidir a presunção de culpa) ou que os
danos se teriam igualmente produzido ainda que não houvesse culpa sua
(relevância negativa da causa virtual).

Filipa Ribeiro Gonçalves 21


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Tratam-se de coisas que estão sobre vigilância porque são coisas que representam
uma especial perigosidade para terceiros. Exemplo: uma arma; um depósito de
explosivos; as estradas, sobretudo quando delimitadas (auto-estradas ou pontes). Quem
tem o dever de vigiar essas coisas e omite esse dever responde pelos danos
causados e o mesmo se diga sobre os animais: quem tem sobre vigilância
determinados animais e omite o respetivo dever deve responder pelos danos que
os animais causarem. Mais uma vez responsabilidade do tipo subjetiva que é
afastada ilidindo a presunção de culpa, ou seja, provando que não houve culpa por
parte de quem estava obrigado à respetiva vigilância ou fazendo prova da
existência de uma causa virtual que releva negativamente. Mas a lei também prevê
a hipótese de, pelos danos causados por animais, responder objetivamente o seu
detentor - artigo 502º do CC. Assim, temos:
- Uma responsabilidade subjetiva do vigilante o animal: que
Note-se
pode ser afastada ilidindo a presunção de culpa ou provando a
que o
existência de uma causa virtual que releva negativamente;
vigilante e
- Uma responsabilidade objetiva do detentor do animal: o o detentor
detentor é quem detém um proveito do animal e responde podem ser
independentemente de culpa. Aqui o fundamento é o risco ou o a m e s m a
perigo especial decorrente do animal e o detentor só responde pessoa ou
pelos danos que resultem desse perigo ou risco próprio ligado não
ao animais enquanto ser irracional.
Já quando esteja em causa as atividades perigosas ou pela sua própria natureza
(perigosas em si mesmas) ou pela meios que utilizam (só são perigosas quando utilizam
determinados meios - p. ex., produção de explosivos, construção civil, atividade médica), o
legislador apenas permitiu afastar a responsabilidade através do afastamento da
presunção de culpa, ou seja, provando que não houve culpa ou que se levaram a
cabo as medidas necessários para evitar a ocorrência dos danos. Portanto, não
permite invocar aqui relevância à causa virtual. De acordo com o Nº 2: Quem causar
danos a outrem no exercício de uma actividade, perigosa por sua própria natureza
ou pela natureza dos meios utilizados, é obrigado a repará-los, excepto se mostrar
que empregou todas as providências exigidas pelas circunstâncias com o fim de os
prevenir.
➡ Artigo 503º/3 do CC (acidentes causados por veículos): Aquele que conduzir o
veículo por conta de outrem responde pelos danos que causar, salvo se provar que
não houve culpa da sua parte. Também não permite invocar a causa virtual. A
presunção de culpa pode ser afastada, mas não se dá relevância à causa virtual.

Em regra, o legislador alia ao estabelecimento de uma presunção de culpa a


possibilidade de se provar uma causa virtual que releve negativamente. Então, poderia-
se retirar daqui um princípio e estender a sua aplicação a casos análogos, onde se
estabelece uma presunção de culpa? Não, essa atividade não é metodologicamente
correta. Repare-se, fazer relevar a causa virtual é uma opção excecional por parte do
legislador e ele fê-lo em casos concretos e determinados. Muitas vezes isso até implica
prejuízo para o próprio lesado, porque tem de ser ele a suportar o dano apesar de ele ter
sido provocado com culpa do próprio lesante. O legislador, nesses casos, como que
tentou compensar o lesante, ele agravou-lhe a responsabilidade através de uma
presunção, mas compensou-lhe, de alguma maneira, vindo-lhe permitir afastar a
responsabilidade através da invocação de uma causa virtual. Nesse sentido, pode-se

Filipa Ribeiro Gonçalves 22


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dizer que a regra é da irrelevância da causa virtual tanto positiva como negativa e só em
casos particulares e determinados e tendo em conta o juízo de cada uma das
circunstâncias é que o legislador estabeleceu a relevância da causa virtual. Se não o fez
para todas as hipóteses em que estabelece um presunção de culpa foi porque não quis
faze-lo, porque achou que nessas hipóteses o juízo de compensação não seria de
alguma forma razoável. Portanto, tratando-se de normas excecionais, não se pode dizer
que sejam aplicáveis analogicamente.

➡ Artigo 807º do CC (risco): A propósito da mora do credor. Muitas vezes o devedor


atrasa-se no cumprimento da obrigação e se o simples atraso lhe for imputável (se
resultar de culpa sua) pode causar prejuízos ao credor. Portanto, o cumprimento da
obrigação ainda é possível, corresponde ao interesse do credor, mas não
cumprindo na altura devida isso pode causar prejuízos as respetivo credor. O que a
lei diz é que esses prejuízos moratórios são indemnizáveis, mas diz ainda que se
transfere o risco de perecimento da coisa ou da prestação, por força do mora, para
o devedor, mesmo que esse risco já se tivesse transferido para o credor. Exemplo: A
vende a B um automóvel. Este contrato de compra e venda produz efeitos reais: a
transferência da propriedade. Como regra, o risco anda ligado à propriedade e, em regra,
transfere-se independentemente da entrega da coisa. Assim, A vendeu o carro, transferiu a
sua propriedade e consequentemente transferiu o risco, mas não entregou o automóvel a B.
O devedor que não cumpriu atempadamente tem o automóvel na sua garagem, automóvel
esse que ficou destruído por causa de uma inundação. Ao devedor não lhe é imputável a
destruição da coisa, porque não resulta de culpa sua, no entanto, por força do não
cumprimento atempado, é ele que corre o risco da sua destruição, mesmo que a destruição
ou perecimento não lhe seja imputável. Portanto, o risco já se havia transferido para o
credor por efeito do contrato, mas volta a ser do devedor por efeito da mora. O que o
artigo 807º vem dizer é que o devedor é responsável pelo perecimento da coisa,
salvo se provar que os danos teriam ocorrido se ele tivesse cumprido
atempadamente, ou seja, vem dar relevância negativa à causa virtual. Permite-se,
assim, ao devedor excluir a sua responsabilidade relativamente ao perecimento a
coisa ou prestação.

Relativamente ao artigo 493º do CC ainda se coloca um outro problema que é o de


saber se a sua aplicação deve estender-se ao caso da condução de veículos, ou seja, se
a condução de veículos deve ser considerada uma atividade perigosa para efeitos do
artigo 493º, isto é, para efeitos de se estabelecer relativamente ao condutor uma
presunção de culpa. A condução de veículos de circulação terrestre sendo, em regra,
uma atividade arriscada poderia ser considera, para efeitos de culpa presumida do
respetivo condutor, uma atividade perigosa?
Relativamente à condução de veículos automóveis, o legislador estabeleceu no artigo
503º/3 do CC uma presunção de culpa semelhante à do artigo 493º, mas uma
presunção de culpa que onera não todo e qualquer condutor, mas apenas aquele que
conduz no exercício das suas funções por conta de outrem, ou seja, a presunção do
artigo 503º/3 visa onerar apenas o comissário. Relativamente a outros condutores não se
presumiria, à partida, a culpa, até porque a lei estabelece a responsabilidade do detentor
de natureza objetiva. Em regra, o comissário quando está no exercício das suas funções
não é detentor, porque não conduz no seu interesse, conduz por conta de outrem. Logo,
ele nunca responde objetivamente, ele só pode responder com fundamento na culpa e a

Filipa Ribeiro Gonçalves 23


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lei entendeu que, nesse caso, seria de determinar no artigo 503º/3 uma presunção de
culpa. Pergunta-se se o legislador apenas estabeleceu, nesse caso, uma presunção de
culpa que onera apenas o comissário ou onera também qualquer outro condutor. À
partida, há aqui uma clara manifestação de que não quis estender essa presunção de
culpa a todo e qualquer condutor, mas apenas ao comissário.
Se o detentor responde objetivamente, ou seja, independentemente de culpa, porque é
que precisamos de considerar, para efeitos do artigo 493º e da presunção que lá
estabelece, a atividade de condução de automóveis como uma actividade perigosa? A
questão colocava-se sobretudo quando os limites do artigo 508º do CC eram diferentes
do que são hoje. O artigo 508º do CC estabelece limites máximos para a indemnização
em caso de responsabilidade do detentor. O detentor responde objetivamente pelos
danos causados pelos riscos próprios do veículo, mas responde de forma limitada.
Desde 2004, o teto máximo da indemnização anda indexado ao valor de cobertura do
seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel que é um valor relativamente
generoso (5 M €) e, portanto, cobre, na generalidade dos casos, os danos que resultam
da utilização de veículos automóveis. Mas até 2004 esse valor era apenas o dobro do
valor da alçada da Relação (40 mil €) que tendo em conta a gravidade, em muitas
situações, dos danos causados por veículos não era suficiente para a cobertura dos
danos causados aos respetivos lesados. Assim, a doutrina tentou arranjar formas de
favorecer ao lesado (retirando a alçada desses limites indemnizatórios) e uma delas é de
considerar culpado o condutor. Esses limites só são válidos quando o fundamento é o
risco, assim sempre que há culpa não se aplica os limites do artigo 508º, logo se se
conseguisse estabelecer a culpa do lesante na ocorrência do sinistro não estaríamos
sujeitos a esses limites. A forma seria de considerar a atividade de condução uma
atividade perigosa, porque aí o lesado beneficiava de uma presunção de culpa. A maioria
da doutrina ia no sentido de não considerar a atividade de condução uma atividade
perigosa para este efeito de aplicação da presunção de culpa, porque não faz sentido
que o legislador tenha estabelecido uma presunção particular a onerar o comissário e
depois, por via interpretativa, nos alargássemos essa presunção a todos os condutores.
Haveria, de alguma forma, razões para limitar a presunção de culpa ao condutor por
conta de outrem, porque sendo um profissional e estando a conduzir um veículo que não
é seu, há um certo distanciamento do próprio veículo e presumindo da respetiva culpa
seria uma maneira de o manter mais atento. A jurisprudência foi neste sentido e houve
um assento em 1980 que veio estabelecer a regra de que o artigo 493º/2 não se aplica à
atividade de condução de veículos automóveis, ou seja, não é para esse efeito
considerada uma atividade perigosa. Hoje a doutrina, apesar de ainda alguma entender
que o correto seria considerar para este efeito a condução uma atividade perigosa, tem-
se desinteressado mais no assunto, na medida que já não se colocam os
constrangimentos que antes se colocavam, porque os limites do artigo 508º foram
indexados ao tal seguro obrigatório de responsabilidade civil.

— DANO: Prejuízo resultante da lesão.

— NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O FACTO E O DANO: O dano/prejuízo tem de ser uma


consequência típica ou normal daquele tipo de facto. Tem de haver uma relação de
causalidade entre aquele facto e aquele dano.

NOTA: Há quem autonomize um sexto pressuposto que seria o fim da norma ou âmbito de
proteção da norma, mas nós não.
Filipa Ribeiro Gonçalves 24
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Aula dia 29 de abril de 2019

A, conduzindo o veículo da empresa para a qual trabalha e deslocando-se na hora de


almoço ao infantário de seu filho (deslocação autorizada pela empresa), atropelou B,
causando-lhe ferimentos muito graves.
B que, a caminho da escola, transitava junto à berma numa zona onde os passeios não
tinham grandes dimensões, foi atingido por um dos espelhos laterais do veículo conduzido
por A e projetado para a via.
B faleceu alguns dias após o acidente, em virtude de uma infeção hospitalar, que os
médicos atribuíram ao seu estado de debilidade física.
Os pais de B demandam a empresa de A, que invoca:
a) Não ter tido qualquer culpa na ocorrência do sinistro;
b) Não se poder imputar a lesão mortal ao comportamento do motorista A, uma vez que
B veio a falecer devido a uma infeção hospitalar;
c) Não terem os progenitores de B direito a qualquer indemnização, uma vez que o
comportamento do lesado, ao circular muito próximo da berma, também contribuiu para a
produção dos danos;
Pronuncie-se acerca da pretensão dos pais de B, apreciando os argumentos aduzidos
pela empresa demandada e indique quais os fundamentos e a extensão da eventual
obrigação de indemnizar.

Os pais de B pedem uma indemnização pelo dano da morte: Quem são os responsáveis, por
que danos devem responder e quais os fundamentos da respetiva responsabilidade? Além disso,
deve-se apreciar os argumentos invocados pela empresa A.

Há aqui um dano causado por um veículo de circulação terrestre, portanto é para esse
regime que nos temos de reconduzir. Desde logo, o veículo que causou o acidente é conduzido
por outrem que não o seu proprietário, ou seja, é um veículo conduzido por um comissário que
conduz o veículo da empresa.

Alínea a)
Assim, em primeiro lugar, o que temos de saber é se A, quando conduzia o automóvel, se
conduzia no exercício das suas funções ou fora do exercício das suas funções, porque:
- Se conduzia no exercício das suas funções, recai sobre ele a presunção de culpa do
artigo 503º/3 do CC que diz que aquele que conduz por conta de outrem no exercício
das suas funções responde pelos danos que causar, salvo se provar que não houve
culpa da sua parte. Neste caso, não é o lesado que tem de fazer prova da culpa, é o
comissário que tem de afastar a culpa:
‣ Se ilidir a presunção de culpa: Não responde nem subjetivamente (porque ilidiu a
presunção de culpa), nem responde objetivamente como detentor (porque, apesar
de ele ter a direção efetiva - o poder de facto de controlo da fonte de risco -, ele não
tem interesse na utilização, o interesse na utilização é do comitente). Neste caso, o
comissário responde com fundamento na culpa ou não responde. Quem responde
no seu lugar é o comitente enquanto detentor do veículo, nos termos do artigo
503º/1 do CC.

Filipa Ribeiro Gonçalves 25


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‣Se não ilidiar a presunção de culpa: Responde o comissário nos termos gerais da
responsabilidade civil subjetiva e o comitente enquanto detentor nos termos do
artigo 500º do CC.
- Se conduzia fora do exercício das funções, já não recai sobre ele qualquer presunção
de culpa. A haver a culpa tem de ser provada pelo lesado(*), mas não havendo prova da
culpa pelo lesado é possível, nos termos do artigo 500º/3/parte final, ele responder nos
termos do nº1, ou seja, enquanto detentor, porque aí já estão reunidos os pressupostos
da detenção: tem a direção efetiva do veículo (o poder de facto de controlo da fonte de risco)
e tem o interesse na utilização.

A está no exercício das suas funções ou fora desse exercício? Diz-se que ele conduz o
veículo para se deslocar na hora de almoço ao infantário do filho e essa deslocação é autorizada
pela empresa.
O critério genérico para saber se está ou não no exercício das suas funções, não basta o mero
nexo temporal entre a prática do facto e o exercício da função, é necessário uma ligação entre a
prática do facto ilícito e o exercício da função, ou seja, o facto foi praticado por causa da função
e não por mera ocasião dela.
Em determinados casos, a densificação deste critério acaba por gerar dificuldades, porque,
em determinados casos, o comissário conduz o veículo da empresa fora do horário normal do
trabalho, mas está ainda no exercício das suas funções, porque o conduz no interesse do
comitente.
O que se tem de avaliar é o interesse que o comissário visa prosseguir quando utiliza o
veículo. Se o comissário, fora do horário normal de trabalho, leva o carro a lavar ou a pôr
combustível, ele está no interesse do comitente, portanto pode dizer-se que está no exercício das
suas funções. Continuará no exercício das suas funções nas hipóteses em que a utilização do
veículo fora do horário do trabalho é um complemento da retribuição, porque sempre que o
comissário conduz o veículo faz-lo também no interesse do comitente e, por isso, se diz que está
no exercício das funções. Nestes casos, o salário do trabalhador é constituído por uma parte em
dinheiro e a outra em espécie, conferindo-lhe utilizar o veículo que normalmente conduz durante
todo o tempo, é um complemente de retribuição.
No caso, não há evidência disso. O que diz é que o comissário estava na hora de almoço e
pediu à entidade patronal, que autorizou, o automóvel para ir ao infantário do filho. O interesse
que se visa prosseguir no momento da prática do facto ilícito é um interesse exclusivo do
comissário, portanto estaria fora do exercício das suas funções.
Estando fora do exercício das suas funções, não vale relativamente a ele a presunção de culpa
do artigo 503º/3/1ª parte do CC, mas ele responde, nos termos do artigo 503º/3/in fine, como
detentor do veículo, porque ele tem a direção efetiva do veículo e tem interesse na utilização.
Responde como detentor, a menos que o lesado faça prova da sua culpa e aí ele pode responder
com fundamento em culpa provada. (*) O lesado poderá ter interesse em provar a culpa, porque,
se o fundamento da responsabilidade for a culpa, o lesante tem de responder por todos os danos
(é uma responsabilidade ilimitada), já se o lesante responder como detentor está sujeito aos
limites do 504º (quanto aos beneficiários) e aos limites do artigo 508º (quanto aos limites
máximos da indemnização).

Quem é demandado não é o A, é a empresa de A que é a dona do veículo. A empresa é


também responsável e com que fundamento? Aqui não se pode estabelecer a responsabilidade
do comitente (artigo 500º do CC), porque para haver responsabilidade do comitente tem de haver
uma relação de comissão, o facto tem ser praticado no exercício das suas funções e tem haver

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responsabilidade do comissário. Portanto, quando o facto é praticado fora do exercício das suas
funções nunca se pode aplicar a responsabilidade do comitente. A empresa não responde
enquanto comitente, mas pode responder como detentora do veículo, nos termos do artigo 503º/
1 do CC, na medida em que a deslocação é autorizada pela empresa - é como se existisse aqui
um comodato de curta duração. Neste casos, a empresa (comodante) responde porque tem um
interesse, embora não material nem económico na utilização do veículo e esta responsabilização
existe como uma forma indireta de obrigar o dono do veículo a ser prudente na sua cedência.
Entende-se que são detentores tanto o comodante (empresa de A) como o comodatário (A) e
ambos respondem nessa qualidade., nos termos do artigo 503º/3, ou seja, respondem pelos
danos causados pelo próprio veículo.

A empresa diz não ter culpa na ocorrência do sinistro. Se se refere aqui à culpa em sentido
técnico, não teve nem era necessário que tivesse, porque aqui a culpa não é um fundamento de
responsabilidade, o fundamento de imputação é o risco. Portanto, se a responsabilidade se funda
no artigo 503º/1 do CC, que é um responsabilidade objetiva, a culpa não é fundamento e assim
não era necessária para que respondesse. Nem sequer era necessário que o próprio condutor
tivesse culpa, para que o detentor respondesse.

Alínea b): Extensão dos danos indemnizáveis


A criança foi atropelada e sofreu ferimentos graves é hospitalizada e no decurso dessa
hospitalização é infetada por uma infeção hospitalar e acaba por falecer em virtude desse facto.
A empresa demandada vem dizer que não é responsável por toda a extensão dos danos, uma
vez que a morte não decorreu diretamente do atropelamento, a morte veio a ser ocasionada pela
infeção hospitalar.

Tem a ver com o problema do nexo causal. Quando se pode considerar que um facto é
causado por determinado dano.
Aqui o nexo causal coloca-se relativamente ao dano da morte.
Desde logo, O dano da morte é indemnizável. Este dano é o dano central da morte, que é o
dano que decorre da perda da vida. É um dano sofrido pela pessoa que morre, que se vê privada
da vida. É um dano de natureza não patrimonial, mas também gera danos de natureza
patrimonial.
Podem existir é danos sofridos por outras pessoas relacionadas com a morte da vítima, no
caso os pais. São danos que decorrem do dano da morte, mas diferente deste.

Este dano da morte vem referenciado nos artigos 495º e 496º. O 496º/2 diz que por morte da
vítima o direito à indemnização por danos não patrimoniais, nomeadamente aqueles que resultam
da morte cabem em conjunto ao cônjuge não separado judicialmente de pessoas e bens, aos
filhos e a outros descendentes, na falta destes aos pais ou outros ascendentes e, por último, aos
irmãos ou sobrinhos que os representem. A lei vem estabelecer a classe de pessoas que têm
direito a receber uma indemnização em caso da morte da vítima por esse dano da morte. não
esta aqui em causa os danos patrimoniais, mas ps danos não patrimoniais, os beneficiários dos
danos patrimoniais estão no 495º.
Os pais estão na 1ª classe de sucessíveis, portanto têm direito a indemnização, só são
afastados no caso de haver cônjuges, como descendentes.
No caso, era uma criança logo os beneficiários da indemnização são os pais e têm
legitimidade para requerer essa indemnização pelo dano da morte.

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A questão que a doutrina discute é de saber se esta indemnização cabe às pessoas que estão
no artigo 496º por direito próprio ou se elas beneficiam da indemnização por efeito sucessório.
Ou seja, nesta ultima hipótese, quem adquiriria o direito à indemnização seria a própria vítima no
momento da causação do dano e depois o valor da indemnização passaria a título sucessório
para estas pessoas referenciadas no artigo 496ºº/2. Esta é hoje a posição dominante, mas a
doutrina tradicional entende que não deve ser assim e que essas pessoas recebem por direito
próprio, a indemnização nasceria logo no património. Independente, dessa questão e das suas
consequências, a posição vai no 1º dos sentidos.

A e a empresa são ou não responsáveis pelo dano da morte e pela indemnização que decorra
desse dano? Isso tem a ver com a questão do nexo de causalidade, saber quando o facto é
causa do dano, saber qual a extensão dos danos porque responde determinado facto. Esta
questão colocou-se, desde logo, a um primeiro nível, na doutrina das condições equivalentes
(conditio sine quo non) que vinha afirmar que um facto seria causa de um dano sempre que fosse
condições sem a qual esse mesmo dano se não verificaria. Portanto, bastaria que o facto se
enquadra-se no processo causal para que fosse considerado causa do dano, ou seja, bastaria
que fosse uma condição desse mesmo dano. Esta doutrina tem duas fragilidades: 1. Não nos dá
um critério decisivo quando se tem de decidir entre os vários factos que causaram o dano ou
entre os vários factos que são condição do dano qual a sua causa quando ocorre um dano por
de trás há varias factos que contribuem para a sua ocorrência. Então, qual deles é a causa da
dano? Todos, um deles? Quando concorrem várias condições não nos dá um critério decisivo
para decidir de entre todas qual a causa do respetivo dano. 2. É demasiado abrangente, ou seja,
responsabiliza num conjunto de situações, responsabiliza o autor da condição num conjunto de
situações onde é injusto face ao sentimento de justiça dominante. Exemplo: Avião que cai e o
passageiro vem a falecer e o que estaria na origem do falecimento era um incumprimento de um contrato
de transporte. O taxista deveria levar o passageiro num dia a uma determinada hora ao aeroporto para que
ele pudesse viajar de avião. O taxista não cumpre atempadamente e o cliente não consegue viajar nessa
avião e tem de comprar um novo bilhete (esses prejuízos são indemnizáveis porque decorre de um
incumprimento de um contrato de transporte), mas nesse segundo avião onde vai viajar o avião despenha-
se e o passageiro morre. Pergunta-se se será o incumprimento do contrato de transporte a causa do dano
que se veio a verificar que é a morte do passageiro? Se se aplica-se pura e simplesmente a doutrina da
condição diria-se que sim. O incumprimento do transporte é a condição sem a qual o dano não se teria
verificado, porque se ele tivesse chegado a tempo de apanhar o primeiro avião o passageiro teria chegado
incólume ao seu destino. O incumprimento do contrato de transporte que é o facto ilícito gerador da
responsabilidade será condição do dano. Mas para a ocorrência do dano contribuiu esse facto,
eventualmente a circunstância de o piloto não estar nas melhores condições, ter faltado gasolina no avião.
Há uma série de condições ou factos que levam à ocorrência do dano. Qual será a causa do dano? Esta
doutrina não nos responde.
Por isso, a doutrina encontrou um novo critério: doutrina da causalidade adequada. Vem dizer
que não basta, para que o facto seja considerado causa do dano, que em concreto seja sua
condição é necessário que em abstrato ele seja apto ou adequado a causar aquele dano. Temos
de isolar aquele facto enquanto facto típico e saber se esta categoria de factos típicos
normalmente causam aquele tipo de danos. portanto, esta adequação é vista, tendo em conta as
circunstâncias do caso, é vista em abstrato. É juízo de prognose, vamos verificar se aquele tipo
de factos é apto ou não para conduzir àquele tipo de danos. Se fizermos esta pergunta relativamente
ao exemplo vamos obter uma resposta diferente. O incumprimento do contrato de transporte é de facto
condição da morte do respetivo cliente, mas será causa adequada? Ou seja, será que em regra, em
abstrato, o incumprimento do contrato de transporte é adequado a causar a morte de alguém por se

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despenhar um avião? Não. Ou seja, não há aqui nenhum influencia do incumprimento do contrato de
transporte na própria queda do avião.
Continuamos a basearmos na ideia de condição (o facto tem de ser em concreto condição do
dano), porque ela é o ponto de parte, um facto nunca pode ser causa do dano por mais
adequado que seja se não for condição dele. Não basta que seja condição é necessário que no
plano abstrato seja adequado ou apto para produzir aquele dano.
A doutrina entende que esta doutrina da causalidade adequada foi adotada pelo legislador no
563º do CC, embora de uma forma imperfeita: a obrigação de indemnização só existe em relação
aos danos que o lesado provavelmente não teria sofrido se não fosse a lesão. É o provavelmente
que remete para um juízo de adequação.
A dificuldade que se pode colocar é que se tem aplicado formulação diferentes da doutrina da
causalidade adequada:
- Formulação positiva
- Formulação negativa
São várias formas de interpretar a causalidade. A formulação positiva é menos
responsabilizante porque excluir o nexo causal num maior núcleo de hipóteses, enquanto que a
negativa é mais responsabilizante porque são menos os casos em que se exclui a adequação e
conta com uma presunção de causalidade.
A formulação positiva (chama-se assim por formula a posição de forma positiva) diz que o
facto é causa do dano quando o dano for, em abstrato, uma consequência típica ou normal
daquele facto. Se o for, há nexo de causalidade entre facto e dano, ou seja, esta doutrina da
causalidade na formulação positiva exige uma causalidade típica. E quando não há essa
tipicidade exclui o nexo causa.
A formulação negativa é mais abrangente no sentido de que é mais responsabilizante, desde
logo porque incluiu um maior número de hipóteses em que se estabelece um nexo causal (por
não existir essa causalidade típica) e em segundo lugar porque conta com uma presunção de
causalidade. Diz-se que o um facto só não é causa do dano quando ele for de todo em todo
indiferente para a sua produção. Este só não é implica uma presunção de causalidade. Em regra,
quando um facto é condição é também causa do dano, porque parte-se desse pressuposto.
Apenas deixa de o ser quando ele ele é de todo em todo indiferente, ou seja, quando no
processo causal vieram a ocorrer circunstâncias que são anormais e imprevisíveis que quebraram
o nexo de causalidade. Se ninguém alegar e provar a existência dessas circunstâncias
extraordinárias que interromperam o nexo causal estabelecesse a causalidade. A presunção
favorece o lesado, este não tem de fazer prova de que o facto conduziu ao dano. A única coisa
que o lesado tem de provar é que o facto foi condição e não tem de fazer prova da causalidade,
porque há uma presunção a seu favor. Se ele prova a condição, presume-se que é causa. Então,
é o lesante que tem de fazer provar que o facto é indiferente à produção daquele dano e o facto é
indiferente quando houver outras circunstâncias que interromperam o nexo de causalidade, ou
seja, quando essas circunstâncias são anormais e imprevisíveis. No exemplo do avião houve quebra
do nexo de causalidade pela circunstância de o incumprimento do contrato de transporte não modifica o
risco de vir a cair o avião. O cliente só morreu porque no processo causal ocorreram circunstâncias que
são anormais ou extraordinárias.
O que temos de questionar é se as circunstâncias que contribuíram para a ocorrência dos
danos ou o seu agravamento são anormais ou extraordinária ou imprevisíveis? Se sim, quebra-se
o nexo de causalidade, se não mantém-se. No caso de atropelamento o paciente é levado para o
hospital e aí é atendido na urgência e é vitima de um grave erro médico de uma negligência médica
grosseira se o paciente vem a falecer. Não se pode dizer que a causa da morte foi ainda o atropelamento,
ele foi condição, mas veio a ocorrer dentro do processo causal uma circunstâncias que é anómala. Se
depois do atropelamento o paciente é levado na ambulância e esta tem um acidente por estar um dia de

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chuva e derrapa embate num poste e a pessoa transportada acaba por falecer. Neste caso existe quebra
do nexo causal, porque não é anormal ou imprevisível que num dia de chuva ocorra um acidente. Mas se o
acidente se deveu à embriaguez do condutor da ambulância aí há intervenção de um facto de terceiro com
culpa grave que é anormal ou imprevisível.

No caso, há um atropelamento com danos graves e depois o paciente vem a morrer por uma
infeção hospital que os médicos atribuem ao seu estado de debilidade. A ideia é se
eventualmente os ferimentos não fossem graves ao ponto de o deixar numa debilidade física tal,
não teria sido infetado pela infeção. Ou seja, o atropelamento modifica a própria probabilidade de
vir a ocorrer outros danos, nomeadamente a morte em virtude de uma infeção hospitalar. Uma
infeção hospitalar por uma bactéria resistente não é um facto, neste caso, anormal e de todo
imprevisível e portanto nesse sentido não se quebra aqui o nexo de causalidade. Se em vez da
bactéria fosse o erro médico grosseiro havia quebra do nexo de causalidade.

Alínea c): Questão da exclusão da responsabilidade do detentor quando exista um facto do


lesado, um facto de terceiro ou uma causa de força maior que tenha levado aos danos - artigo
505º do CC: Sem prejuízo do disposto no artigo 570.º, a responsabilidade fixada pelo n.º 1 do artigo 503.º
- responsabilidade do detentor - só é excluída quando o acidente for imputável ao próprio lesado ou a
terceiro, ou quando resulte de causa de força maior estranha ao funcionamento do veículo.
A empresa vem dizer que como o acidente também ocorreu por força de um ato do lesado
que circulava próximo da berma, isso levaria à exclusão da responsabilidade tanto do A como da
empresa de A enquanto detentores. Será assim ou não?
Antes de mais, o artigo 505º começa por remeter para o 570º. Neste está previsto o concurso
entre a culpa do lesante e a culpa do lesado. O que diz o artigo 570º é que havendo
responsabilidade subjetiva do lesante a existência de culpa do lesado pode levar ou à diminuição
ou à exclusão da respetiva indemnização. No fundo o artigo 570º regula é o que se designa
concurso homogéneo, porque é culpa com culpa (do lesado e do lesante, ambas as culpas
concorrem para um determinado resultado e o tribunal terá de averiguar em função do contributo
da culpa de cada um deles se a indemnização há-de ser toda atribuída, diminuída ou excluída).
O que diz o artigo 505º é que se houver um facto do lesado, facto de terceiro ou uma
circunstância de força maior, esse facto excluiu a responsabilidade do detentor. Segundo a
doutrina tradicional não se admite aqui qualquer concurso entre culpa e risco, ou seja, bastaria
um qualquer facto do lesado culposo ou não para imediatamente excluir a responsabilidade do
detentor, do lesante que responde com fundamento no risco, nos termos do 503º/1. Portanto,
não se admitia a possibilidade de o facto do lesado vir a concorrer com o risco do próprio veículo
para a causação do respetivo dano. Ou seja, a doutrina tradicional não admite as hipóteses de
concurso heterogéneo, porque um qualquer facto do lesado, terceiro ou causa de força maior
levaria à exclusão da responsabilidade do detentor. Segundo a doutrina tradicional (Antunes
Varela) faz uma interpretação do artigo 505º em 2 pontos:
1. Entende que o problema da contribuição do facto do lesado não tem a ver com a
censurabilidade do comportamento do facto do lesado, é um problema de causalidade.
Ou seja, quando se diz que a responsabilidade é excluída quando o acidente for
imputável ao lesado aqui o imputável não é no sentido técnico-jurídico, não se exige
que haja culpa do lesado para haver exclusão da responsabilidade, portanto basta que
seja um qualquer facto atribuível ao lesado. 1:16:00
2. Basta que existe este facto ara se excluir a responsabilidade, logo não se admite o
concurso heterogéneo - 3 argumentos:
1. Natureza da responsabilidade objetiva, esta é tão onerosa para quem a tem xxx;

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2. 570º/2 diz que sempre que a responsabilidade do lesante se funde numa


presunção de culpa a culpa do lesado exclui essa xxx é necessário que a culpa do
lesante seja culpa provada.
3. A proposta do ante projeto de Vaz Serra vinha no sentido de admitir o concurso,
mas esta proposta não obteve colhimento, entende que o legislador não admite a
possibilidade de concurso.
A redação do 505º não é incompatível com a admissibilidade do concurso entre culpa e risco.
O que hoje a maior parte da doutrina e também a jurisprudência dos tribunais superiores
defende-se que só poderá haver exclusão da responsabilidade do detentor xxx quando esse
facto xxx forem causas exclusivas do dano. Xxx
A doutrina atualista admite o concurso entre culpa e risco.
505º “… for (exclusivamente) imputável …”

A interpretação é atualista porque se baseia na evolução da regulamentação das


responsabilidades objetivas.
- Responsabilidade do Estado pra tos de gestão publica - DL 67/2007 quando se admite a
responsabilização objetiva do Estado - artigo 11º
- Lei da responsabilidade do produtor - L x/89
- DL 321/89 - art 13º
- DL 71/90 - art 14º
- DL 329/95 - art 43º

Recolhe nas regulamentações mais recentes dados para interpretar o 505º

No caso, a empresa diz que o facto de a criança circular próximo da berma não é causa
exclusiva dos danos. Os condutores terão de ter mais cuidados e cautelas. Nesse sentido, o
risco ligado à circulação de veículos. O risco de circulação também contribui para a ocorrência
dos danos, temos um concurso.

Havendo contribuição há aplicação do 570º.

Aula dia 13 de maio de 2019

Nos laboratórios da empresa Beauty (B), fabricante de cosméticos, um dos seus


funcionários (A), ao realizar ensaios com substâncias químicas, deixou cair sobre C, um
cliente, um preparado altamente inflamável, provocando-lhe queimaduras graves. Em juízo
provou-se que C entrou inadvertidamente numa área do laboratório interdita ao público,
além de que a empresa B deixou de cumprir, nos últimos anos, algumas disposições
regulamentares aplicáveis ao setor da cosmética, nomeadamente quanto à obrigatoriedade
de indicação nos cremes que produz e comercializa da respetiva composição e índice de
proteção UV.
C pretende ser ressarcido dos prejuízos sofridos. Diga se tem direito a indemnização e
contra quem o poderá fazer valer.

C lesado tem direito a ser indemnizado? E tendo qual o fundamento e quem o responsável
pela reparação?

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Temos aqui queimadoras em virtude do manuseamento de produtos químicos o que nos leva
desde logo relativamente a A que é funcionário da empresa para a questão de saber se é
eventualmente responsável e se agiu ou não com culpa. Porque, nesta sede, A nunca é
responsável objetivamente, portanto o A tem uma relação de comissão com B estão no exercício
das funções (de técnico de laboratório) a ideia é saber se atuou e se estão verificados os
pressupostos da responsabilidade civil relativamente a. A. Se A atuou ou não de forma culposa.
Há aqui um facto ilícito porque lesa direitos absolutos (a integridade física de C), causadores de
danos, ha nexo de causalidade entre of acto e o sano resta saber se eventualmente esta
preenchido o nexo de imputação do facto aoegte, nkamedande sendo o agente impitavels e
atuou com culpa ou sem ele. Se o seu comportamento é merecedor de censurada. Somes
remeitos apsa os acaso de responsabilidade civil agravada - artigo 493º/2. Este diz que aquele
que causar danos no exercício de uma atividade perigosa … é obrigado a repara-los, exceto se
mostrar que … . Ou seja, este manuseamento de produtos químicos não a atividade de produçai
de cosméticos em si mesmo, mas em determinados momentos o manuseamento de psuots
químicos é uma atividade perigosa, aquele que exerce essa atividade tem de tomar todas a
sdiligensca para evitar que o perigo se traduz num da no.a lei socroree desta ideia par aoenrar
quem exerce essa mesma atividade. Havendo presunção de culpa a quem cabe o ónus da
prova? Ha inversão do ónus da prova o que significa que é p lesante a afats a presunção que tem
a provar que os eu comportamento não é censurável, que ao atuau com culpa. Ou A faz proav
que de facto tomou todos os cuidados necessários para evitar a pofuçao do dano ou tem contra
si esta presunção. Este artigo é uma dos casos em que há presunção de culpa sem possibilidade
de lançarmos mão da relancaia negativa da causa virtual. Para afastar a responsabilidade teria de
fazer prova da ausência de culpa.
Aqui a seu favor teria-se. A circunstância de o lesado ter entrada de forma inadvertida nos
laboratórios onde os produtos estavam a ser manuseados. ha aqui uma certa contotaçao de que
a entarda seria vedada ou proibida. E ainda assim o cliente entrou no laboratório. Pode ser uma
das formas de A afastar a presunção, mas nçao e suficiente, tem de mostrar que atuou de forma
a evitar todos os danos e só por cirucnciatis que não lhe são devidas é que o dano veio a ocorrer.
Também ha culpa do lesado que entra. Quando ha concurso de culpas nos somos
necessariamente conduzidos para aplicação da norma do artigo 570º - concurso homogéneo. Ha
culpa do lesante (presumida) e do lesado. Seriamos conduzidos para o nº 2. Se se aplicar xxx
porque o A é fundada numa presunção de culpa que não foi afastada. Se a responsabilidade é
fundada em culpa efetiva do lesante então diz o nº1 que a responsabilidade pode ser diminuído
ou excluída, mas se a responsabilidade for fundada numa presunção de culpa não provada nesse
casos exclui-se a resp. Mas este nº 2 foi muitas vezes utilizado com o argumento para interpretar
de forma clássica o 505º. Este é no plano dos danos causadalos por veículos a norma que
permite excluir a resp do detentor do veiculo e noa posição tradicional dizia se que basta um
qualquer facto do lesado apr aque se exclui a responsabilidade do detentor do veiculo. Não
sendo possível o tal concurso ente culpa e risco, mesmo que este possa ter contribuída par a a
ocorrência do dano. E um dos argumentos utilizados para sustentar esta exclusão é o 570-2 dizia
a doutrina traducoio al s e a culpa presumida basta para excluir a responsabilidade quando ah
culpa do lesado entoa por maioria do razão xxx. Que é ainda uma responsabilidade mais gravosa
par ao lesante. So que nos interpretamos o 505º de forma atualista, tendo em conta os novos
dados dk sistema jurídico, a maior parte do disposiits que consagram casos de resp obj permite
o concurso heterogéneo entr e a culpa e por isoc. O 505 só pode ser interpretado no sentido do
facto de laso excluiu a resp do lesado quando seja causa exlcuisava do dano, se or isoco tiver
contribuído ha concurso heterogéneo, aplicando-se o 570º. So ha exclusão da reps nos termos
do 505 quando s epsossa dizer que o facto lesado foi caisa exlcusiva do lesado. A interpteçao

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atualdista do 505 levansoa fazelo no 570º/2 sob pena de etstarmos a subverter a logica. Proque
se de facto é psosivel haver concurso enter culape. Risoc e so nao extse quano o xxx tambe s
epose szier que no 570 só ha exclusão da reps quando se possa afirmar que a culpa do lesado
foi causa exclusai da ocorrência do dano. De outra maneira, se não se consegue afastara.
reseotiva, s eo elsate nao consegue afastar a presunção de culpa e responde com base em culpa
presumida é um icnidio que o comp do lesante tenha contribuído para a ocorrência do dano.
De alguma maneira tem de se interpretar de forma atulidado o 570 e permitir aqui bm um
cocnrieo, nao de culaps efeitvas, ams presumida com culpa do lesado.
No caso, só se eventualmente A conseguisse afastar a presunção de culpa o problema não se
colocava e afastava se a sua resp. nao s consguindo afastar a presunção de culpa da aplicação
do 570 so se claramente se poder afirmar que o como do lesado for a causa exclusiva vo dano é
que s eexclui a reps do lesante, do A.
No caso não se pode afirmar isso. só se a factualidade fosse nos netod de afirmar que nao ha
descuido do funcionário é qeus. Excluiria a resp. Ha aqui incidiao s deuqe ha um descuido de
quem estaria a manusear os produtos químicos.
Relativamente a responsabilidade do A o tribunal pode decidir se a indemnização deve ser
totalmente concedido, se diminuído ou mesmo excluído em função da avaliação dos atos de
cada um dos intervenientes.

E a responsabilidade da empresa B? Entre a e b existe uma relação de comissão, de


subordinação de A relativamente a B, A exerce uma atividade por contra de B, que implica o
poder da entidade patronal de dar instruções a cerca da forma como a atividade deve ser
desenvolicaççao - relação de supra infra ordenação.
Parece que A no momento em que manuseava os respetivos produtos estaria no exercício das
suas funções.
O dano é causado no exercício das funções.
Outros pressupostos da responsabilidade civil do comitente: ser também responsável o
comissário. sendo responsável o comissário e sendo este obrigado a indemnizar e também
responsável o comitente, este intervém como garante do comissário. A responsabilidade do
comitente é fundada numa ideia de garantia, como se aproveita da atividade do comissário sabe
que genericamente os comissários têm uma situação financeira menos soldada que não lhes
permite na maior da parte dos caso fazer face às indemnizações. Significa que se satisfizer ele
próprio a indemnização tem sobre o comissário tem o direito de regresso. Mas em quanto? Tudo
depende de saber se existe também ou ano culpa do próprio comitente.
xxx
Só não será assim que não ha culpa pro parte da empresa, nesse caso a empresa reponde
objetivamente xxx.

Diz-se que ficou provado em juízo que a empresa B deixou de cumprir algumas disposições
regulamentares … . Podia-se invocar contra a empresa o incumprimento de uma disposição legal
de proteção. ha determinadas normas que devem ser cumpridas para proteger determinados
interesses alheios. É uma delas. A circunstância de as empresas que produzem cosméticos terme
de indicar a composição dos cosméticos e eventualmente o seu garu de proeção solar é uma
forma de proteger os consumidores desses mesmo produtos, ou seja, é uma forma de termos
iformaçõa a erca daquilo que usamos e decidirmos com resp se queremos ou ano sualo. É uma
norma de proteção. Quando ha violação de uma norma de proteção, para se fundamentar um xx
tem de estar preenchidos pressupostos: temos de avaliar se esta preenchido o âmbito pessoal da
normal, quer o âmbito material. 1. O lesado esta dentro do conjunto dos visados ou da quel s que
a norma visa proteger? É um cliente da empresa. Esta obriagtoriada visa proteger o rporpio

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consumidor, podia ser o cliente podia ser o utilizador dos cosméticos, nao ha quai indicação que
o não fosse ou de que o fosos. no anbio de materia de proçao esta? Temos de verificar se o bem
jurídico vilaldo é um dos bens que a norma visava proteger? Em principio a noma qunado obego
a a colocar a descrição do prodeta a ompsosiçao visa proger a saude e integridade física dos
utilizados e auqi aprece que foir issoo. É encesarioa auifan peguntar à norma se o dano foi ou
não uma concretização do risoc que a norma eviava proteger. Se algel do bem ivoaldoas. E ha
um nexo causal entr a violação da norma e od nao provocado. Será que coma norma se visava
eveitar o dano que veio a cororer? Não. O ano que veio a coororer noa foi a uma concretização
dos riscos. Portanto, não tem relevo para o caso. É irrelevante a circunstância. Não ha relação
Ent eo dano e o risco que norma visa evitar.

Se o comportamento xxx do cliente não for causa exclusiva do dano sendo responvel A é
repsonsave B como garante podendo ser demadnaod a esse titulo.

Perturbado com o sucedido, A, para se deslocar ao hospital para onde havia sido
conduzido C, usou sem autorização um automóvel da empresa B. Durante o percurso
despistou- se subitamente, vindo a atropelar D, pianista, a quem causou lesões
gravíssimas, que a obrigaram a um longo período de internamento hospitalar, com
avultadas despesas, e a incapacitaram para o exercício da sua profissão, que se antevia,
dado o talento que lhe era reconhecido, muito promissor.
Apurou-se que o acidente se ficara a dever não só ao estado de perturbação em que se
encontrava o condutor, mas também ao deficiente funcionamento do sistema de travagem
do veículo.
Diga se D tem direito a ser ressarcida e, na hipótese afirmativa, que danos devem ser
indemnizados e contra quem deve dirigir a sua pretensão indemnizatória.

Temos um caso de danos causados por veículos de circulação terrestre.

O automóvel e conduzido por A e pertence À empresa B. Quando temos um condutor que tem
com o dono do automóvel uma relação de comissão, temos de convocar a norma 503º/3. Aí
abrem-se duas linhas de raciocino: o comissário esteja ou não momento em que conduz e causa
o dano no exercício das suas funções.
Se a estiver o exercício das suas funções aplica-se a presunção de culpa do 505º/3. Ou
consegue ou não afastar a presunção. Se conseguir afastar ele não responde só responde o
detentor do veiculo que não é ele. Só é se estiver fora do exercício das suas funções. Se
conseguir afastar não responde subjetivamente porque não tem culpa e não objetivamente
porque não é detentor. Se não conseguira afastar responde subjetivamente e responde o
comitente objetivamente nos termos do 500 porque estão preenchidos todos os pressupostos
desse artigo.
Es ano é a nossa hipótese.
O funcionário não está no exercício das suas funções. Tem de existir uma relação causal ente
a pratica do facto ilícito xxx. Estando fora do exercício das funções aplica-se o 505º/3 mas a
ultima parte que remete par o nº 1. O comissário que causa danos com o veiculo for das funções
responde enquanto detentor e significa responder objetivamente. Ele tem a direção efetiva e tem
interesse na utilização.
Xxx

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Responsável pelo dano seria em princípio apenas o A com que fundamento? Xxx Será que A
atuou com culpa? Há uma certa perturbação pro causa do acidente anterior, essa perturbação foi
de alguma maneira responsável pelo atropelamento a D. A culpa tem de ser avaliada como
conduta deficiente e não como vontade deficiente. ainda que exista esforço isso não basta.
Temos de fazer uma auto-avaliação e abstermos de levar a cabo determinadas atividades que
nao xxx.

A relevância de fazer prova de culpa é os limites indemnizatórios. Xxx

Excluia-se a responsabilidade do dono do veiculo, seria responsável A xxx.

Diz-se que o estado que se ficou a dever também ao funcionamento do sistema de travagem
do veículo. Significa que ha aqui um risco próprio do veiculo que contribuiu para a ocorrência do
dano esta em causa. A responsabilidade do detentor do veiculo - A.

Que danos são indemnizáveis?


Distinguir que ha dando de caráter patrimonial e não patrimonial. As lesões graves causadas a
D são prejuízos com valor pecuniários - as despesas no hospital, deixou de receber, não pode
exercer mais profissão, etc. Alem desses danos de natureza patrimonial, temos os danos não
patrimoniais causados na integridade física que levam à existência de dores e sofrimentos, sejam
físicos ou não. Estes são consideráveis.
nos danos patrimoniais deve-se distinguir enter danos emergentes (prejuízos em bens ja
existência no patrmónio da lesada) e os lucros cessantes (o que deixou de obter em virtude da
lesão).

No dia 18 de junho de 2017, no decurso de uma viagem de fim de semana com a


finalidade de visitar uns parentes, Ana, conduzindo um veículo da empresa (B) na qual
exerce funções de contabilista, atropelou Carlos, de seis anos de idade, que subitamente,
ao tentar perseguir um pequeno gato, se soltou da mão da sua mãe e atravessou
inadvertidamente a rua. A criança sofreu traumatismos múltiplos e acabaria por falecer. Do
acidente resultou ainda a morte do gato, que pertencia a David, bem como vários
ferimentos em Filipa, a prima de Ana que a acompanhava na viagem, além da destruição de
uma boa parte da bagagem por esta transportada. Diga quem responde, por que danos e
com que fundamento, tendo em conta que:
- Ana, ao verificar a existência na berma da estrada de uma pequena fogueira e
sugestionada pela tragédia do dia anterior, acelerou o veículo, pelo que conduzia, no
momento do acidente, em excesso de velocidade;
- Carlos veio a falecer, também devido ao atraso que se verificou no socorro médico, já
que a maioria dos meios do INEM estavam nesse dia deslocados para o apoio às vitimas
dos incêndios florestais;
- A empresa B, apesar de ter cedido o veículo, deu instruções expressas para que
ninguém nele fosse transportado.
- O veículo conduzido por Ana pertence ao conjunto de veículos referenciados como
defeituosos, por produzirem emissões de CO2 muito superiores às anunciadas pelo
fabricante.

Filipa Ribeiro Gonçalves 35


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Identificar quem é responsável? Por que danos? Com que fundamento?

Quem responde:
Temos um dano causado por veículo, Ana conduzia durante o fim de semana o veiculo
emprestado da empresa em que trabalha enquanto contabilista. Ha aqui uma relação de
comissão entre a empresa B e A. Tem de se invocar o 503º/3. Temos de perguntar, ha um
condutor por conta de outrem ou ao? No momento do atropelamento Ana encontrava-se ou não
no exercício das respetivas funções? Se sim, temos uma presunção de culpa que onera o
comissário que tem de ilidir se não não existe presunção de culpa, tem de ser culpa provada e o
comissário pode responder ou com fundamento an culpa provada ou como detentor do veículo.
Ana é contabilista e utilizou o automóvel emprestado pela empresa (o uso é autorizado). A Ana
esta fora do exercício das suas funções, o que se conclui desde logo porque é contabilista, mas
pode mesmo assim te cedência do automóvel de uma empresa para utilizar como complemento
da retribuição. Nessas hipóteses me que o dano e causado for ado oriraio normal de trabalho,
ainda assim, porque também se realiza um interesse do comitente não exclusivo mas também,
pode estar No exercício das funções. Aqui não aprece ser a hipóteses. Diz-se que o automóvel
foi emprestado. O automóvel foi autorizado para o fim de semana. A deiia de autorização delva a
a querer que o interesse prosseguido é da Ana e não da empresa para a qual trabalha. estamos
fora do exercício das suas funções. O que afasta a ideia é a circunstância de dizer que o
automóvel lhe foi emprestado.
Estando fora do exercício temos de aplicar o 505º73/parte final, o comissário responde nos
termos do nº1, responde enquanto detentor do veículo, porque tem detenção do veículo e utiliza-
o no seu interesse.
Aqui surge interesse em fazer prova da culpa da Ana. Não estando no exercício das funções
não vale apreunção da 1ª parte do 505º/3. Existir culpa a culpa tem de ser provada. Os lesados
tem de fazer prova da culpa do autor da lesão. Tanto responde como detentor objetivamente
como pode responder com fundamento da culpa, mas para isso é necessário fazer prova da
culpa.
Há culpa da Ana? Ela estava em excesso de velocidade - esta a violar uma norma de
proteção. Mas conduzia assim pela circunstancia por ter ficado assustada por ter visto uma
fogueira. no caso aprece ser uma pequena fogueira e o direito não toma em conta as especiais
xxx. Não justifica de todo a censurabilidade do comportamento, é uma culpa leva, mas pode
considerar que havendo culpa eav à culpa da condutora. Era relevante fazer prova da culpa da
condutora? Porque há aplicação do 504º pelos danos causadas à prima Filipa e à sua bagagem.
Se o fundamento da responsabilidade de Ana for o 503º ele responde objectivamente nos termos
do 504º que vem dizer que havendo transporte gratuito o que aprece ser o danos ao
indemnizáveis apenas os danos causados à própria pessoa mas não os danos causados às
coisas por ela transportadas. O 504º vale apenas para a responsabilidade do objetiva do
detentor, se o fundamento for a culpa o condutor ue atuou com culpa responde pro todos os
danos, sem qualquer limitação - do 504º e do 508º. Aqui haveria interesse por parte da prima
lesada de fazer prova da culpa da condutora.
Ana pode responder quer com fundamento an detenção, quer na culpa havendo prova da
culpa por parte dos lesados.

A empresa B responde ou não e com que fundamento? Não responde enquanto comitente
porque o pressupostos que falta do 500º que a funcionaria esta fora do exercício das funções, ela
esta a agir por conta própria. Ele autorizou a utilização do veículo. Estamos numa situação de

Filipa Ribeiro Gonçalves 36


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comodato de curta duração e neste quem responde é o comodatário e comodante. O comodante


tem direção efetiva do veículo (tem o poder dever de manutenção das condições de segurança
do veiculo, tem controlo sobre a finte de perigo) e tem interesse na utilização o conceito de
interesse do 593º é abrangente e envolve quer os interesses materiais ou altruísticos ou xxx. B
pode responder enquanto detentor do veículo. xxx

São responsáveis quer A e B que responde objetivamente como detentor do veiculo


solidariamente com A.
Mesmo que A tenha atuado com culpa e sendo responsável por todos os danos causados
xxx.

A proibição de transportar pessoas é irrealmente para efeitos dos danos causados à pessoa
transportada. xxx.

É um transporte a titulo gratuito e vale a indemnização do 504º se o fundamento da


responsabilidade for o 503º, ou seja, se responderem enquanto quanto detentores.
Se for por culpa não ha limitação de responsabilidade.

Por que danos?


Houve morte de uma criança e também do gato.
A criança o atropelamento causou ferimentos grave se contribuiu para o atropelamento de ter
atravessado a rua. Temos duas questões: por um lado, a questão do 505º da exclusão ou não da
responsabilidade pela existência de um fato do lesado e a questão de saber se a morte é
imputada ainda ao atropelamento na medida de em que também terá contribuído para a sua
ocorrência o atraso no socorro.
1. Ao nível do nexo da causalidade; 2. Interpretação do 505º.
Desde logo, danos: dano da morte da criança que é indemnizado nos termos do artigo 495º e
496º e os beneficiários são os ascendentes, dado que é uma criança de 6 anos. xxx.
O 505º deve distinguir:
1. Problema de saber qual o significa de imputável. É utilizado em que sentido? Se for no
sentido técnico jurídico só é elucida a responsabilidade quando o danos seja causado pelo
lesado a titulo de culpa. Essa hipóteses, se se exigir culpa quando lesado seja uma criança
que é considerado inimputável então não se aplicaria nessa hipóteses o 505º, nem xxx. Não é
este sentido que se entende o termo, vem utilizado num sentido de atribuível ao facto do
lesado seja ou não a titulo de culpa. Desde que tenha concorrido ou causado em exclusivo o
dano então só nessa hipóteses seja o lesado um indisputável ou não presumido u provado
nessas hipóteses pode-se ter em conta o ato do próprio inimputável, quer para xxx. Coloca-
se um problema e de causalidade, se o dano também se deveu a facto do lesado.
2. Problema da admissibilidade ou não do concurso heterogéneo. Se basta um qualquer
facto do lesado para excluir a responsabilidade ou se temos de averiguar se o facto do lesado
foi facto exclusivo da não. Segundo a teoria tradicional bastaria xxx para excluir a
responsabilidade do detentor xxx. Hoje admite-se o concurso nas hipóteses em que o risco
do veiculo ou o risco que ele representa na circulação tenha concorrido com of acto do
lesado ou terceiro, nesse caso esse facto não serão causa exclusiva da ocorrência do dano
não faz sentido aplicar o 505 e admitir a exclusão. So faz admitir a exclusão da
responsabilidade ou seja aplicar o 505 nas situações em que se possa concluir que o facto do
lesado, terceiro ou de força maior foram causa exclusiva do dano. Em nada interveio do risco
para a ocorrência do dano. Xxx aquilo que se aplica é o 570º xxx. O tribunal, em função

Filipa Ribeiro Gonçalves 37


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dessa avaliação vai pronunciar-se sobre a manutenção integral da indemnização no caso do


facto do lesado ter um importância diminuta xxx.

Xxx

Não se deve dizer que o facto da criança ter atravessado a rua foi causa exclusiva da dano, ha
a circunstancia da condutora circular a uma velocidade excessiva.
Xxx

Colocado relativamente ao Carlos e ao dono no gato - 493º-A são indemnizáveis quer os


danos patrimoniais quer não patrimoniais. Esse caso, o gato pertencia ao David que tinha uma
pretensão indemnizatório relativamente aos repsondaecis apurados. Poderia-se colocar o
problema da responsabilidade ou da exclusão. O gato estava sobre vigilância do dono, ha uma
presunção de culpa na medida em que intervém culpa do dono do animal. Ha intervenção de um
facto próprio do lesado.
Ha alguma causalidade entre a travessia do gto xxx.

Problema da causalidade relativamente aos meios de socorro. A morte ainda é imputável ao


facto do atropelamento. A melhor forma de aalairna causalidade é através da doutrina da
causalidade adequada na sua formulação negativa. Deve-se avaliar todo o processo causal e o
nexo causal apenas se excluiu quando xxx. Um facto não é causa do dano quando ele seja de
todo em todo indiferente para a sua produção. Xxx o lesado só tem de fazer prova de que o facto
foi condição do dano. xxx. O dano morte é uma consequência do atropelamento.

Diz-se ainda que o veículo pertence ao conjunto dos veículos referenciados como xxx.
Distinguir os defeitos que são pressupostos da responsabilidade do produtor de uma outra
categoria que tem a ver com a falta de conformidade - 913º e ss. Xxx defeito por qual responde o
vendedor. xxx. O produtor só responde por falta de segurança do produto. Xxx

Aula dia 20 de maio de 2019

João é delegado de propaganda médica por conta de um laboratório pertencente a


Miguel.
No dia 5 de fevereiro, deslocou-se a Faro, para assistir ao congresso anual dos
delegados de propaganda medica, utilizando para tal o automóvel que normalmente
conduzia no exercício das suas funções e de que Miguel é proprietário. No trajeto, João
veio a atropelar Rosa, menor de 6 anos, causando-lhe fraturas na perna e braço direitos.
Em sua defesa, João alega que Rosa atravessou inesperadamente a estrada e que,
apesar dos seus esforços para imobilizar a viatura, o sistema de travagem do veículo,
adquirido apenas há um mês, não obedeceu.
a) Diga se Rosa tem direito a ser indemnizada pelos danos causados e contra quem
deve fazer valer a sua pretensão indemnizatória.

Temos um danos causado por um veiculo se circulação terrestre que é conduzido pro pessoa
diferente do propriedade, sendo que ente o detentor e proprietário existe uma relação de
comissão. A norma que se tem de convocar é o 503º/3.

Filipa Ribeiro Gonçalves 38


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1º passo é verificar se o comissário atuava no momento do acidente no exercício das


respetivas funções se o comissário atuar No exercício incide ou impende sobre ele um presunção
de culpa pq eus terá de será afastada, e se não conseguir afastar responde com fundamento na
culpa e responde o comitente nos termos do art 500º pois estão verificados esses pressupostos.
Não ilidida a presunção de culpa - responsabilidade objetiva do comitente nos termos do art 500.
Nestas hipóteses em que há responsabilidade do comitente estão preenchidos também o
pressupostos do 503 1 ele tem a direção efetiva do veiculo e conduz no seu próprio interesse
através de comissário. Ele responde com comitente mas é também detentor. Estão reunidos os
pressupostos do 500 e 503/1. Ha vantagem ao lesado em fundar a responsabilidade em alguma
destes artigos? O único interesse para o lesado e e afastar a responsabilidade do detentor do
veículo: os limites máximos do 508 e os limites quanto aso beneficiário do 504º. Quando
responsabilidade por comitente responde como garante do comissário pro todos os danos que
causar No exercício das duas funções, pq a responsabilidade do comissário e fundam na culpa e
não há limitação. Se for demandado como detentor o lesado esta sujeito as limitações em termos
de indemnização do 508º e 504º.
Isto no caso de não ilidir a presunção. Se conseguir afastar a presunção então ele comissário
não responde e responde o comitente não como comitente nos termos do 500, mas do 503º/1
como detentor do veiculo. Não como comitente porque falta a culpa do comissário, ou seja, ser
também responsabilidade o comissário.
Se consegue ilidir a presunção de culpa não se convoca o 500, responde como detentor do
veículo.
Se o comissário se encontra fora do exercício das funções: não se pode convocar a
presunção de culpa do 503º/3, ela só vale para as hipóteses me que o comissário esta no
exercício das suas funções ou o lesado faz prova da culpa e comissário responde com
fundamento na culpa, não fazendo prova ele responde como detentor do veiculo sujeito as
limitações.
Nessa hipóteses o comitente responde também? Como comitente não porque falta que o
dano tenha exercício das funções, mas pode responder como detentor, quando o uso do veiculo
é pelo comitente é autorizado.

No caso, o João está ou não no exercício das funções? Para que o dano seja considerado
causado no exercício das funções tem de haver uma relação direta e causal entre a pratica do
facto ilícito e a função, não basta ser meramente ocasional. Tem de ser pro causa do exercício
das funções.
Os atos praticados se enquadram no conjunto de competência e se eventualmente quando
esse critério não é suficiente questiona-se a cerca do interesse que é prosseguido aquando da
pratica do facto danoso.
Deveria-se convocar o critério do interesse quando o João se desloca ao congresso se
satisfaz um iterasse exclusivo seu ou se satisfaz também ainda que não exclusivamente um
interesse do laboratório para o qual trabalho, ou seja, do comitente. Parece que se fala de
congresso e um conjunto de trabalhos que têm diversos temas relacionados com as áreas
temáticas. tarta.se de uma sessão de trabalho para falar sobre problemas sobre o trabalho, será
relevante para ele e para a empresa para quem realiza o serviço. O interesse que se visa
prosseguir com a deslocação é u interesse do empregado e do laboratório do Miguel. Nesse
momento, o funcionário se fosse considerado estar No exercício das funções.
Estando no exercício das funções, é onerado com uma presunção de culpa. Sobre ele nos
termos do 503/3 recai uma presunção de culpa que terá de afastar. A partida não há nada que
leve a supor que o João estaria alguma culpa, no entanto é ele que tem de ilidir a presunção, tem
de fazer prova de que não teve culpa. Ele alega que a rosa travessou inesperadamente a estrada

Filipa Ribeiro Gonçalves 39


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e mesmo com esforço para para a viatura ela não travou. Se não afastar a presunção,
responderia ele subjetivamente e o Miguel enquanto comitente nos termos do artigo 500º porque
estavam verificados todos os pressupostos. Podia também ser demando o Miguel como
detentor, preenchido o pressuposto do 500 e do 503º/1. Se conseguir como parece indicar o
enunciado de que atuou sem culpa s e afastar a presunção não responde o João e responde o
Miguel enquanto detentor do veiculo.

O sistema de travagem não funciona ou ha um risco de funcionamento do veiculo que é um


risco próprio dele. Eles podem ser ligados a maquina, ao condutor ou ao meio de circulação. Se
o sistema de travagem não funcionam são risco do próprio veiculo ligados à máquina. Se o
condutor desmaia e causa um dano é um risco do veículo ligada a pessoa do conduto, se ha gelo
na estrada ou óleo e carro derrapa é um risco do veiculo ligado a circulação.
O que se diz é que a rosa menor de 6 anos atravessou de forma inesperada a rua há aqui
também um facto do próprio lesado, o facto do próprio lesado contribuiu para ocorrência dos
danos. Isto convoca a aplicação ou não do 505º. segundo a teoria tradicional. Bastaria esta facto
do lesado que é um facto não culposo porque tem 6 anos e presumivelmente inimputável. Afasta-
as a responsabilidade só detentor bastando qualquer facto do lesão inimputável ou ano
imputável. Não é essa a nossa orientação, esta vai no sentido da interpretação atualista do 505
que que admite o concurso entre facto do lesado e o risco do próprio veiculo fazendo uma
remissão para o 570º que resolve não só os casos de concurso homogéneo 8culpa vs culpa) bem
como o heterogéneo (culpa vs risco).
Aqui aprece evidente que ha concurso, porque se diz que o acidente ocorreu porque a rosa
atravessou inesperadamente a rua como sistema de travagem não travou. Para o dano terá
contribuído não apena só facto de lesado mas também a circunstância de o sistema de travagem
não ter funcionado.
Na interpretação atualista só quando o facto do lesado seja causa exclusiva do dano é que há
nos termos do 505 exclusão da responsabilidade do detentor. So quando existe culpa exclusiva
do lesado ou um seu factos seja a única causa para a ocorrência do dano, facto de terceiro ou
circunstancia de força maior é que se excluir a responsabilidade do detentor. Aqui não é causa
exclusiva do dano, ai remete-se par ao 570e. O tribunal terá de decidir em função do contributo
das causas do dano se deve reduzir ou excluir a respetiva indemnização.

b) Suponha agora que o acidente se ficara a dever, exclusivamente, ao facto de o


sistema de travões não oferecer as devidas condições de segurança, tendo João
provocado a destruição da montra de um restaurante e de parte do recheio do
estabelecimento, além de o veículo ter ficado destruído. Quem responde e com que
fundamentos pela reparação destes danos.
Responsabilidade do produtor, porque se diz que o veiculo era novo e tinha sido adquirido à
um mês. Parece que ha aqui um produto com defeito.
A questão que se coloca é relativamente ao danos indemnizáveis do art 8º dl 383/89. mas
teríamos de verificar os pressupostos da responsabilidade do produtor.
Responsabilidade objetiva do produtor.
Art 1º diz que o produtor é responsável independentemente de culpa pelos danos causados
por defeitos do produto que coloca em circulação.
Quais os danos indemnizáveis pelos produtor referenciados no art 8º: são ressarcíveis os
danos resultantes de morte …
A lei distingue:
-os danos resultante da morte ou lesão corporal - são todos indemnizáveis sem limite máximo.

Filipa Ribeiro Gonçalves 40


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- os danos em coisas: temos de distinguir: entre a coisa que sofreu danos e o produto
defeituoso. Aqui o produto defeituoso é o automóvel as coisa destruídas são a montra do
estabelecimento e parte do recheio. estabelecimento.
Quando se fala de produto defeituoso coloca-se a questão de o produto ser uma parte
componente e de um todo que nem sequer é fabricado ou produzido por aquele que compõe o
produto final. E na industria automóvel é frequente. se o problema é do sistema de travagem se
calhar automóvel e uma coisa diferente do produto defeituoso mas não é. Essas partes
componentes depois de integradas pelo construtor no produto final ele também é considerado
produtor, e nesse sentido temos dois produtos: o produtos da parte componente e p construtor
do veiculo que comprou o veiculo final e ambos são considerados produtos. xxx. Respondem
ambos solidariamente porque ambos são produtores. Sos e considera de maneira diferente e
quando se fala de substitutos. p. ex., o pneu que rebenta mas é um pneu não original. se o
automóvel perde controlo porque pneu mas seno dele substitui e não originar é o produto do
pneu responsável e o automóvel e considera coisa distinta do produto defeituoso.
O automóvel é o produto defeituoso do art 8 vem dizer que o dano causado no automóvel não
são indemnizados pelo produto objetivamente nos termos desta lei, não significa que fiquem sem
indemnização.
O artigo 8º excluiu os danos no próprio produto defeituoso, com este fundamento.
Relativamente as coisas que sofreram danos para la do produtor defeituoso. A lei exige que
tenham de ser coisas que normalmente. Sao destinados a uso ou consumo privados e que ao
memo tempo que o lesado lhe tenha dado essa utilização. p. ex., esse carro bater noutro
estacionado e esse automóvel era utilizado pra fins profissionais, os danos causados nesse outro
automóvel não seriam idealizáveis não temos da lei da responsabilidade do produtor, mas nos
temos do 503º e ss. Sao requisitos cumulativos.
No caso temos a destruição da montra e pare de recheio ano e cosia de uso privado, as
coisas destruídas são de uso profissional esses danos não são indemnizáveis pelo produtor nos
termos deste responsável. O proprietário do estabelecimento teriam de exigir uma indemnização
ao dono do veiculo ao detentor nos termos gerais de danos causados por veiculo e nessa
medida depois eventualmente o detentor que teve de pagar a indemnização se ressarcira perante
o produtor se estiverem reunidos os pressupostos da responsabilidade.
O fundamento da responsabilidade não é apenas do risco mas uma ideia de de proteção de
consumidor.
Noa ha limites máximos, mas mínimos. Ha uma espécie de franquia. O artigo 9º refere que os
danos causados em coisas … só são indemnizáveis na medida em que chegam ao valor de 500
euros. Ou seja, os primeiros 500 euros são suportados pelo lesado, para evitar que põe um
pequeno montante de danos se acione a responsabilidade do produtor. Ate 500 euros não são
repsarveiss danos, só o montante que exceda do 500 euros é que são reparáveis. tem sentido de
franquia porque se o dano for ate 500 euros o produtor não e responsável, mas se o danos for de
510 euros se são indemnizáveis os danos superiores a 500 poderia ter sentido de serem
indemnizáveis o total, mas só são indemnizáveis os danos que excedam os 500 euros.

Se houvesse facto de terceiro, nos termos do 505 e da exclusão da responsabilidade do


detentor que a le prevê a exclusão quando o acidente se tenha devido a facto de terceiro .a. lei
da responsabilidade do produtor diz que no âmbito da responsabilidade do produtor o facto de
terceiro não excluir a responsabilidade do produtor. So excluir a responsabilidade do produtor se
for causa exclusiva, pro facto culposo do lesado, se o facto do dano tiver contribuído par o dano
nos termos do 7º admite o concurso entre culpa do lesado e risco do produtor.
No plano das relações externos o produto noa pode invocar que o facto de terceiro contribuiu
para diminuiu ou excluir a indemnização.

Filipa Ribeiro Gonçalves 41


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Estes danos causados a montra e ao recheio não seriam indemnizáveis pelo produtor,
eventualmente pelo detentor.

Pressupostos da responsabilidade do produtor.

Conceito de produtor para efeitos de responsabilidade: a lei distingue varias categorias:


1. Produtor real: é o fabricante do produto acabado, de parte componente ou da respetiva
matéria-prima.
2. Produtor aparente: Não é fabricante mas apõe no produto o seu nome, marca ou outro
sinal distintivo.
3. Produtor presumido: nº 2 do art 2º: considera-se também: al. a) … o importador extra-
comunitário, de fora d a comunidade é também considerado produtor. Isto tem a sua
justificação: o fabricando doestes produtor importador de fora da UE não responde de acordo
com as normas da UE. eles não estão sujeito ao DUE. A forma de estabelecer ou de obter
ressarcimento dos danos do produtos e responsabilizado o importador. o que importa os
produtos de fora da comunidade.
Sendo que no presumido temos o absolutamente e o relativamente presumido. Ele não pode
afastar a sua qualidade de produto ainda que prove que não fabricou. A categoria de pruspriod
presumidos distinguem-se a al b). Os fornecedores de produtos anónimos são os distribuídos
que fornecem determinado produtor cuja o produtor real ou aparente não esta identificado,
nestes casos não se sabe quem o responsável. E não sabendo repsodnebizla quem o fornecedor.
Aqui fala-se de um produtor relativamente presumido, ele pode afastar a presunção. ele deixa de
ser considera produtor e responsável deste que identifica do produto rela ou o importador ou
alguém que o antecedeu na cadeia de produção.

Noção de produto: artigo 3º


Ha exclusão da responsabilidade art 5º/e exclui-se os chamados defeitos de desenvolvimento,
ou seja, o produtor não é responsável pelos danos que o estado de conhecimento científicos e
técnico no momento da colocação do produtor em circulação não permitir detetar o defeito. Fala-
se de uma exclusão da responsabilidade defeito de desenvolvimento. O produto ja era defeituoso
na estrada no mercado.
Outra coisa são as modificações na generalidade dos produtos que ocorrem pro força da
evolução tecnológica. A ei diz que no nº2 art 4º não se considera defeituosos um produto por … .
p. ex., carros antigos sem condições como os mais novos.

Conceito de defeito - art 4º é quando não é seguro. É diferente de falta de conformidade (art
413º do CC). Aqui o defeito é a falta de conformidade.

Daniel, conhecido produtor vinhos do Dão, vendeu a Eliana 1000 garrafas de vinho tinto
da sua colheita de 2016.
Com vista ao cumprimento, mandou deslocar um recipiente com o produto para o local
onde iria proceder ao engarrafamento. Entretanto, uma forte trovoada seguida de
inundação afetou o edifício e comprometeu gravemente a qualidade do vinho.

Filipa Ribeiro Gonçalves 42


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Ficará Daniel desonerado relativamente à obrigação de entregar o vinho, em perfeitas


condições, tal como havia convencionado com Eliana? E, estará a compradora obrigada a
pagar a respetiva contraprestação? A solução seria a mesma se Eliana, antes da inundação
e em virtude de viagem súbita, não comparecesse no dia e local convencionados para
receber a mercadoria?
Justifique as respostas.

Daniel obrigou-se a vender mil garrafas.


A obrigação é qualificada como uma obrugaçaõ genérica (reguladas nos artigos 539º e ss), o
objeivo e determinado a um género determindad qualidade. O género é vinho tintio do Dao da
colhei de 2016. E dentro do género ele teria que engarafar as mil garranafas apra entregar à
comrpadora.
Éuma obrigaçaõ cujo obejto é detmeina em regfferencia oa genero e por uma demterianda
quantiifade.
Auqi a escolha ano refelete uma evdaeira escolha, proque se exige apenas um ato de medição
um simpels atos de especificação. É necessairoe sse ato para identificar o obejtov, é o 1º apsso
para se idetneica dentro o genero xxx. A simples escolha que pde pertencer ao devedor como ao
credor como a terceiro, seja a quem for que epertecen a a+simpele esclha nao leva a
cocnentrsçao da origação.a cocnentração da obrigaçaõa faz paenas pelo cumpriemnt. Me rgegra
so ha concentração (tarsnformaça da obrgaçao genretica em especifica) quando as garrafas se
traanpsormar em obrigalaoe specia sao aquela sgararfas e nao outras a obrigaçao cocnetra-se
isso fazs me regra nos ter no 541º pelo cumrpiemto. So nao ºe asism quando aocntece um dos
afcros do 541: proque ha acorod das aprtes nos etdoda eoslcha conetra a obrigaçao, ou porque
exitse pereicmento do genero a ponto de restarame apenas umas quantiods ou emnores do
qquele que e devero,o u porque exitse mroa do credor ou proque se procedeu À entrega da
maercadoai ao trnapsortador ou expedidor.
emr egra, é o cumprimenro, so se concentra antes do impriemnto pro akguens desse factos.
Se nada s edisser a esoclha cabe ao devedor.
Noc aso, o peosuto de vinhos dslocaou umr eceporne c apar aumprdot par aum lcoal odne iria
engarrafar a sgaagrras, ams o bhi ficou rpejudicado poruma eneunção.
piemriot em de saber s Eem virutide da destruçao que impossibilidade a rpetação se o
devedor fica ou nao exonerado de prestar, ous eja,s e esta impsosibidalide exonera ou nao o
devedor tendo em conta qeu ano lje e imputavel. E a segundo se ficando ou anoe xonerado
quem sofre o repjudico pelo perecimento da coisa, se o vendedor ou a comrpadora. isso
dependente e se chega a conclusão se houve ou ano concentração. Alde fine a transferência da
propriedade e do risco - 5xx. Se o perecimento da cosia e da antes da obrigação, quem corre o
risco é o lagenenat, xxxx.
1. O Daniela fica exonerado de cumprir. A causa de struia do vinho não lhe e imputável, existe
uma impossibilidade da prestação que não é imputável ao devedor, pro siso temos de seguir o
regime da imposisbdaldei nao imutavel.c oclaose a qutoa de saber se a trovoada e a inundação
se causou a destruição de todo o vinho ou não. Porque se ficou destruído todo vinho temo suma
impsosbdadeit total de cumprimento. o devedor fica exonerado da repetiva do devedor de
prestar - art 790º do cc. Se ainda existe vinho que possa enquadrar-se no género para além do
que ficou destruído o devedor não se enquadra total exonerado, ele é obrigado a cumprir essas
xxx.
Se a destruição for total esta exonerado do cumprimento, se ainda conseguir cumprir com a
entrega das 1000 garrafas continua obrigado ao respectivo cumrpiento, s eosbrarem mesno de
100 cumpre xxx e o cmprador pode recursar xxx.

Filipa Ribeiro Gonçalves 43


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2. Questão do risco. Por cotna de quem corre o risco. Se esta totalmente impsosibdaildeide
entregar aulquar garafa. Pelo vinho ficou definida uma contraprestação a comprado estara
obrigada a pagar o valor do vinho? Depende de ter existido ou não transferência do risco. Se ja
tiver sido transferido é o comprador que suporta o repjuzio da destruição, quando apesar de não
receber a coisa cmrada tem de pagar o preço, no caso de aidna nao se ter trnaferido a rporieda
de o risco quem sogre o rejuzi é o alienente, apenas de eoxnarado relaitvaemnte À entrega fica
sem o vinho e sme o replo do vinho proque nao dpee zigir a contraparetaçoe e se ja foi apga tem
de ser devolcido.
É a concentração que define a tranferencia da proreida de efetine também o do risco 796º -
res perit dominus.
Nesta caso, não teria havido ainda concentração da obrigação, em regra, e la faz-nos termos
do 541 no momento do cumprimento mesmo qeo devedor ja tivesse enagrrafdo as garrafas se
elsas tivessem sido destruído não havia concentração. A concetrçaom anode eodne aenas da
escolha. A comprador não é obrigada a pegar proque or isco core por conta do alienate e é ele
que surpota o prejuízo.

3. Se existir mora do credor. Se a ocmrpador antes da eneundação … . quandoa s apres


concenviconam que deve ser o credor a elvandta r amercador o fevedor apena tem de oclocar a
mercaoridoa àe dispsiiçaõ da mercadoria, se ela nao for a concertração operaou-se no
moetnoda mora, em que ele deveri ter sido levantado e não foi. O cumprimento não se deu pro
mroa do credor nos ter fo 541 e concentra-se. xxx. E o risco corre pro conta do adquirente e não
do alienante - 541º e 815º.

João e Leonor, comproprietários de um restaurante, compraram a Mário, vendedor de


mobiliário, 50 cadeiras “Gonçalo”, de cor preta, por 1500 dólares, pagáveis em 3 prestações
mensais. As cadeiras destinavam-se a mobilar a esplanada do restaurante, que pretendiam
inaugurar no dia 1 de julho.
Responda a cada uma das questões que a seguir se enunciam, considerando cada uma
das hipóteses de forma autónoma e independente:
a) Mário separou e armazenou as 50 cadeiras vendidas para entregar na data
convencionada (13 de junho). Porém, em virtude da sua festa de aniversário, não lhe foi
possível proceder à entrega e, por força de um incêndio que ocorreu no seu armazém no
dia 14 de junho, ficaram destruídas a maioria das cadeiras. A Mário restam apenas 20
cadeiras “Gonçalo”, com as quais pretende cumprir. Quid iuris?

Temos uma obrigação genérica. A obrigação da entrega das cadeiras, o objeto é defino um de
temrn do género (50 cadeiras Gonçalo pretas) e quantidade (50).
Em virtude de ter perecido parte do género em virtude de uma causa no impitvale pa devedor
xxx.
Mario separou as 50 cadeiras com que se propunha cumprir. Mario encontra-se exonerado do
cumprimento? Sobraram 20, enquanto houver coisas do géneros com as quais possa cumprir ele
é obrigado a cumprir. Ele pretende entregar as 12 cadeias que lhe resptaram. Ha uma
impossibilidade parcial não imputável ao devedor. Ele exonera a entrega a parte xxx mas e
obrigado a cumprir com que é possível. A outra parte pode recusar o cumprimento sem que o
cumprimento parcial xxx.

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Mario é obrigado a oferecer o cumprimento parcial e o João e a Leonor se prejudicar o sue


interesse não são ibrugads a aceitar o cumprimento parcial - art 793º. Tem de ter motivo
justificado na perda de interesse no caso de incumprimento parcial; no caso não cumprimento
imputável não tem de haver justificação.

O Mario armazenou as cadeiras par entregar em determinado dia. E não as entrego em virtude
de um preparativos de uma festa de aniversário, temos uma situação de mora do devedor.
Quando por motivo que lhe é imputável não cumprir atempadamente a obrigação. A
circunstancia de não ter cumprido resultado de culpa do devedor. No momento a obrigação
ainda era possível correspondia a interesse do credor. O perecimento das cadeiras da-se após a
moa do devedor, a solução que daqui eualao é que o devedor tem de entregar as 20 cadeiras
restantes, o credor pode recusar e quando a questão do risco corre por conta do devedor , pro
força do regime do 541º a simples escolha não envolve concentração e assim o risco corre por
conta do alienante, é ele que sofre o prejuízo. Se o respetivo credor não aceitar as 20 cadeias não
tem direito a prestação, se aceitar as 20 tem direito ao argumento desses cadeiras. Chegar-se-ai
a esse mesmo resultado por força do 807º, havendo mora do devedor, mesmo que obrigação ja
se tivesse concertado e a transferência da propriedade e do risco, ainda assim volta-se a haver
transferência do risco.
Aqui a justificação de o riso ser suportado pelo alienante decorria do 541º como também do
regime da própria mora do devedor do 807º.

b) Em virtude da impossibilidade de entrega atempada das cadeiras, as partes acordam


em que Mário poderá entregar, em sua substituição e pelo mesmo preço, 50 mesas de
esplanada em alumínio. Interpelado para proceder ao pagamento do preço, João dispõe-se
a pagar apenas o correspondente a 750 dólares, em Euros, já que a parte da dívida de
Leonor se encontra extinta por remissão. Além disso, pretende proceder ao pagamento
daquela quantia numa só prestação e não em três tal como havia sido acordado. Quid
iuris?

Obrigação genérica e quanto ao princípio da xxxx. Uma dação em cumprimento que é uma
forma de extinção das obrigações. As partes convencionam que em ligar do xxx.
O preço das cadeiras era de 1.500 dólares. Esta obrigação de pagamento devia ser qualificada
como uma obrigação solidário. Ha vários devedores, João e Leonor comproprietário xxx. Solitário
porque xxx.
Trata-se de uma obrigação plural do lado passivo e segue o regime da solidariedade passiva
(art 100º).
É uma obrigação valutária porque é uma moeda que não tem circulação no país.

O João é interpelado para xxx.

Remissão é outra forma de extinção das obrigações xxx.


Pode ser uma remissão com reservas ou sem reversas xxx.
Artigo 863º e ss. Xxx

Ele não quer pagar em dólares. Por força do 558º, sempre que as partes não afastem essa
possibilidade, permite o cumprimento e moeda xxx, tendo em conta o cambio do dia do
cumprimento.
Qualificamos uma obrigação valutária impróprio porque pode ser satisfeita com moeda xxx.

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Obrigação com faculdade xxx.

O João quer xxx. Pode renunciar a benefício do prazo.

Aula dia 27 de maio de 2019

A empresa E (Tintas Exóticas) vendeu a Francisco e Gustavo, construtores civis, por


10.000 dólares, 100 embalagens de 10 litros de tinta de esmalte, de cor amarela.
Responda justificadamente às seguintes questões:

a) Convencionou-se que os credores deveriam, no prazo de 10 dias, levantar o produto


nas instalações de E. Com vista ao cumprimento, esta guardou as 100 embalagens de tinta
num armazém. Porém, passado um mês sem que os credores levantassem as respetivas
embalagens um violento incêndio destruiu o armazém e tudo o que nele se encontrava
guardado. Quid iuris?

Qualificar a obrigação: obrigação genérica, ou seja, o objeto da obrigação que é a prestação é


identifica com referencia a um género (tinta esmalte de cor amarela) e a uma quantidade que são
100 embalagens de 10 litros. Isto define os termos do regime legal das obrigações genéricas
define a noção de obrigação genérica - artigo 539º do CC: … . Se quiser dar uma noção de
obrigação genérica é aquela cujo objeto é determinado com referencia a um género e a uma
quantidade.
Sabe-se também que o principal momento da vida das obrigações genéricas é o da
concentração o momento em que passa de genérica a especifica - 531º dá-se por várias causas
ou com vários fundamentos, mas a ideia que se deve ficar é quem em regra a concentração da-
se pelo cumprimento, é através dele do devedor ao credor que se concentra a obrigação. Sos e
concreta antes do cumprimento por um dos motivos referenciado no 541º: Por acordo das
partes, desaparecimento parcial do género, mora do credor e dividas de xxx.
É importante a concentração porque ela marca o momento da transferencia da propriedade do
alienante para o adquirente e marca também o momento da transferência do risco
genericamente, salvo estipulação da parte, genericamente nos termos do 796´o risco
acompanhada a propriedade. Em regra, o risco transfere-se do alienante par ao adquirente com a
transferencia da propriedade nos termos do 796º, com algumas exceções ai referenciadas.

No caso, as partes convencionaram que os devedores tinham o prazo de 10 dias para levante
ar o produto das instalações de E. Ao devedor é exigível colocar à disposição do credor xxx. Aqui
o que aconteceu com vista a colocar a disposição o objeto da prestação o devedor separou as
100 embalagens de 10 l de tintas e colocou-as num armazém a disposição do devedor que
deveria ir busca-las.
O que sucede é que os devedor não levantaram os objetos e em virtude de um incêndio
destruiu as tintas guardadas. A 1ª questão a colocar é a de se o devedor se encontra ou não
obrigado a entregar algumas embalagens de tinta, embalagens de tintas de10 l de tinta de
esmalte amarelo. O devedor fica exonerado em virtude da impossibilidade. Em 2ª quem sofre o
prejuízo, pro conta de quem corre o risco. A simples circunstâncias de o devedor ter separado as
embalagens e as colocado no local do cumprimento disposição do devedor só por si não
concentra a obrigação. então, neste caso levou a concentração da obrigação foi a mora do

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credor. Ou seja, o credor convencionalmente estariam obrigados de ir ao armazém do devedor e


levantar as embalagens de tinta em 10 dias. Passou um mês e não o fizeram, ou seja, ha qui nos
termos do 813º a não aceitação ou a. Não pratica de atos por parte do credor sem motivo
justificado a partida que impedem o respetivo cumprimento circunstâncias de haver mora do
credor permite ao aplicar o regime da mora doc redor chegar a conclusão que a partir da mora o
risco de a prestação se impossibilita passa a correr por conta do credor. O 815º … . Xxx mesmo
que a impossibilidade resulta de negligencia do devedor nos termos do 815 o risco continua a
correr por conta do credor. A lei pretendeu transferir todos os encargos que decorrem do não
cumprimento devido ao respetivo credor. Se o credor tivesse praticado os atos necessário ao
cumprimento te-lo-ia feito.
Pela aplicação do 815 chega-se a conclusão que se ha mora o risco passa o correr por conta
do credor e ele sofre o prejuízo resultante do não cumprimento ou da impossibilidade da
prestação. O devedor fica exonerado como o prejuízo corre pro conta do devedor, ele não tem de
receber a tinta, mas tem de pagar o preço.
xxx

b) E exige os 10.000 dólares devidos a Francisco, que se defende alegando estar


disposto a pagar apenas o equivalente a 5000 dólares em Euros, já que a parte da dívida
relativa a Gustavo se encontra extinta através de um serviço de construção civil prestado
por este à credora do preço e por ela aceite. Quid iuris?

Esta obrigação é conduta ou solidária. É plural do lado passivo, temos dois devedores do
preço. Para saber o que e o credor pode exigir temos de avaliar o regime da obrigação, se
conjunta em que o credor pode exigir a cada um dos devedores xxx ou se solidário em que o
xxx.
Sabe-se que no direito civil a regra é as obrigações serem conjuntas, só quando a lei
estabelece ou as partes estipularem é que são solidários - 513º.
É uma obrigação comercial e em matéria comercial a regra é da solidariedade nos termos do
100 do Cod. comercial.
Esta obrigação seria uma obrigação solidários, significa qeu a Eresa e enquanto credores
poderia exigir de qualquer dos devedor Francisco e Gustavo os 10 mil dólares devedor e se um
deles pagar libera o outro devedor face à credora. O que faz a empresa é exigir a totalidade de
daorigaçao a um dos devedores, ao Francisco. Este no entanto, defende-s eles tem meios de
defesa.
Distingue-se_:
- meios de defesa comuns: todas aquelas que atingem a relaloa obrigacional dos eu todo e
podem ser invocados porque quer um dos devedores solidários.
- Meios de defesa pessoais: apenas podem ser invocados pelod evdeore soud evederos a
que dizem respeito, mas pode ser de vários tipos:
- Podem prejudicar os restantes devedores colidarios - são meios de defesa
pessoalissimos. Prejudicam proque os restantes tem de suprotar a parte do devedor
que se defende e nao tem direito de regresso raltivamente a ela.
- Meios de defesa neutros - pdema penas ser invocados pelo devedor oud everesdos
respetivos, não repjudicam mas tbm nao proveitam aos restantes devdores: nao
aproveitam porque exoneram o devedor que e demanddaoda da obrigaçao de oagar
por ineiro face ao credor. no entanto, tbm nao rpejudiam proque ele continua amanter o
dto de regesso cotnra od evedor.
- Meios que aproveitam aos restantes devedores.

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No caso temos uma dação em cumprimento xxx através da prestação de um serviço. Por
força do principio da pontualidade não é possível ao devedor cumprir com coisa diferente, salvo
se houver acordo entre credor e devedor. O Gustavo prestou um serviço de construção civil em
troca do valor dos 5000 da sua prestação e a credora aceito. Extingue-se a obrigação pro dação
em cumprimento. É um dos meios de defesa que aproveitam aos restantes devedores solidários,
porque ela extingue a divida da parte do respeito devedor. O 523º … se na parte corresponde ao
Gustavo houve dação em cumprimento, parcialmente extinguiu.se relativamente a ele com
aproveitamento aos outros devedores. Divida repseitva. Então, porque esta parcialmente extinta a
credora noa pode exigir os 10000 mil dólares.

Ele quer pagar em euros e não em dólares. Tratava-e de uma obrigação valutária imprópria -
558º permite que o devedor possa pagar em moeda com curso legal no país fazendo cambio a
data do respetivo cumprimento. Ele quer Agar o corresponde aos 5 mil mas em euros. O que
afateriaza essas obrigação xxx é a circunstancia de o credor apenas pode exigir na moeda que é
convencionada, ele não pode exoro em euro, mas em dólares. Ao devedor é que é dada a
faculdade (regime supletivo, porque xxx) de pagar em pagar com moeda com curso legal no api
(euro) o corresponde ao valor na moeda convencionada tendo em conta o cambio na data do
cumprimento.

João, reputado antiquário, vendeu a Bernardo, em 20 de Abril, uma sala de jantar D.


João V, do séc. XIX, em pau-santo.
Ficou convencionado que o primeiro entregaria os móveis no domicílio do comprador no
último dia daquele mês. Porém, em virtude dos preparativos para a festa de aniversário da
sua filha Luísa, João não pôde entregar o referido mobiliário no dia 30 de Abril, conforme o
convencionado.
Na sequência de uma fortíssima trovoada ocorrida no dia seguinte, um violento incêndio
destruiu o armazém onde se encontravam os móveis e João, impossibilitado de entregar
aquela sala, dirige-se a casa de Bernardo com o objetivo de lhe entregar uma outra, mais
recente e de estilo inglês (a única de que dispunha e que, por estar armazenadas noutro
local, não ficou destruída).
Alegando que a destruição dos móveis não foi causada por si, João vem exigir de
Bernardo, que não aceitou o mobiliário que aquele lhe pretendia entregar, o preço
convencionado.
Quid Iuris?

Regime da mora do devedor e a impossibilidade ocorrida após a mora do devedor.

Seria uma obrigação já especificada no momento em que as partes celebraram o contrato de


compra e venda.
Se for uma obrigação genérica or isco mantém-se no devedor ate à respetivo cumprimento
que é o momento da concentração xxx.
Tratando-se de uma obrigação específica a propriedade transfere-se no momento da
celebração do contrato, dado que não ha reserva da propriedade e é um contrato xxx.
Xxx o devedor deveria entregar até 30 de abril e não o faz por força do aniversário da filha e
isto não pode servir como caursa xxx ha um não cumprimento do devedor por culpa sua.

Filipa Ribeiro Gonçalves 48


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A mora do devedor (804º e ss.) estabelece vários efeitos que decorrem dessa mesma mora: …
:
1- o devedor que não cumpre atempadamente por causa que lhe é impossível fica constituída
na obrigação de reparar os danos que decorrem do atraso - os danos moratórios.
O nº 2 diz que … xxx.
Xxx em ambas:
- ha um atraso no cumprimento,
- só temos mora ou impossibilidade temporária quando a obrigação é possível
- ambas o cumprimento a Idan corresponde ao interesse do credor. Se não corresponder
mora xxx.
O que diferencia é a impossibilidade temporária é não imputável ao devedor e a mora é
imputável ao devedor nos termos do 804º, dai as consequências diferentes.
2 - Outra das consequências da mora do credor é haver transferencia do risco - 807º.
Xxx
Restou-lhe um outro conjunto de moveis e ele como tinha impossibilidade de entregar a sala
tentou satisfazer com coisa diversa. Não e possível nos termos do princípio da pontualidade
cumprir com coisa diferente, mesmo que seja de valor superior. A menos que o credor aceitar xxx
- 837º.
Xxx não tem direito à contraprestação e não pode exigir o preço xxx.

A, pianista famoso, obrigou-se perante a Casa da Música a tocar um concerto ou a dar


uma palestra sobre a história da música barroca, no dia 20 de Maio de 2019. Acordou-se o
pagamento de 6.000 euros, pagável em três vezes (a primeira nesse dia).
Pronuncie-se, de forma autónoma, sobre as seguintes hipóteses, dando-lhes o
enquadramento que considere adequado:

1. A ficou afónico no próprio dia 20, pretendendo, no entanto, o pagamento integral


do montante acordado.

É uma obrigação de natureza alternativa, em que o objeto é constituída por duas ou mais
prestações mas o devedor desonera-se aquela que vier a ser escolhida. No momento da xxx. A
escolha pode pertencer ao xxx, se xxx. Artigo 543º do CC.
O devedor dar um concerto de piano ou fazer uma palestra e ficou afónico isso leva-nos para
a quer~toa da impossibilidade das prestações. Deve-se distinguir entre a impossibilidade
originaria ou superveniente. Se originária xxx - 292º. Não é o caso, é superveniente. A
impossibilidade que ocorre entre xxx. A lei vem dizer se a impossibilidade for total e não
imputável a qualquer dos contraentes - 790º. Mas se a impossibilidade for de uma das
prestações, é o caso xxx. A lei vem distinguir entre os casos que a impossibilidade é imputável e
não imputável. O 545º diz que se algumas das prestações … . O 555º diz que … . xxx

2. A considera-se desonerado porque até ao dia 20 não lhe fora indicado se realizava
a palestra ou tocava piano.

Filipa Ribeiro Gonçalves 49


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Mesmo que a escolha pertença ao credor e as partes podem convencionar que a escolha
pertence ao credor, mas se o credor não comunicou até determinado dia qual a escolha a
escolha passa a pertencer-lhe (devedor).

3. Na véspera do concerto de piano, durante os ensaios de A, algumas teclas do


piano antigo soltaram-se. Apesar dos esforços da Casa da Música não foi possível
contactar a tempo um especialista para restaurar o piano.

A circunstância de se terem deslocado as teclas do piano impossibilidade que se faça o


concerto. Considerando que não se deve a nenhuma das partes a solução é a da hipótese 1. Se
a circunstancias de as teclas não será imputada à casa da musica? Ela pode ser imputada a
negligência do credor. Se for o caso tem de se ir ao 547º: … . É como se o credor tivesse
escolhido o concerto e ele tivesse sido realizado com o direito do devedor de receber o preço ou
contraprestação pela circunstancia de ter feito o concerto. se a escolha pertencer ao devedor
xxx.

4. Após a realização do concerto, a Casa da Música comunicou que preferia realizar


o pagamento integral de imediato, recusando-se A a receber o dinheiro.

Questão do prazo e do benefício do prazo.


As partes estabeleceram o pagamento fracionado em 3 prestações é uma obrigação a prazo.
Em beneficio de quem o fracionamento é estabelecido? Parece que em principio o fracionamento
é estabelecido em benefício do devedor. E quando o contrário não resulte de contrario ou
vontade das partes a lei presume que é em benefício do devedor. Partindo dessa presunção, se
assim é o devedor pode cumprir antecipadamente renunciando ao benefício. O credor é que não
pode exigir o cumprimento antecipado.

5. A Casa da Música recusa o pagamento com fundamento no facto de a conferência


ter versado sobre o percurso profissional e as escolhas artísticas de A e não sobre
a história da música barroca.

Cumprimento imperfeito da prestação.


A lei refere-se no 799º/1, não tem um regime específico ou autónomo, é equiparado a
incumprimento do 799º.
Não havendo um regime especifico e autónomo tem se entendido que se devem aplicar
normas do contrato em especial. No caso de compra e venda xxx. Quando são obrigações de
prestação de facto recorre-se ao regime da empreitada quanto ao cumprimento defeituoso.
Quando for possível perante o cumprimento defeituoso xxx.
A prestação do pianista é diferente da convencionada e não se desonera xxx.

A, empresa que se dedica à distribuição de livros, obrigou-se a entregar à livraria B, no


dia 5 de Maio, 500 exemplares de uma obra com o título “Cinemateca”. A obtivera já o
alargamento do prazo inicial, fixado para 1 de Abril, uma vez que pretendia alugar veículos
mais baratos a partir de 1 de Maio para proceder às entregas.

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Perante a não realização da prestação, B pretende resolver o contrato e exigir


indemnização pelos danos em concreto verificados (2.000€), além do valor da cláusula
penal moratória (2.500€). A opõe-se, invocando que:
1 - Sendo a obrigação genérica, faltou a indicação da edição (1ª ou 2ª) por parte da
livraria.
2 - Os livros que selecionara, bem como todos os exemplares que guardou num
depósito, ficaram destruídos em virtude de uma inundação no dia 7 de Maio.
3 - No dia anterior (6 de Maio) B recusara receber 250 “Cinematecas”, de uma edição
especial para colecionadores, com valor superior à prestação inicial.
4 - B não interpelar a A para o cumprimento.
Pronuncie-se sobre a pretensão de B, tendo em consideração os argumentos de A.

B pretende resolver o contrato em virtude do não cumprimento atempado da prestação.


É uma obrigação a prazo, em que for fixado um prazo par a entrega dos 500 livros e tem de se
ter em conta o prazo para 5 de maio. Não o fazendo o devedor não tendo motivo justificado
existe mora do devedor nos termos do artigo 504º xxx.

4 - A diz que não cumpre porque não foi interpelado para cumprir, nas obrigações a prazo o
devedor se constitui em mora independentemente da interpelação, porque a mora corre após ter
passado o prazo para o cumprimento, só nas obrigações puras.

1 - Tratava-se uma obrigação genérica. A obrigação não é inválida pela circunstância e não
deixa de ser genérica por não se entregar a edição, significa que entregar o género é mais amplo
do que se for indicada a edição. Xxx

2 - há uma impossibilidade da prestação. É uma obrigação genérica e nestas enquanto não


houver concentração não se transfere a propriedade e o risco. O risco mantinham-se ainda no
alienante, mesmo que por qualquer razão se tivesse transferência par ao xxx.

3 - Em função do princípio da pontualidade xxx.

Tem ou não razão xxx? Havia uma situação de mora, mas como se impossibilitou a prestação
e ja não é possível o cumprimento e a mora transformou-se num incumprimento definitivo.
Ele pode exigir a indemnização pelos danos em concreto verificados de 2 mil euros e o valor
da cláusula penal moratória? Esta é um valor fixado pelas partes para a liquidação antecipada
resultantes do não cumprimento atempado. xxx. Esta não é cumulável com os danos xxx porque
xxx.

A e B, casal famoso, foram contratados por C e D (uma agência noticiosa e a empresa


detentora da revista Faces), comprometendo-se estas últimas a pagar 4.000€ in solidum
(solidariamente) pelas fotografias obtidas em quatro eventos escolhidos por C e D ou a
publicar na revista de D, uma reportagem sobre a vida do casal, coordenada por C e sujeita
a aprovação prévia dos seus membros.
Considere, de forma autónoma, as diferentes situações relatadas:

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1 - A e B recusaram a ida às festas, por preferirem a reportagem sobre a sua vida


conjugal e social.

É a escolha nas obrigações alternativas. Se tiverem dado a escolha ao xxx. Quando as partes
nada dizem a cerca do direito de solha a lei presume que pertence ao devedor, portanto é
legitima a opção.

2 - C, demandado por A e B, recusa-se a pagar os 4.000€ invocando que não fora fixado
prazo para esse pagamento, além de que A e B devem a D 4.000€.

Problema da falta de fixação do prazo e necessidade de interpelação. xxx.


Problema da compensação. É um meio de extinção das obrigações xxx. A compensação só
pode operar por iniciativa e verificados os pressupostos do devedor ou credor. C não é credor,
não pode ele próprio fazer compensação de um crédito que não é seu. Só poderia invocar a
compensação uma vez ela feita pelo próprio credor. xxx.

3 - Após o segundo evento, A falece, pelo que C e D pretendem resolver o contrato, uma
vez que deixa de ter sentido a cobertura fotográfica e a própria reportagem destinada a
uma secção sobre casais. Pretendem, por essa razão, uma indemnização de 2.000€.

Impossibilidade de ambas as prestações. Ao credor só interessava a reportagem ou as


fotografias com ambos, se um deles esta impossibilitado porque faleceu não faz sentido falar de
impossibilidade parcial, é total de ambas as prestações. Xxx
Não imputável a qualquer dos contraentes, fica o credor xxx.

4 - A e B fazem publicar as fotografias numa revista concorrente, violando a


exclusividade fixada no contrato. No entanto, opõem-se a indemnizar os credores pelo
valor fixado no contrato para o incumprimento das prestações principais (5.000€),
invocando que houve apenas uma situação de mora, já que aceitam a publicação das fotos
pela revista Faces, além de que que os prejuízos concretos sofridos por C e D foram, como
provaram, de apenas 3900€.

Há um cumprimento imperfeito ou defeituoso da obrigação. Se imputável ao devedor te os


efeitos do não cumprimento definitivo imputável. Xxx
Esta indemnização pelos prejuízos causados foi definida por cláusula penal compensatória
xxx. A circunstancia de haver discrepância entre o valor da cláusula penal e o valor dos danos
reais não significa que o devedor não deve ao valor da clausula penal. As partes quando fixam a
cláusula penal sempre num valor que e superior aquela que esperam vir a ser os prejuízos
causados pelo não cumprimento. xxx
O 811º/3 diz que o credor não pode … . Xxx este artifo tem de ser lido em conjunto com o
artigo 810º e 811º. xxx

Filipa Ribeiro Gonçalves 52


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A obrigou-se a entregar todas as semanas, durante o período letivo, a B, docente da


Universidade de Coimbra, vinte rosas abracadabra.
De forma autónoma, analise os seguintes problemas e os argumentos aduzidos:

1. A não realizou a entrega na primeira semana, pretendendo na segunda semana


entregar rosas Sissi, por considerar que tratando-se inicialmente de uma obrigação
genérica, a impossibilidade de entregar aquelas rosas por embargo europeu de produtos
vindos do Equador (por suspeita de tráfego de droga), de onde provinham, levaria a que se
pudessem entregar “outras coisas compreendidas no género”.

São obrigações genéricas. Quando se determina o tipo de rosa define-se mais um género. Xxx
Ha uma impossibilidade temporária não imputável ao devedor. Durante o tempo da
impossibilidade o dever encontra-se desonerado, mas não pode entregar coisa diversa, como as
rosas Sissi, elas não pertencem ao género definido.

2. B pretende resolver o contrato por não ter sido efetuada a entrega na primeira semana
de Abril.

Não se sabe se ha mora ou impossibilidade temporária, mas qualquer que seja a situação o
devedor só pode resolver o contrato se demonstrar que não tem interesse no cumprimento da
obrigação, caso em que a impossibilidade temporária ou mora se transformar em impossibilidade
definitiva ou incumprimento definitivo. Xxx
808º (mora) e 792º (impossibilidade temporária).

3. A considera ter direito a uma indemnização por parte de B, uma vez que este entregou
um único montante no final do ano letivo, quando fora acordado o pagamento semanal.

Pagamento do preço.
Há mora do devedor quanto ao pagamento do preço e havendo mora do devedor significa que
o credor pode exigir uma indemnização pelos danos moratórios.
É uma obrigação pecuniária e lei presume a existência de danos moratórios e manda pagar os
juros moratórias xxx.

4. As rosas da semana 8.a ficaram destruídas em virtude de uma inundação na loja de A,


tendo as partes acordado que, excecionalmente nessa semana, seria B a levantar as rosas
mal pudesse.

Caso de mora do credor.


Se se chegasse à conclusão que o credor não levou quando pode as rosas e se a indução se
deu depois desse facto, há mora do credor e nos termos do 815º o risco se transferem para o
credor e nos termos do xxx.

5. C, a quem se destinavam as rosas, pretende a compensação por danos não


patrimoniais em virtude da lesão física, do foro dermatológico, que sofreu pelo contacto
com celofane tóxico (que envolvia as rosas), escolhido por A e fabricado por Xing.

Filipa Ribeiro Gonçalves 53


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Prof.ª Irene Seiça Girão

Caso de responsabilidade do produtor


Xxx o produtor é responsável pelos danos causados por defeitos dos produtos que coloca em
circulação e é responsável nos termos do 8 por todos os danos pessoais. Xxx Produtor real,
aparente ou presumido e uma das categorias e este último é o produtor extra-comunitário (ou
seja, o importador). Xxx

Filipa Ribeiro Gonçalves 54

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